quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Galo cantou


Da janela do meu quarto eu olhei o quintal vazio...um galo cantou forte...
e a cadela me olhou sorrindo. E vi assim, um monte de crianças brincando,
subindo nas mangueiras frondosas, outras chupavam as canas maduras, haviam
também goiabeiras, laranjeiras, limoeiros...e a criançada se divetiam com tantas
árvores e frutas...ahhh o abacateiro, mamãe nos avisava para não subir nele, porque
é uma árvore frágil, era a única que não subíamos.
E tinha a parte onde ela mesma arava e plantava as verduras, que depois colocava numa
cesta de vime e nós saíamos pela vizinhança vendendo alface, couve, almeirão, cheiro-verde,
taioba, mostarda, serralha, agrião...e quando retornávamos, a féria do dia, minha mãe dividia
meio a meio conosco, assim, enquanto a cestinha não esvaziava, não voltávamos para casa.
Era bonito esse quintal! Tão bem cuidado por ela...mais aqui, perto de casa, havia o jardim
que ela sempre cuidou com tanto carinho. Muitas rosas e orquídeas, hortências e margaridas,
amor perfeito, que ela tanto gostava de plantar, e chuveirinho de prata! Mas as samambaias
eram o seu xodó!
O galo cantou forte novamente e me trouxe de volta a minha rotina atual. Meus dois irmãos
que se foram, de novo se foram...minha mãe envelhecida, ainda na cama, não levantou...
me olhei no espelho e não mais vi a criança....meu quintal não tem mais plantações...
as frutas se acabaram, e as verduras...vou ao mercado.

(Nane-24/11/2010) 

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