sábado, 26 de agosto de 2017

SÓ UM SENTIDO

Ah...não posso, não quero e não vou
Me envolver além do que devo
Não, não posso
Reviver mazelas e dores que ainda doem

Ah...a razão tenta me conduzir
Mas me perco nos caminhos do coração
Que seduz e faz sofrer
Nos espinhos espalhados pelo chão

Revivendo momentos já adormecidos
Relembrando olhares e gemidos
Perdidos em passados distantes
Ouvindo histórias (i)relevantes

O passado impertinente me arrasta
Por onde nunca passei
Emoldurando marcas profundas
Num psique de tempo nenhum

O velho e o novo misturados
Em rimas de versos profusos
Que se nada dizem, expressam muito
Do que não posso, não devo e não vou

Tempo rarefeito consumido
Sobrevivência revestida
De um passado ainda presente
Na memória de um possível futuro

Não tente entender
Basta apenas sentir
Ah...não posso, não quero e não vou
Me envolver além do que devo

(Nane-26/08/2017)


quarta-feira, 23 de agosto de 2017

YARA DE JUAZEIRO

Então a menina
Se fez mulher...
Sob a sombra do juazeiro
Árvore mãe do sertão

À bênção do "velho Chico"

Yara personificada
Na beleza da baiana

Senhora da água doce

Fez-se mulher a menina

Às margens d'água bendita
Nossa Senhora das Grotas do Juazeiro
Te cubra de bênçãos e paz

Baiana menina de farto sorriso

Mulher amiga e tão querida
Te faço versos neste dia
Em que tu és a minha poesia

Aguardo ansiosa o momento
Em que meus braços te aperte num abraço
Aninhando e selando esse amor
Em que se transformou nossa amizade


*Parabéns baiana!
Te amo!!!

(Nane-23/08/2017)


É QUE HOJE...

É que hoje tudo desabou...
A fragilidade desaguou
A lágrima turvou a imagem
O espelho embaçou

É que hoje, sem saber por quê
Me vi assim, sem rumo
Andando em círculos
Sem chegar a lugar nenhum

É que hoje a saudade bateu mais forte
E te vi nos olhos de outro alguém
Que olhava num ponto sem nada ver
Questionando se valia a pena viver

É que hoje percebi que nada é em vão
Sem entender o que não tem explicação
O hoje é o hoje e o amanhã o amanhã
Intermitindo tudo o que se foi

É que hoje calou a minha voz
Diante de lágrimas derramadas
Na emoção de sentimentos
De um reencontro forçado

É que hoje misturei as estações
Revivendo fases destorcidas
Que se mal não me fizeram
Me deixaram um tanto...entristecida

(Nane - 22/08/2017)






domingo, 20 de agosto de 2017

MUSA BAIANA

Escancara teu sorriso
Na moldura de teus cachos
Refletido em teu olhar
Compondo um todo

Baiana de São Salvador
De tão intenso vigor
É dez em uma ou uma em mil
Senhora de tantos sonhos

Aurora de todo dia
Expoente de alegria
Aura exacerbada
Pura poesia

Escancara teu sorriso
Mulher de todos os santos

Posto que teu sorriso
Causa em mim (e creio, em outros tantos)
Puro encanto


Falta-me a verve para tanto
Acabrunhada, silencio
Permita-me apenas imaginar
O abraço que tanto gostaria de te dar

Não te arrisques a olvidar
De quem tanto bem te quer
E só tem a ti que agradecer
Teu carinho, amizade e tua luz

*Parabéns Grande Dama dos Palcos!

(Nane-20/08/2017)

FALSA POESIA

Despejo ressentimentos
Nas palavras não ditas
Levadas pelo vento

Rumo às nuvens flocadas
Salpicadas no céu azul

Azul por eu saber
Já que no instante se faz negro
No adiantado da hora notívaga
Em que eu deveria adormecer
Sem não mais encarecer

Teclo quase sem perceber
Palavras ditadas em torpor
Talvez pelo alto teor
Etílico ou subjetivo
Do desdito amor

A louca inspiração
Faz esquentar a cerveja
Esquecida à direita
Enquanto teclam os dedos
Formando versos infames

Foda-se toda a inspiração
Perdida nas estrofes
Contidas e pensadas
Milimetricamente desenhadas
Sem sentimento nenhum

Quando paro para pensar
Não consigo desenhar
Poesia equilibrada
Nada digo, nada sou
Foda-se toda a inspiração

(Nane- 20/08/2017)



FALTA DO QUE FAZER

Que enredo seguir
Espero a tal da inspiração
Te peço ajuda
Mas a transmissão não é recíproca

Falha a tal da internet
O sopro que venta não é seu
As vozes que escuto não tem o seu sotaque
A poesia não é nossa...

Insisto em te ouvir
Mas tua voz "pipoca" e não compreendo
Maldito whatsApp
Que não me deixa te ouvir

Em vão procuro inspiração
Em vão tento rabiscar
A tela do celular não se acende
Onde é que você está

A mudez do aparelho me incomoda
Virtualidade #filhadaputa
Deixando sem destino
Minha poesia muda

Quer saber?
Não vou mais escrever
Largassaporra de lado
E tim tim, vou beber...

(Nane - 20/08/2017)




quinta-feira, 17 de agosto de 2017

AS MENINAS DA VÓ ZITA

Tão difícil imaginar
Que um dia seria assim
Tão difícil de se juntar
(Falta uma nesta foto)
As "meninas" da Vó Zita


Cabíamos (?) todas num só quarto
Brigávamos por espaço
Pela roupa emprestada(?)
Pela cozinha desarrumada

Brigávamos por achar
Que a Vó Zita (então só mãe)
Protegia sempre a outra

Nunca a gente mesma

Praguejávamos contra o tempo
Que não passava nunca
Sonhávamos com os casamentos (das mais velhas)
Para o espaço aumentar

Engraçado agora comentar
O tempo que passou
Sonhávamos com o futuro
Mas é do passado que gostamos de lembrar

Foi tão depressa o tempo
Que nem mesmo percebemos
Cada uma no seu canto
Cada uma com seu tempo

As "meninas" da Vó Zita...


(Nane - 17/08/2017)




FRUTO DO TEU FRUTO


Semeada a semente
Regada pela chuva
Brota seus brotos
No solo fértil
Espalhando seus genes
Em novas árvores

Crescidas à sombra
Da mãe majestosa

Seus frutos colhidos
Amadurecem em novas sementes
Também semeadas
Em locais variados
De novas raizes
De novas histórias
De novos galhos ramificados
Oriundos da velha raiz

Plantou-se a árvore
Fincou-se a raiz
Colheu-se o fruto
Semeou-se a semente
Criou-se um pomar
Perpetuou-se os genes
Multiplicou-se a geração
Arborizou-se a plantação

Nada se perdeu
Se o fruto apodreceu
Se a árvore matriz morreu
A natureza se encarrega
De transformar em vida (nova)
Sem nenhuma podridão
Alimentando a evolução
Do gene(primeiro) semeado e enraízado

Se aproxima a primavera
Logo novas árvores florirão
Novos frutos nascerão
E no tempo certo amadurecerão

Guardando em seus âmagos
Novas sementes de esperanças

Novas gerações de frutos
Novas árvores frondosas...

(Nane-17/08/2017)

*Tela de: William T. Richards



segunda-feira, 14 de agosto de 2017

O PADEIRO


Brinca a molecada em bandos separados
Os maiores e os menores, de "taco", "pique bandeira"
"Pique esconde", "futebol" e até "salada mista"*
(nunca consegui beijar ninguém)


Lá vem a hora da buzina
Religiosamente às onze horas
Os olhares da molecada se viram todos
Para a mesma direção

É "seu" Hermínio quem desponta na esquina

Trazendo sua cesta grande 
No porta embrulho da bicicleta
Cheinha de pão fresquinho

Pro pão de sal, ninguém liga
Mas o pão doce, coberto de açúcar
Nooossa! Que delícia
Tão macio e cheiroso

O "canudinho" então
É dos deuses
De comer rezando

Se lambuzando com o doce de leite

Mas a maior das minhas fraquezas
São os sonhos
Com recheio amarelinho

Que me faz sonhar em ser criança/de novo

Lá vem o seu Hermínio
Vendendo sonhos de sonhar
"Pendurando" todos os sonhos da meninada
Para os pais no fim do mês...acertarem

(Nane -14/08/2017) 


domingo, 13 de agosto de 2017

O TEMPO

Ele passa incólume
Sem se importar por onde
Segue seu rumo sem nenhuma rotina
Sem quase nenhuma percepção

Silencioso, avança com retidão
Sem pressa nenhuma
Sem nunca parar
Feito o rio rumo ao mar

O espelho (esse maldito)
Sempre pronto a delatar
Teima em demonstrar
Marcas em evolução

Ainda outro dia era eu uma menina
Amparada e protegida
Mas ele não parou/ao contrário, andou
Agora sou eu (tento ser) a proteção

Ensinamentos cíclicos
Enraizados na memória
Passando de um para o outro
Em um breve espaço eterno

Simples piscar de olhos
Diante da sua imensidão
Tão imenso à nossa visão
Turva, sem compreensão

Nascer, viver e morrer
Enquanto a sorte nos sorrir
Do nada, deixamos de existir
Quando o nosso...passou

(Nane - 13/08/ 2017)



sábado, 12 de agosto de 2017

VERSOS AO VENTO

Hoje meus versos prolixos
Perdem o sentido
Tornando as palavras oblíquas
Numa dualidade desconcertante

Hoje sou chuva molhando o sol
Na longa noite do meu dia
Onde o nada se fez tudo
No meu vazio tão cheio

Hoje pouco importa a claridade
Se nem percebo a escuridão
Que tenta me assombrar na madrugada
Mas só consegue virar poesia

Hoje a tristeza virou pó
Na alegria dissimulada 
Ou mesmo estimulada
Por essa mesma dualidade

Culpar a solidão
A cerveja gelada
A minha insanidade
É pura bobagem

Não sou o que sou
Apenas o que estou
Fazendo versos ao vento
Transformando-os em documentos (meus)

Hoje meu nome é codinome
Da realidade em devaneios
Em múltiplas escolhas de um destino
Relegado à lugar nenhum

Hoje a loucura tomou forma
Rabiscando em meu lugar
Agora resta saber
Quem é que (essa) irá assinar...

*Sou eu

(Nane - 12/08/2017)

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

ME ESCUTA

A renda da cerveja
Desenhada na tulipa
Entre um gole e outro
Me inspira...

Vejo você
Num desenho imaginário
Se desfazendo após (mais) um gole
Como na vida real

A fumaça  tragada e solta no ar
Também  tem seu contorno
Perdido na efemeridade
Se esvaindo, indo embora...

No pior dos meus momentos
Clamei e gritei por ti
Na minha fragilidade
Não tive forças para te encontrar

Meu caminho é  esse
Mais ninguém  pode fazê-lo
De mãos  dadas comigo
Só  a cerveja e o cigarro

Você não entendeu
Não respondeu
Quando escutou
Falou o que eu não queria ouvir

E o que é  que eu fiz da minha vida...
Nem eu mesma sei dizer
Entre um gole e uma tragada
Vou redesenhando meu viver

(Nane - 11/08/2017)














sexta-feira, 4 de agosto de 2017

AO PÉ DA LETRA

Ao pé da letra
A poeta se faz poesia
Sem palavras
Tomando forma
Do próprio êxtase

Ao pé da letra
Versos e rimas
Transformados em imagem
De pura arte visual
Transcende a literatura

Ao pé da letra
Fios e cachos
Ornados em girassóis
Brilham mais do que palavras
Em campos semeados de poesias

Ao pé da letra
Todo o esplendor 
Ofuscando inspiração
Posto que a própria imagem

Da poeta é poesia...

(Nane - 04/08/2017)



BRINCANDO DE SER FELIZ

Deixa que eu
Na minha ignorância
Te imagine aqui
Onde não mais estás

Deixa que eu
Viva na ilusão
De ser o teu certo
Nos meus desacertos

Deixa que eu
Não sofra a tua ausência
Não caia em depressão
Não sinta a solidão

Deixa que eu
Me perca em devaneios
Que me fazem forte
Só por "estar" contigo

Deixa que eu
Assuma meus defeitos
Na certeza de que teu amor
Por mim não perecerá

Deixa que eu
Sorria da tristeza
Por te saber feliz
Onde quer que tu estejas

Deixa que eu
Viva o meu dia a dia
Transformando meus dissabores
Em projetos de poesias

Deixa que eu
Brinque de ser feliz
Ignorando a falta
Que sabes...me faz

(Nane - 04/08/2017)

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

A FORÇA DE UM OLHAR

À força desse olhar
Sucumbi...

Já não luto
Não resisto
Apenas olho
Hipnotizada

E quem mais ousar
Se atrever a olhar
Por certo, também sucumbirá
À força desse olhar

Nos meandros de tons
Todo o mistério
De sentimentos explícitos
Em vários momentos
Confundindo a percepção
Do estar certo ou errado
De quem olhou

As vezes tão terno
Por outras, pedinte
O brilho do desejo
A fúria da raiva
O fechar no delírio
A revirada do gozo
A força suprema

À força desse olhar
Sucumbi...
Não posso mais voltar
Continuo a olhar
Hipnotizada
Mesmo sabendo
Que só o que posso
É olhar...

(Nane-03/08/2017)