terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A pupila

Tentei me encontrar
Vaguei por vários lugares
E me vi num passado
Era um velório
Jazia um corpo
Que por algum motivo, me atraía

Um rosto magro
De bigodes finos
Os olhos, embora fehados
Me pareciam tristes
E de alguma forma me viam
Pareciam zombar de mim

No canto da boca
Juro ter visto um sorriso
De escárnio ou indiferença
Que me analisava sombrio
Mesmo depois de morto
Me achando idiota
Ou mesmo sem méritos
De ouvir quem me chama
Com insensatez, poetisa

Só eu e o caixão
E o corpo estendido
Daquele poeta morto
E vivo em poesias
Como a jogar na minha cara
Os versos de mestre
Que soube obrar
E deixar de legado

Augusto do Anjos
Ouvi sua voz
Em pleno velório
Deitado na urna
Que na tumba se ofereceu
Aos vermes, na ceia
Que te consumirão
Ou melhor, consumiram
Pois que voltei no tempo
Atendendo ao chamado
Do mestre sarcástico
Que de mim só queria
Chamar de pupila...sem talento nenhum

(Nane-20/12/2011)


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