sexta-feira, 19 de março de 2010

A guerreira - Parte I


Guerreira que tomba


Era 05:00 da manhã do dia 02 de abril de 1982...Laura dormia
ao lado da mãe quando despertou com ela se levantando
e dizendo que iria ao banheiro, percebeu que falava meio
enrolada e resolveu aguardar seu retorno acordada. Depois de
um certo tempo ela retornou e Laura viu que puxava da perna esquerda.
Seu braço esquerdo também tremia e sua boca, no canto esquerdo
estava totalmente entortada. Ela se apavorou e logo que a colocou
na cama, saiu em busca de ajuda na casa da irmã Clara, que
morava ao lado: -Clara, acorda! Mamãe está tendo um
ataque, temos que leva-la ao hospital agora!
Tão logo ela foi atendida, a mandaram direto para o CTI, Laura
achou sinceramente que ficaria órfã naquele dia.
Sua mãe sempre fora uma guerreira, e não seria diferente
agora. Passou 17 dias no hospital, e apesar da demora no
diagnóstico, que o médico não conseguia definir se era o tal
AVC (acidente Vascular Cerebral), ou se fora a pressão arterial
que havia zerado se encontrado diástole com sístole.
Já em casa, ela foi submetida a duas sessões de fisiotera-
pia por semana, e sempre que chegava esse dia, ela chorava para
não ir...Um imbecil de um massagista havia causado uma distensão
em seu nervo posterior da coxa, e isso doía horrores. Quando
finalmente a fisioterapeuta percebeu, suspendeu a fisioterapia e
ela perdeu parcialmente os movimentos da perna esquerda e total-
mente os do braço e mão esquerdos (atrofiamento). Mas nem por
isso deixou de fazer as coisas em casa, mulher danada de lutadora!
Ela, a cerca de cinco anos atrás, já havia passado por uma
provação bastante difícil para uma mãe, já que o marido Jorge,
havia tirado a vida do filho, um adolescente de 16 anos apenas,
com um golpe certeiro e fatal de faca no pescoço. Lélis era um
menino bom..., carinhoso. Eram 13 filhos ao todo, e as palavras
da mãe ainda ecoam na lembrança de Laura no momento em que viu
irmão morto:
-Filha, não lastime por ele ter morrido, prefiro ver meu filho
aqui, estirado nesse chão frio, do que vê-lo numa prisão mais fria
ainda!
E foi a partir desse dia que ela largou seu emprego e iniciou a missão
de cuidadora de quem cuidou dela e de outros 12
irmãos. Ela constava com exatos 22 anos quando a guerreira,
então com 58, tombou pela primeira vez.

(Nane-19/03/2010)
*Continua outro dia...

Um comentário:

  1. Filha, não lastime por ele ter morrido, prefiro ver meu filho
    aqui, estirado nesse chão frio, do que vê-lo numa prisão mais fria
    ainda!
    PALAVRAS SÁBIAS DE QUEM AMA!!!!

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