Nasceu cotovia cantora
de belas e invejada plumagens.
Cantou e encantou
pelos ares em que planou.
O belo caçador a seduziu
e ela a ele se entregou.
Numa gaiola dourada foi morar
por acreditar ser a segurança de um lar.
Encantada e segura viu passar o tempo e desdenhava, Os pardais sem berço que na alvorada, vinham alvoroçados em busca
das migalhas caídas.
Remotas lembranças de liberdade
vinham então perturbar a sua paz, quando
os "plebeus" satisfeitos, batiam em retirada
na barulhenta revoada.
Fixou a ideia de voar (novamente),
mas seu pouco espaço não permitia.
Até tentava bater suas asinhas, que
atrofiadas, só fazia sentir dor.
E cada vez que a passarada
vinham beliscar a farelada,
a tristeza se instalava e a
cotovia não mais cantava.
A segurança não mais a seduzia.
Queria de volta a liberdade
de cantar e voar por qualquer lugar.
Mas isso a cotovia não mais podia...
Um belo dia o caçador, ao perceber
sua tristeza, decidiu e a porta da gaiola
abriu. A cotovia sorriu feliz! Cantou
no mais alto tom que conseguiu!
Estava enfim de volta à liberdade
e agora voaria sem ter limites à prendê-la!
Aprumou-se e estufou o peito, em
posição de decolagem.
Bateu suas asas atrofiadas, mas não saiu
do seu lugar. A pobre cotovia, voar,
não mais sabia...
(Nane- 06/01/2015)
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