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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
INDIGENTE
A sarjeta abriu suas portas
Sem pedir caução e nem reserva
Nu, não dá pra ficar
Atentaria contra o pudor
Por ter à mostra a genitália
Indigente denegrido
Tomado por indolente
Coçando piolhos na barba
Dormente da dignidade
Letárgico da saudade
Na mente diluente
Só o desejo corporal
Matado num copo de cachaça
Comprado por vinténs
Jogados na calçada
Estou bem alojado
Sem pagar o aluguel
Sem selfies e sem paus
O de comer Deus provém
Enquanto perdurar
Olham-me com nojo
E uma certa piedade
Vagabundo e andarilho
Que outrora teve casa e comida
E foi doutor letrado
A sarjeta abriu suas portas
Sem pedir caução e nem reservas
A calçada é meu leito
O papelão meu cobertor
E a borracha...meu apagador
(Nane-14/01/2015)
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