sábado, 30 de julho de 2011

Eu...

Eu...
escrevia para mim,
mas aprendi com meus leitores
que tenho sim influência sobre quem me lê.
Não tenho a pretenção da fama, até porque
no Brasil, ou você compra um livro, ou come
um "P.F" (prato feito); mas tenho alguns seguidores
que gostam das bobagens que eu escrevo.
Não me auto denomino escritora, mas rabiscadora;
porque não aceito os cabrestos da nossa literatura.
Deixo minha mão correr solta impulsionada apenas
pelas ondas desassossegadas que vivem em
tempestades de raios fulminantes no cérebro
inquieto que Deus, caprichosamente, aconchegou
na caixa craniana desse corpo esquálido que me deu.
Uma compensação mínima por parte dele.
Tento sim, escrever sem tantos dissabores ou
tristezas, mas sou a essência do que escrevo, e
entendo que se não passo meu estado de espírito,
estaria sendo falsa comigo e com quem me lê.
Então não seria eu...
Acredito que Deus é como uma tábua solta no mar,
onde a gente se agarra na esperança de não se afogar.
Eu sou criação dele, então é dele a responsabilidade
pelo que sou e pelo que penso, não acho que se
aborreça por isso. E tão pouco me espetará com
um tridente cada vez que minha opinião for contrária
aos seus "ensinamentos". Foi ele quem me fez assim,
questionadora e contraditória. Agora aguenta.
Ah, e não me sinto culpada por pecado original
nenhum.
É isso. Falei o que queria...

(Nane-30/07/2011)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Meu mundo


Ele chegou assim
Tão pequenino...
Tão meu...
Adentrou em mim
Sem que eu o esperasse
Se tornou meu dono
Se fez rei em mim
E tomou meu tempo todo
Meu mundo virou de cabeça para baixo
Meu universo foi limitado
Ao universo que ele trouxe
E hoje eu o saúdo em versos
E peço por seu universo
O homem está formado
Mas o menino mora em mim
A amiga é sua fã
E a mãe sua guardiã
O meu mundo é você
E o mundo que você vê
Então venho só felicitar
O filho que está a aniversariar
Parabéns filhote!!!

(Nane-28/07/2011)

Arapuca

Não te queria
Mas insististes tanto...
Te ignorei a princípio
Por antever a armadilha

Escapei d'algumas vezes
Mas insististes tanto...
E nas voltas que a vida dá
A arapuca se fechou sobre mim

Provei teu mel
Me lambuzei
Te amei
Achei que estava no céu

Agora que me tens prisioneira
Te afastas de mim
Não queres mais meus carinhos
E friamente decreta o fim

Podastes-me as asas
Prendestes-me no teu visgo
E agora fiquei só
Você partiu...sem dó

(Nane-28/07/2011)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Voo sem medo

Não temas o teu voar
Deixa o vento te levar
Sem medo de planar
Nos seu doce soprar

Fecha os olhos e mergulhe
No vazio desse vento
Que há de te levar
Para o teu lugar

Deixe o medo guardado
Para quando for necessário
Viva a emoção de se entregar
Ao sabor do vento encantado

Tire o pé do freio
Voa livre e sem pressa
Sinta a brisa em teu seio
E viva a tua liberdade completa

Não gaste tuas forças
No bater de tuas asas
Deixa o vento te levar
Deixa o vento te acariciar...

(Nane-27/07/2011)

Escancarada

Tenho que agradecer
A minha casa e comida
A família que me beija todo dia
E a amizade de vocês

Tenho que por as mãos pro céu
Por tudo o que tenho
E pelo o que sou
E isso não é pouco não

Tenho mais que me ajoelhar
E rezar para que a vida continue
Do jeito que está
E é como deveria ser

Mas meus rabiscos destoam
De tudo o que eu devia
E quando tento entoar
Desafino em desatinos

Se não rabisco o que quero
Escrevo quase com demência
É notória a minha ausência
É maquinal, é mero

Mas se eu não me ajoelhar
Deus pode me castigar
E tirar de mim a verve
Que é o que me  resta

Então agrado (?) os dois lados
Rimo e sou rimada
Rabisco o lado negro
E acendo a luz do sol

Aos que me acham mala
Me deixem aqui no chão
E aos que gostam de me ler
O façam sem moderação

Só não se esqueçam que vocês
Também tem esses dois lados
Um de Deus e o outro do diabo
Deem a mão àquele que convém

Mas se tiverem medo
De à Deus desagradar
Sentem numa praça no meio da tarde
E deem milho aos pombos

Enquanto isso eu vou seguindo
Meus rabiscos descabidos
Ora melados e maquinais
Ora loucos e infernais

Estendo as mãos pro céu
E agradeço ao criador
Rabisco mel e fel
E se fizer questão, te ofereço uma flor...


(Nane-27/07/2011)

Explicação

Porque tanta explicação
Se a vida foi feita pra viver
E no entanto a gente se cala
Com medo do que falam
A vida é breve e passa logo
Enquanto a gente pisa no freio
A vida vai embora
Mas tudo é errado
Isso não pode
Aquilo é pecado
Não pega bem
Não deve
Se deve teme
E a vida vai embora
E os sonhos de fora
As cobranças do certo
E os remorsos do errado
O seu certo não é o meu
Tão pouco o meu é o seu
Mas a sociedade decretou
E o certo é o dela
Porque tanta confusão
Se o que só quero é viver
Sem tanta explicação...

(Nane-27/07/2011)

Nostalgia

Saudades dos amigos
que se perderam de mim
pelas esquinas que a vida
nos fizeram seguir

Por onde andarão
essa gente tão bonita
que eu um dia pensei
jamais os perderiam

Saudades das histórias
que contávamos e sorríamos
enquanto brincávamos
de adivinha do futuro

Éramos tão felizes
sem nada a nos preocupar
Só o que queríamos
era o nosso tempo passar

Saudade dessa gente
Irresponsáveis e feliz
que se tornaram responsáveis
e da minha vida partiram

Por onde andarão
os amigos que eu tinha
Quantos vivos estarão
os amigos que eu tinha...

(Nane-27/07/2011)

O Nirvana

A paz
invadindo a madrugada
silenciando nossas vozes
selando nosso beijos

Lá fora
só os murmúrios da noite
que se arrasta em direção
ao nosso amanhecer

Aqui dentro
seus braços que me enlaçam
num abraço de desejos
que me fazem ver estrelas

E no meu dentro
me deixo invadir
pelo mel do seu amor
numa explosão de sensação

Misturam nossos cheiros
num amálgama de cios
que me leva ao Nirvana
e me joga aos seu pés

A paz
me invade depois de tudo
e adormeço em seu peito
feito menina protegida
Em paz...

(Nane-27/07/2011)

terça-feira, 26 de julho de 2011

Chorando sorrindo...

Gritei em silêncio
E ninguém ouviu
Urrei minhas dores
E me calaram a boca
Contei meus desencantos
Mas me chamaram de tonto
Falei de solidão
Me alcunharam...bobão
Chorei sorrindo
E fui aceito
Enganei a felicidade
Fazendo-a acreditar
Que comigo caminhava
Deram-me as mãos
Caminharam comigo...
Fingi uma força que não tenho
E se apoiaram em meus ombros
Cantei cantigas de rodas
E entraram na minha ciranda
Bastou-me puxar a fila
Para me seguirem
Mal sabem que meu caminhar
Pode levá-los ao abismo
E sem nenhum remorso meu
Pois os insensíveis não merecem
O riso do meu choro

(Nane-26/07/2011)

Linha do horizonte

A praia vazia inspira
e permite que eu mergulhe
em pensamentos tão distantes
bem além do seu próprio horizonte...

E é lá,
naquela linha imaginária
que eu busco encontrar
o lugar onde ele está

O amor que eu espero
O encontro que eu sonhei
A silhueta que eu mesma desenhei
e na retina gravei

Seu corpo dourado
As mãos suaves
que me tocam no afã
de querer me prender

Seu hálito doce e quente
soprando em meus ouvidos
palavras obscenas
e o desejo do que sentes

Uma onda mais forte vem me molhar
Fazendo meu corpo arrepiar
Meu horizonte parece se afastar
Logo a noite vai chegar

Amanhã, quem sabe
Nossos horizontes se cruzem
Como um beijo no poente
Que o sol rouba do mar...

(Nane-26/07/2011)

Tocando violão

Dedilho um violão
À procura de um som
Que eu não sei qual é

Um som que me embale
Que me faça voar
Que me embriague

Meus dedos calejados
Sangram pelo braço
Do instrumento apavorado

Insisto,
Não desisto
E o meu som é sem tom

Arrebento a corda
De tanto dedilhar
Sem o encontrar

Me mandam parar
Não o querem escutar
Não me deixam tocar

Meu violão implora
Me deixe descansar
Então acato sua decisão

E só então percebo
Que não adianta eu tentar
Pois eu não sei...tocar

(Nane-26/07/2011)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Rezando por você.

Queria te dar um boa noite
Deixar um beijo em sua testa
Fazer um carinho em seu rosto
Olhar bem dentro dos seus olhos
E dizer que vou sempre te amar
Mas você se foi de mim
E sequer me disse adeus
Partiu assim...sem mais nem menos
Apagou tudo o que vivemos
Num gesto simples de quem sai
Pela porta aberta, escancarada
Não guardou meu beijo
Não levou meu abraço
Não me disse até logo
Simplesmente se foi
Para onde, não sei
Saiu de mim
E é só isso o que eu sei
Agora vou me reciclar
Vou me preparar
E quando conseguir parar de chorar
Vou rezar por você
Para que nunca se arrependa
De perder o meu amor...

(Nane-25/07/2011)

Voltando no tempo

Se pudesse voltar no tempo
Não sei se faria diferente
Até porque isso seria abrir mão
De tantas coisas que vivi
De tantas coisas que passei
E que se hoje sofro as consequências
Em algum momento valeu à pena
Se pudesse voltar no tempo
Faria tudo outra vez
Porque fui inteira na minha história
Mesmo tendo sido fragmentada
Eu faria tudo igual
Agora me resta juntar os cacos
E não mais olhar para trás
Mas se eu pudesse voltar no tempo
Com certeza eu faria tudo igual
E de nada eu me arrependeria
De novo...

(Nane-25/07/2011)

Dois de mim

Ser doce nas palavras
Transformar em mel, o fel
Enfeitar de flores o caminho
De pedras que sigo sozinho
São desafios de poeta
Que sente e chora
Mas escreve bonito
Em rimas que embalam
Em sonhos que fantasiam
Em mentiras que se expõem
Nos gestos que revelam
A verdade escondida
Nas palavras enfeitadas
Do poeta inspirado
E o poeta vira dois
Um que escreve
E outro que vive...

(Nane-25/07/2011)

Meu jeito

Não tenho máscaras
Meu rosto é o meu
Não uso de artifícios
Sou nua e crua
Não falo de flores
Só para agradar
Não quero amores
Que fingem me amar
Não escrevo o que não sinto
Apenas para encantar
Dane-se quem não gostar
Sou o que sou
Leia quem quiser
Se não...finja não ler
Passe sem perceber
Porque vou continuar
A escrever assim
Do jeito que eu sou


(Nane-25/07/2011)

Gripe

Me desnudei
E o que ganhei?
A indiferença
O asco
Talvez um riso de desdém
Zombando do sentimento
Que eu estupidamente
Desnudei para você
Aprendi agora
Que sonhos são mentiras
Ilusões de quem os sonham
Devem ser esquecidos
Pela manhã que rompe na aurora
Guardados numa caixa
E deixados lá...trancados
A vida é feita pra viver
Feliz de quem a vive bem
E não precisa da caixa de sonhos
Me desnudei
E só o que consegui
Gripei....

(Nane-25/07/2011)

Duas perdas

Ele chegou ao fim
Morreu sem mais nem menos
Acabou sem deixar saudades
Com tantas mágoas no coração
Que apagaram o que de bom
Um dia existiu
Onde ficaram as palavras de amor?
As juras secretas que fizemos?
As trocas de promessas...
Não foi eterno
E tão pouco infinito
Morreu relagado ao esquecimento
Morreu deixando um gosto amargo
Morreu desejado de não ter nunca
existido
Morreu sem que nunca devesse ter
nascido
Morreu tarde
E levou consigo a amizade
De quem nunca devia ter se envolvido
O amor morreu
E quem perdeu
Fui eu

(Nane-25/07/2011)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O filho do mundo


Ele chegou ao mundo
Se anunciando num choro
Tão forte e estridente
Que a louca que o pariu
Desconcertada o deixou
Num saco plástico na esquina
E dela, nunca mais se soube

O filho do mundo nasceu
Era só mais um bebê rejeitado
Seu nome: Vitório

A sorte (?) sorriu pra ele
Acharam o saco chorão
A imprensa deu o ar da graça
Famoso saco chorão
O futuro parecia sorrir
Agora teria um lar
Pais não faltavam pais a o desejar

O filho do mundo venceu
Era só mais um bebê a se ajeitar

Os refletores estavam acesos
Brigavam para o adotar
Presentes tantos ganhou
E por fim
Para um lar se encaminhou
Era lá que ele ía morar

O filho do mundo crescia
No lar que a mídia lhe dara

Sumiram todos de vez
Apagaram-se as luzes
Apanhava o tempo todo
Era mantido em cativeiro
Para não se contaminar
Com o sangue maldito da herança
Da louca que um dia o deixou

O filho do mundo se rebelava
Com a falsidade dos pais (?)

Fugiu numa noite de lua
Decidiu morar na rua
Juntou-se aos outros filhos
Que se abrigavam na rua
E não pagavam aluguel
Roubavam o pão de cada dia
E davam um teco na fumaça
Pra esquecer tanta desgraça

O filho do mundo tornando-se adulto
Queria ser o rei da rua

Os caras da boca o chamaram
E um emprego lhe deram
Agora era temido
O bravo "soldado" da boca
Que andava armado até os dentes
Matava e exterminava
Os "canelas pretas" que pintavam

O filho do mundo era o tal
Milagre da esquina da mídia

Mataram o dono da boca
Coroaram seu novo rei
Era o dono de tudo e de todos
Se orgulhava da sua história
Do ouro no pescoço pendurado
Das mulheres que se ofereciam
E ele, pavão, se inflava

O filho do mundo venceu
Mandava e desmandava geral

Os "homens" marcaram o rei
Capitão Nascimento o queria
Traíra na boca não falta
E todos amigos do cara
Nascidos noutra esquina da vida
Largados por outras loucas esquecidas
Durma com um olho aberto
Enquanto o outro descansa

O filho do mundo está preocupado
Atira até na sua sombra

Confia só no irmão
Que na rua com ele cresceu
Enquanto um dorme o outro vigia
O resto é só comparsa
De olho no trono do rei
Confia em mais ninguém
Destrói a boca vizinha
Espalha terror e bota medo


O filho do mundo é temido e respeitado
Bota medo na moçada

Guerreiro se sente esgotado
Da guerra vencida e festejada
Fecha a sua fortaleza
Se deita cansado e exaurido
Amanhã invade outra boca
E faz crescer sua fama
Mas antes precisa dormir
Pra estar forte quando acordar

O filho do mundo perdeu
Seu amigo é o novo rei...


(Nane-22/07/2011)

O passeio

Embarquei numa viagem
Lá pelas bandas do Pará
Num navio que me levou
A aportar no Amapá
Segui descendo a navegar
Até no Maranhão chegar
E ver os bois brigar
Mas foi lá em Macapá
Que parei pra descansar
E segui por aí
Até o Piaí
E agora, onde será?
É claro, no Ceará
É lá que vou estar
Tentar a sorte
E seguir pro Rio
O Grande do Norte
Olha quanta vida
Aqui na Paraíba
Que Deus me ajude
A desfrutar de Pernambuco
Senão fico maluco
Com tanta coisa boa
É a vez das Alagoas
Muito sol, ninguém desiste
Vou chegar lá no Sergipe
E andar numa jangada
Que veleja macia
Até as costas da Bahia
Onde eu quero me encantar
Por todos os cantos
E mais tarde me mandar
Para o Espírito Santo
E voltar ao meu lugar primeiro
O lindo Rio de Janeiro
Tomar a benção e um caldo
Antes de ir para São Paulo
Vou uma blusa pegar
E curtir o Paraná
O mar é minha sina
Ah...linda Santa Catarina
Litoral abençoado
Que de praias tem um pool
Terminado no explendor
Do Rio Grande do Sul

Acordei...rsrs

(Nane-22/07/2011)


Sensações

Na escuridão do meu quarto
não sei se sonho ou divago
por caminhos que não (re) conheço
em algum lugar qualquer

Vejo flores coloridas
Sinto a relva macia e orvalhada
sob os pés descalços

Sinto o cheiro da terra
que nas margens de um rio
se deixa tocar suavemente
por águas cristalinas
da correnteza preguiçosa
e atrevida...

A paz invade-me a alma
Num istante de torpor
E me deixo levar lânguida
na sensação de um levitar
além do corpo cansado

Num estalo me assusto
Um medo descabido
de não mais voltar
perturba minha paz
e eu volto ao meu mundo
Num quarto escuro e sombrio
Sem saber se sonhava
ou se estava acordada
Viajando...

(Nane-22/07/2011)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

DESALENTO




Em meu desalento,
nesse momento
Me pego por dentro

a perguntar.
Sobre as coisas mais banais ,

que habitam os"quintais "
de minha imaginação.
Onde moram seus dragões,

sua alma e seus porões...
Pra conseguir

se esconder assim.
Proteção absoluta ,

que tanto você reluta,
por escudo ou sedução.
Questiono a simplicidade

e longe de ser maldade
já nem sei se sei de ti.
Que sonhos você ousa?
Do que você tem fome?
Quais são os seus delírios,

do que você tem medo?
Por que tantos anéis?
Que elos você solta,

que bicho você prende?
Que música te toca,

que gozo você sente?
Onde fica tua porta,

qual é minha saída?
Como é que você cresce,

dentro de minha vida?
Em meu desalento....
Me pego por dentro...


Adri

* Obra prima de Adriane Lima e Orlando Bona (cantando)

Liberdade em versos

Sou resultado dos meus rabiscos
Ou são eles de mim
Se estão ao chão, melancólicos
É de onde me levantaram


E ainda assim
São eles que amparam
E dão forças
Para me expor...desabafar


Tento uma resposta
Ao gestos de liberdade
Que uma "andorinha" me brindou
E me ensinou
As contrações coloridas
Da originalidade


Se sou poeta e me calo
Tranformo em nada
A matiz do fio da navalha
Em que me encontro
Me enclausuro


Mas tenho na alma as palavras
E nas palavras está a minha alma

Ainda que eu me cale
De meu corpo sairá
Os gritos rimados
Mudos, calados
Propagados pelos poros
Que os cobre inteiro
Em verdades ou mentiras
Triztezas ou alegrias
Num estado de espírito
Que ainda que eu tente
Não consigo esconder...

(Nane-21/07/2011)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O espelho

Te vi no espelho
Se olhando
Me admirei
Te vi Narcisa
Refletindo beleza
Te vi além
Da imagem no vidro
Te vi etérea
Em aura de luz
Te vi amiga
Mulher e menina
De gênio explosivo
Mas tão querida
E se manhosa
Tão carinhosa
Te vi Mônica
E por isso...linda!

(Nane-20/07/2011)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Meus versos

Meus versos não são tristes
Apenas são reflexos de mim
Estão como eu estou
Não tenho como enfeitá-los
Não posso me fazer sorrir
Meus versos sou eu
Soprando sentimentos
Que o peito interioriza
Meus versos não são tristes
Apenas estão tristes
Mas se é de alegria
Que queres ver poesia
Então hoje eu me calo
E quem sabe amanhã
Eu te fale de alegria...

(Nane-19/07/2011)

Estagnada

Estagnada
No tempo parada
Perspectiva de nada
Estagnada num presente
Remetida a um passado
Sem olhar para um futuro
Estagnada em lembranças
Que me fazem estagnar
Sem em lugar nenhum chegar
Estagnada sem forças
De trilhar e desbravar
Caminhos novos onde passar
Estagnada na vida
Que deixo me levar
Até a hora que acabar
Estagnada ...assim

(Nane-19/07/2011)

Quero

Quero a minha vida de volta
Não essa que eu vivo
Quero a minha alegria de volta
Não essa que eu finjo
Quero as noites que eu tinha
Não essa em que tento adormecer
Quero as vontades que eu tinha
Não essa que me impuseram
Quero o sorriso que sorria
Não esse que me é caricatura
Quero só o direito de ser
Sem ter que estar o tempo todo
Quero o amor me impulsionando
E não poesias de quimeras
Quero o calor de um corpo colado ao meu
E não sonhar com o que não tenho
Quero não mais ter que rabiscar
A vida que eu quero para mim
Quero só momentos de felicidade
Sabendo que seriam...de verdade

(Nane-19/07/2011)

Louco amor

Surreal
Loucura
Que definição terá
Talvez ilusão
Ou mentira
Quimera
Sonho
Não sei dizer
Sinônimos
De um só sentido
Que em mim lateja
Causando descompassos
Brincando em sensações
De frio e de calor
Serenidade e tremor
Euforia e torpor
É vício incontrolável
Que me faz delirar
Em crise de abstinência
Desse meu louco...amor

(Nane-19/07/2011)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Em nome do pai

Tu é o pai
E eu, a filha
Porque tenho então
Que beber desse fel
Se com um simples gesto seu
Me livrarias dessa dor
Mas queres me ensinar
O que não quero aprender
Me deixas morrer
Da dor insuportável
Que esse amor impossível
Me causa à alma
E no entanto bastaria
Que me afastasse desse cálice
Esquecendo a bebida
Que amarga a minha vida
Mas tu é o pai
E eu sou sua filha
A rebeldia tem seu preço
E eu aprendo obrigada
A me acostumar
Com a minha dor
Que assim seja...

(Nane-18/07/2011)

A sombra

Uma sombra me acompanha
Por onde quer que eu vá
Está colada em mim
Mas não repete meus gestos
Não sei se ela é minha
Não vejo a que é minha
É teimosa e rebelde
Faz o que eu não faço
Não faz o que eu faço
Não sei quem ela é
Mas não sai do meu pé

(Nane-18/07/2011)

domingo, 17 de julho de 2011

Ponto de vista

Sonhos ou utopias
Mentiras ou verdades
O fio da meada
A linha do horizonte
Espaços tão tênues
Vácuos imperceptíveis
Etéreos
Abstratos
E por vezes
Tão concretos
Não tolero mentiras
Mas o que são elas
Se a minha verdade
Difere da sua
Se o meu espelho
Não reflete a sua beleza
Somos portais
De vertentes ímpares
Que seguem sozinhas
Por onde ninguém passou
Desbravamos nós mesmos
As quimeras só nossas
Verdade ou mentira
Depende de nós...

(Nane-17/07/2011)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Orfeu


O poeta encantado
Tocava sua lira
Encantando sereias
Que à sua música
Silenciavam
E deixavam em paz
Pescadores perdidos
No mar de amores
O poeta seguia
Seu canto lírico
Que fazia as árvores
Se curvarem para ouvirem
Na voz que vinha ao vento
Com tanta melodia
Os pássaros
Extasiados se calavam
Escutando a canção
Tocada com o coração
Se apaixonou o poeta cantador
Por Eurídice, que também o amou
E a desgraça foi sua beleza
Que ao apicultor encantou
Eurídice feliz
Dele se afastou
Seguindo o poeta e a canção
A inveja do rejeitado
Fez dele carrasco
Na perseguição incansável
Ao objeto de desejo
Eurídice tropeçou
Caiu
A serpente, sempre ela
Cravou-lhe os dentes
Injetou veneno
E ela se foi
Pro reino de Hades
O poeta a seguiu
Seduziu Caronte e Cérbero
Guardiões desse reino
Com a sua canção
Que falava ao coração
Hades se zangou
Um vivo em seu reino
Pérsefone interviu
Seduzida pela canção
Hades permitiu
E ao poeta
Eurídice devolveu
Mas também exigiu
Que ele não a olhasse
Enquanto no reino
Dos vivos chegasse
O poeta feliz
Sua lira tocou
E o caminho de volta
Seguiu sem olhar
E já na saída
Parou para se certificar
Se a sua amada
Estava a andar
A dor foi tamanha
Ao vê-la se esvair
E em fumaça virar
Não soubera a segurar
Hades a tomou
Mênades o queriam
Mas o poeta não as viam
Se sentiram desprezadas
E o mataram sem dó
E onde o enterraram
Os rouxinóis
Não param de cantar
Há quem afirme
Que no vento que sopra
No alto do Olimpo
Se escuta o nome
Eurídice...Eurídice
É o poeta cantador...

(Nane-15/07/2001)

Flor do amanhã


Céu azul
Sem nuvens
Uma brisa
Soprando levinha
Tempo de mansidão...
O jardim mal cuidado
Abandonado
Insiste em florir
Com as poucas
Flores que restaram
Me envergonho
Elas sorriem pra mim
Um beija-flor encantado
Dança entre elas
Espalha o pólen
No útero profundo
Que gera sem cobrança
A flor do amanhã...

(Nane-15/07/2011)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O voo da Fada

Hoje me senti importante
Dei carona a uma Fadinha
Que passava ao meu lado
Um pouco entristecida
Curiosa perguntei:
O que foi feito de seu voar
E ela me falou
Que o pirlimpimpim se acabou
Esta sem saber
Como caminhar
Ofereci o único transporte
De que dispunha no momento
Eu a acomodei no coração
E a levei a sua casa
E lá na terra do nunca
Me encantei com seu sorriso
Ao reencontrar pirlimpimpim
E de novo poder voar...
Voa Sininho...voa!

(Nane-14/07/2011)

Mundo de um poeta

Venham conhecer
O mundo de um poeta
Que governa sem regras
Sem nada proibir
Sem nada impedir
Sem nada desistir

Aqui tudo se pode
Os fracos são os fortes
Os homens também choram
As mulheres jogam bola
As doenças foram extintas
E os amores eclodiram

Paixões desencabidas
Agora cabem sem maldade
Vontades escondidas
Se libertam das masmorras
Coragens entorpecidas
Se expandem embevecidas
Nem mundo de um poeta

Só não cabe é desistir
De sonhar seus sonhos
De viver quimeras
De fantasiar a vida
De um final sempre feliz
Ainda que o infeliz
Seja o belo de uma rima...

Vosso governador assina
Sacramenta e faz cumprir a sina
Ser feliz é sua lei
E vivam assim...em meio as rimas

(Nane-14/07/2011)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Brevê da vida breve

Quero ir
Mas quero ficar
Ter que acabar
O que não começou
Para de sonhar
Sem adormecer
Tentar voltar
Pra dentro do meu ser
Que deixei vagar
Sem personalidade
Numa louca dualidade
Que o corpo consome
É hora de aterrizar
Pisar no chão
Não se deixar voar
Sem brevê diplomado
Eu quero ficar
Mas é hora de ir...

(Nane-13/07/2011)

Incômodo

Vazio
Cheio
Não sei
É algo no peito
Não é dor
Parece grande
Quem sabe pequeno
Incomoda
Taquicardia
Frio
Por vezes quente
Sensação
Pulsando
Parando
Um sopro
Tremores
Ressaca
Não bebi
Não é dor
É algo a mais
Ou a menos
Confusão
Não entendo
É uma coisa
Que arde no peito
Que quer sair
Sem saber
Pra onde ir
Então
Fica aqui...

(Nane-13/07/2011)

Sabendo...

Mergulhe em suas vontades
Mas saiba mergulhar
Senão o ar vai te faltar
E você pode não respirar

Corra atrás dos seus sonhos
Mas saiba o que sonhar
Senão os pesadelos
Virão te assombrar

Invista em seu amor
Mas saiba a quem amar
Senão você vai chorar
Até seu rosto inchar

Persiga a felicidade
Mas saiba onde ela está
Senão você se perde
E seu caminho não terá volta

Se entregue a quimeras
Mas saiba a hora de parar
Senão ficarás preso
Num mundo de utopias
Que acaba por te sufocar...

(Nane-13/07/2011)

Ousei

Ousei te amar
Mesmo sabendo
Não poder...
Ousei te amar
E o preço
Me é cobrado
Agora eu pago
Valeu a pena sim
Mas agora
Eu pago o preço
Por ousar te amar
Quis ser o que não sou
Te dar o que não posso
Sonhar os sonhos seus
Esquecida dos meus
Me deixei encantar
Pelo feitiço do seu olhar
Que felino me flexou
Qual cupido errante
Inconsequente
E eu mergulhei na utopia
De achar que podia
Realmente te amar
O preço vou pagar
Mergulhada em devaneios
Da ousadia impossível
Que foi tentar te amar
E ser correspondida...

(Nane-13/07/2011)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Um final de semana...


Fazer amor com você
Num final de semana inteiro
Sem medir as consequências
Sem lembrar do meu entorno
Sem proibir minha libido
Sem prender meus sonhos
Me deixar em teus braços ser feliz
Num amanhecer de paixão
Sem nenhuma proibição...

Esquecer que sou madura
Te amar como o primeiro
Declarar os meus desejos
Por hora contidos
Mas gritando incontidos
Pelos beijos que já sinto
Sem nunca tê-los dado
Na sua boca imaculada
E por mim nunca tocada...

O calafrio de seu toque
Em meu corpo estremecido
Pelas mãos másculas e suaves
Que me embriaga e tonteia
Num silêncio esfomeado
Estampado em seu olhar
Pronto a me devorar...

Sou loba no cio
Cordeiro no abate
Mulher atrevida
Menina assustada
Fingindo um não querer
Que quero me perder
E desse amor morrer
Se a ele eu não viver...

É só um final de semana...

(Nane-12/07/2011)

O som do vento

Ouça...
É o som do vento
Que sibila uma canção
Trazida lá do meio do mar
Em forma de um poema
Que só os loucos podem ouvir

Ah...
Não tenha medo de ouví-la
É tão bela a canção
Nasceu bem além do horizonte
E veio rimando sonora
Até desaguar aqui

Não tema a maluques
Pois ela enfeita a vida
Nos faz ver beleza
Sem cobranças, sem esperas
Nos faz ser parte indissolúvel
Desse explendor que é a natureza

Escute a voz do vento
Enquanto ele é brisa
E declama em versos a canção
Não espere que vire furacão
Se não a maluques
Pode te levar pro horizonte
Na carona desse vento bravio
Que não mais te cantará uma canção
Mas te arrancará do chão
E te entregará
À sua lucidez...

(Nane-12/07/2011)

Pessoa/Bona/Adriane ( Resposta )

De onde vem a tristeza
Em meus rabiscos?
Perguntaram-me...
Não soube responder
Não soube dizer
O tal lado dark da vida
Que tal qual a lua
Teima em aparecer
Teima em se esconder
Teima em viver...em mim
Talvez sejam influências
De estilos captados
De autores solitários
Que de alguma forma
Me encantaram
Mas talvez seja eu mesma
Que mascaro a tristeza
Com os olhos que sorriem
Numa tentativa de viver
Sem ter que sobreviver
Em meio a tristeza
Que nas palavras
Não consigo esconder
Talvez ainda
Seja o meio propício
Que faz eu gostar de mim
Em busca de inspiração
De um veio sem fim
Que Pessoa tão bem mostrou
Ser o poeta um fingidor
Bona e Adri confirmaram
E eu...vou fingindo a minha dor

(Nane-12/07/2011)

*Pergunta do Bona na minha
entrevista no "Poetando":
...de onde vem a tristeza dos teus poemas?

Explica a tua relação com ela, com o lado dark da vida. Bj

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Metabolismo


Procuro explicações
Às minhas constantes contradições
Que dentro de mim se exaltam
E brigam entre si
Hora amam, hora odeiam
Nunca sabem o que é certo
Nunca sabem o que querem
Segurança e insegurança
Caminham de mãos dadas
Puxa uma para um lado
E a outra segue ao contrário
Uma diz: Não quero amar
A outra: Procura-se um amor
O medo constante de viver
E a vontade do peito aberto oferecer
São brigas constante do meu ser
Que metabolizam essa loucura
Interessante que é viver

(Nane-11/07/2011)

sábado, 9 de julho de 2011

Poetas...poetas...poesias

Há poesias que ferem
Poetas malditos
Por dizerem o que sentem
Sem meias verdades
Poetas benditos
Por dizerem aquilo
Que querem ouvir
Também há poesias
Que "douram pílulas"
Fazem bem ao ego
Dos tolos que as leem
E se sentem inspiração
De mera ilusão
Palavras são armas
Usadas a revelia
Da sinceridade
Ou da ironia
Da sublimidade
Ou mesmo da grosseria
Estilos a se escolher
Como numa feira
Passem os olhos
Toquem, se puder
E sintam...
Quem souber

(Nane-09/07/2011)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Papéis trocados

Eu e minha mãe
Minha mãe e eu
Ainda me vem aos ouvidos
Os gritos que me buscavam
Quando na rua eu brincava
E esquecia do banho, da comida
E ela vinha brava, com varinha na mão
Eu embravecida, ainda contestava
Mas a casa era o destino, ela me arrastava
Ainda a vejo na cozinha
Distribuindo as porções
Pra filharada esfomeada
Que ela alimentava
Vejo-a orgulhosa
Cada vez que eu trazia
O boletim de aprovada
E realmente pensava
Que eu seria uma doutora
Ainda lembro as rugas de preocupação
Que na juventude eu lhe causei
Rebelde sem causa alguma
Só cumpria o meu papel
Recordo cada preocupação comigo
Seu jeito enérgico e doce
Me tratando como criança
Em plena maturidade
O café na madrugada
Que fazia para que eu tomasse
Antes de sair pra trabalhar
O pão quentinho que buscava
E brigava pela pressa com que eu comia
Hoje minha mãe não anda mais
Não faz mais meu café
Sou eu a conduzí-la
Sou eu a alimentá-la
Sou eu a "ralhar" com ela
É ela a se queixar
É ela a se rebelar
Eu sou a minha mãe
A minha mãe...é eu

(Nane-08/07/2011)

Uma peça de vida

A vida é uma grande peça
E nós simples atores
Uns, protagonistas de si mesmos
Outro, meros coadjuvantes
Por opção própria
Alguns dignos de prêmios
Outros, canastrões
Interpretam mal
E se acham o tal
O público é sempre soberano
Seleciona os que brilham
E dispensa os que se apagam
E no final da peça
Quando a cortina se fecha
Esse mesmo público grita:
MERDA!
E a peça se acaba

(Nane-08/07/2011)

Maktub

Hoje,
Nada poderá
E nem irá
Me fazer deixar
De ser feliz
Nem mesmo os idiotas
Se da objetividade
Ou não...serão capazes
Hoje,
Nelson Rodrigues
Decretou
Estava escrito
Mesmo antes da fundação
Do próprio universo
É Maktub...

(Nane-08/07/2011)

Felicidade

Felicidade é estar bem
É poder rever o seu sorriso
Ainda que sucinto,
A contrastar com a gargalhada

Felicidade é poder te reencontrar
E simplesmente te abraçar
Com a saudade a me apertar
E eu agora, a ela matar

Felicidade é um momento
Passado ao seu lado
Momento que a muito acalento
E que espero, não mais seja passado

Felicidade é assim
Alegria de te ver
E hoje ela está em mim
Por causa de você

(Nane-08/07/2011)

Dia perfeito

Hoje eu quero mais
Quero o sorriso aberto
No rosto da criança
Que brinca despreocupada
O cheiro do jasmim
Que antecipa a primavera
E cobre de branco o jardim
Quero o revoar das andorinhas
Anunciando o verão
Que o sol hoje vem trazer
A sensação gostosa de um abraço
Que embala amigos saudosos
Num reencontro festivo
Hoje eu quero mais
Quero a felicidade
De um dia perfeito
E infinito...

(Nane-08/07/2011)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Um segredo

O meu segredo
Ah o meu segredo
Queria gritá-lo
Aos quatro ventos
Mas aí...
Deixaria de ser segredo
Ele me sufoca
Em dias de tristeza
Me faz elétrica
Em dias de alegria
Me deixa ver beleza
Me faz viver magia
É um segredo meu
Que eu queria dividir
Seria um segredo seu
Que eu te faria seguir
Mas se te conto meu segredo
Ele acaba e eu também
Meu segredo é só meu...

(Nane-07/07/2011)

O inverso

Não plantei uma árvore
Não tive um filho
Não escrevi um livro
O que sobrou de mim

As palavras se foram no vento
As folhas caíram no outono
E o filho...não veio ao meu encontro
O que sobrou em mim

As sementes não vingaram
A árvore não germinou
O filho não gestou
E o livro...está em branco

O que fazer de mim
Se nada eu fiz
Se não deu certo
Se o ciclo se fechou

O que eu fiz de mim...

(Nane-07/07/2011)

Menino homem

Assim é o nosso amor
Doce e sereno de dia
Louco e fogoso na madrugada
Te faço menino brincando
Te sinto homem me amando
Te acolho no seio intumescido
E sua barba mal feita me incendeia
A boca ávida da minha
Lambuza de prazer meu corpo inteiro
Que se entrega aos seus caprichos
E goza no gozo do seu prazer
Somos dois loucos perdidos
Num cio que se acalma ao alvorecer
E se transforma num enternecer
Nos braços que me enlaçam
E me fazem com carinho... adormecer

(Nane-07/07/2011)

Só você...

Voltei atrás
O coração bandido
Me fez rasgar suas cartas
É louco, impulsivo
É tolo, arrependido
Voltei atrás
Porque não vivo sem você
O teu cheiro é meu ar
Teu perfume a minha brisa
A manhã tem seu sorriso
E a noite é o despertar
Do seu toque que me alucina
Voltei atrás
Porque mais do que a mim
O que eu quero...é você

(Nane-07/07/2011)

Se vc achar que vale a pena...


É só votar no site: http://www.topblog.com.br/

Obrigada por sua visita.
bjs

Mutante

Estou em constante mutação
Mudo a cada hora
A todo instante
Não mantenho opinião
Sou hoje o que não quis ontem
Isso não me faz volúvel
Apenas sou mutante
Que cria, renasce, amplia
Passa pelo despercebido
E descarta o esquecido
Sou humano
Apele se renova
Se esfolia
A vida a cada dia ensina
Que nada se cria
Apenas se copia
Melhorando a criação
Em constante mutação

(Nane-07/07/2011)

Resposta à Quintana

Quintana
Me deixa ser assim
Quero datar sim
Meu medos
Meus desejos
Meus amores
Minhas dores
Sou só rabiscadora
Insegura e sem academia
Preciso datar as poesias
Que nem mesmo sei fazer
Se a alma não tem idade
Nane tem e ela avança
Minha alma depois entende
Que meu corpo precisava
Não sou um Quintana
Só uma rabiscadora insana
Então meu caro poeta
Me deixa ser honesta
E datar os meus momentos
De mortal em movimento

(Nane-07/07/2011)

Um sonho...

Dormi pensando em paz
E sonhei com liberdade
Ouvindo sinfonias
De harpas dedilhadas
Pelo vento macio
Que soprava na madrugada
E viajei em quimeras
De harmonia e fantasia
Num mar de alegria
Sem precisar de um motivo
De sorrir pra mim
Naveguei seguindo a luz
Com a leveza de uma pluma
Que se deixa levar na brisa
Sabendo que não vai se machucar
Na hora de pousar
Naveguei de encontro a paz
Que a liberdade me fez sonhar...

(Nane-07/07/2011)

Olhos mudos

Meus olhos falam
Mas só a quem os sabem ouvir
E te disseram tanta coisa
Porque não escutou

Agora eles se calam
Nem mesmo querem abrir
Fechados repousam
A vermelhidão do meu sentir

Se declararam entre piscadas
Brilharam na sua chegada
Se emocionaram a cada palavra
Se encantaram com sua risada

Sonharam fantasia
Leram poesia
Mas foi tudo em vão
Fixaram-se no chão

Não desviaram mais de lá
Humedeceram de paixão
Choraram a desilusão
Da sua fria recepção

Meus olhos se calaram
Não falam mais à ti
Emudeceram sem sorrir
Na dor de te ver partir

(Nane-07/07/2011)

Pensei

Pensei em te falar de amor
Mas você não quis ouvir
Pensei em te abraçar
Mas você se desvencilhou
Pensei em beijar a sua boca
Mas ela se fechou
Pensei em te dar a minha paz
Mas você preferiu meu carnaval
Pensei ser você meu escolhido
Mas me enganei,
Você já era...ido.

(Nane-07/07/2011)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Bonitinha, mas ordinária...

Detesto idiotice
E idiotas também
Até por ser uma
Mas sou discípula
Do grande Nelson
Que de tão Tricolor
Detestava unanimidade
Não a tenho
Não me importa
Se me amam
Se me odeiam
Sou o que sou
Não douro pílula
Não finjo
Me mostro
Não te cobro
Azar o seu
Se não gostou
Sei ser doce
Brigadeiro
Sei ser ácida
Azeda
Não provoque
Eu respondo
Dane-se o que pensas
Não imagina o que penso eu
Deixa assim
Que fica tudo bem

(Nane-06/07/2011)

Preguiçando...


Amarrei minha rede nos coqueiros
E deitei na sombra do coqueiral
Maritacas me fizeram festa
E gaiatas, não me deixaram adormecer
Só se calaram quando a noite despontou
As estrelas vieram comigo conversar
Piscavam, pareciam me paquerar
A lua veio cheia
Iluminou todo o coqueiral
O mar se ocupou de dar ritmo
Na rebentação de suas ondas
E o vento entrou na festa
Soprando a brisa suave e refrescante
Enquanto eu balançava pra lá e pra cá
Uma fogueirinha improvisada
Fazia o fogo dançar em formas sinuosas
Uma dança do ventre afogueado
E eu ali deitada, apreguiçada...
O mundo girando ao meu redor
Tô nem aí...deixa o mundo girar
Quero mesmo é preguiçar no coqueiral...

(Nane-06/07/2011)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Não são...

Derramo-me em palavras
Que nada querem dizer
Palavras que sem ação
Pouca serventia teem

Não são poemas
Não são poesias
Textos apenas
De quem quer rabiscar

Palavras que teimam em sair
Quase que em fila
No primeiro espaço que encontram
Seja uma folha, seja uma tela

Palavras bonitas
Por vezes feias
Bailarinas em leveza
Duras e pesadas

São apenas palavras
Que uma vez rabiscadas
Falam por mim
Mas não fazem por mim

São tantas palavras
Tantas histórias
Tantos momentos
Palavras aos montes


Não são poemas
Não são poesias
Textos apenas
De quem quer rabiscar...

(Nane-05/07/2011)

Só uma chance...


Choro o seu choro
E sorrio o seu sorriso
Clamo por sua consciência
E as vezes perco a paciência

Verto meu sangue cada vez
Que a irresponsabilidade sua
Faz estrago em minha tez
E acabas por me expor, assim...nua

Mas ainda assim te embalo
E dou a ti o que precisas
Me sugas, maltratas, me acabo
Em troca te acaricio na brisa

Me fazes sufocar
Me incendeias
Em meu seio sempre a lançar
Dejetos seus, me desnorteias

E mesmo assim sigo a te amar
Pois viestes de mim
E pra mim hás de voltar
Se antes não decretares o meu fim

Eu preciso respirar
Te entrego minha beleza
Te peço para me amar
Sou tua mãe...combalida natureza

Me dê só uma chance...

(Nane-05/07/2011)

Olvidar


Não sei se estou inverno
Ou se o inverno sou eu
Sei que minhas estações alterno
Como o sentimento meu

E hoje o meu tempo está nublado
Cai uma garoa displicente
Em meu sorriso amarelado
O retrato do meu humor impaciente

O vento que me abraça em frio
Sussurra palavras a fio
Que me causam calafrio

Só eu as escuto nos ouvidos
Que se tornaram precavidos
E portanto...olvidos

(Nane-05/07/2011)

Queimada


O fogo queima
O gelo também
Não brinque com eles
senão se queima
e sofre as consequências
Chama que arde
Fogo invisível
Maltrata
Faz doer
E nada faz passar
A dor que queima
O frio que arde
São polos inversos
Que se encontram
Num mesmo sentido
Um te mata por calor
O outro por hipotermia
E no entanto as marcas
Se confundem numa só
Queimaduras na pele
E na alma...a dor

(Nane-05/07/22011)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Fraca força

Não sou forte
Temo que minha fraqueza
Saliente meu ponto fraco

Preciso ser forte
Mas entre precisar e ser
Deixo em branco meu espaço

Me mostro forte
Mas a vida teima em me mostrar
Que sou frágil, pronta a quebrar

Me faço forte
E sigo sem pestanejar
Mas a fraqueza insiste em me abraçar

Sou forte fraca
Que tenta disfarçar
A fraqueza da minha força

(Nane-04/07/2011)

O olho do falcão


Rá criou seu mundo
Mas deixou-se encantar
Por sua criatura
Fez da lua o seu olho
E por não poder a olhar
Chorava sem parar
De suas lágrimas
Sentidas e derramadas
Nasceram seres humanos
E Rá entendeu o seu sentir
Da paixão desesperada
Pela lua que criara
E que nunca encontrava
Era ela sua visão
Mas não a via, só sentia
E da sua criação
Rá compreendeu a paixão
Suas lágrimas se transformaram
Em seres apaixonados
Que se amavam e se odiavam
Era a herança de um deus
Que seu amor
Em olho transformou
E à sua amada, nunca mais olhou...

(Nane-04/07/2011)

Tema de novela


Queria rabiscar um poema
Que me imortalizasse
Onde eu falaria de amores
De todas as formas de amores
Do amor do beija-flor
E da própria flor
Que se deixa copular
Do amor fingido dos poetas
Que de tanto amar
Sofrem fingindo por amor
Do amor sem esperança
Que o sol devota a lua
Num triângulo enlouquecido
Com o mar
Que aos dois se entrega sem pesar
Falaria dos amores
Que de tão impossíveis
Tornaram-se reais
Em lendas e fábulas
E acabaram imortais
Queria rabiscar esse poema
Que embalasse como um tema
A novela da minha vida...

(Nane-04/07/2011)

Caminhada

Olha lá na frente
Veja se encontra
A felicidade
Ela esteve lá atrás
Andou de mãos dadas comigo
Mas a vida é surpreendente
E numa esquina a perdi
Segui numa vertente
E ela foi em outra
Já entrei por vielas
Avenidas, ruas, caminhos
Gritei, chamei, telefonei
Mas ela não me respondeu
Olha lá na frente
Veja se ela caminha por lá
Diga a ela que voltarei
Naquela esquina para a encontrar
Peça a ela uma hora
Um espaço na agenda
Quem sabe me atenda
E volte comigo a caminhar...

(Nane-04/07/2011)

domingo, 3 de julho de 2011

Sou...

Sou quem te ama em silêncio
E teme a descoberta desse amor
Sou quem não pode chorar
Sob pena de ter que se explicar
Sou quem ama sem poder
Já que não posso te amar
Pouco importa quem sou eu
Ou mesmo o que sofro por te amar
Interessa que te amo de verdade
E que sabes, no fundo quem sou eu...

(Nane-03/07/2011)

Resgate


Hoje resgatei uma amizade
Que pensei perdida
Por coisas vis
De momentos impensados
Num simples teclar de celular
Resgatei um sentimento
Que a meses corroía
Uma saudade que insistia
Em ficar na calada do peito
Incomodando
Sem juízo
sem motivo
Hoje voltei atrás
E deixei que lágrimas
Caíssem dos dois lados
De uma linha interrompida
Por rompantes estúpidos
De amigos que se amam
Tu...tu...tu..tu...tu...

* Pra ti Ju

(Nane-03/07/2011)

De novo entrelinhas...


Nas entrelinhas me desnudo
Me mostro inteira
Rasgo a alma
É lá que eu subscrevo
Meus pensamentos
Meus anseios
Meus desejos
Minha sorte
Minhas dores
Dissabores
Enganos
E desenganos
É lá que vejo também
Quem aprendeu a ler
A me conhecer
A me entender
E quando respondem:
Quem disse que quero te conhecer?
Revido:
Meu rabisco não foi feito pra você
Ponto.

(Nane-03/07/2011)

Uma toada


Não sei se dormia
Ou sonhava acordada
Mas ouvia na madrugada
Sons baixinhos
Que vinham de longe
Era uma canção
Entoada para alguém
Com acordes de um violão
Que junto ao cantador
Reverenciava o seu amor
E num istante me transportei
Ao cenário que sonhei
Me vi na sacada da janela
Encantada e sorrindo
Me deliciando com você
A música era uma toada
Que falava de amor
De um amor antes impossível
E que agora se fazia
O som silenciou
A música acabou
Meu sonho foi dormir
E eu, se acordei...
Não sei

(Nane-03/07/2011)

sábado, 2 de julho de 2011

Porque...

Porque não posso ser triste
Se a felicidade não está em mim
Porque me cobram sorrisos
Se é o choro quem me permeia
Não sou menos que ninguém
Apenas por ser infeliz
Quem disse que procuro a felicidade
Quem disse que não gosto de sofrer
Prazer é só por um momento
E isso eu tenho a todo instante
Não venham me dizer o que fazer
Não quero o seu viver
Me deixe ser o que aprendi a ser
É assim que eu sei viver
Se a felicidade te é constante
Viva-a com a sua intensidade
Mas meu mundo é assim
Em busca de inspiração
Eu preciso da minha solidão
E é na minha tristeza
Que eu encontro a beleza
Em forma de rimas
De poesias e trovas
É onde eu me ponho a prova
É fonte de inspiração
Me deixa ser infeliz...agora

(Nane-02/07/2011)