terça-feira, 23 de março de 2010

A Guerreira - VI (A história de Lívia)


Os Ciganos...


Lá no Conforto, a feira era sempre às sextas-feiras,
e num dia desses, Lívia foi fazer suas compras e le-
vou junto o pequeno Liu, que não contava mais de 4
anos na época.
Era a hora da xepa e Lívia pechinchava preços de
barraca em barraca e numa distração sua, o menino
se perdeu da mãe. Quando Lívia percebeu, saiu feito
louca a procurar na feira toda por Liu! Como não o
encontrava, achou por bem ver se ele não teria vol-
tado para sua casa.
Mal entrou na rua e uma vizinha foi logo lhe falando:
- Lívia, eu estava indo correndo na sua casa te cha-
mar, vi uma cigana lá do acampamento com um dos seus
filhinhos na feira! Acho que ela estava levando-o
para o acampamento deles, corre lá, senão você fica
sem seu filho!
Lívia empalideceu e deixou a bolsa com verduras e
frutas cair no chão e sequer agradeceu a informação...
Correu como louca em direção ao acampamento de ciganos
que se instalara num descampado alí perto, cerca de
uns 300 metros da 241, num alto de morro. Lívia avistou
a mulher gorda e de saias rodadas, cheia de balangandans
dependurados pelo corpo e de mãos dadas com o pequeno Liu,
que a seguia de bom grado...-LIUUUUUU!!! Gritou a mãe do
menino com todas as forças do seu desespero! Liu, reconhe-
ceu a voz da mãe e se soltou correndo da mão da cigana,
correndo em direção dos braços estendidos de Lívia!
-Mamãe!!! Lívia o abraçou como se fosse um abraço derradeiro!
Chorava copiosamente por sobre o ombro do filho querido que
por instantes pensou perdido...depois, afastou o menino de si
e olhou com seus olhos verdes e fulminantes para a mulher que
estava a sua frente sem saber o que dizer. Mas ela, Lívia,
sabia: - O que ía fazer com o meu filho? Perguntou olhando
diretamente para os olhos negros da cigana... - Nada! Apenas
o achei perdido na feira e eu estava procurando a mãe dele,... aju-
dando minha cara! Respondeu com sarcasmo e com um sorri-
so irônico nos lábios... Lívia a fulminou novamente e
disse: - Fica longe dos meus filhos cigana! Você não sabe do
que sou capaz por eles! E se a vir rondando lá pelo nosso lado,
a polícia vai saber disso. Espero ter sido bem clara com você!
...Lívia tomou a mão do pequeno e voltou para casa aliviada e su-
focando Liu de beijos e abraços...
No dia seguinte, o local onde os ciganos estavam acampados, ama-
nheceu limpo e sem ninguém...a molecada foi jogar uma pelada no
descampado...

(Nane-23/03/2010)

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