terça-feira, 9 de março de 2010

Galerias da cidade

O resto do lixo
O banquete das aves de rapina
A possilga que afunda feito areia movediça
O pior de tudo...

No esgoto da cidade iluminada, passeio sem rumo
Apenas seguindo galerias húmidas e vazias
Cheiro fétido de podridão que me infesta as narinas...
É meu próprio cheiro que infecta o ambiente

Ratos e baratas se afastam de mim
Talves temam que eu os esmague
Talvez se sintam nauseabundos com o cheiro que exalo
Não me querem ter por companhia...

Vou encostar na pilastra fria da galeria
Submundo ao qual me deixei afundar
Amanhã, quando o sol voltar a brilhar
Vou tentar sair e deixar seus raios me tocar...

Submundo, submergida, sobrevivendo...
Hoje só me sinto assim...subtudo
Não posso fechar os olhos....a escuridão me cega a mente
Durmo na lama...de olhos abertos

É preciso tudo isso
É preciso que eu amargue cada um de meus delírios
Me acostume com a solidão que eu mesma quis viver
Eu preciso aprender a ser só...sem ter piedade de mim mesma

Ratos...baratas...seres do submundo...eu...

(Nane-09/03/2010)

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