Se conheceram em uma comunidade do orkut. Eram apenas duas pessoas que brincavam nos tópicos divertidos...colegas virtuais. Dificilmente se encontravam on-line, mas quando acontecia, eles trocavam palavras carinhosas, como faziam com os demais. Mas com o passar do tempo, uma "gracinha" aqui e outra ali, começaram com um flerte, que logo ganhou força e numa "paquerinha" se transformou. Que mal há nisso? Ambos são casados, mas isso é coisa virtual. Simples diversão, mal nenhum há de causar. Ela é do Chuí e ele do Oiapoque, sem possibilidade alguma de se encontrarem...é só um passa-tempo.
No começo, só palavras bonitas, rimadas e comportadas. Mas o tempo foi passando e o casal confiança um no outro ganhando, junto com a intimidade e privacidade que o msn lhes proporcionou. As palavras em depoimentos e recados no orkut foram se apimentando...eles, que antes só entravam para a diversão, agora sentiam falta um do outro. Rezavam para que quando um entrasse, o outro estivesse aguardando...Pior eram os finais de semana, quando a família estava reunida e o computador indisponível. Sentiam a falta um do outro, e desejavam que a segunda-feira chegasse logo.
Era só uma distração, mas agora a coisa estava complicando. Em sonhos se encontravam e se amavam...sentiam o cheiro um do outro, e a paz de ambos estava desequilibrada. Ela olhava o marido e o outro imaginava, ele procurava nos braços da esposa um pouco da mulher amada...
Ah...distância maldita, que separa corpos desejosos de carinhos, toques, amor...
Agora o sossego acabou. Ele não aceita mais ficar sem sua flor. Um número privado e um telefone desligado...onde anda a eleita do Chuí? Ela tenta acalmá-lo. Sente que está na hora de acabar. Ele não aceita, e ameaça a encontrar. Ela se diz bem-casada, não pode arriscar. Mas seu amor é cego e de qualquer maneira, quer com ela estar...É muito tarde para voltar atrás, agora a brincadeira acabou e o desejo se inflamou.
Ele sai do Oiapoque e percorre o Brasil inteiro. Chega ao Chuí cansado, mas esperançoso e sonhador...vai abraçar e sentir o gosto do seu amor.
Toca o celular, ela atende com o coração aos saltos: é ele! Ela teme ouvir o que vai ele dizer...-Estou aqui e quero ver você! Ela então se recusa ao encontro. Diz que ama seu marido. Ele se desespera e não aceita. Fica louco e alucinado, precisa lhe falar. Ela resolve com ele se encontrar apenas para se explicar.
Na comunidade, onde todos vão brincar e se divertir, abriu-se um tópico de luto. A moça do Chuí foi assaltada e violentada...morreu a duas quadras de casa,,,numa noite de frio e chuvosa. Era querida na comunidade, e todos foram os pêsames dar. No post do Oiapoque, uma lágrima rolou....a história se acabou.
(Nane-27/01/2011)
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