Eu...compreendi que essa amiga é assim, tal quel ela mesma se mostra, livre, companheira, amiga, querida. Aprendi que contar com ela é sempre possível e bom, pois está sempre pronta para nos mostrar caminhos, nos fazer carinhos, nos ensinar a lidar com os espinhos e nos fazer felizes... Compreendi que ao seu lado as lágrimas acabam por virar bençãos, que os amigos são irmãos que a vida nos dá, que sonho é necessário para nos fazer lutar, que fazer sorrir acaba por nos fazer gargalhar também, e que a beleza é o que sentimos ao ver o amor amigo... Compreendi enfim que as palavras que tem força, na boca dela soam como bálsamos na alma de quem a tem por perto, e que ela faz, que seu olhar, embora distante de mim, me alcança e me envolve no calor do seu espírito amigo e protetor... Compreendi por fim que o melhor dessa mulher é saber da sua existência e ter a sorte por tê-la aqui, pertinho de mim, desvendando em comunhão o segredo sublime das nossas existências!!! Essa é Silvia...
Fiquei dias sem te ver Quase enlouqueci Te procurei desesperada Mas não estavas ao meu alcanse Perto dos olhos sim E isso é o que mas me fez sofrer Parecia tão pertinho de mim... Mas meus dedos não tocavam em você Me senti abandonada Completamente transtornada Sua ausência me transloucou Eu precisava ter você Era questão da minha própria sobrevivência Estar com você Era só o que eu queria Só o que precisava Minha carência é notória Meu vício é você Não sei mais viver longe de você Não me deixe mais Senão vou enlouquecer Confesso minha dor Eu preciso de você Não posso mais viver sem, e isso é certo Você me hipnotiza Me tem escrava sua Agora vou sentar e rabiscar Consertaram a minha net Já posso ser feliz e respirar
Sou o extremo Me mostro e me rasgo Vivo em erupção Tal qual lava do vulcão
Sou criticada Por me por tão a mostra Mas não sei ser diferente Não gosto de lastimar coisas ausentes
Me dispo inteira nos versos Me ponho nua nas palavras que rabisco Sou inteira sem metades Sou meu avesso posto a mostra
Meus limites são meus horizontes Caminho sempre para buscá-los Ainda não os encontrei Talvez por isso ainda não parei
Se choro e sofro por uma dor Derramo todas as lágrimas que tenho Mas a mágoa que faz corroer o coração Essa eu mando embora na torrente de minhas lágimas
Sou assim... Impulsiva e direta Me jogo, rasgo e falo Me acalmo, me entrego Me olho e me vejo num rabisco...
Hoje peguei meu barquinho e naveguei Passei por águas turvas e turbulentas Pensei que fosse perder o prumo e virar o barco Mas senti mãos que me seguraram...Netuno talvez Enfrentei tempestades tão fortes Que não pensei sair imune Mas de novo senti as mãos, segurando as minhas... Iemanjá talvez... As águas se acalmaram O mar está em calmaria de novo Meu barquinho navega suave A tormenta passou O vento que sopra é brisa que agrada Navego ao sabor das ondas Vou para onde o vento me leva Mas ainda assim sinto as mãos em mim... São amigos a velar por mim...
A noite no mar é escura Sopra a brisa gelada do inverno São ventos que veem de muito além olho a areia sem coragem de pisá-la Do calçadão observo a braveza do mar Que parece se enervar com o frio Com a solidão da noite escura Ele se debate em ondas Que se arrebentam na praia solitária Nas pedras do dique
O vento espirra em mim gotículas do mar Que fazem mi'alma gelar O mar não quer calar Parece uma canção querer entoar Mas eu não consigo decifrar Então só faço escutar A rebentação do mar Que a escuridão não me deixa olhar...
Eu não tenho estilo Rabisco o que quero E como quero Não me prendo a estilos Até tentei ter um Mas não tenho nenhum Minha mão é livre Discorre sem cabresto pelas palavras Não se deixa dominar Não se prende, só escreve Tem seus dias de lirismo Dramatiza meus momentos Decanta amores e amigos Inferniza quem se opõe no caminho Eu não tenho estilo Sou indefinido E sem esse tal de estilo Eu escrevo com estilo Meus rabiscos descabidos
Agora é assim se gosta de mim se sente a minha falta Vem me procurar onde sabe que vai me encontrar Eu não vou atrás de ninguém Não estou nem aí pro que vem Já não quero mais saber de ninguém porque por onde eu ando Companhia não faz bem É só uma vontade que dá e passa nem saudade sinto de alguém Tanto cutucaram Tanto me encheram o saco que agora me recolhi e não quero mais saber Se é preto ou branco Homem ou mulher Apenas excluí Nada me faz mal O mundo é virtual E eu, temperamental Você não me entendeu Então não sei se você ou se eu... Perdeu....
Um dia lindo se sol Mas ainda assim frio É o inverno se fazendo presente No hemisfério sul Dias tão pequenos Noites intermináveis Famílias mais unidas Não se dissipam nas ruas Mas quem não as tem por perto Sente a solidão que o frio tráz Se encolhe sob o cobertor E assiste televisão A espera do calor Ou quem sabe do seu amor Que aguarda a ocasião De voltar para o aconchego E se esbaldar entre chamegos
São dias de sol iluminado Mas sem o calor do verão São dias pequenos de noites grandes No hemisfério da paixão...
Hoje eu quero falar de esperança Quero ver o sorriso no rosto de uma criança Me deixar contaminar por sua alegria E mergulhar no seu mundo de pura fantasia
Brincar de esconde-esconde com a tristeza E não deixar ela me encontrar com certeza Trazer lembranças somente Das peraltices que eu trazia na mente
Quero correr na rua De mãos dadas com os pequenos Acreditar que São Jorge tá na lua E ouvir que temos que sair do sereno
Quero ser um pouco criança E poder fazer todas as lambanças Brincar de roda e de pique Deixar que em mim a criança fique
Hoje quero aprender Que basta pouco prá viver É só sorrir sem preocupação É só brincar de pega-ladrão
Hoje a criança me ensinou Que a brincadeira não se acabou É só fechar os olhos e contar Vem, a brincadeira vai começar....
Choro atrasado as lágrimas que não derramei mas que nunca as desperdicei por mais ninguém Soluço no passado que voltei e lá não te encontrei Você se foi sem dizer adeus apenas partiu sem se despedir Prá onde foi...não sei Mas sei que teve um tempo em que a gente andava juntos Agora você é só lembrança desse tempo que passou Não chorei o que devia Travei de raiva talvez Só o que sei é que não chorei Ainda escuto quando chega Mas é só minha impressão Escuto seus passos pelo chão E as vezes ouço você sorrir Meu choro é contido lágrimas que caem escondido Não sonho com você Não quis te ver partir Juro que pensei que éramos infinitos Não achei que fosse te perder E pensar que eu não quis te ver...
Numa estrela no céu que pisca Eu vejo o seu olhar A me buscar na areia da praia Molhada pelas ondas do mar Desenho seu nome num coração Meu nome rabisco ao lado seu Somos os dois alí...de mãos dadas Num beijo apaixonado Dentro do coração...de areia Imaginação, fantasia, sonho meu Poderia compor uma canção Na beira do mar para te amar Poderia ser verdade essa ligação Mas a onda do mar apagou minha ilusão O mar levou o meu amor...
O muleque tá na rua tentando conseguir o seu trocado É negro É subnutrido E vai vender bala no sinal Mas dá de cara com o policial Corre então pro outro sinal Muleque da favela Com piolho na cabeça Posso até comprar a bala dele Mas no mangue vou jogar Muleque de mãos sujas Essa bala não dá para chupar Sou Patricinha assumida E tenho que comprar Senão ele me arranha o carro Que acabei de comprar Cadê o policial? Ficou lá no sinal... Periga eu não querer E ele outra bala me oferecer É, ele vai me ameaçar É muleque da favela Com piolho na cabeça O que tem a perder? Vou comprar as suas balas Tô sem trocado aqui tá na paz, te dou um galo Não quero troco Não sou boazinha Eu quero é me mandar Prá longe desse muleque Cadê o policial? Ficou lá no sinal... E o muleque da favela Com piolho na cabeça Vai me extorquir Meu galo vai voar Legal, depois papai me manda outro Cadê o policial? Cidade sem lei Muleque da favela Desce o asfalto Com piolho na cabeça Vai uma bala aí?
Ah...noite longa que me consome na solidão do quarto vazio No esvaziar do copo sem fim No perceber do meu abandono Na melancolia a que me entrego Nas horas que se arrastam sem pressa E que eu não consigo dormir Por não ter você comigo Por não saber onde está Por não poder amar você... Ligo a tv sem conseguir ver A tela embaralhada não faz sentido Uma música fala de amor... Não, eu não quero ouvir Você entrou na letra para me fazer sofrer Noite fria insistente Não passa e não te larga Vai embora, me deixa em paz Outro copo, a bebida, a solidão Vou deitar...você não está lá Sonhar, nem pensar Me irrito comigo mesma O dia vai amanhecer...
Mudança Lambança Falação Contestação Confusão Aberreção Reclamação Destoação perdão difícil Pedir Soberba Orgulho Verdade Mentira Sim Não Ser Estar Acabar Perder Morrer Sentido Fazer Ou não Comum Unidade Conjunto Sociedade Comunidade Real Virtual Música Vinúcius Poeta...
Tristeza que sinto É minha, não é de ninguém A dor que sinto Só eu posso sentir Não quero dividir Só o direito de sentir Sem de imbecil ser chamada Sou assim Pateticamente amiga Me deixo envolver E não gosto de ver Amigos gladiadores Estragando amizades Por puras bobagens Mas sou eu quem acho Não posso fazer nada Que façam o que lhes apraz Eu me afasto Me recolho Vou curtir minha tristeza Vocês não são os primeiros E infelizmente Não serão os últimos Tristeza...
Comunidade Palavra de difícil classificação É feito família virtual Em comum: talvez Vinícius Mas nem mesmo ele é unanimidade Também o que interessa isso Visto que toda é burra Mas foi aqui que encontrei Pessoas que aprendi a admirar E algumas, mesmo a amar Nomes, não dá para citar Mas algumas, impossível não falar Lu é a número um Flor, a menina do coração Dri, Kity e Juninho, meu carinho Day e Will, dois amores meu Fatinha é sinônimo de alegria As irmãs Miguel, quanta beleza Amália, por Baco Dan, Gi, Silvia, Helenas, Jane André(s), Everaldo, V., Sir Vera, Sabrina, Ellen, Tamy Bernadete, Raquel, Mel, Kel e Bel Fabii, Naide, Karla com K Angélica, Castilho, Adib Lena, Fa baiana, Luma Fernando, Heberth, Regina Ziza, Biiaa, Ju, Rô, e o Escolhido Cláudio, Carlinhos, Edu Fao e F a T al, Rê, Roberto Nossa!!! Quanta gente! Claro que vai faltar Mas não pude me esquivar Comunidade é isso aí Sem esquecer do meu amigo Gui E da linda Adri Quem sabe a gente não consegue De novo se unir??? Quem eu não citei Por favor não se melindre São tantos nomes a lembrar Quem sabe numa outra Eu não vou citar você Beijo fraterno a todos Que dessa comunidade participar Foi um prazer te conhecer!
Nelson Rodrigues apregoou as sandálias da humildade, e o valente guerreiro da Paraíba, as invés de calçá-las, as tirou e transformou em santo o território que sempre o cercou. Limpou seus pés e direto da longínqua Paraíba ele se encantou com o time tantas vezes campeão. Sofreu no Rio de Janeiro, enquanto bravamente estudava para se tornar um doutor advogado. Longe da família, sozinho na cidade grande, que faz dos Paraíbas retirantes deslocados e por vezes abandonados... Mas o valente persistiu, foi guerreiro e resistiu. Lutou bravamente e tirou o seu diploma, agora só faltava a companhia de uma Dama que o orientasse e lhe desse apoio na labuta, além dos frutos da união. O bravo guerreiro nunca foi de muitas voltas, sabia bem o que queria, escolheu a sua amada e ela também o escolheu, no fundo eles já estavam designados um ao outro a pelo menos 20 minutos antes da criação do universo (como diria Nelson Rodrigues). Agora sim, o território do guerreiro estava santo! E ele não mais permitiu que se entrasse de sandálias e sem que limpasse os pés. Mas apesar do gênio forte, o guerreiro sempre teve bom humor e isso ele ensinou aos frutos do seu amor. A doçura e a justiça, que ele tanto estudou, aos filhos ensinou. Mas o tempo passa e faz o valente paraibano, que na Capital(Brasília) foi se instalar ao decidir que lá seria o lugar para a sua família criar, acabou surpreendido pelo corpo não tão forte quanto a personalidade do valente lutador, e um AVC o fez tombar. O homem forte, procurador que por direito foi o cargo que conquistou, agora foi acometido pelos limites que o corpo tem. E não bastasse isso, o alzaimer veio corroer-lhe a mente brilhante que o fêz vencedor. Mas agora é tarde, e ele sorri zombando do destino, sua peleja já foi vito- riosa! Já deu aos filhos o território santo que almejou. Ensinou-lhes a serem justos com doçura...A tirarem das pedras no caminho o MEL que se esconde entre o fel... Agora o velho valente guerreiro espera com bravura o final da sua peleja, com a certeza orgulhosa de que sua vida não foi em vão, foi sim o exemplo de como santificar o território que ele construiu e que de legado seu ao mundo deixará... E que ninguém se entristeça quando ele partir, porque um guerreiro valente precisa da liberdade da sua alma forte e inabalével para ser feliz, e não de um corpo frágil e limitado que já não suporta a sua força e sua luz... A peleja foi vencida, parabéns nobre paraibano Tricolor!
Fui criança encapetada, daquelas que deixava a mãe com os cabelos caindo de tanta preocupação. Roubei legumes e frutas nas feiras livres, briguei na rua com outras crianças, me achava invencível e que podia tudo. As surras que levava eram de varas, que se não de marmelo, de amoreiras, que mamãe des- fiava-me nas pernas finas e longas. E mesmo assim, mal saía de uma surra, já entrava na fila da próxima. Pulei muro de escola para fugir da aula, e quando chegava em casa, a fichinha de ocorrência já estava assinada e a vara me aguardando. Roubei manga no pé no quintal do vizinho e rasguei as costas no arrame farpado ao fugir do tiro de sal que ele enfurecido, tentava(?) acertar. E como era bom nadar no rio escondido dos meus pais, e depois encontrar uma desculpa esfarrapada para justificar a roupa e os cabelos molhados. Já fiz cópia da chave do carro do meu pai, para passear enquanto ele trabalhava, sem me lembrar que só tinha 10 aninhos. É, eu já fui feliz intensamente, mesmo sem saber que estava sendo. Não que eu seja infeliz, mas ser criança é ter o poder de ser feliz sem ter obrigação de ser. É estar bem próximo da completa felicidade. Pena que a gente só entenda isso depois da infância perdida...
Não direi: Que o silêncio me sufoca e amordaça. Calado estou, calado ficarei, Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam, Se represam, cisterna de águas mortas, Ácidas mágoas em limos transformadas, Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi: Que nem sequer o esforço de as dizer merecem, Palavras que não digam quanto sei Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas, Nem só animais bóiam, mortos, medos, Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi, Crispadamente recolhido e mudo, Que quem se cala quando me calei Não poderá morrer sem dizer tudo.
José Saramago ********************************************
Agora é Saramago... Em outra língua que falas Ficou seu legado mas nunca calado.
Consumiram você represaram tuas águas que jorravam cristalinas em versos Calou-se a voz.
Será mesmo que não dirás? Não José a braveza nossa é compreensível mas sabemos que merecem mesmo sem te conhecerem...
No limo dos incultos Se arrastam palavras chulas Se enterram a poesia no lodo, no limbo do poço escuro
E de onde estás, dirás, agora sim calado e mudo que quem se cala quando calastes Não morreu sem dizer tudo.