domingo, 18 de janeiro de 2015

FALSO PROTAGONISTA

Era assim que eu me sentia; um morto vivo zumbiando pelos anais da nossa história, sem ser protagonista ou ter um tema musical marcante.
Quase uma década passada, a postura ereta, por vezes fria, enigmática e imponderável permanecia estática, sob meus olhos cálidos, avermelhados pelo choro constante, virando pedante e sem brilho.
Confusa relação de sentimentos amaranhados esperneando por todos os lados, sem identificação
prática. Forçando um surrealismo inconstante, tipo quimera ou devaneio de uma mente desacordada
ou descordada do que é realidade. Esse peso imenso trazido sobre os ombros arriados, cansados e lúdicos, na espera do amparo milagroso de um mesmo querer transloucado passado pela sintonia de dois seres tão distintos e paralelos.
Agora a morte se anuncia, e nada mais se faz imprescindível.
A pressa se acalmou e o vento soprou brisa. 
O protagonista da história não era eu.
O tema musical foi feito para outra personagem.
O tempo, esse escritor de ladainhas, que não se apegas às linhas substanciais, desenrolou os pergaminhos e escreveu de forma reta a verdadeira história que eu, na minha ilusão descabida, tentei entortar e enfeitar na forma que melhor me aprazou.
Quimeras e devaneios, sonhos e visões, fantasias e imaginações...tudo perdido no solavanco estrondoso do choque da realidade nua e crua. A impossibilidade de um final feliz fez o roteiro novelesco sequer ser levado em consideração. Chegou ao fim a história que sequer começo teve.

        (Nane-18/01/2015) 

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