quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Facho de luz

Adormeça em mim sentimento
Faça-se cinzas, brasas entorpecidas
Esfriadas na ausência
Torturante do silêncio...
Um facho de luz jorrou em mim
Cegando-me a visão dolorida
É o tempo agindo em mim
Ansiedade diminuída na alma...
Sei que a luz vai brilhar de novo
E nem tão longe ela está
Ainda está  escuro aqui dentro
Mas um raio de sol transpôs meu céu...
Dias e dias ruíns
Agora se alternam
Em dias de angústia
Em dias de paz...
O tempo se encarrega de tudo
As brasas vão adormecer sob as cinzas
O vulcão sempre existirá
Mas sua lava...essa adormecerá...
A luz do sol já se faz perceber
Um foco que vou seguir
O tempo me levará de volta 
Ao sol que brilha lá fora...

(Elian-06/09/2012)

Mar amante

Lágrimas incandescentes rolando em minha face
Queimando a tez avermelhada
Solidão alugando o coração
Inquilino se negando ao despejo
Ando na calada da noite
Feito zumbi aparvalhado
Bebendo em bares mal frequentados
Cervejas quentes, com gosto de lágrimas
Fazendo da areia meu leito estrelado
E do mar...meu confessionário
Mas ele se recusou a ser padre
Foi no máximo um psicólogo
Que me diz para ter um amante
Arregalei meus olhos vermelhos
Que não sei se por suas águas
Ou se pelas minhas
Vertiam salgando meu rosto
E ele me disse calmamente
Que um amante é tudo o que eu preciso
Lavou então minha mente
E me fez enxergar verdades
Sou eu teu amante amado
E muso das tuas inspirações
Quando vagueias nas areias macias
Ou sentas nas pedras pensativa
E a lua que vem brincar nas minhas águas
Com as estrelas salpicando em luzes
A minha negritude noturna
São também amantes tuas
As flores que plantas e cuidas
As gentes que sorriem e te cercam
Amantes e amadas vidas
Daquilo que te faz vibrar
Esqueça quem te faz chorar
E não volte a pejorar
Amante é quem te ama
E quem te faz amar
Enxuguei as minhas lágrimas
Beijei a água do mar
E naquele instante compreendi
O que de fato era um amante

(Elian-06/09/2012)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Metáfora viva

Sou metáfora viva
Falando por parábolas
Nas minhas entrelinhas
Me expondo escondida...
Deixo transparecer
Para quem souber perceber
A essência de mim
Em frases afins...
Em cada verso que escrevo
Me desnudo inteira
Nas peças de roupas
Que revestem mi'alma...
Sou metáfora ambulante
Nas linhas das poesias
Escritas em momentos
De alegria ou melancolia...
Parábolas de vidas
Nem sempre vividas
Mas com certeza sentidas
Por meu feeling bandido...
E nas minhas entrelinhas
Conto sem covardia
Fragmentos de mim
Narrados dia a dia...
Sou metáfora de mim
Viajando em parábolas
Das quimeras inventadas
E só em mim...realizadas

(Elian-04/09/2012)



Voo solo


Espetáculo

Veio a enchente
Transbordando o rio
Levando embora tudo
O que viu pela sua frente
Passou irada a água barrenta
Tsunami de água doce
Destruindo a vegetação...
Passou a tempestade
Os ventos se acalmaram
O rio se lavou
Águas cristalinas e mansas
O barro fermentando...gestando
O sol brilhando intenso
É tempo de recomeçar
Em meio à podridão
Que restou da destruição...

A vida circulando em silêncio
Desabrocha fantástica sobre o barro
A terra adubada na tempestade
Colore de novo o rio
Com flores em sua margem
É o espetáculo da vida
Que ressurge do nada
E vibra intensamente

(Elian-04/09/2012)


No leito do rio

Intenso sentimento
Que por tão pouco tempo durou
Mas nunca se acabou

Verdade seja dita
Você não está comigo
Mas ainda está em mim

Tão pouco tempo
Transformado em eternidade
Pela nossa (in)sanidade

Sentimento feito água de um rio
Que passa e espalha a vida
Nas ribeiras do seu leito

Ficaram todas as marcas
A água seguiu seu rumo
Levando vida às outras margens

E o tempo pouco importa
Conta o que ficou
Da imensidão desse nosso amor

Que se já se acabou
Não morreu e nem morrerá
E em nós, de alguma forma, ficará

(Elian-04/09/2012)


Pensamentos

Meu pensamento é só meu
Espaço que ninguém interfere
Sou rainha e dona
De tudo o que penso
Não divido e não dou
O direito de nada
É todo meu
E lá mando eu
Meu mundo interno
Onde quimeras eu faço
E vivo sem meandros
Sou dona de tudo
Até mesmo de quem não me quer
Faço lá meu intento
Sem ninguém impedir
Ilusão ou não
É minha a decisão
Viaja livre
Busca o meu querer
As vezes me faz sofrer
Mas preenche meu ar
E me faz respirar
Pensamentos confusos
Mas tão meus
Num universo distinto
No meu labirinto
Onde ninguém que eu não queira
Pode penetrar
Lugar onde eu mando
E em meio aos meus desmandos
Te trago e te tenho
E nem mesmo você
Vai me impedir
De estar...com você

(Elian-04/09/2012)

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Flor mulher

Que se abram as pétalas
Feito cortinas
E libertem no desabrochar
A flor mulher
Em plena primavera
Nas manhãs de setembro...
Que o inverno faça a sua parte
Germinando a semente
Dos sentimentos podados
E em botão...guardados...
Que a luz do sol
Traga cores novas
Num arco-íris de poesias
Trazendo ao jardim a alegria...
Que nessa estação
Floresça o coração
Em nova esperança
De profunda mudança...
E da flor mulher
Que desabroche o sorriso
Sem mais ser preciso
O adubo indevido
De um amor indeciso...
Flor mulher na primavera
Desabrocha sem quimera
Faz da sua longa espera
O amanhecer que em ti supera
E derrame sem vergonha
As sementes com que sonhas...

(Elian-03/09/2012)

Ausência da lua

Hoje você não veio
E minha noite está escura
Sem o azul poético da lua
Sigo nos trilhos
Feito um trem compassado
No silêncio da madrugada
Na estrada nua
Aguardando a sua volta
Para poder falar contigo
Lua, lua, lua...
Dói a sua ausência
Morre as palavras em mim
Me acostumei a sua voz
No azul à sua volta
No infinito do seu halo
Fazendo companhia
A minha solidão
Mas hoje você também se foi
E meu caminho, mais do que nunca
Está vazio e solitário
Lua, lua, lua...
Me sinto nua
Sem ninguém para conversar
Já que te espero toda noite
Para me confessar
E te juro, te ouvir falar
Mas hoje a noite está escura
E o silêncio me amargura
Na estrada a desventura
De seguir em silêncio
Sem o azul da sua luz
Pelos trilhos da minha estrada
Adentrando na madrugada
Lua, lua, lua...

(Elian-03/09/2012)


Tempo vigente

Tempo que invento
No presente que vivo
Lembranças passadas
Do tempo ido
Momentos vividos
Guardados na mente
Onde anda tanta gente
Além de aqui dentro
Na minha companhia
Persistem...
Fantasmas saudosos
Amigos sumidos
Irmãos andarilhos
Ultrapassando portais
Dimensões diferentes
Emoções referentes
Ao tempo ido
Guardado na mente
Hoje presente...
Num futuro ainda ausente
Meu hoje será também
Lembranças na mente
Lembranças somente
Do tempo vigente
Da vida recente
Tão mera e abstrata
Tão inexata
E tão...insensata

(Elian-03/09/2012)

Sudoeste

Sopra um sudoeste
Mudanças de rumo
Vento forte
Varrendo o caminho
Levantando poeira
Sopra no mar
As ondas em tubos
Que quebram na praia
Num desabafo de espumas
Sob o céu azul...
Vento ventania
Sopra agitado
Agitando bandeiras
Mudando o tempo
Influenciando a maré
Das minhas vontades
Dos meus desejos
Varridos e misturados
Confusos e insensatos...
Sudoeste certeiro
Veio de onde veio
Sem deixar rastro
Para onde vai
Soprando sem reio
Seguindo alheio
Aos estragos trazidos
No vento sentido
Sopra um sudoeste...

(Elian-03/09/2012)



Passado, presente e futuro

Elos interligando a vida
Do que fui, do que sou, do que serei
Sentimentos vividos
Filtrando hoje
Sentimentos que virão
Erros e acertos
Escola e aprendiz
Ensinando e aprendendo
Estranha linha
Na qual me equilibro
Corda bamba
Ameaço cair
Olhando para trás
Voltando ao equilíbrio
Olhando para frente
A corda balança
É fina e tênue
Meus passos são trôpegos
Mas contínuos
Lá atrás os primeiros passos
Lembranças e certezas
Alegrias e tristezas
Olho e vejo
Os passos dados
Cheguei até aqui
Da forma que pude
Que consegui
Lá na frente um horizonte
Que teimo em perseguir
Expectativas e esperanças
Do que vou fazer fluir
É tênue a linha
Dos meus três estágios
Olho para um
De olho no outro
Enquanto tento
Entre os dois me equilibrar

(Elian-03/09/2012)

sábado, 1 de setembro de 2012

Solidão

Solitária senhora
Sentada em seu vazio
Cheio de lembranças
Onde crianças barulhentas
Correm e fogem do teu alcance...
Lá fora a vida passa
E te resta escutar
Conversas e ruídos
De quem não quer entrar
E te deixa solitária...
Tu não podes ir
Senta no teu trono
E reina absoluta
Na solitária e obsoleta
Vida que te resta...
Senhora de tanta força
Faz do teu tempo, louvor
Canta em voz alta a tua fé
Sem jamais blasfemar...
Em teus olhos tristes
A resignação do teu cansaço
Sonhas com o passado
Em que todos cabiam em teus braços...
Olha à tua volta agora
A solidão preenche teu vazio
Teus olhos veem o que passou
E tua vida segue teu rumo
Em meio a tanta gente...ausente

(Elian-01/09/2012)

Árvore velha

Velha árvore outrora frondosa
Vergada pelo tempo
Ainda altiva e orgulhosa
Das sementes que fez germinar
Velha árvore sábia
Que tanta vida distribuiu
Nos frutos, sombras e galhos
Que generosamente ofertou
Teu tempo é de descanso
E teimas em florir
Tuas sementes germinaram
E outras sementes espalharam
Velha árvore mãe
Que um pomar inteiro formou
Por onde andam os frutos
Que você gerou...
Grande árvore impávida
Que o tempo teima em vergar
Ainda que ele a tombe
Sua história intrépida vai ficar
E os frutos dos seus frutos
Irão da sua genealogia se orgulhar
Velha árvore generosa
Que com seus ramos abraçou
O pomar que criou
E dos seus frutos, com tanto amor cuidou
Que sejas tu, velha árvore
Eternamente adubo
De muita paz e muito amor
Dos frutos dos seus frutos

(Elian-01/09/2012)