terça-feira, 31 de julho de 2012

O tempo

Dizem que o tempo pode tudo
E eu só quero te esquecer
Não esquecer assim...
Mas acalmar meu coração
E me fazer seguir em frente
Sem viver amargurada
E presa ao passado
Eu vou fazer das tripas, coração
E aceitar que nós...não fomos feitos
Para caminhar de mãos dadas
Não somos um casal
Mas amigos...só amigos
E eu vou fazer das tripas, coração
Para esquecer meu grande amor
E transformá-lo simplesmente
No seu abrigo de amizade
Não, não vai ser fácil
Mas eu vou fazer das tripas, coração
E vou fazer o meu melhor
Para um dia, de cabeça erguida
E sem lágrimas nos olhos
Te abraçar num abraço amigo
Sorrir do nosso passado
Sem lágrimas guardadas
O tempo há de acalmar meu coração
Há de mostrar que tudo não passou
De uma doce, mas mera ilusão
O tempo há de acalmar...meu coração


(Elian-31/07/2012)

Parabéns!


O dia hoje sorriu cedo
Se aprontou com o brilho do sol
Trouxe o calor que você
Sempre traz pra gente
E te deu de presente
Hoje as flores
Exalaram perfume doce
Que de ti exala também
Apenas para saudarem
E te parabenizarem
Hoje os passarinhos na alvorada
Te ofertaram uma canção
Que toca a cada dia
Cada vez que você
Nos fala de coração
Hoje o dia se fez seu
E a nós resta vir saudar
E mesmo virtualmente
Um abraço carinhoso te dar
Hoje é seu aniversário
E eu quero te homenagear
Agradecer o seu sempre carinho
E por ter você no meu caminho
Parabéns minha amiga querida
Que Deus te mantenha na minha vida
Egoisticamente é o que te desejo

(Elian-31/07/2012)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Coração ao molho pardo



Te convido para um jantar
Ao som da sinfonia
Que a orquestra improvisar
Para a nossa despedida
Te sirvo o vinho tinto
Que tal qual o sangue
Que jorra em minhas veias
Tinge a brancura da toalha
E macula mi'alma
Do encarnado líquido ardente
Te ofereço o manjar
Num menu desventurado
Com lágrimas temperado
Ou servido ao molho pardo
Te sirvo em átrios e ventrículos
Na bandeja enfeitada
Sem mais nenhuma ilusão
Fatias do meu próprio...coração


Elian-30/07/2012)

Celebração

Celebro
A vida que eu não tive
E com que tanto sonhei
E mais que isso
Celebro a percepção
Do poder e do querer


Duas coisas tão distintas
Que por vezes complicamos
Ao confundirmos um com o outro
Posso o que não quero
E quero o que não posso


Então celebro
O não poder do meu querer
E tento esquecer e aproveitar
O querer do meu poder
Sem nada dessa vida...desperdiçar


Celebro o fato de respirar
E de amanhã...acordar
Na certeza de que quando
Nada mais tiver a celebrar
Serei apenas saudades
De quem de mim...gostar


(Elian-30/07/2012)

Desengano


O teu perdão



Te peço perdão
Por te amar além da conta
Por ter criado expectativas
Por ter sonhado sozinha
Por ter tentado te fazer sonhar
O sonho que foi só meu


Te peço perdão
Por querer o teu amor
A qualquer custo
Impondo minha presença
Aos teus olhos e pensamentos
Enquanto o tempo todo, te cercava


Te peço perdão
Por não entender
Que o seu amor nunca foi meu
Mas teu carinho me amparou
E eu exigia mais além


Te peço perdão por fim
Por te prender dentro de mim
Na minha insana paixão
Sem perceber que só a liberdade
Me traria, de presente, seu coração


Te peço perdão por sentimentos
Que nutri sem o seu consentimento
E que agora, destituída da expectativa
Vou lutar por outra vida
Sem mais ilusão criar
Sem mais nada de ninguém...esperar


(Elian30/07/2012)

sábado, 28 de julho de 2012

O meu menino

O meu menino cresceu
Se fez homem de barba 
Mas continua o meu menino


O meu menino agora é pai
De um outro menino
Mas ainda é o meu menino


O meu menino aniversaria
Amadurecendo para a vida
Mas ainda é o meu menino


O meu menino mudou muito
Tem esposa e filho
Mas ainda é o meu menino


O meu menino sai todos os dias
Para ganhar o pão de cada dia
Mas ainda é o meu menino


O meu menino tem responsabilidades
Que o fazem chefe de família
Mas ainda é o meu menino


O meu menino 
E o menino dele
São agora...os meus meninos


Ao meu menino
Os parabéns
De quem te vê
Para sempre...o meu menino


(Elian-28/07/2012)

Solidão



Solidão
Em meio a multidão
Que circula sem cessar
Em volta de mim
Passando despercebida
Sem face, sem cor
Simples robôs
Que nada me dizem 


No peito oprimido
Carrego a indiferença
Sem com nada me importar
Esperando apenas
A hora que passa
Lenta e descompromissada


Solidão dolorida
Sem mais tesão nenhuma
Vestindo mortalha em vida
Sem perspectiva alguma
Andando em círculos
Engasgado feito disco


Derramando na escrita
Toda a dor vivida
Em forma de pieguice
Esbanjando patetice
No circo natural
Do meu ser...pessoal


Solidão
Invadistes sem permissão
Esse doente coração
Que transborda...solidão


(Elian-28/07/2012)




sexta-feira, 27 de julho de 2012

O pescador



O manto negro cobriu o mar
O pescador insólito e solitário
Vai em busca de seus sonhos
Desbravando o mar revolto
Sem saber se vai voltar
Ou cair nos braços de Iemanjá...
Iça sua vela esfarrapada
E pelas ondas se deixa levar
Sem saber se vai voltar
Ou cair nos braços de Iemanjá...
Seus braços fortes e morenos
Manejam a vela ao vento
Seguro de seus desejos
Do mar revolto amansar
Veleja notívago e destemido
Sem saber se vai voltar
Ou cair nos braços de Iemanjá
O pescador na noite escura
É só uma sombra na imensidão
Seus olhos se acostumaram a penumbra
Sabe navegar na negridão
Sem saber se vai voltar
Ou cair nos braços de Iemanjá
Se no alvorecer ele retornar
Sabe que uma noite há de chegar
O seu encontro com Iemanjá...


(Elian-27/07/2012)


O vapor

Lá pelos lados da ribeira
Donde finquei minha tapera
Bucólica e singela
E por isso...fiquei
Serpentearam um negro asfalto
Com uma ponte de pés no rio
Agora quase não escuto mais
O tu, tu, tuuuuu do vapor
Que trazia o meu amor
A buzinança atrapalha
Cortaram o silêncio
Da passarada ao entardecer
Quando me dependurava na janela
A espera de ver
O vapor descendo o rio
Trazendo o meu amor
A fumaça que eu via
Dizia que ele já vinha
Ela agora se mistura
Com a fumaça oleada
Que vem lá da estrada
Da janela da minha tapera
Ainda espero o tu, tu, tuuuuu
Que faz disparar o coração
O vapor descendo o rio
Onde estará o meu amor...


(Elian-27/07/2012)

Rebuscagem

Brigas de egos
Laços desfeitos
Palavras testadas
Poemas rasgados
Perdendo a pureza
Poesias na mesa
Degustadas à francesa
Críticas soberbas
Por falta de rimas
Ou na gramática simplória
Sem vírgula ou ponto
Tão cheio de reticências
Grupos formados
Poesias copiadas
Com palavras trocadas
Vestidas de gala
Em versos rebuscados
E no entanto o conteúdo
Parece ser mudo
Poetas são crianças
Chamando a atenção
Na vã esperança
De virar sensação
Meras palavras rabiscadas
Meras palavras...rebuscadas...


(Elian-27/07/2012)

Amarras

Por que mi'alma errante
Caminha ansiosa 
Em busca de encontrar
Sua verdadeira face
E perturbada se perde
Do foco que traçou
Sentindo-se presa 
No futuro do seu passado
As vagas lembranças
A fazem tonta
Incomoda e dá peso
Não a deixam evoluir
Mi'alma confusa
Não sabe sair
Do labirinto etéreo
Concreto em si
Seu rosto sem face
Num vulto sem brilho
Levita amarrada
Num espaço perdido
Sem saber por onde ir
Se deve ficar
Ou se pode partir
Por que mi'alma errante
Parece de mim tão distante
Sou conflito aflito
Num corpo restrito


(Elian-27/07/2012)

É preciso

Nada a dizer
Trago em mim o silêncio
Calo e escuto
O silêncio conjunto


Nada a olhar
Além do mar
Que quebra na praia
E o voo da jandaia


Nada a fazer
Além de beber
Do coco a água
Que a sede atenua


Nada a perder
Em mais um dia de ver
Pessoas que veem e vão
Em tantos sins e nãos


Nada mais importa
Além de escrever
De forma torta
Que é preciso sobreviver


(Elian-27/07/2012)



quinta-feira, 26 de julho de 2012

Luar


Sem sentido




Verter o vértice da verve
Estagnada num canto de mim
Soltar no ar palavras juntadas
No vértice da verve vertida
Não procure sentido
Na minha verve 
Nem sempre divertida
Mas sempre sentida
Posto que só seu vértice
Me faz verter palavras
Unindo sentimentos
Que ao sem sentido
Faz sentir...


(Elian-26/07/2012)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Petit comité



Era uma sexta-feira. Depois de um plantão bastante "pesado". 
Eu já estava no vestiário, me trocando, quando Mônica,
 uma amiga do hospital, me convidou para irmos ao MAN.
 Havia ganhado dois convites e depois da exposição haveria
 um "Petit-Comité,  um Coquetel, sei lá o que, mas onde nós duas,
 "duras" em plena sexta-feira, poderíamos nos refestelar. 
Esse argumento dela foi fulminante para que eu aceitasse correndo. 
Um perfuminho aqui, um baton alí, e lá fomos nós em direção ao museu.
Estávamos vestidas normalmente, e claro que fiquei me sentindo um
 "peixe fora d'água" ao ver socialites parecendo árvores de Natal, 
ou artistas parecendo artes plásticas, mas acabei me enturmando
 e seguindo a "procissão" rumo as artes expostas. Tratei logo de 
fazer uma cara de entendida (embora não entendesse lhufas), 
e Mônica também...se mostrava admirada com tanta arte.
Eu até estava me comportando bem, mas quando me deparei com uma
 "privada" dentro de uma banheira velha, e alguns pneus furados, 
não resisti e soltei uma sonora gargalhada. Os demais presentes me 
olharam com reprovação e eu corei. Continuei seguindo o cortejo pelas 
alas da arte exposta, e a cada uma que eu via, intimamente dizia: 
se isso é arte, eu estou perdendo muita grana. Até que o clímax 
atingiu seu cume: Havia uma fila enorme de pessoas querendo chegar 
perto daquela obra de arte! Era simplesmente o apogeu do artista em questão! 
E eu, simples ou simplória, estava ali, diante de uma parede enorme, 
toda branquinha...ecom muitas, mas muitas mesmo, centenas de baratas cascudas 
depostas na brancura da parede!!! 
Não deu para segurar...que nojo!!! Mônica me olhava atônita 
(não sei se por mim ou pelas baratas)e completamente desconcertada, 
sem saber se ria ou se chorava. Eu caí num acesso de riso incontrolável,
enquanto as lágrimas jorravam pela minha face (não sei sorrir sem chorar).
 E o resultado de tudo isso foi que fomos sumariamente convidadas a nos 
retirar do MAN, e perdemos a "boca livre" que só seria servida após 
a tal exposição.
Verdade que estávamos "duras" e com fome. Mas verdade também 
que sorrimos muito naquela sexta-feira sem canapés e coquetéis.


(Elian-25/07/2012)


Tempo de mim



Tempo soberano
Senhor de tudo
Estático e impávido
Olha e observa
Enquanto eu passo
Por ele...
Tempo escola
Que me faz aprender (ou não)
Morrer e reviver
Em tantas dimensões
Conhecer e reconhecer
Espaços preenchidos
Espaços vazios
Que o tempo reacende
Na esperança do crescer
Reabilitando o tempo
Perdido outrora...
Tempo de monstros
Que habitam meu interior
Transformarem-se em calmaria
Depois de reflexões
Ou auto-conhecimento
Da ansiedade maligna
Que corrói o espírito
Se abrandar cansado
E coabitar em paz...
Tempo de me reencontrar
Com o adulto viajante
No tempo sem fim
Criado para mim...


(Elian-25/07/2012)

terça-feira, 24 de julho de 2012

escola da vida



Ainda pequena, aprendi num banco de escola,
com os amigos de classe, que poderia "colar"
e passar de ano. Usei de vários artifícios, e nunca,
nunca repeti um ano. E de cara lavada, quando um
professor, de mim ousasse desconfiar, me fazia de pasmada,
decepcionada, e ficava "deverasmente" braba enquanto eles,
acabavam por cair na minha lábia e comigo se desculpavam.
Mas na vida, depois de tantos subterfúgios, aprendi que 
não tem "cola" que resolva. Tenho eu mesma que passar
pelas "provas" necessárias. Colega algum pode fazer por mim
a lição que eu tenho que aprender.
A professora não me cobra nada, mas ensina com mão firme,
e se eu não aprendo, não saio do lugar. Volto à prova sem 
conseguir evoluir.
A escola da vida não admite trabalho em grupo. Me faz forte
ou sentencia minha fraqueza nas páginas em branco que tenho
que preencher
O meu caderno só depende de mim. A lição é preciso aprender,
para que a vida não se perca com o "ano" escolar.
Meus erros são meus professores, e é com eles que devo
aprender a construir meus sonhos e desafios.
Cada vez que erro vou para a recuperação e repenso na matéria
que eu não soube desenvolver. A vida me obriga a refazer direito
meus deveres. Me empurra de encontro ao meu melhor e me faz andar.
Aprendi a não praguejar os meus fracassos. Melhor os estudar até
encontrar o jeito certo de os consertar.
Na escola da vida eu aprendi que não adianta "colar",
é preciso mesmo se preparar para passar...


(Elian-24/07/2012)

Menina guerreira

A imagem da guerreira
Sempre forte
Sempre altiva
Por vezes me leva a esquecer
Que ela também é frágil
E precisa de colo
Menina guerreira
Guerreira menina
Me surpreende tanto
Ver sua resiliência
Sua força nos olhos
A paixão pela vida
Sem medo de estar sempre
Num eterno recomeçar
Distribuindo sorrisos
E palavras que encantam
Ou então...espantam
Mas a guerreira é menina
Menina em flor
E precisa do amor
De quem ama 
E a ama também
A menina guerreira
É menina amiga
Pedindo um afago
Se entregando ao abraço
De braços que a envolvem
Num carinho verdadeiro
Amigo e companheiro
Te ofereço meu aconchego
Te abraço em silêncio
Te falo em canção
Te rabisco em poesia
Te guardo no coração
Menina guerreira
Guerreira menina


(Elian-24/07/2012)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Só o tempo


Aprendendo a rezar


Mistérios mantidos
Labirintos confusos
Caminhos sem sinalização
Dores de angústias
Aceitação...
O que é a justiça
Não sei dizer
Sua crença, sua fé
Eu caindo de joelhos
Aprendendo a rezar
Numa prece calada
Domando a rebeldia
Querendo gritar
Tentando entender
O porque do suplício
Não me cabe saber
Apenas aceitar
Não mais blasfemar
Te estendo minhas mãos
Te peço em prece
Me acalma a alma
Me conduz no caminho
Desse meu labirinto
Para que eu possa consolar
E assim ser consolada
Aceitando os desígnios
Dos mistérios mantidos

(Elian-23/07/2012)

???


Criador e criatura
Desígnios tortuosos
Estrada sem sombras
Sem refresco algum
Caminho sem volta
Em busca de paz
O criador e a criatura...
Nos meus versos sentidos
A força que emana
Dos teus sentidos
Me acalma a alma
Me ensina a ter fé
A amar o criador
Que te permitiu tanta dor
E te vejo altiva
Na estrada da vida
De mãos dadas com ele
Sem nunca reclamar
Dos percalços na estrada
Que o criador te criou
Sem sombras ou refresco
Mas com a força da fé
Em busca de paz
Me ensinando sempre
Que é assim que se faz


(Elian-23/07/2012)

Passagem


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Dúvidas

Eu queria....tão pouco
Ou talvez... tão muito
Nada mais do eu eu queria
Era só o que eu queria
Mas bobagem falar disso
O que eu queria era só para mim
Ninguém tinha que saber
Que o que eu queria
Era só um pouco desse deslumbramento
Que eu sinto ao te olhar
Que eu vejo ao te escutar
Era tão pouco o que eu queria
Que me parece tanto
E por isso eu sinto culpa
De tentar ter sem merecer
Ou de ser sem nunca poder
Sou só o que sou

Sem nada ter que ser
E se tenho que ser o que sou
É porque sou o que não deveria ser
E ainda assim...eu sou


(Elian-20/07/2012)


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Universos divinos



O universo em ti
Que geras tal qual
A terra fértil
Fecunda e gentil
Dois paralelos
Mulher e terra
Que nada esperam
Em troca da cria
Além do amor
Trocado no seu interior
Mulher e terra
Que trazem nas entranhas
A semente do amor
Gestando impoluto
Sem se importarem
Com as vísceras em dor
Geram seus filhos
Rasgando-se todas
E no entanto sorriem
No brotar da semente
Em prantos presente
Mulher e terra
Universos afins
Se doam e se entregam
Aos frutos que advim
Mulher e terra
Mães divinas
Terra e mulher
Sejam benditas


(Elian-19/07/2012)




quarta-feira, 18 de julho de 2012

Dentro de mim



O reflexo no espelho
Do meu rosto cansado
Com rugas e lágrimas
Sumiram devagarinho
Deixando que entre brumas
Surgisse outra imagem
Que outrora ali viveu
Em mim e no espelho...
Num segundo infinito
Mergulhei nesse espaço
E viajei em mim mesma
Sem lembrança nenhuma
Sem volta ao passado
Voei livre e sem amarras
Numa imensidão volátil
Sabendo que era eu
Nada querendo
Querendo o nada
Não via mais nada
Além de mim
Nada mais havia
Só eu e o tempo
No infinito de mim
Temi me perder
E não mais poder sair
O espelho embaçou
Eu fui arrancada
As rugas em minha face
O cansaço nas feições
Saí de mim...


(Elian-18/07/2012)

Efemeridade


Efêmera viagem
Me faça voar
No vento que sopra
Me deixa pousar
Na nuvem que passa
E que há de me levar
Para em outras terras semear
O renascer com leveza
Contínuo e silencioso
Nada se perde ao vento
Há sempre um recomeço
Na ciranda que roda
Com o sopro da vida
Que refaz em brisa
O reviver da morte
Aparente e precisa
Num voo solo e lânguido
É chegada a hora de ir
Levada pela brisa do hálito
Que antes em mim bafejou
E que agora...me manda embora


(Elian-18/07/2012)




Mãe terra



Eis aí a semente lançada
No ventre seguro da mãe terra
Que se alarga e se adapta
 Gestando com amor
E enquanto repousa no ventre
Cria as raízes necessárias
Para eclodir vigoroso e  forte no solo
Da seara que há de ser destinado
E por tua mãe, terra, preparado
A semente fertilizada
Já está sendo cuidada
A mãe orgulhosa, ainda um pouco assustada
Gesta junto seu amor
Em laços feitos da seiva
Que alimenta o embrião natural
Nada mais importa
Nada mais incomoda
Só o crescer da semente
Que em breve eclodirá num sorriso
E perpetuará nessa terra
Forte, frondosa e viril
A luz azul que herdará
Da mãe nobre que ela (semente) escolheu
Para em seu ventre...germinar


(Elian-18/07/2012)

Supremacia


Teu medo natural
Insegurança do novo
De um novo repetido
E tão diferente sentido
Enquanto o poeta sente um medo
Que o  faz esquisito
Medo misturado
A alegria incontida
Poeta faz do seu medo
Poesia sem rima
Não nasceu para ser feliz
Apenas para poetizar
Os amores não vividos
Teu medo de ser feliz
Em contraste com o dele
Por saber nunca poder
Feliz te fazer
E por amor à você
O poeta abre mão
Solta nos versos a inspiração
Que traz no coração
Enquanto de seus olhos escorre
A lágrima que decreta sua solidão
A supremacia da vida exige
Que do seu amor... ele abra mão

(Elian-18/07/2012)


terça-feira, 17 de julho de 2012

Mãe Menininha



Filha da Bahia
Mãe da Bahia
Sorriso baiano
Baiano sorriso
Mãe Menininha
Menininha mãe
Abraça a Bahia
A Bahia te abraça
Gesta na Bahia
A Bahia que te gestou
Mãe de uma nova vida
Uma nova vida na mãe
Teu sorriso é pleno de mãe
És mãe de um sorriso pleno
Mulher guardiã da vida
Uma vida guardada em ti
Mãe de um universo em formação
Dona de toda uma criação
Teu ventre abençoado se expande
Na precisão do fruto gerado
Enquanto teus seios esperam
O néctar sagrado em deleite
Teu corpo te fará enfeite
De mulher mãe
De mãe mais do que nunca...
Mulher




(Elian-17/07/2012)


Mar bravio



Revolta do mar
Ondas no Arpoador
Quem irá ganhar
O amor que vai no mar


Ressaca do frio
O mar se revela
Leva consigo um suplício
Que nas pedras...descerra


Na noite fria serenada
O orvalho e a maresia
Que molha em romaria
A face impávida na madrugada


O inverno é meio que inferno
E aquece a alma em desalinho
Expondo o desassossego interno
De um querer doentio e mesquinho


A noite é escura
O horizonte se escondeu
No mar...nada mais figura
Na escuridão tudo se perdeu


Logo outro dia vai nascer
O mar há de se acalmar
A alma vai sobreviver
Outro dia vai chegar...


(Elian-17/07/2012)


sábado, 7 de julho de 2012

A sorte das flores



Morte ou sorte
Vida triste
Ninguém é forte
Diante da morte
Ninguém fica triste
Diante da sorte
Sorte ou morte
Até da flor
Que é do amor
Ou nasceu para a dor
Reveste o jardim
Da vida e da morte
E num toque de clarim
Anuncia a sorte
Ou floresce na morte
As flores de sorte
Perfumam e enfeitam
As flores da morte
Exalam cheiro forte
Que entranham ruim
No olfato apurado
Nauseado pelo jardim
Jardim da morte
Que por falta de sorte
Floresceu forte
É sorte ou morte
É morte ou sorte


(Elian-08/07/2012)

Quando a sexta-feira chegar

Agora eu vou
A tristeza acabou
A semana vai demorar a passar
Mas valerá a pena esperar
E quando a sexta chegar
Ah...é para lá que eu vou
Me esbaldar
A Lapa tem magia
Acaba com o mal de amor
Nos braços de outro amor
Vou me enfeitar
Tomar banho de loja
Pintar unhas e cabelos
Me arrumar
Mandar a tristeza embora
E esperar a sexta-feira
Como criança espera o Natal
E quando ela chegar
Eu vou me esbaldar
A Lapa tem magia
Acaba com o mal de amor
Nos braços de outro amor


(Elian-08/07/2012)

A volta do menino

Te perdi de vista
Gritei seu nome
Chamei por você
Mas você...não ouviu
Já tinha desistido
Achei que não mais viria
Deixou comigo a lembrança
Dos nossos corpos ardentes
Clamando um pelo outro
Deixou o gosto do seu beijo
E o desejo de ouvir
Seu sussurro em meu ouvido
Nas noites em que vinha
De surpresa, me ver
Senti saudades de você
Menino arteiro
E fiquei feliz quando esqueci
A minha porta aberta
E acordei ao lado seu
Menino sem juízo 
Vem brincar de me amar
Vem me amar...vamos brincar...


(Elian-08/07/2012)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Espinho na alma



No peito, muita dor
A sensação do vazio
O vazio presente
A garganta sem ar
O cérebro sem pensar
O coração batendo desritmado
Ora forte, ora fraco
O tremor nas mãos 
Abstinência do álcool
Ou talvez do cigarro
A noite cruel que chega
A cama vazia e fria
A lua zombando de mim
Lembrando que a noite é criança
Nos olhos, as lágrimas escorrem
Na alma, a tristeza se aloja
Não sei mais o que fazer
Que palavras dizer
Calar e me conter
Só faço e sei fazer
Beber, beber e beber
Nem sei se você vai ler
Mas é assim que eu estou
Meus olhos vermelhos cansados
E a feição de quem está acabado
Se sentindo...derrotado
Tim-tim à sexta-feira!


(Elian-07/07/2012)


Ventos


Tento o intento no meu tempo
De conseguir seguir sem ti
Vã afã na mente antes sã
Agora insana e profana


Vejo o vento ventar
Na direção que quer soprar
E me deixo voar sem resistência
No vento que eu vejo ventar


Sou pena solta na brisa mansa
Com o intento de planar
Mas todo vento tem seu tempo
De em vendaval se transformar


Tento insanamente me segurar
Em teus ventos profanos
Que sei, podem me machucar
Mas se és ventania, rabisco a sua poesia


E na sua calmaria
Volto a tentar o meu intento
Na ânsia insana e soberana
De um dia te conquistar


(Elian-07/07/2012)





Escolhi você


Escolhi você
E isso é definitivo
Não adianta eu querer mudar
Tentar me desvencilhar
Arrancar o que criou raízes
E simplesmente te esquecer
Você entrou em mim
E agora não sai mais
Isso não quer dizer
Que eu esteja em você
Mas tirar você de mim
Nada há de conseguir
E nem eu quero isso
Me alimenta o coração
A seiva de suas raízes
E mesmo que eu queira
Não posso te esquecer
Então não vou lutar
Deixa como está
É assim que eu sei te amar
É assim que sei viver


(Elian-06/07/2012)

Amigo de verdade


Cauim



Eu preciso de você
Não me feche a porta do seu coração
Deixa eu entrar devagarinho
E me aninhar nos seus braços
Vem me fazer carinho
Me cante uma canção
Me estenda a sua mão...
Baile no vento
Tal qual pluma sem direção
Rodopie com leveza
Deixando fluir sua emoção
No bailar da sua nobreza...
Me abrace sem temor
Só preciso sentir o seu calor
Vem comigo viajar
No tempo em que éramos felizes
Sem de nada precisar
Além de estarmos juntos
Sem nos importar
Se na relva, na estrada, ou na canção
Dos acordes que saíam de um violino
À luz da fogueira nas noites enluaradas
Em que dançávamos ao luar
Eu preciso de você
Então volta para mim
Sou o seu cauim
Vem se embriagar...de mim.


(Elian-06/07/2012)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Joguete dos deuses



Maldito Zeus, que faz de mim Prometeu
Permitindo a ave de rapina
Dilacerar-me as entranhas
Abertas e sangrentas
No corpo inerte e acorrentado
Exposto ao bel prazer
Da vontade e da sede
Do bico de navalha
Torturante e devastador...


Panaceia em seu caldeirão
Criou extratos e soluções
Me entupiu de chás e infusões
Que só conseguiram piorar
As dores carniceiras
Nas entranhas abertas ao vento
Oferecidas ao sacrifício
De um amor não correspondido...


Um centauro bondoso
Também tentou aliviar
Quíron, grande doutor
Tira de mim essa dor
Seca-me as entranhas sangrentas
E cicatriza essa ferida
Que por ciúmes se abriu
E Hera me induziu...


Atena, bela Atena
Vem me fazer companhia
Me dá um pouco da sua sabedoria
E que sua prudência me traga a calmaria
E minha dor, por favor...alivia


(Elian-05/07/2012)

Buraco sem fundo


Sem espaço e sem ar
Um buraco cavado
Pouco mais de um metro 
Num diâmetro apertado
Mas tão escuro e profundo
Onde eu mais e mais me afundo
Na tentativa da saída
Em busca de uma luz...

Não vou me adaptar
É preciso lutar
E não me deixar sucumbir
Num buraco sem espaço
Cavado por mim mesma
E pronto a me sufocar
Pronto a me enterrar
Se eu me deixar levar...


Me suga e me traga
Me arrasta em turbilhão
Me joga no centro
Me tira o chão
Me faz prisioneira
Me deixa tonta 
Me enterra no nada...

Uma corda ou uma escada
Há de aparecer
Preciso me acalmar
E pacientemente aguardar
Que me mostrem lá de fora
O caminho da esperança
De sair desse lugar
Um buraco fechado e sem ar
Que quer me engolir...

(Elian-05/07/2012)

Páginas em branco



Páginas em branco
Sem nada escrito agora
Palavras apagadas
Sentimentos estraçalhados

A poesia girava em torno
De uma só inspiração
De uma torta ilusão

Me pergunto se valeu a pena
E meu coração responde que sim
Porque ninguém vai tirar você de mim
Mesmo que você não esteja aqui
E eu não tenha mais o seu carinho
Ainda que nem se lembre mais de mim
Você vai continuar aqui

Amor tatuado no coração
Não vai embora
Dura por toda uma eternidade

 Nas noites que eu não durmo
Bate forte a saudade
E eu posso ouvir a sua voz

Crio fantasias e te amo
Me aconchego nos seus braços
E adormeço no seu abraço

Sua imagem se vai no abrir dos meus olhos
Sinto o frio da solidão que me envolve
E fugir contigo a inspiração

Toda a poesia se perdeu
Deixando em branco páginas vazias
Sem nada escrito, palavras apagadas

Eu sei que um dia você será inspiração
Para outras páginas de poesias
Que te escreverão num livro inteiro
Enquanto o meu será fechado
E assim, por um bom tempo ficará
Com suas páginas...vazias

(Elian-05/07/2012)



Samba atravessado

Fugiram as palavras
Morreram dentro dele
Só tristeza restou
O poeta se calou
A inspiração acabou
Morreu junto com o amor
Que se foi...
O poeta brindou
Com um copo de cerveja
Na madrugada fria
A sua melancolia
A falta de poesia
E fez dela melodia
Num samba sem harmonia
Atravessado pela bateria
De uma uma escola sem fantasia
Poeta sem inspiração
Não merece apreciação
Faz da rima compensação
Da sua desilusão
E da escola do coração
Perdida na dispersão
Ir para uma subdivisão
Sem dó e sem perdão
Poeta sem inspiração
Não merece consideração...


(Elian-05/07/2012)

terça-feira, 3 de julho de 2012

Frio lá fora

Faz frio lá fora...
A lua brilha bonita
Parece sorrir
Brincando com as estrelas
Mas faz frio lá fora...
A noite está calma
Parada e sem vento
A rua vazia
Por que faz frio lá fora...
O mar está sereno
Não ouço seu quebrantar
Só o silêncio vem do mar
Na noite fria que faz lá fora...
Não saio de casa
Meus amigos também não
Observo o pouco movimento
Da janela entreaberta
Por causa do frio que faz lá fora...
A cama me chama
As cobertas convidam
Um livro me atenta
Uma melodia me embala
Já que lá fora...faz frio


(Elian-03/07/2012)

O X do problema



Sou o X do problema
A incógnita procurada
Mas nunca encontrada
Uma equação inadequada
Ou uma inequação adequada
Sou Y e Z
Constante e inconstante
Inconstantemente viva
Meu valor é desconhecido
Nem eu mesma sei dizer
De primeiro nunca fui
Meu grau...depende do meu copo
Equivalho ao submundo
Da potência embriagada
Do quociente inconsciente
Do meu subproduto
Na minha relação de igualdade
Perdi minha identidade
E na linear da minha variável
Minhas raízes se perderam no delta
E báscara  deu forma à fórmula
Que fez de mim subproduto
Positivo e negativo
Sem potência nenhuma elevada


(Elian-03/07/2012)


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Olhando e vendo

Nada mais havia a ser feito
Ela usou de todos seus argumentos
Falou da imortalidade do seu amor
Da eternidade de suas almas
Dos desencontros em dimensões
Dos caminhos paralelos
Que tinham que passar
Mas...de nada adiantou.
A irredutibilidade foi fria
Não, não era por medo
E se medo houvesse...seria do monstro
que dizia habitar no seu interior.
Dizia acreditar no amor dela
E até mesmo a amar (à sua maneira)
Mas viverem esse amor intenso
Lado a lado...impossível
Ela ainda acredita
Que um dia estarão preparados
para continuar essa história
Mas por ora sabe
Que o destino está traçado
Não é ainda o tempo deles
Ela sofre e faz drama
Só lhe resta esperar
Se apega na dimensão que virá
Na certeza do seu bordão
Que passou piamente a acreditar
"Se tem olhos de ver...veja
Se não...apenas olhe."


(Elian-02/07/2012)

Sonhos adormecidos



E agora...
O que faço com os sonhos
Que não posso mais sonhar...
Acordaram para a realidade
E adormeceram simplesmente...
Já não sabem mais ter ilusão
Não sonham mais...
Meus sonhos entorpecidos
Me fizeram insone
Endureceram meus sentidos
Trancaram a porta da emoção
Mudaram minha feição...
Meu sorriso sucumbiu
Pelas lágrimas inundado
Que deram ao meu olhar
O brilho avermelhado
Que brilha sem brilhar...
O sonho que me restou
Dentre tantos que sonhei
É o sonho de um dia
Poder outra vez...sonhar


(Elian-02/07/2012)