segunda-feira, 22 de março de 2010

A Guerreira - V (A história de Lívia)


Rua 241 nº12 - Conforto


A rua para onde a família de Livia (os Silveiras) mudou
ficava num bairro onde só moravam os funcionários da
Usina, e foi denominado de Bairo do Conforto!
Era uma rua (241) bem bonita, com casas dos dois la-
dos e calçadas em frente. Tinha uma canaleta também
para a água da chuva correr livre nos bueiros e não
empoçar na rua.. E em
cada casa tinha duas árvores frondosas, onde fruti-
ficavam umas castanhas grandes e marrom, que tra-
zia dentro uns gomos com um líquido melequento que
lembra as ostras do mar. Era de gosto horrível, mas
a criançada vivia as pegando para chupar seus gomos.
O que mais encantava a prole dos Silveiras, eram as
copas das árvores frondosas!
Era alí que eles contruíram casinhas de madeiras
e brincavam o dia inteiro ( o que dava um certo des-
canso a Lívia).
Logo que se instalaram na casa nova, os filhos das
outras famílias de moradores da rua, foram logo se
aproximando e fazendo amizades, cada um na sua faixa-
etária corresppondente, claro. Os mais velhos (Luís,
Léia, Linda e Luma) quase não interagiam na rua ainda,
mas a galera do meio (Lúcio, Walter, Leo, Laura, e Lé-
lis) aprontavam todas. Os quatro menores, ainda perma-
neciam agarrados a saia da mãe (Lucas, Liu, Lúcia e
Lisbela).
E foi assim, que numa noite de fogueira na rua, a tur-
ma de moradores mais antigos contavam histórias
lúgubres a respeito dos antigos moradores da casa 12:
-Sabe..dizia o ratinho (um menino atentado que morava
na casa 20 da mesma rua), aqui moravam um casal de
velhos(mentira, as casas eram destinadas aos funcio-
nários da usina, mas na imaginação de criança, isso
nem era lembrado), e quando a mulher dele morreu,
ele a enterrou no jardim que ela plantou na frente
da casa de vocês! -E ninguém viu ele enterrar ela?
Perguntou Lúcio assombrado. -Claro que vimos, mas
escondidos, senão ele nos enterrava juntos e vivos!
Complementou a Roberta, moradora da casa 16...
-Continua Ratinho...pediu o Walter. -Pois então...
Prosseguiu o Ratinho;-Ele a enterrou e logo depois
morreu também! Acho que se matou, porque ninguém
viu que ele tinha morrido. Só que a rua toda fedia
carne podre, mas ninguém tinha coragem de vim olhar!
-Ué, e aí? Perguntou Laura. -Aí um dia, quer dizer,
uma noite, a turma de adultos resolveu vim olhar pe-
lo buraco da fechadura da porta da sala, e sabem o
que viram???
-O que??? Conta logo Rato! -Pois bem, viram um rodo
com um pano de chão andando pela casa e limpando as
gotas de sangue que formavam uma trilha dentro da
casa de vocês!
-Ah! Fala sério! Acha mesmo que vou acreditar nisso?
Contestou o Lúcio.
-Bom, se você quiser ter a prova, todo dia, ali pelas
11:00(hora em que a pedreira que havia alí perto, ex-
plodia dinamites), ele vem e faz as janelas da sua
casa tremerem todas! -Nossa! Eu já vi isso mesmo!
Disse a Laura apavorada. - Hum...e porque ele faz
isso? Insistiu Lúcio. -Oras, porque ele viu os
adultos o vigiando a noite, então vinha de dia avi-
sar para ninguém ir lá xeretar! O Rato falou.
_Crianças! Ora de irem para a cama dormir! Não espe-
rem um segundo chamado, venham já! Era a voz forte
de Lívia chamando por parte de sua prole. Laura se
levantou tremendo e foi até o Rato: -Rato, amanhã
você conta o resto da história? Será que ele vem
limpar o sangue hoje? Eu bem escuto passos a noite
na nossa casa...tô com medo!
O Rato sorriu com ar de quem sabe tudo e disse:
_Não tenha medo, ele agora já descansou em paz,
não voltará a sua casa. Pode dormir tranquila.
-E como você sabe disso Rato? Insisitia Laura.
_LAURAAAAA! O grito forte de Lívia não deixava
dúvidas, o tempo havia acabado para Laura.
-Corre senão apanha magrela, amanhã te conto o
resto da história. Ria-se divertido o Rato...

(Nane-22/03/2010)
*Continua..

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