sexta-feira, 27 de julho de 2018

LUA DE POESIA

Eu fiquei alegre com a lua
Me encantei com a lua
Quando ía pra pracinha
E quis fazer uma poesia

Falei com a minha vó
Que lua bonita de poesia!

Que lua bonita
Iluminando todas as nuvens!

A lua pode se juntar com a estrela
E quando se juntam uma some
Qual some? A estrela porque é menor
E a lua é lua de poesia

(Diego Frederico - 26/07/2018)

sábado, 21 de julho de 2018

SOB O CÉU DO INVERNO

Lá fora, sob a névoa da lua
Refletida em halos de luz
Feito um arco-íris noturno
Observo as estrelas no inverno

O mar
Essa incógnita salgada
Desenha sobre a areia amarolada
O manto estrelado de Nossa Senhora

Poeta, poeta...
Porquê nunca aprendestes a amar

Feito a água do mar
Que vem toda noite a areia beijar

Vês a Santa travestida
Com seu manto salpicado
Por estrelas e pegadas
Numa noite de céu estrelado

No entanto não consegues rimar
Em teus versos pouco iluminados
A beleza desse ir e vir
Eternizado nas quatro estações

Talvez seja o mais belo de todos os céus
O desse inverno que teima em ser frio
Afastando olhares percursores
Das noites escuras e sem brilhos

Um após o outro
Meu caminho se desenha
Chafurdado na areia estrelada
Em rastros a lugar nenhum

Poeta, poeta
Porquê nunca aprendestes a amar
Feito a água do mar
Que vem toda noite a areia beijar...

(Nane-21/07/2018)






sexta-feira, 13 de julho de 2018

MENINA HELEN

Uma menina aniversaria
E não lhe dou uma boneca
Na ciranda dessa vida
Ofereço a ela uma poesia

O tempo
Senhor de todos nós

Se curva na infância
Brincando de esperança

E a mulher
Eterna criança

Se faz menina Helen
Brincando com o tempo

Eu
Mera aprendiz

Admiro a infante
Que se recusa a adultecer

Ah menina Helen
Fostes sempre inspiração
De uma poeta apaixonada
Por teu ser acriançado

Ver o teu sorriso refletido
Quando me chamava de "menina"
Num bom dia virtual

Inundava de poesia o meu astral

E só por isso, minha menina
Não te dou uma boneca
Mas rabisco uma poesia
No dia em que você aniversaria

(Nane - 13/07/2018) 


ENIGMÁTICO

É um olhar tão firme
Em direção determinada
Onde o silêncio ecoa
No intrínseco do seu eu

O olhar se perde
Num ponto oblíquo
Onde o foco se esconde
 Num horizonte apenas seu

No semblante a seriedade
Do pensamento divagante
Expressa toda a sua ausência
No mágico instante

Por apenas um minuto
Quisera eu saber
O que olha o seu olhar
E onde a sua mente andará

Esse olhar enigmático
Encanta-me e me faz sonhar
Com a possibilidade de um dia
Você me enxergar

(Nane - 13/07/2018)




domingo, 8 de julho de 2018

LETRAS DE SANGUE

A pena sem pena
Mergulha no carmim
Da veia perfurada
Para a escrita lacerada

Na folha branca
O vermelho toma forma
De letras conjugadas
Em uma poesia lúgubre

Borram-se as letras
Com o sangue escorrido
Na alvura do papel

Entregue ao menestrel

Que lê com seus sentidos
Enquanto declama por consideração
Ao sangue servido de tinteiro
Na missiva sem destinatário

Sente o cheiro nauseabundo das letras
Afastando as moscas famintas
No balançar repetido da mão

Enquanto a leitura não se acaba

A folha branca ensanguentada
É amassada e descartada
O menestrel silencia
A poesia está consumada

(Nane - 08/07/2018)






sábado, 7 de julho de 2018

O RIO E O MAR

Deram-me o aviso
Senta e escreva
Pouco importa sua opinião
Apenas escreva o ditado

E as palavras fluíram
Vertendo não sei de onde
Feito nascente de rio
Num filete de água

Num leito aconchegante
Correu pelos caminhos
Levando sua claridade
Por onde passava

Transpôs obstáculos
Curtiu o remanso
Se fortaleceu

Seguiu seu rumo

Cruzou lugarejos
Habitou espécies
Regou a vida
Seguiu seu destino

A maresia se fez sentida
Na brisa que soprava
O leito se derramava
Em sua nova moradia

As palavras se alinharam
Entre prosas e versos
Sem tantas rimas
Desaguando em mais uma poesia

(Nane - 07/07/2018)

quinta-feira, 5 de julho de 2018

SEM CEDILHA

E la chegou de mansinho
S em nenhum alarde

P ensei mesmo que nunca viria
E que fosse apenas um sonho
R efletido de meus sentidos
A costumados aos pesadelos
N arcóticos da alma
Ç (s)em ela própria, feito quimera
A o começo da palavra

Um brilho no céu
Uma porta aberta
Talvez seja só uma fresta
Por onde jorram luminosos
Os fachos da luz que ilumina
Caminhos a serem percorridos
Em uma nova jornada
Que se apresenta à vida
Em forma de oportunidade

Me agarro com unhas e dentes
Minha mãe me orienta
De algum lugar qualquer
De mãos dadas com um Senhor
De vastas barbas e cabelos
Feito um cantor de rock
Passeando por um descampado
Ao som de uma sinfonia
Descrita em poesia

O dia logo irá raiar
Trazendo de volta o sol
Os pássaros irão cantar
A vida haverá de continuar
Verei crianças a brincar
E flores renascendo
No prelúdio de uma aurora
De uma nova fase
Que está por vir...

(Nane- 05/07/2018)




OS HÁBITOS QUE ME HABITAM


Os hábitos que me habitam
Me fazer ser o que sou
Por vezes me satisfazem
Por outras, me denigrem

São hábitos que me habitam
Tornando-se vícios
Tornando-me excêntrica
Fazendo-me intrínseca

Os hábitos que me habitam
Me acompanham automaticamente
Ou sou eu quem os mantenho
Em couraça de proteção

São hábitos que me habitam
Blindando minha exposição
Em quimeras de ilusão
De quem olha sem me ver

Os hábitos que me habitam
São escudos taciturnos
De uma fragilidade invisível
Em uma personalidade inflexível

São hábitos que me habitam
Protegendo e protegidos
Da vida inverossímil
Que em mim...habita

(Nane-05/07/2018)


quarta-feira, 4 de julho de 2018

VOO SOLO


Me assusta
O ruflar das asas de um pássaro
Que voa rumo a qualquer lugar
Que nem mesmo sabe, se vai chegar

Sua mãe o toca do ninho
Pronta para outro criar
Ele se vai sem olhar para trás
De encontro ao desconhecido

Me irrita a frieza da mãe
Que apenas obedece a natureza
E dá suporte no voo solo
Do filho que não mais irá voltar

Certos e errados se digladiam
Disputando um altruísmo
De mães totalmente diversas
Em suas formas de criações

Uma nova ninhada se prepara
Para eclodir em revoada
O pródigo não mais importa
Um outro ninho irá formar

Olho meu filho, homem feito
Pai de um outro filho
Minhas asas o protegem
Suas asas se atrofiam

Certos e errados se digladiam
Disputando um altruísmo
De mães totalmente diversas
Em suas formas de criações

(Nane - 04/07/2018)




terça-feira, 3 de julho de 2018

LAPA DE OUTRORA

Sexta-feira
Dia (noite) de Lapear
Paquerar por sob os arcos
Boemiar...

Sentar na mesa de um bar
"Rabiscar" papos de botequim
Tamborilar os dedos no ritmo
Da música à tocar

Mas a noite está fria
A Lapa...vazia
A porta fechada do bar
Onde andará a boemia

Tristeza carioca
Ver sucumbir à violência
Toda a magia da Lapa
Que agora, cedo adormece

Restaram apenas lembranças
Das noites de intensa alegria
No bailar de tantas danças
No encontro da confraria

Um artista, uma arte
Traz de volta a boemia
Hoje suprimida
Por tanta violência

Resta à boemia
Um "rabisco" sobre a tela
Saudosista e melancólico
De quem não mais frequenta a Lapa

(Nane - 03/07/2018)

*Arte de Ricardo Montenegro