sábado, 21 de novembro de 2020

MATURAÇÃO

 
Na busca da paz
Dei tantas voltas
Bati tanta cabeça...doeu
Custei a entender
Que minha paz estava em mim
Não em mais ninguém

Troquei de mal com Deus
Cada vez que ele não me atendia
Me senti desamparada
Mal amada, esquecida
Deus não me ouvia
Me deixou na contra mão

Tudo se esvaía 
Os sonhos que sonhei
As lutas que travei
A recompensa que não veio
O amor que imaginei
O sucesso que não alcancei 

Bateu cansaço
Pensei estar tudo perdido
Nada mais valia à pena
Deixei a vida me levar
Pela estrada (por ela) escolhida
Parei de reclamar

O tempo veio ao vento
Soprado devagar 
As marcas desse tempo
Esculpiram minha face
Refletindo no espelho
Uma suposta maturidade
Da vida à me ensinar

Sem que mesma percebesse
Minha pressa se acabou
Meus dias, ainda que nublados
Se mostraram ensolarados
Em pequenas coisas percebidas
Na rotina sem expectativas

Minha paz desvirginou-se
Na falta da impaciência
Nos rompantes esquecidos
Por não mais me violar
Na busca de uma perfeição
Que achei de Deus ser obrigação

Ainda estou sendo curtida
Mas a tal maturação
Deixou meus dias leves
Sem cobranças de mim mesma
Sem violência em meus desejos
Sem a culpa ser de Deus

A paz se apresentou
Sem que eu tivesse percebido
Tem compartilhado comigo o dia a dia
Sem compromisso de bater ponto
Sem rima, sem nexo, sem obrigação
Por isso faço dela, poesia...

(Nane- 21/11/20)




sexta-feira, 20 de novembro de 2020

MÃOS SUJAS DE TERRA

 
Por debaixo das unhas
A terra preta aparentando sujeira
Tinge também minhas mãos
Nos sulcos das palmas delineadas

Rejevo as mãos de minha mãe
Nessa mesma terra plantando
E ensinando as técnicas aprendidas
Com o amor à natureza

Os pássaros fazendo algazarras
Entre as frutas da estação
Manga, amora, mamão
Comem, se fartam e vão embora

Se recolhem no crepúsculo
Me despertam no alvorecer
Me acompanham na plantação
E cantam de satisfação

Maritacas, sanhaços e bem-te-vis
Coleirinhos, canarinhos e andorinhas
Tem também as saírinhas, os pardais e bicos de lacres
Que cantam e encantam

Uma saudade gostosa transborda
Enquanto meus ouvidos escutam
O jeito certo da carpina
Para as mudinhas vingarem

Tento passar o que aprendi
Ao menino companheiro
Que também gosta da terra
E protege os animais

Talvez ele um dia, também conseguirá
Ouvir a voz que vem de dentro
Quando a ausência imperar
E a saudade transbordar

Meu dia passou depressa
Os pássaros me avisam do entardecer
Vou lavar as minhas mãos
E retirar a terra das minhas unhas...

(Nane - 20/11/20)


domingo, 15 de novembro de 2020

ISABEL (RUIVINHA INVOCADA)

Lá se foram seis/cinco anos
De duas ausências tão sentidas
Isabel, minha pequena
A tecnologia te presenteia

Tua avó e teu avô
Não puderam te abraçar
Mas velam por ti bem juntinhos
Lá no céu, onde foram morar

Da Manu, a prima mais velha
Pedi o corpo emprestado
Só para ter a alegria 
Na montagem desse abraço

Isabel, minha pequena
Você irá crescer
E verá que essa poesia
Foi feita para você

Tua avó e teu avô
Babariam o tempo todo
Se pudessem te ver crescer
Assim, tão dona de si

Ruivinha geniosa
Dos olhos tão azuis
Fique com as bênçãos de teus avós
Cresça nas graças de Jesus


(Nane/sua avó emprestada - 16/11/2020)