sexta-feira, 18 de junho de 2010

Guerreiro Valente


Nelson Rodrigues apregoou as sandálias da humildade, e o
valente guerreiro da Paraíba, as invés de calçá-las, as
tirou e transformou em santo o território que sempre o
cercou. Limpou seus pés e direto da longínqua Paraíba ele
se encantou com o time tantas vezes campeão.
Sofreu no Rio de Janeiro, enquanto bravamente estudava para
se tornar um doutor advogado. Longe da família, sozinho na
cidade grande, que faz dos Paraíbas retirantes deslocados e
por vezes abandonados...
Mas o valente persistiu, foi guerreiro e resistiu.
Lutou bravamente e tirou o seu diploma, agora só faltava a
companhia de uma Dama que o orientasse e lhe desse apoio na
labuta, além dos frutos da união.
O bravo guerreiro nunca foi de muitas voltas, sabia bem o que
queria, escolheu a sua amada e ela também o escolheu, no fundo
eles já estavam designados um ao outro a pelo menos 20 minutos
antes da criação do universo (como diria Nelson Rodrigues).
Agora sim, o território do guerreiro estava santo! E ele não mais
permitiu que se entrasse de sandálias e sem que limpasse os pés.
Mas apesar do gênio forte, o guerreiro sempre teve bom humor e isso
ele ensinou aos frutos do seu amor. A doçura e a justiça, que ele
tanto estudou, aos filhos ensinou.
Mas o tempo passa e faz o valente paraibano, que na Capital(Brasília)
foi se instalar ao decidir que lá seria o lugar para a sua família criar,
acabou surpreendido pelo corpo não tão forte quanto a personalidade do
valente lutador, e um AVC o fez tombar. O homem forte, procurador que por
direito foi o cargo que conquistou, agora foi acometido pelos limites que
o corpo tem. E não bastasse isso, o alzaimer veio corroer-lhe a mente
brilhante que o fêz vencedor.
Mas agora é tarde, e ele sorri zombando do destino, sua peleja já foi vito-
riosa! Já deu aos filhos o território santo que almejou. Ensinou-lhes a
serem justos com doçura...A tirarem das pedras no caminho o MEL que se
esconde entre o fel...
Agora o velho valente guerreiro espera com bravura o final da sua peleja,
com a certeza orgulhosa de que sua vida não foi em vão, foi sim o exemplo
de como santificar o território que ele construiu e que de legado seu ao
mundo deixará...
E que ninguém se entristeça quando ele partir, porque um guerreiro valente
precisa da liberdade da sua alma forte e inabalével para ser feliz, e não
de um corpo frágil e limitado que já não suporta a sua força e sua luz...
A peleja foi vencida, parabéns nobre paraibano Tricolor!

(Nane-19/06/2010)

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