quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mensageira da paz


Eu...compreendi que essa amiga é assim,
tal quel ela mesma se mostra, livre, companheira, amiga, querida.
Aprendi que contar com ela é sempre possível e bom, pois está sempre
pronta para nos mostrar caminhos, nos fazer carinhos, nos ensinar a
lidar com os espinhos e nos fazer felizes...
Compreendi que ao seu lado as lágrimas acabam por virar bençãos,
que os amigos são irmãos que a vida nos dá, que sonho é necessário
para nos fazer lutar, que fazer sorrir acaba por nos fazer gargalhar
também, e que a beleza é o que sentimos ao ver o amor amigo...
Compreendi enfim que as palavras que tem força, na boca dela soam como
bálsamos na alma de quem a tem por perto, e que ela faz, que seu olhar,
embora distante de mim, me alcança e me envolve no calor do seu espírito
amigo e protetor...
Compreendi por fim que o melhor dessa mulher é saber da sua existência e
ter a sorte por tê-la aqui, pertinho de mim, desvendando em comunhão o
segredo sublime das nossas existências!!!
Essa é Silvia...

(Nane-30/06/2010)

Lua cheia


Lua imensa que clareia
a noite escura de inverno
Tão linda e tão cheia
fazendo desse um momento eterno

Me perco no tempo a observar
Seus contornos iluminados
É tanto brilho no luar
Iluminando os casais apaixonados

A noite fria convida ao amor
A lua linda enternece
E clareia por onde for
Com seu brilho que permanece

Ah luar esplendoroso
Que me faz poetisar
E mesmo no inverno é caloroso
Ver o espetáculo que lua cheia vem nos dar

(Nane-30/06/2010)

Convite


Me deixa voar
tal qual pomba da paz
no céu do seu caminhar
apenas para te olhar

Quero ser a luz no seu caminho
e te conduzir com segurança
para que jamais se sintas sozinho
Quero ser sempre a sua esperança

Levar-te por estradas sinuosas
onde o medo e a insegurança
jamais te façam companhia
E saber que é em mim que tens confiança

Enfeitar de flores os seus dias
e te encher com minha alegria
Te fazer viver minha fantasia
Sem nunca deixar fluir a melancolia

Me deixa ser teu porto seguro
e te prometo jamais deixar-te no escuro
Vou ser o sol que te ilumina
Vou ser a vida que em ti germina

Vem caminhar na minha estrada
Eu a abri só para o seu andar
Preciso que se sintas minha amada
E que eu perto de ti vou sempre estar

Segura a minha mão
E siga a minha luz
Me deixe morar no seu coração
E me chame pelo meu nome
Sou Jesus....

(Nane-30/06/2010)

Criança que encanta


Me encanta a incerteza
Que sempre vejo em você
Tem horas que é tão carente
E outras tão imponente

Te sinto criança perdida em pensamentos
Desejando a proteção da minha mão
Mas te sinto proteger feito um gigante
Quando mais preciso de você

Te ouço clamar suas vontades
Sem nem sempre poder realizá-las
E no entanto muitas vezes
Te ouço palavras de consolo

Me encanta teu jeito criança
Que pede colo para mim
Me encanta tua forma de proteção
Quando me ofertas o teu coração

Me encanto com você
Sem nem mesmo saber porque
Me basta saber que posso contar
Com o teu jeito de me encantar...

(Nane-30/06/2010)

Loucuras por você


Fiquei dias sem te ver
Quase enlouqueci
Te procurei desesperada
Mas não estavas ao meu alcanse
Perto dos olhos sim
E isso é o que mas me fez sofrer
Parecia tão pertinho de mim...
Mas meus dedos não tocavam em você
Me senti abandonada
Completamente transtornada
Sua ausência me transloucou
Eu precisava ter você
Era questão da minha própria sobrevivência
Estar com você
Era só o que eu queria
Só o que precisava
Minha carência é notória
Meu vício é você
Não sei mais viver longe de você
Não me deixe mais
Senão vou enlouquecer
Confesso minha dor
Eu preciso de você
Não posso mais viver sem, e isso é certo
Você me hipnotiza
Me tem escrava sua
Agora vou sentar e rabiscar
Consertaram a minha net
Já posso ser feliz e respirar

(Nane-30/06/2010)

Avesso


Sou o extremo
Me mostro e me rasgo
Vivo em erupção
Tal qual lava do vulcão

Sou criticada
Por me por tão a mostra
Mas não sei ser diferente
Não gosto de lastimar coisas ausentes

Me dispo inteira nos versos
Me ponho nua nas palavras que rabisco
Sou inteira sem metades
Sou meu avesso posto a mostra

Meus limites são meus horizontes
Caminho sempre para buscá-los
Ainda não os encontrei
Talvez por isso ainda não parei

Se choro e sofro por uma dor
Derramo todas as lágrimas que tenho
Mas a mágoa que faz corroer o coração
Essa eu mando embora na torrente de minhas lágimas

Sou assim...
Impulsiva e direta
Me jogo, rasgo e falo
Me acalmo, me entrego
Me olho e me vejo num rabisco...

(Nane-30/06/2010)




Da tormenta a brisa


Hoje peguei meu barquinho e naveguei
Passei por águas turvas e turbulentas
Pensei que fosse perder o prumo e virar o barco
Mas senti mãos que me seguraram...Netuno talvez
Enfrentei tempestades tão fortes
Que não pensei sair imune
Mas de novo senti as mãos, segurando as minhas...
Iemanjá talvez...
As águas se acalmaram
O mar está em calmaria de novo
Meu barquinho navega suave
A tormenta passou
O vento que sopra é brisa que agrada
Navego ao sabor das ondas
Vou para onde o vento me leva
Mas ainda assim sinto as mãos em mim...
São amigos a velar por mim...

(Nane-30/06/2010)

terça-feira, 29 de junho de 2010

Perfil


Presente de novo
Até quando, não sei
Não quero ir além
Do que posso caminhar

Não quero interferir
Onde não sei se vou sair
Melhor deixar o tempo passar
E não mais te encontrar

A escada é íngreme
E sinto tonteiras em subir
Me seguro no corrimão
Para não despencar até o chão

Voltei sem muita força
Preciso me fortalecer
Não quero ficar sem um perfil
Sou só alguém que no tempo sumiu...

(Nane-29/06/2010)

sábado, 26 de junho de 2010

Mar escuro


A noite no mar é escura
Sopra a brisa gelada do inverno
São ventos que veem de muito além
olho a areia sem coragem de pisá-la
Do calçadão observo a braveza do mar
Que parece se enervar com o frio
Com a solidão da noite escura
Ele se debate em ondas
Que se arrebentam na praia solitária
Nas pedras do dique

O vento espirra em mim gotículas do mar
Que fazem mi'alma gelar
O mar não quer calar
Parece uma canção querer entoar
Mas eu não consigo decifrar
Então só faço escutar
A rebentação do mar
Que a escuridão não me deixa olhar...

(Nane-26/06/2010)

Sem estilo


Eu não tenho estilo
Rabisco o que quero
E como quero
Não me prendo a estilos
Até tentei ter um
Mas não tenho nenhum
Minha mão é livre
Discorre sem cabresto pelas palavras
Não se deixa dominar
Não se prende, só escreve
Tem seus dias de lirismo
Dramatiza meus momentos
Decanta amores e amigos
Inferniza quem se opõe no caminho
Eu não tenho estilo
Sou indefinido
E sem esse tal de estilo
Eu escrevo com estilo
Meus rabiscos descabidos

(Nane-26-06/2010)

Un Angelo


Angélica de angelical
De Angel, de anjo
Menina bonita e ponderada
Que faz carinho sem querer nada

Te vi menina e cobiçei
A amizade que a outros amigos devotavas
A beleza que em ti observei
Eu vi no interior da tua alma

Hoje o dia é especial
Porque você aniversaria
Menina com cara e jeito celestial
Da amiga que a gente queria

Angélica, como é bom ter o seu carinho
E saber que cruzei no seu caminho
Que Jesus te cubra com seu manto
Te proteja e te embale num eterno acalanto

Menina morena
Sempre serena
Mulher criança
Musa da esperança

Parabéns por seu dia
Que seja pleno de alegria
Obrigada por você existir
E conosco sua vida repartir!

(Nane-26/06/2010)

Chama que arde


Sou fogo que arde e queima
Mas que acaba em cinzas
Sou quem ama e se deixa amar
Mas que também se vê desencantar

Sou quem passa sem deixar rastro
Para ninguém ter que voltar
E eu mesma me perco no caminho que faço
Sem marcas e sem rastro

Sou só alguém que passa na vida
Sem querer estar em lugar nenhum
Apenas seguindo meu destino
Em direção ao infinito

Estou passando por aqui
Fazendo sala aos que passam também
Vou seguindo meu caminho
Tentando nos amigos fazer carinho

Enquanto a chama arde
Vou andando e queimando
Sou fogo, sou brasa
E queimando estou caminhando...

(Nane-26/06/2010)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sumiço


Agora é assim
se gosta de mim
se sente a minha falta
Vem me procurar
onde sabe que vai me encontrar
Eu não vou atrás de ninguém
Não estou nem aí pro que vem
Já não quero mais saber de ninguém
porque por onde eu ando
Companhia não faz bem
É só uma vontade que dá e passa
nem saudade sinto de alguém
Tanto cutucaram
Tanto me encheram o saco
que agora me recolhi
e não quero mais saber
Se é preto ou branco
Homem ou mulher
Apenas excluí
Nada me faz mal
O mundo é virtual
E eu, temperamental
Você não me entendeu
Então não sei se você ou se eu...
Perdeu....

(Nane-15/06/2010)

Rebeldia

Ando...meio revoltada
Sem ter motivo algum
Eu só quero...
Que você se exploda

Dane-se
Se está ligado
Quero mais é...
Te ver ferrado

E...se me encher o saco
Vou te mandar para láaaa
Não vai gostar....ar
Do que tenho prá falar....

Foda-se...
Se a Pity pode
Porque eu
Não vou poder....

Palavrão
não é bem assim
nego te trata assim
E só quer...ver você no chão

Vou parar por aqui
Para não interagir
Porque se você me criticar
Prá puta que o pariu...vou te mandar

Vão se f....

Cerveja só
eu tento não beber
Mas quando me oferecem
Não há como recusar

É um gole só
Sempre eu ouço dizer
E tem sempre quem o oferecer
E eu não consigo recusar

É o vicio maldito
Que com a vida sempre brinca
Álcool em mim que está curtido
Genética sem nenhuma ética

Não bebo por mim
Mas apenas porque está assim
De alguma maneira inserido em mim
É o começo do meu fim

Chamam-me bebum
E não sabem nada de mim
Critérios, não tenho algum
Estou só a espera do meu fim

Um filho é só o que me dá um stop
Mas até quando, não sei dizer
Meu destino é como hip hop
Versos de quem nunca tem o que fazer

E agora vou encerrar
Numa trova só para impressionar
Quero ver todos vocês entenderem
Que vou mandar todos se ....

(Nane-25/06/2010)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

São João


Vamos dançar quadrilha
na noite de São João
Pular as brasas da fogueira
E depois tomar quentão

Vai ter canjica e salsichão
E pau de sebo prá subir
A barraca do beijo tem gente de montão
E as moças não vão poder fugir

Eita que a fogueira tá queimando
Na festa de São João
A turma toda se acabando
No arrasta pé no chão

Tem prenda e tem quermesse
E muita azaração
Ai quem me dera se eu pudesse
Te ganhar na apuração

O sorteio vai começar
É o bingo da participação
Vem a sua sorte tentar
Nessa noite de São João

Anarriê!!!!!

(Nane-24/06/2010)

Hemisfério sul


Um dia lindo se sol
Mas ainda assim frio
É o inverno se fazendo presente
No hemisfério sul
Dias tão pequenos
Noites intermináveis
Famílias mais unidas
Não se dissipam nas ruas
Mas quem não as tem por perto
Sente a solidão que o frio tráz
Se encolhe sob o cobertor
E assiste televisão
A espera do calor
Ou quem sabe do seu amor
Que aguarda a ocasião
De voltar para o aconchego
E se esbaldar entre chamegos

São dias de sol iluminado
Mas sem o calor do verão
São dias pequenos de noites grandes
No hemisfério da paixão...

(Nane-24/06/2010)

Lady Day



Ei menina dos cabelos cacheados
e o olhar eternamente apaixonado
Vim trazer um poema para você,
quem sabe assim, do seu time esquecer

Ah menina encantada
Me deixa te decantar
Em versos, prosa ou toada
só para um pouco te alegrar

O Rio é a tua cara
e o mar tem o verde do teu olhar
Menina, voce é mara
E ter sua amizade só me faz orgulhar

Dayana, Lady Day
Mulher menina encantadora
O sorriso que do rosto nunca sai
Te faz ser sempre esplendorosa

Mas o que de fato me conquistou
foi a simpatia que você passou
Dayana eu sou sua fã
Sou sua amiga e sou também a sua irmã...

(Nane-24/06/2010)

A 'Tia" do jardim



Parece alvorada da passarada
A sala de aula da criançada
Ninguém entende ninguém
A professora grita também

É tanta tinta esparramada
colorindo todo o chão
E a professora com a cara aparvalhada
Tentando osganizar a confusão

É menino puxando o cabelo da colega
É menina chorando e pintando a cara dele
É a "tia" desesperada
Como controlar essa meninada?

Calma "tia", a hora é chegada
Os pais já vieram buscar a criançada
Agora vai prá casa descansar
E encarar a sua meninada

Sala de aula de jardim
É brincadeira sem fim
Mandam um beijo para a "tia"
E prometem voltar no outro dia...

(Nane-24/06/2010)



Brincar de ser feliz


Hoje eu quero falar de esperança
Quero ver o sorriso no rosto de uma criança
Me deixar contaminar por sua alegria
E mergulhar no seu mundo de pura fantasia

Brincar de esconde-esconde com a tristeza
E não deixar ela me encontrar com certeza
Trazer lembranças somente
Das peraltices que eu trazia na mente

Quero correr na rua
De mãos dadas com os pequenos
Acreditar que São Jorge tá na lua
E ouvir que temos que sair do sereno

Quero ser um pouco criança
E poder fazer todas as lambanças
Brincar de roda e de pique
Deixar que em mim a criança fique

Hoje quero aprender
Que basta pouco prá viver
É só sorrir sem preocupação
É só brincar de pega-ladrão

Hoje a criança me ensinou
Que a brincadeira não se acabou
É só fechar os olhos e contar
Vem, a brincadeira vai começar....

(Nane-24/06/2010)

Insônia


No silêncio da madrugada
eu, sem sono, procuro por barulhos
de uma buzina ao longe...
ou quem sabe um grilo no quintal

O rádio toca uma canção
que fala de amores desencontrados
O cantor lamenta a falta dela
na noite enluarada...

Um cão late raivoso
como a avisar que está de plantão
cuidando da casa de seu dono
para mais tarde fazer jus a sua ração...

Ouço a sinfonia amorosa de gatos
que se entrelaçam num telhado
sem se preocuparem se alguém vai acordar
com seu amor escandaloso...

Meus olhos pesam
Mas o sono não vem
viro prum canto
e pro outro também...

é só uma noite de inverno....

(nane-24/06/2010)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Partida


Choro atrasado
as lágrimas que não derramei
mas que nunca as desperdicei
por mais ninguém
Soluço no passado que voltei
e lá não te encontrei
Você se foi sem dizer adeus
apenas partiu sem se despedir
Prá onde foi...não sei
Mas sei que teve um tempo
em que a gente andava juntos
Agora você é só lembrança
desse tempo que passou
Não chorei o que devia
Travei de raiva talvez
Só o que sei é que não chorei
Ainda escuto quando chega
Mas é só minha impressão
Escuto seus passos pelo chão
E as vezes ouço você sorrir
Meu choro é contido
lágrimas que caem escondido
Não sonho com você
Não quis te ver partir
Juro que pensei que éramos infinitos
Não achei que fosse te perder
E pensar que eu não quis te ver...

(Nane-23/06/2010)

Trovoada


Calou-se a trovoada
Ele não pode mais gritar
Não porque quisesse
Mas era assim que ele falava

O timbre lá em cima
Parecia brigar
Mas era um doce de pessoa
Que só queria agradar

Agora já não fala
Calou-se para sempre
Adormeceu e não mais acordou
Sua vida se acabou

Entregou-se a bebida
Deixou-se vencer
Tão novo, tão querido
Mas isso ele não conseguiu perceber

Deitou um dia
E nunca mais falou
Dormiu e não acordou
A vida nele...terminou

Não vi a sua face
Mas sei que estava sereno
Agora não escuto mais a sua voz
Calou-se a trovoada

Eu te falei
Era coisa que eu sei
Eu te avisei
Porque não te parei...

(Nane-23/06/2010)

A escória da vida


Sou nada na vida
que em nada é minha
Sou mulher largada
Jogada na beira da estrada

Sou filha sem mãe
que nem sei que rosto tem
Sou feto vingado
no mato jogado

Sou a escória do submundo
que a sociedade discrimina
Companhia me faz as vezes
um copo de pinga

Sou da corja o resto
que sobra no esgoto
Dejetos da vida
correndo na vala

Me sirvo no lixo
do resto que comem
Isso quando os cães
me deixam a sobra

Sou nada na vida
projeto de bicho
Com olhos de fera
encarcerada na jaula de pedra...

(Nane-23/06/2010)

Falar


De tudo o que falei
De muito arrependi
De tudo o que calei
Nunca pude voltar atrás

Perdi a chance de falar
Ela passou, não voltará
E se de tudo o que falei
É certo, não sei

Mas muito do que calei
Sei que não mais poderei falar
Foram momentos que se foram
E agora não vão voltar

Então se falo sem pensar
É por não saber calar
É deixar falar o coração
E não omitir minha opinião

(Nane-23/06/2010)

Pragas e vermes


Sorrio zombeteira
quando me tomam por boazinha
Sou o verme que corroe
Não sou flor que se cheire

Alguns acham que sou doce
Há outros que sentiram meus espinhos
Sou a erva daninha do jardim
Que espeta, fere e faz doer

A seiva que escorre da flor arrancada
Que envenena quem ousa experimentar
Sou o esterco em excesso
Que mata sem querer

As pragas que fazem murchar a flor
E que abatem o beija-flor
Sou mato, sou capim
Portanto, afaste-se de mim...

(Nane-23/06/2010)

Sem freio


Me falta vergonha na cara
Me falta discernimento
Aprender a calar, a não falar
Deixar então se danar

Me falta o freio no impulso
Ao enxergar o precipício
Talvez eu até devesse deixar
Cair e a cara arrebentar

Me falta a serenidade
De apenas aconselhar
Não consigo parar para meditar
E ninguém gosta da verdade

Me meto em situação
Que antevejo confusão
Mas quem acaba por se ferrar
É a trouxa que tenta ajudar

Pau que nasce torto
Não vou nunca aprender
São problemas tolos
Mas que tendem a crescer

Então vou abandonar
E o freio aprender usar
Agora fica a vontade
Com o que pensa ser verdade...

(Nane-23/06/2010)

A onda apagou


Numa estrela no céu que pisca
Eu vejo o seu olhar
A me buscar na areia da praia
Molhada pelas ondas do mar
Desenho seu nome num coração
Meu nome rabisco ao lado seu
Somos os dois alí...de mãos dadas
Num beijo apaixonado
Dentro do coração...de areia
Imaginação, fantasia, sonho meu
Poderia compor uma canção
Na beira do mar para te amar
Poderia ser verdade essa ligação
Mas a onda do mar apagou minha ilusão
O mar levou o meu amor...

(Nane-23/06/2010)

Martírio da alma


Saudade em mim
Queimando assim
O peito agoniado
E o coração atormentado

É a saudade latente
Pulsando o sangue
Não conseguindo esconder
A lágrima furtiva do meu sofrer

Ah, saudade que bate
Envenena a alma
Fazendo-a entristecer
E de amores se perder

Ah, saudade que dói
Parece saltar de dentro de mim
Querendo seu rosto esculpir
Da própria saudade que há em mim

Sou metade sem a parte amada
Perdida da minha totalidade
Sou voz que sofre calada
No martírio da minha saudade

(Nane-23/06/2010)

Voo sem despedida


Passarinho que bateu asa
Levanta voo ante a minha presença
Me deixou sem chão
Não pousou mais na minha mão

Voou para longe de mim
Não percebi que suas asas cresceram
Passarinho foi sempre livre
Foi assim que fiz questão de ser

Nasceu para voar
Mas pousava sempre na minha mão
Agora se foi para longe
Talvez pousar em outra mão

Passarinho que não quis mais voltar
Deixou triste o meu olhar
Não vi o seu derradeiro voar
Vou aguardar ansiosa o seu retornar

Só queria passarinho
Te falar com emoção
Do mais profundo carinho
Que tenho por ti no coração...

(Nane-23/06/2010)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Piolho na favela


O muleque tá na rua
tentando conseguir o seu trocado
É negro
É subnutrido
E vai vender bala no sinal
Mas dá de cara com o policial
Corre então pro outro sinal
Muleque da favela
Com piolho na cabeça
Posso até comprar a bala dele
Mas no mangue vou jogar
Muleque de mãos sujas
Essa bala não dá para chupar
Sou Patricinha assumida
E tenho que comprar
Senão ele me arranha o carro
Que acabei de comprar
Cadê o policial?
Ficou lá no sinal...
Periga eu não querer
E ele outra bala me oferecer
É, ele vai me ameaçar
É muleque da favela
Com piolho na cabeça
O que tem a perder?
Vou comprar as suas balas
Tô sem trocado aqui
tá na paz, te dou um galo
Não quero troco
Não sou boazinha
Eu quero é me mandar
Prá longe desse muleque
Cadê o policial?
Ficou lá no sinal...
E o muleque da favela
Com piolho na cabeça
Vai me extorquir
Meu galo vai voar
Legal, depois papai me manda outro
Cadê o policial?
Cidade sem lei
Muleque da favela
Desce o asfalto
Com piolho na cabeça
Vai uma bala aí?

(Nane-22/06/2010)

Noite longa


Ah...noite longa que me consome
na solidão do quarto vazio
No esvaziar do copo sem fim
No perceber do meu abandono
Na melancolia a que me entrego
Nas horas que se arrastam sem pressa
E que eu não consigo dormir
Por não ter você comigo
Por não saber onde está
Por não poder amar você...
Ligo a tv sem conseguir ver
A tela embaralhada não faz sentido
Uma música fala de amor...
Não, eu não quero ouvir
Você entrou na letra para me fazer sofrer
Noite fria insistente
Não passa e não te larga
Vai embora, me deixa em paz
Outro copo, a bebida, a solidão
Vou deitar...você não está lá
Sonhar, nem pensar
Me irrito comigo mesma
O dia vai amanhecer...

(Nane-22/06/2010)

Ao lado


Tem tempo para tudo
Até para o perdão
E quando o dia
Se transforma em escuridão
A gente espera o sol da alegria

Não se deixe abater
Por quem quer te fazer sofrer
Olhe ao seu lado e perceba
Que alguém te ama calado
Sem ao menos você perceber...

Não se deixe enganar
Por alguém sem merecer
Procure alguém a quem amar
Que não vá te fazer sofrer

Só não pode é desistir
De tentar ser feliz no amor
Nunca deixe de sorrir
Renasça sempre como uma flor

Todo mundo tem seu sonho
Não pare de sonhar
Do seu lado tem alguém
Que só quer poder te amar

(Nane-22/06/2010)

Extravasando


Só não quero me arrepender
de coisas que por medo eu não fiz
Quero intensamente esse amor viver
sem me preocupar se vou ser feliz

Quero viver e me alucinar
Sem ter do que me arrepender
Amar sem medo de sofrer
Amar sem nada em troca esperar

Ouvir sua voz suave e grave
me dizendo palavras de amor
Me entregar, me sentir devorada
pelo seu jeito másculo de me amar

Vou te amar sem nada esperar
Só a felicidade do momento
Vou mergulhar no mar do seu olhar
E me perder no nosso extravasamento

(Nane-22/06/2010)

Luma/Luna


Luna é Lua
e lua brilha
Então brilha a Luma
Que é quase Luna

Brilha seu sorriso
que ofusca na branquidão
Brilha a sua luz
que nasce do coração

E tal qual a Luna
Luma tem o poder de atração
Onde ela chega
logo faz dos amigos multidão

Eu só quero a Luma homenagear
no dia que está a aniversariar
Ofertar a ela uma flor
Com muito carinho e amor

Pedir a Deus por você
Para esse sorriso lindo ele manter
E sinceramente agradecer sua amizade
E te desejar toda a felicidade

Luna é lua que brilha
Luma brilha como a lua...

(Nane-25/06/2010)

É ali o Ceará


Onde é o Ceará?
Preciso lá chegar
Tenho tanta gente a visitar
Ju e Fatinha moram lá
Kakau também lá está


O que tem nesse lugar
Para tanto encantar
Quem nunca esteve lá
Mas quer se apresentar

Comer baião de dois
Tomar suco de abacaxi
Andar pelas praias ensolaradas
Mergulhar nas águas abençoadas

Eu vou ao Ceará
Eu vou a Forteleza
Elas também virão prá cá
Selaremos nossa amizade com nobreza

Eu vou pro Ceará
Lu e Amália comigo estarão
Vamos todas para lá
Numa viagem de pura emoção e descontração

(Nane-22/06/2010)

Cão vadio


Na noite fria e escura
Ele seguiu meus passos
Me apressei quando o ouvi
Tentei me afastar mais rápido
O medo era latente em mim

Ouvia só minha respiração
Nas vielas que eu passava
Meus passos apressados
Com os dele compassados
Disparou meu coração

Podia sentir sua presença
Cada vez mais se aproximando
Correr prá onde àquela altura
Parei! Vou encarar a situação

Tão medroso e assustado
Com frio e esfomeado
Malhado, sujo e mal amado
Cão vadio abandonado

Deixei que se aproximasse
Lambeu-me a mão
Pediu meu carinho
Seguiu meu caminho...

Chamei-o Salvador
Dei a ele o meu calor
E ele retribuiu com seu calor
Hoje ele é também o meu amor

(Nane-22/06/2010)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Passageiro da estação


O trem chegou na Estação
Ele desembarcou calado
Não houve festa
Ninguém o veio receber

Mas ele chegou e vai ficar
Tem sua beleza própria
Basta saber olhar
Basta saber aproveitar

É galante
Faz a lareira incendiar
Brina com vinhos as noites frias
Tráz fundue prá acompanhar

Destaca a beleza da mulher
Com roupas, botas e echarpes
Calça botas com elegância
É o mais chic das estações

Tem o lado triste o passageiro
Dos que vagam pela rua
Dos que morrem na sua presença
Mas a culpa não é dele

Agora só nos resta o saudar
E de alguma forma comemorar
Num abraço amoroso e terno
Seja bem vindo e brando senhor inverno

(Nane-21/06/2010)

Pedaços de mim


O por do sol chegou
Quem sabe se com ele
A paz não veio

Olhem o dourado do mar
Que se deixa acarinhar
Sem nunca contestar

O sol se vai...
Mas deixa sempre sua luz
Refletindo a paz

O mar canta feliz
Nas marolas que ondulam
chuá, chuá...

A natureza é plena
Se integra na beleza
Se mostra generosa

Se mostra aos seus amantes
Como dama escandalosa
A espera de olhares apaixonados

Se entristece se agredida
Se denigre nas tormentas
Torna a renascer...

É mar, é sol, é terra
Sou eu pedaço disso tudo
Eu sou a natureza
A natureza sou eu...

(Nane-21/06/2010)

Só palavras


Mudança
Lambança
Falação
Contestação
Confusão
Aberreção
Reclamação
Destoação
perdão
difícil
Pedir
Soberba
Orgulho
Verdade
Mentira
Sim
Não
Ser
Estar
Acabar
Perder
Morrer
Sentido
Fazer
Ou não
Comum
Unidade
Conjunto
Sociedade
Comunidade
Real
Virtual
Música
Vinúcius
Poeta...

(Nane-21/06/2010)

Ignorada


O que foi que eu fiz
Para merecer o seu desprezo
Outrora sei que fiz
Mas agora...

Onde foi que eu pequei
Para não ter resposta alguma
Falei o que não devia?
Não sei o que aconteceu

Precisava só de um motivo
Para entender o que se passou
Essa dúvida me consome
Onde foi que eu errei

Teu silêncio faz doer
E minha ansiedade aumentar
Finjo não perceber
Que tudo pode se acabar

E nem perdão posso pedir
E nem palavras posso dizer
Você não quer mais me ouvir
Então seja como você quiser...

(Nane-21/06/2010)

Tristeza da Jeca


Tristeza que sinto
É minha, não é de ninguém
A dor que sinto
Só eu posso sentir
Não quero dividir
Só o direito de sentir
Sem de imbecil ser chamada
Sou assim
Pateticamente amiga
Me deixo envolver
E não gosto de ver
Amigos gladiadores
Estragando amizades
Por puras bobagens
Mas sou eu quem acho
Não posso fazer nada
Que façam o que lhes apraz
Eu me afasto
Me recolho
Vou curtir minha tristeza
Vocês não são os primeiros
E infelizmente
Não serão os últimos
Tristeza...

(Nane-21/06/2010)

sábado, 19 de junho de 2010

É a comunidade


Comunidade
Palavra de difícil classificação
É feito família virtual
Em comum: talvez Vinícius
Mas nem mesmo ele é unanimidade
Também o que interessa isso
Visto que toda é burra
Mas foi aqui que encontrei
Pessoas que aprendi a admirar
E algumas, mesmo a amar
Nomes, não dá para citar
Mas algumas, impossível não falar
Lu é a número um
Flor, a menina do coração
Dri, Kity e Juninho, meu carinho
Day e Will, dois amores meu
Fatinha é sinônimo de alegria
As irmãs Miguel, quanta beleza
Amália, por Baco
Dan, Gi, Silvia, Helenas, Jane
André(s), Everaldo, V., Sir
Vera, Sabrina, Ellen, Tamy
Bernadete, Raquel, Mel, Kel e Bel
Fabii, Naide, Karla com K
Angélica, Castilho, Adib
Lena, Fa baiana, Luma
Fernando, Heberth, Regina
Ziza, Biiaa, Ju, Rô, e o Escolhido
Cláudio, Carlinhos, Edu
Fao e F a T al, Rê, Roberto
Nossa!!! Quanta gente!
Claro que vai faltar
Mas não pude me esquivar
Comunidade é isso aí
Sem esquecer do meu amigo Gui
E da linda Adri
Quem sabe a gente não consegue
De novo se unir???
Quem eu não citei
Por favor não se melindre
São tantos nomes a lembrar
Quem sabe numa outra
Eu não vou citar você
Beijo fraterno a todos
Que dessa comunidade participar
Foi um prazer te conhecer!

(Nane-19/06/2010)

Cantando a vida


Vida bandida
que dilacera o coração
Cantora menina
que faz triste essa canção

Deixe a fase passar
e busque a paz na melodia
Não fique a lamentar
Faça da vida a sua sinfonia

Somos o que pensamos ser
Atraímos o que buscamos
Tente tanto não sofrer
Viva o instante que passamos

Olha menina cantora
teu espelho quer sorrir
e o seu público te aplaudir
Cante então a sua canção
E dê paz ao seu coração...

A vida não é bandida
e nem a felicidade está perdida
Só é preciso você acreditar
que de novo pode amar

(Nane-19/06/2010)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Guerreiro Valente


Nelson Rodrigues apregoou as sandálias da humildade, e o
valente guerreiro da Paraíba, as invés de calçá-las, as
tirou e transformou em santo o território que sempre o
cercou. Limpou seus pés e direto da longínqua Paraíba ele
se encantou com o time tantas vezes campeão.
Sofreu no Rio de Janeiro, enquanto bravamente estudava para
se tornar um doutor advogado. Longe da família, sozinho na
cidade grande, que faz dos Paraíbas retirantes deslocados e
por vezes abandonados...
Mas o valente persistiu, foi guerreiro e resistiu.
Lutou bravamente e tirou o seu diploma, agora só faltava a
companhia de uma Dama que o orientasse e lhe desse apoio na
labuta, além dos frutos da união.
O bravo guerreiro nunca foi de muitas voltas, sabia bem o que
queria, escolheu a sua amada e ela também o escolheu, no fundo
eles já estavam designados um ao outro a pelo menos 20 minutos
antes da criação do universo (como diria Nelson Rodrigues).
Agora sim, o território do guerreiro estava santo! E ele não mais
permitiu que se entrasse de sandálias e sem que limpasse os pés.
Mas apesar do gênio forte, o guerreiro sempre teve bom humor e isso
ele ensinou aos frutos do seu amor. A doçura e a justiça, que ele
tanto estudou, aos filhos ensinou.
Mas o tempo passa e faz o valente paraibano, que na Capital(Brasília)
foi se instalar ao decidir que lá seria o lugar para a sua família criar,
acabou surpreendido pelo corpo não tão forte quanto a personalidade do
valente lutador, e um AVC o fez tombar. O homem forte, procurador que por
direito foi o cargo que conquistou, agora foi acometido pelos limites que
o corpo tem. E não bastasse isso, o alzaimer veio corroer-lhe a mente
brilhante que o fêz vencedor.
Mas agora é tarde, e ele sorri zombando do destino, sua peleja já foi vito-
riosa! Já deu aos filhos o território santo que almejou. Ensinou-lhes a
serem justos com doçura...A tirarem das pedras no caminho o MEL que se
esconde entre o fel...
Agora o velho valente guerreiro espera com bravura o final da sua peleja,
com a certeza orgulhosa de que sua vida não foi em vão, foi sim o exemplo
de como santificar o território que ele construiu e que de legado seu ao
mundo deixará...
E que ninguém se entristeça quando ele partir, porque um guerreiro valente
precisa da liberdade da sua alma forte e inabalével para ser feliz, e não
de um corpo frágil e limitado que já não suporta a sua força e sua luz...
A peleja foi vencida, parabéns nobre paraibano Tricolor!

(Nane-19/06/2010)

Plenitude


Fui criança encapetada, daquelas que deixava a mãe
com os cabelos caindo de tanta preocupação.
Roubei legumes e frutas nas feiras livres, briguei
na rua com outras crianças, me achava invencível e
que podia tudo. As surras que levava eram de varas,
que se não de marmelo, de amoreiras, que mamãe des-
fiava-me nas pernas finas e longas. E mesmo assim, mal
saía de uma surra, já entrava na fila da próxima.
Pulei muro de escola para fugir da aula, e quando
chegava em casa, a fichinha de ocorrência já estava
assinada e a vara me aguardando. Roubei manga no pé no
quintal do vizinho e rasguei as costas no arrame farpado
ao fugir do tiro de sal que ele enfurecido, tentava(?)
acertar.
E como era bom nadar no rio escondido dos meus pais, e
depois encontrar uma desculpa esfarrapada para justificar
a roupa e os cabelos molhados.
Já fiz cópia da chave do carro do meu pai, para passear
enquanto ele trabalhava, sem me lembrar que só tinha 10
aninhos.
É, eu já fui feliz intensamente, mesmo sem saber que estava
sendo. Não que eu seja infeliz, mas ser criança é ter o poder
de ser feliz sem ter obrigação de ser. É estar bem próximo da
completa felicidade.
Pena que a gente só entenda isso depois da infância perdida...

(Nane-18/06/2010)

Amor bandido


A moça linda se apaixonou
por um homem casado
O canalha a enganou
Prometendo eterno amor

O safado disse a ela
que iria se separar
E ela então o aguardou
Do "problema" se livrar

Mas o tempo passou
E a mulher do cara engravidou
O cara de pau falou
Que ele se acidentou

No início a moça bonita
parecia decidida e esquecer
Mesmo que isso
a fizesse sofrer

Só que o bico doce insistiu
e ela não resistiu
Na lábia do malandro ela caiu
E defeito nele nunca viu

Agora não sei o que ela espera
Talvez lhe baste ser a outra
A moça que era tão bonita
Agora faz papel de trouxa

Essa história é assim
Vou aqui finalizar
deixando ela se enganar
achando que terá final feliz, enfim...

(Nane-18/06/2010)

Poema fechou-se a boca



(Poema à boca fechada)


Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

José Saramago
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Agora é Saramago...
Em outra língua que falas
Ficou seu legado
mas nunca calado.

Consumiram você
represaram tuas águas que jorravam
cristalinas em versos
Calou-se a voz.

Será mesmo que não dirás?
Não José
a braveza nossa é compreensível
mas sabemos que merecem
mesmo sem te conhecerem...

No limo dos incultos
Se arrastam palavras chulas
Se enterram a poesia
no lodo, no limbo do poço escuro

E de onde estás, dirás,
agora sim calado e mudo
que quem se cala quando calastes
Não morreu sem dizer tudo.

*Homenagem a José Saramago

(Nane-18/06/2010)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A dona do nada


Pretensão a minha
de ser dona do seu coração
Foi só uma brisa que soprou
já desfiz minha ilusão

Acreditei mesmo um dia
que poderia ser sua musa
Te fazer escrever poesias
e ser desejada por você

Imaginei e até sonhei
Com cada beijo
cada abraço
com palavras que nunca ouvirei

Foi pura pretensão
Você não nasceu prá mim
E sequer me causou desilusão
porque comigo foi sempre assim

Me enganei mais uma vez
não foi prá mim que Deus te fez
Vou caminhar na beira do mar
logo vou parar de pensar

Que pretensão a minha
mas agora cheguei ao fim da linha
Vou caminhar na beira do mar...

(Nane-17/06/2010)

Despertando




Despertar sonhando
eu faço todo dia
Te procuro no meu canto
mas não o encontro

Só a saudade ficou
do sonho que sonhei
Seu cheiro ainda nas narinas
E eu me sentindo nos seus braços menina

Um vento que soprou
tão forte como seu abraço
Você me protegeu
No meu sonho só você e eu

Meu quarto está vazio
e eu sentindo frio
Foi só meu despertar
eu não queria acordar

É melhor me levantar
me preparar e ir trabalhar
Sonhar com você é inevitável
e te amar é incontrolável

Triste é saber
que você não voltará
Triste é viver
apenas para sonhar...

(Nane-17/06/2010)

Realidade


Todo mundo acha
que poeta é vagabundo
Passa o dia a rabiscar
sem com mais nada o preocupar

Mas poeta escreve para esquecer
a grana que tem que descolar
para tanta coisa pagar
sabendo que vai faltar

A luz, a água, o telefone
a escola que não pode deixar
ou seu filho vai prejudicar
Mas e o emprego
onde ele vai arranjar...

Poeta se esconde na ilusão
para fugir da realidade
Se deixa sonhar
e inventa outra sociedade

Poeta não se entrega
mas sente as dores do mundo
quando é taxado de vagabundo
Sua honra se enverga

O mês só na metade
a carteira vazia
as contas aglomeradas
e ele, poeta, inspirado

Escreve
por não ter para onde correr
por não querer a porta ver bater
por não saber o que fazer
só sabe escrever

Os impostos são impostos
Poeta larga a cave
aprende a trabalhar
para a sua família sustentar

Deixa de escrever
vai trabalhar...

(Nane-17/06/2010)

Nua


Hoje
Não consigo falar de beleza
Rimar o azul do mar
Com a beleza do seu olhar

Não sinto na brisa que sopra
A pureza dos sentimentos
E até o por do sol
Está meio anêmico

É a tristeza do meu olhar
Que só coisas feias
Conseguem enxergar

Hoje
Eu não quero mais poetizar
Nem na cave
E nem no porão
Apenas dedilhar um violão

Palavras
Consomem e pesam
Quem ouve, guarda
Quem fala, esquece

Hoje
Vou andar pela rua
Vou olhar a lua
Me sinto nua

Só hoje...

(Nane-17/06/2010)