sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Reis meninos

Desbravamos juntos
O quintal das vovós
Cheio de aventuras
Cheio de novidades

Crescemos juntos
Companheiros e amigos
E se tampamos na porrada
Também nos abraçamos

Somos primos
Davi&Frederico
Explorando o mundo mágico
Da feliz infância

Motivos temos de sobra
Para guardar nas lembranças
O bom tempo que vivemos
Sem pressa de crescer

As árvores de frutas
As galinhas e a horta
A cachorrada barulhenta
Fazendo festa para a gente

Nosso reino é um quintal
E quando deixarmos de ser reis
Contaremos estórias da história
Dos tempos das nossas avós

(Nane - 31/01/2014)


Tânia Medeiros

Viestes me ler
Tantas e tantas vezes
Se gostou ou não
Importa que veio

Dá-me prazer
Saber que vens
Massagear meu ego
De rabiscadora

Te faço um carinho
E rabisco você
Enaltecendo a leitora
Que aniversaria

Parabéns pra você
Parabéns para mim
Que escrevo, e lês
Parabéns pra você

(Nane - 30/01/2014)

Fraqueza

Todo o vazio em mim
Se enche de ti
Refugando ações
Misturando estações

Embriagando as palavras
Que borbulham efervescentes
Feito lava vomitando
A ebulição no peito

De pouco adianta
Esse grito calado
Que sei, ouves
Mas não respondes

Donde estás
Não me cabe
Panaceia
Não me abraça

O peso de Atlas
Por sobre os ombros
As dores do mundo
Sou fraca

(Nane - 31/01/2014)



Verdades

Que metáfora é essa
Que desnuda minha alma
E não mostra a nudez
Guardada em vestidos

Que poesia é essa
Que fala por parábolas
Sem dizer o que de fato
Quer dizer

Que poeta é essa
Que consente o desalinho
Sem métricas ou rimas
De poemas nefandos

Só rabiscadora
Pendurada num balcão
(Se)Segurando num copo de cerveja
As rédeas da -sua- poesia

(Nane - 31/01/2014)


Trem da vida

Parece um devaneio
Delírio, desatino
Viagem de regresso
No embarque do futuro

O olhar vitrificado
Quase sem enxergar
Avista o que seria
Se não tivesse sido

Percepção afiada
Incômodo por estar
Ninguém refresca
As mãos deslizam

Viagem sem futuro
No embarque do regresso
A solidão na plataforma
No atraso do trem

(Nane - 31/01/2014)

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Prefácio

O degredo notório
Perturbador e conflitante
Me faz ser fria
No não reencontro

As dores gritantes
Repetitivas
Lamentos ritmados
Eu, inflexível

Achei que podia
Não posso mais
Compromisso doentio
Nos fazendo mal

O epílogo se inicia
A capa se fechará
Pode surpreender o final
Não será um best seller

Quiçá um reles livro
Empoeirado na estante
Da própria autora
Que não soube escrevê-lo

(Nane - 30/01/2014)


Ninho vazio

Machucada
Ferida
Num voo titubeante
Por sobre o mar enfurecido
A gaivota segue a rota
Sem um porto seguro
Ainda

Sobre ela o céu
O sol
A lua
Estrelas

Sob ela o mar
A terra
Precipícios
Montanhas

Cansada
Frustrada
Segue seu voo solo
Sem companhia
Em busca do descanso
Num ninho
Vazio

(Nane - 30/01/2014)

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O caminho

Talvez amanhã seja tarde
E eu não volte mais

Talvez eu me perca
No caminho de volta

Talvez amanhã eu não possa
Refazer a estrada

Talvez o amanhã nem exista mais
Tão pouco eu

Talvez não tenha um amanhã
E eu não veja a manhã

Talvez eu me perca nos sonhos
E não saiba mais voltar

Talvez minha vida seja tanta
Que não caiba neste lugar

Talvez eu vá e não volte
Para onde chamam de morte

Talvez...

(Nane - 29/01/2014)

Mortalha

No piscar dos meus olhos
O odor da flore se aguça
O torpor da mente paralisa
A dor do corpo entorpece

A penumbra se dissipa
Frente a luz que ofusca
Os olhos cansados
Que tornam a piscar

Sombras na noite
Da alma triste
Dançam uma valsa
Sem melodia

O silêncio da madrugada
Faz pesar as pálpebras
Emudecendo mais ainda
O grito contido

Um limbo, um inferno
Sumidos no abrir
Por teimosia e medo
Os olhos pra vida

A morte espreita
Seduz e enfeitiça
Com seu canto de sereia
Soprado nos ouvidos

Corro o risco
De dormir e não acordar
Quem sabe uma orquídea
Venha me enfeitar...

(Nane - 29/01/2014)






terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Autores

Poeta imbecil
Desperdiça lágrimas
Enquanto escreve
Embaçando a visão

Rabisca com a alma
Maltrata o corpo
Fragilizado pelo álcool
E o cigarro no "beiço"

Morre a cada palavra
Renasce na frase
Se enterra num ponto
Ou nas reticências

Poeta frouxo
Perdido em visões
Criadas na mente
De suas ilusões

Seu único prazer
É se deixar vencer
Pelos leitores ávidos
De assinar seu sofrer

(Nane - 28/01/2014)

Rotas

Meus passos errantes
De volta ao caminho
Que trilhei primeiro
Por saber o lugar

Eram certeiros
Traçado o objetivo
Determinados
Àquele lugar

No meio do caminho
Tinha uma pedra
Mudaram seu destino
Ziguezaguearam

Andei tropeçando
Em pedras e espinhos
Na rota errada
Que eu mesma tracei

Meu alvo era outro
Tauba errada
O tiro era álvaro
Perdi a flexa

A vida é ingrata
O caminho é traçado
A meta mantida
Ousar, nem pensar

São voltas certas
Recomeço das relvas
No tapete macio
Da estrada (pré) determinada

Pouco importa o querer...

(Nane - 28/01/2014)

A lei da vida

Preciso se faz
Sobreviver
Latrinas do mundo
Esgoto descarregado

Amor ferido
Trauma de um nada
Amor amigo
Aninhando no regaço

Os olhos vívidos
Minando as forças
O meigo olhar
Tentando aplacar

O contato querido
O abraço sentido
O ser e o estar
O ter e o poder

Quimera e vida
Insano desejo
O feijão e o sonho
Realidade mantida

Vida louca 
Morte lenta
Corpos unidos
Almas perdidas

Viver é simples
Poda-se os ramos
Fortalece-se as ramas
Renascem as flores

(Nane - 28/01/2014)

(Re) Tentando

Você chegou
Insistindo e insistente
Derrubou minhas defesas
Me ganhou...

Ferida
Machucada
Acalentada
Refazendo

Me entrego à você
Cuida de mim
Me dê sua mão
Vamos...

Deixemos acontecer
Venha o que vier
Estaremos juntos
Enquanto quisermos

O namorado
A namorada
Você e eu
Eu e você...

(Nane - 28/01/2014)

Libélula

Ah meu grande amor
Feito lagarta num casulo
Em metamorfose dolorida
Arranquei você de mim

Matar o amor, não dá
Mas é preciso caminhar
Criar asas, voar
Feito libélula em direção à luz

A transformação se fará
As dores se amenizarão
O amor permanecerá
Adormecido em mim

Ah meu grande amor
Já não tenho mais tempo
O casulo se fechou
A mudança começou...

(Nane - 28/01/2014)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Deus dará

Maltratas-me
Pelo simples prazer de maltratar
Por saber que vais me fazer chorar
Por sentires prazer em me ver sofrer

Humilhas-me
Por se achar no direito
Do troco inaudito
Que insistes em me dar

Isolas-me
Por saber que tua presença
Se faz vital
E a falta, fatal

Consolas-me
Com um beijo de judas
Sem desejar as moedas
Divertindo-se com a aflição

Ríeis de mim
Fingindo um amor
Que no tempo findou
Mas deixou a diversão

Matas-me
Aos poucos
Enquanto se insinuas
Ao deus dará...

(Nane - 26/01/2014)





sábado, 25 de janeiro de 2014

Latrina

Arrependo-me
De não ter tentado
Por medo do fracasso
Que tentei esconder

Sofro
Pelo amor natimorto
Que não sobreviveu
Por covardia

Sentença da vida
Morte sentida
Corredeira desenfreada
Nas pedras limadas

Poesia contida
Guardada na mente
Insana e sem rima
Tão pobre e sem sentido

Adormece o poeta
Jogado na latrina
De um bar de esquina
Com as portas fechadas

Pela manhã
Um papel dobrado
No fétido local
Isso estava escrito

(Nane - 25/01/2014)

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O começo de tudo

Lendas sem fim
Falam de mim
De você
De tantos outros
Deuses e mitos
Quem somos nós
Quem são eles
Mitologia
Quimeras
Fantasias

No Caos de Gaia
O Érebo da Nix
Surgiu um Ponto
No Urano e Órias
Logrando o Tártaro
Sobrepôs-se Eros

Misturas proibidas
Miscigenando o mundo
Entre deuses e mitos
Reles mortais
Não morrem mais
São Karmas ou Dharmas
Das leis do Caos
Que solitário gerou
E não mais parou

(Nane - 24/01/2014)


Sem flores

Não me mande flores
Posto que elas se despetalam
E restam os espinhos
Que não murcham
E machucam...

Ferem as asas da andorinha
Que sobrevoa o jardim
Em pleno verão
Solitária e triste
Sem as flores despetaladas

Não me mande flores
Posto que o bem me quer
Sempre termina no mal querer
E sofre as pétalas da flor
Arrancadas à força

Não me mande flores
Posto que são armadilhas
Da conquista surreal
Que duram o mesmo tempo
Das rosas despetaladas

(Nane - 24/01/2014)

Embolação

Tem um bolo embolando meu peito
Sufocando meu ar
Entupindo minhas veias
Sem conseguir explodir

Parece implosão
Com tanta poeira
E tetos caindo
Dentro de mim

Lá fora o calor
Frita ovos no asfalto
Aqui dentro o frio
Me faz congelar

Respiro pela boca
Sem ar nos pulmões
Tem tanta pressão
Nem sei onde anda meu coração

Misturado no peito
Perfurando o diafragma
O frio no estômago
A falta de ar

Tudo misturado
Tudo embolado
Palavras cruzadas
Corpo cansado

Tem um bolo embolando meu peito...

(Nane - 24/01/2014)

Vara de marmelo

Quero de volta minha vida 
De menina feliz
Que só chorava quando a mãe
Marcava minhas pernas
Com as varinhas de marmelo
Que nunca vi crescer

Do marmelo só o nome
E imagino, o efeito
Doía mais que tudo
E por isso eu chorava
Sem saber que a dor
Que dói não é batida

Quero minha mãe de volta
Gritando meu nome na varanda
E eu correndo, fugindo
Tentando escapar das varadas
Sem pensar que na noite era fatal
Eu ter que voltar para casa

Quero meu colo de volta
Onde eu deitava a cabeça
E a mãe contava uma estória
Embalando meu sono pesado
De criança cansada
Das estrepolias que eu fazia

Quero acordar no regaço
E sentir os braços protetores
Ouvir a voz determinada
Me dizendo para nada temer
Pois ela está comigo
E de mãos dadas vamos seguir

Quero de volta minha mãe
Quero de volta minha vida
De menina feliz
Que não sabia que era
E hoje só faz lembrar
Do que ficou para trás...

(Nane - 24/01/2014)

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Decepção

Maldade, maldade
Karma ou Dharma
Pouco importa
Se destrói e mata

O corpo guarda
A alma sinistra
Abrigando e camuflando
A maldade escondida

Nos doces olhos
No encanto sorriso
No jeito criança
Tão pueril

A aura escura
Não está à mostra
O engano só é percebido
Quando no corpo sentido

Se Karma ou Dharma
Pouco importa
Se destrói e mata
A maldade, maldade

(Nane - 23/01/2014)

Hora da partida

Ah...você tanto fez
Que conseguiu
Mandar-me embora
Sem peso algum

Só eu sei da minha dor
Só mi'alma chora em seu interior
Por ter tomado a decisão
E ficado sem chão

A tortura é certa
Lágrimas escorrerão
Feito um rio em busca do mar
Mas...não podia retardar

Querer e não poder
É a pior das ilusões
Amar sem ser amado
Sonhos dilacerados

Tomei a decisão
Pior da minha vida
Retalhei meu coração
Ao finalmente entender...que era hora de partir

(Nane - 23/01/2014)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Descompasso de rimas

Do quê morrer
Incerteza cruel
Não sei dizer
Mas vai acontecer

Afogada
Atropelada
Atirada
Desesperada

Uma doença qualquer
Tumor ou A.V.C
Vai saber
Deixa vir pra ver

Se for do coração
Este órgão estúpido
Que seja de infarto
E nunca de amor

Sentimento que deveria
Ser sinônimo de vida
E jamais rimado
Com o sentir...dor

(Nane - 22/01/2014)

Traíra

Perguntei ao meu espelho
O que ele via em mim
Ele embaçou e não me disse
Mas vi seu sorriso disfarçado

Espelho, espelho meu
Maldito o tempo que passou
Enrugando minha tez
Acabando com meu humor

E as dores sentidas
Sem que ninguém as percebessem
Refletidas nesse espelho
Debochado e embaçado

Ele não fingiu
E isso me consumiu
Mostrou a minha imagem
Que dantes fingi não existir

Quebrá-lo não irá adiantar
O desgraçado me fará ser mais ainda
Refletida em pedacinhos
Presa em meus próprios caminhos

Espelho, espelho meu
Escuta o que tenho a te dizer
Olha bem nos meus olhos
Você me "fudeu"...

(Nane - 22/01/2014)

Flores e espinhos

Olha tua face
Refletindo teus sinais
Coquetel de anos e álcool
Em sulcos delineados

Insistes em querer
O que não te foi dado
E bebes por saber
O que nunca hás de ter

Há mísera sombra
Do que um dia fostes
Olha em teu espelho
Contentas com o que tens

Teu tempo se esvai
Tua vida passa em branco
Acorda tua alma
Ou morres adormecida

Onde foi que tu errastes
Agora pouco importa
A vida ou a morte
Te aguarda na esquina

Segue teu caminho
Com flores ou espinhos
Mesmo porque
Serão eles teu destino

(Nane - 22/01/2014)


Sem morada

A morte anunciada
Fede a enxofre
Cala qualquer grito
Não tem socorro

Vaga nas sombras
Da madrugada eterna
Se esconde sem hesitar
Fingindo felicidade

É morte lenta e despercebida
Descortinando sua face
Quando nada mais há de se fazer
Para evitá-la

Resta a terra por cima
Ou o fogo consumindo
Liberta ou prende de vez
A alma sem morada

Leva a vida finda
Vivida sem atrativo
A face do que restou
E ao céu ou ao inferno se apresentou

(Nane - 22/01/2014)





terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Lua de fogo (Na veia)

E o menino tão menino
Sem ainda saber falar
Dando ênfase a última sílaba
Para se fazer entender

Olha maravilhado
O nascer da lua
Grita meio que desesperado
Lufô, lufô, vovó

Custou "cair a ficha"
Lufô, lufô, lufô
E ele apontando pra lua
Gemada no anoitecer

Não se contentou só com a avó
Chamou o pai, a mãe e quem mais estava
Contemplou enquanto não prateava
A lua de fogo alaranjada

Mostrou aos cães e aos gatos
A lua flamejante
Nunca a vira tão linda
E a poetou com seus olhinhos

Foi embora o pequenino
Despedindo-se da avó
Deu adeus às pedras no caminho
E aos bichos do quintal

Prometeu que voltará
E trará consigo
A lua de fogo esplendorosa
Que ele, menino poetinha me fez olhar

(Nane - 21/01/2014)



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Entressafra

Em meu recolhimento
Silencio as palavras
Por não ter o que dizer
E precisar sentir

Não me falta inspiração
Apenas meu sentir
Necessita se recolher
No silêncio do meu ser

Entressafra da poesia
Adormecida, acabrunhada
Gestada na melancolia
Aguardando o tempo certo

Ao poeta a solidão
Necessária e companheira
Soletrando em sua alma
Sentimentos em palavras

Que se por ora estão caladas
Dia virá que contarão
Em rimas ou não
O sentimento do poeta recolhido

(Nane - 20/01/2014)


sábado, 18 de janeiro de 2014

Por aí

Sou poeta sem vergonha
Que vive na madrugada
Feito vampiro de palavras
Quentes e adocicadas

Bebo cada sílaba
Num copo de cerveja
Que se embriaga
Inspira

Notívaga assumida
Desapareço no fog da noite
Sem me importar com a madrugada
Disposta a me consumir

Basta um guardanapo
No balcão em que bebo
Para que surja um rabisco
De improviso

Todas as minhas dores
Todo o desencanto
Toda a tristeza
Toda a beleza

Expostos no balcão de um bar
Transformados em poesia
Sob o efeito da cevada
Fermentada

Sou poeta da madrugada

Destinada à melancolia
Embriagada de poesia
Sem nenhuma harmonia

(Nane - 18/01/2014)



quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Colheita perdida

A dor que dói em mim
Faz verter lágrimas
E inchar a face
Retrato do coração

Dói por ver murchar
Sob o sol escaldante
A semente plantada
E jamais germinada

Dói por saber que não adiantará
Arar, plantar e cuidar
Se a chuva abençoada
Teima em não molhar

A dor que dói em mim
É feito raiz arrancada
Ceifada sem anestesia
Como erva daninha

No chão semeado
Solo infértil e bravio
O amor não irá adubar
A colheita não vingará

Feito plantador teimoso
Teimo em tentar
E se de tudo, não vai adiantar
Sei de mim que tentei...plantar

(Nane - 16/01/2014)


Respaldo

Não tenho verdades
Nem mentiras
Sou o tudo e o nada
Sem limites
Rito meus versos
Sobre o que sinto
Entende quem sabe
Ler o que está escrito
Nas entrelinhas...

(Nane - 16/01/2014)

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Raios e trovões

Diz pra mim
O que é que eu faço agora
Sem rumo e sem prumo
Sem nada entender

De frente ao espelho
Me olho e pergunto
O que foi que eu fiz
Para te afastar de mim

A noite ameaça
Tempestade anunciada
Relâmpagos estrondam
E clareiam o céu

Raios de chuva
Que pingam e não molham
Mas matam sem pensar
Quem ousar os tocar

Tento me esconder
Sob o silenciar
E esperar
A tempestade passar

(Nane - 15/01/2014)

Calma

Me pedes calma
Como se calma eu tivesse
Cada vez que te perco
Na estrada da vida

Olho em meu entorno
Não te vejo
E queres mesmo que me acalme
Te sabendo sem saber

Meus olhos se avermelham
Na aflição de te perder
Procuram em vão
Na noite fria por você

Calma, não tenho
Mas nada me resta
Esperar faz parte
E espero sem poder

Amanhã o sol virá
Vou continuar a te procurar
Esperando ter calma 
Para te encontrar

(Nane - 15/01/2014)

Reconhecendo

Reverências lhe faço
E agradeço com um abraço
As horas perdidas
Nos olhares passados
Pelas palavras escritas
Nem sempre rimadas

O leitor para o poeta
É pérola fina
Devendo ser tratada
Feito joia rara

Hoje é o seu dia
E te ofereço uma poesia
Como forma de agradecimento
Pelas linhas infindáveis
Que pacientemente
Da minha autoria
Fostes ler

Parabéns à leitora
Parabéns à - forte - mulher
Parabéns à mãe
Parabéns à você
Luciana Mota!!!

(Nane - 15/01/2014)

Alma

Carcomeu-lhe a face
Dantes tão perfeita
O tempo impávido
E cruel

O corpo perfeito
Despencou na gravidade
Da lei inexorável
Rumo ao precipício

Quem foi ficou
Na lembrança guardada
A sete chaves
No pensamento de um amor

Chora um destino
Cavado e pedido
Pela arrogância
Da beleza perdida

Mas quem amou - de verdade
Ainda ama
E vê toda a beleza
Desse corpo já carcomido

(Nane - 15/01/2014)



terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Prisioneira

Emudece minha voz no teu beijo
Sugando-me toda a vontade
Calando-me os argumentos

Eu, que dantes tão resoluta
Não passo de joguete
Quando me embriagas com teus beijos

Teus carinhos viciantes
São grilhões do meu desejo
Na masmorra do meu corpo

Resta-me a esperança
Da certeza do que há de vir
Para bem além daqui

(Nane - 14/01/2014)


Leitura

O que é ser velho?
Ah Leminski,
Tão relativo o tempo....
Tão atual os dizeres
Dos antigos escribas
De tantas vilas.

Amanhã serei eu
A velha poeta
Ousada ou louca
Dependendo da leitura
Dos neurônios
De quem me ler...

(Nane - 14/01/2014)



segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Elo perdido

Um instante só
Entre um e outro - segundo
Tão mínimo e tão máximo
Silêncio e grito

Intenso e efêmero
Etéreo e eterno
Vida e morte
Fluindo no espaço

Sinapses do tempo
Tão dono de si
Num piscar de olhos
Mudança de rumo

Erros e acertos
Idas e vindas
Em que fragmento
Se torna o tempo

Corrente volátil
Elo perdido
Encontrando espaço
Entre um segundo e outro

(Nane - 13/01/2014)

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Roleta russa

Quem somos pouco importa
Na roda viva da vida
Gira a roleta num instante
Dispara a bala russa

Na desabalada revirada
Ninguém é nada
Revira os olhos
A loucura viciante

Canta o desencanto
Num rap desritimado
Na disritmia coletiva
Do povo ensandecido

Quem somos pouco importa
Na roda viva da vida
Gira a roleta num instante
Dispara a bala russa...

(Nane - 10/01/2014)

Cobertor

Notívago vagando
Nas luzes foscas da cidade
Sem me preocupar
Onde irei parar

Vou andando
Rumo ao desencontro
Do meu encontro
Comigo mesma

Um pirilampo atrevido
Cruza o meu caminho
Iluminando por instantes
O chão onde eu piso

Vejo formas se formando
Nos postes das esquinas
Hediondos e angelicais
Depende do que penso

No banco de uma praça
Um jornal esquecido
É madrugada...
Me cubro de estrelas

(Nane - 10/01/2014)


Super Herói

Sou seu super herói
Sempre disposto
A te amparar

Assim me vês
Assim me quer
Assim estou

És meu esteio
Meu alicerce
Meu tudo

Me cobras atitudes
Que já não mais tenho
Mas que são precisas

Meu voo é rasante
Quase caindo
Sem forças

Seu tempo se esvai
O meu também
Nos amparamos

Presas da vida
Nas teias tecidas
Da morte à espreita

Brinca com a gente
Fingindo abraçar
Dando corda

Caça e caçador
Nos desvencilhamos
E entramos nos anos

Super herói
Bandido e vilão
Sou o que te restou

(Nane - 10/01/2014)






A voz do espelho

O espelho me diz
Que o tempo urge

Olho bem dentro dele
E vislumbro o caminho
Pelo qual passei
Do jeito que foi possível

As pinguelas que atravessei
As pedras onde pisei
Os buracos em que me meti
As relvas onde adormeci

O espelho me diz
Que o tempo urge

Daqui a pouco 
No alvorecer
A folia da passarada
Irá me despertar

Por enquanto o silêncio
Da madrugada
Ecoa em meus ouvidos
E impede meu adormecer

O espelho me diz
Que o tempo urge

É só mais um dia
Outra imagem minha
Refletida e vislumbrada
No destino da mi"alma

(Nane - 10/01/2014)

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O menino e seu carrinho

Ele empurra o carrinho pelo quintal
Fazendo com os lábios
O ronco do motor - que por ora
É grave e sobe o morro - por outra
É agudo e parece derrapar

O trânsito imaginado
O faz acionar a buzina
Bííííííiííííííííííí bííííííííííííííí

Seu dia corre sem pressa
Entre um carrinho e a bicicleta
Que se não sabe andar
Sabe puxar por todo o quintal
Atropelando quem se põe à sua frente

Não liga para os desenhos
Que passam na TV
Gosta de um tablet
Mas prefere mesmo um montinho de areia
Pra carregar no caminhãozinho

É meu neto
Meu menino
Crescendo a olhos vistos
De pezinhos no chão
Virando um hominho

Corre solto e livre
Cai,chora e se levanta
Sai correndo sorrindo...livre

(Nane - 09/01/2014)

Érica

E aí você chegou
Meio menina
Meio mulher
Um pouco minha
Enquanto menina
Toda do mundo
Já a mulher

Afilhada e sobrinha
Nem tento mais a rima
Encontros e desencontros
Pelas vielas da vida
Onde atadas, seguimos
Queiramos ou não
Somos quem somos

Te vi menina
Tão pequenina
Te dei estórias
De fundo do quintal
Para guardar na memória
E contar um dia
Que fui tua tia

Hoje te quero
Só ver feliz
Aqui ou ali
Seja onde for
Só preciso que saibas
Que nosso destino
Não se cruzaram por acaso

(Nane - 09/01/2014)


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Apenas um gosto

Gosto
Da criança carente
Que finge uma inocência
Sem perceber
Que de fato a tem

Gosto
Dessa vontade de colo
Que teima em não pedir
E finge não aceitar
Mas se aninha em meu regaço

Gosto
Quando teima em não me ouvir
Mas diz que eu te sei
Mesmo que eu nada saiba
E fique a imaginar

Gosto
Desse jeito sem jeito
Que me acaricia e me agride
E se deixa acariciar
Fingindo uma agressão

Gosto
De saber que nada muda
E o tempo consolida
O que teimamos em dispersar
Sem nunca conseguirmos

(Nane - 08/01/2014)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Autoria

Ah...o que diz meus lábios
Pouco mostram
O que me vai na alma
Atormentada e andarilha
Presa e incomodada
Em profunda catarse
Expurgando seus males

Drasticamente selada
Pela carne externada
Ruge em silêncio
Sem eco nenhum

Ah...o que diz meus versos
Quando dita a alma
Meu corpo destoa
De tudo o que sou
E não compreende
A própria poesia
Que pensa, simploriamente
Ter sido o autor

(Nane - 07/01/2014)



segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Amar com arte

Amor e sexo
Juntos, a perfeição
Bandeira diz que não
Mas eu...digo que sim

Almas afins
Se buscam no espaço
Se perdem no compasso
Se reconhecem num abraço

Sexo e prazer
Caem no vazio
Depois de tantos corpos
Relegados ao nada

Suores pingados
Lençóis amassados
Marcados de gozo
Lavados e alvos

Amar com arte
E se entregar
Ao sexo da alma
Sem incesto

Amor e sexo
Juntos, a perfeição
Bandeira diz que não
Mas eu...digo que sim

(Nane - 06/01/2014)

Chacoalhada

No olho do furacão
Reviro, revolvo, refaço
Caminhos levados ao vento
Sem destino definido
Perdido em pensamentos
Envolvidos na poeira
Que fere a face exposta
No espiral do furacão

Volvo à terra tonta
Sem direção certa
Seguindo meus instintos
Em devaneios retorcidos
Na embriagues de tantos giros
Em passos sem sentidos
Rumo a qualquer destino
Disposto a me moldar

(Nane - 06/01/2014)

domingo, 5 de janeiro de 2014

Contas de jade

Por vezes céu
Por vezes mar
Moça, menina, mulher
Filha da Bahia
Vem nos encantar

Sorriso contido
Força no olhar
De cor indefinida
Olhando o infinito
Parecendo cantar

Planta com raíz
Fincada em Salvador
O Senhor do Bonfim
De mãos dadas com os orixás
É teu protetor

Faz do amor teu ritual
Acolhendo em teu carinho
Quem mereça nele estar
Seja de que forma for
Importa é te saber amar

Doce filha de Sao Salvador
Pimenta por vezes atrevida
-E muito ardida
O que seria da nossas vidas
Se nos faltasse o teu tempero

 Por vezes céu
Por vezes mar
Moça, menina, mulher
Filha da Bahia
Vem nos encantar

(Nane- 05/01/2014)