terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O CANTO DA COTOVIA

Nasceu cotovia cantora
de belas e invejada plumagens.
Cantou e encantou
pelos ares em que planou.

O belo caçador a seduziu
e ela a ele se entregou.
Numa gaiola dourada foi morar
por acreditar ser a segurança de um lar.

Encantada e segura viu passar o tempo e desdenhava, Os pardais sem berço que na alvorada, vinham alvoroçados em busca 
das migalhas caídas.

Remotas lembranças de liberdade
vinham então perturbar a sua paz, quando
os "plebeus" satisfeitos, batiam em retirada
na barulhenta revoada.

Fixou a ideia de voar (novamente),
mas seu pouco espaço não permitia.
Até tentava bater suas asinhas, que 
atrofiadas, só fazia sentir dor.

E cada vez que a passarada
vinham beliscar a farelada,
a tristeza se instalava e a 
cotovia não mais cantava.

A segurança não mais a seduzia.
Queria de volta a liberdade
de cantar e voar por qualquer lugar.
Mas isso a cotovia não mais podia...

Um belo dia o caçador, ao perceber
sua tristeza, decidiu e a porta da gaiola
abriu. A cotovia sorriu feliz! Cantou 
no mais alto tom que conseguiu!

Estava enfim de volta à liberdade
e agora voaria sem ter limites à prendê-la!
Aprumou-se e estufou o peito, em
posição de decolagem.

Bateu suas asas atrofiadas, mas não saiu
do seu lugar. A pobre cotovia, voar,
não mais sabia...

(Nane- 06/01/2015)



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