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quinta-feira, 10 de junho de 2010
Chumaços de algodão
No passado distante a vejo
Altiva, bela e decidida
Sabia bem o seu querer
Sábia, meiga, mulher
Hoje ela anda arqueada
Nunca sozinha...
Precisa de ajuda
Sou sua bengala humana
Me chama para andar
Sentar, deitar, mudar de lugar
Só não sai do lugar
O corpo não obedece mais
Não chora de dor
Mas sente no corpo todo
São artroses e artrites
Corroendo seu humor
A bela jovem de outrora
Com seu olhar felino
De verdejantes jade
Marejam em cataratas embranquiçadas
Seus cabelos longos e negros
Agora parecem chumaços de algodão
Está sem forças
Já não passeia no jardim
Me faz sentir culpada
E por vezes cansada
Me falta a paciência
Me aborrece vê-la dependente
Onde está a minha mãe
Meu colo quentinho
A leoa que me amamentou
O que disso tudo restou...
A carrego por todo canto
Que se resume a muito pouco
Cama, sofá e banheiro
E quando tenho disposição
A empurro na cadeira de rodas
Para uma volta no jardim...
Daquela jovem altiva e linda
Foi o que sobrou prá mim
Minha tão querida mãe
Porque ficou assim...
Peço a Deus a benção
Fortalecendo a minha paciência
Para que eu possa te levar por onde for
Para te dar bastante amor
E ter em paz meu coração...
(Nane-10/06/2010)
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