quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

QUIMERAS PARALELAS


Então vens
Com fotos de fatos
Ruindo minhas bases
Transformando em escombros
Meus sonhos de amor

Rasgas minha ilusão
No rastilho da realidade
Nua e crua
Em fotos dos fatos
Que destroem meus sonhos

Ressurges do nada
Feito a fênix altaneira
Me fazendo voar
Na ficção de quimeras
Espatifadas no solo

Radical em meus extremos
Me dispo de tudo
Me jogo dramática
Feito Ícaro derretido
Ao sabor do sol

As fotos dos fatos
Ou quase isso
Já que o fato também
É quimera e fantasia
Clicada em fotos

Me fazem sofrer
Por não serem  meus
Os fatos das fotos
Inventados e criados
No lúdico de um amor

Essa incerteza dos fatos

Destilada em fotos
Embaralha meu foco
Impulsionando o mergulho
Do meu desespero

O nada me aguarda
Num vazio pesado
Onde o silêncio impera
E a luz se apaga
Sem mais perspectivas


(Nane-14/12/2016)









quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

MAR DE INCERTEZAS



Navego
Por águas profundas
De um mar infinito
Onde dúvidas e tormentas
Me assustam e me assolam

Procuro
Por uma mão amiga
Que me ampare e me conduza
Para um mar sereno
De águas claras

Ouço a música
Nesse exato momento
Que embalou meus sonhos
E me fez mergulhar
Nesse mar infinito

Eu tinha essa mão
Que agora largou da minha
Me deixando à deriva
Nessas águas turbulentas
Em meio à tempestade

Navego
Sem um porto seguro
Sem descanso nenhum
Nesse mar de dúvidas
Onde o certo e o errado
Se confundem e se misturam

Sou eu quem existe
Ou quem vive em mim
Tomando um espaço tão amplo
Afogando minhas certezas
Nesse mar em que navego

(Nane-08/12/2016)


quarta-feira, 30 de novembro de 2016

TÁ DOMINADO


Chafurda na lama tua honra
Seres de boa vontade
Teu cálice sujo de sangue
Mata a tua sede de poder

Vagueia o povo humilhado
Pelas vielas de um país
Que quer ser nação
Mas pensa com o coração

A ralé solta no Coliseu

Se empurra, repuxa, dominada
Não tem para onde correr
Entregue às garras dos leões

Nada mais há para fazer
Nada mais há que lastimar
Nada mais há que temer

Nada mais há que pensar

Explode o coração
Num jato arterial
Incontido e furioso
Num último suspiro

Povo pacífico e controlado/avel
Estouro de boiada

Esmagam os leões
Bebendo (em seus cálices) o sangue derramado

Nada mais resta a esse povo
Nada mais se espera desses seres
Que na insaciável sede de poder
Faz do povo arma de matar

(Nane-30/11/2016)


terça-feira, 29 de novembro de 2016

MARITACAS

Vou em busca da fruta
Para o suco do almoço
Mangas maduras e doces
Amoras vermelhas e suculentas


Estridentes gritos me assustam
São elas demarcando a área
Então paro para olhar
Esquecendo do almoço e do suco

Gritam alto e forte

Como a agradecer
O "pão de cada dia"
Que a natureza oferece

Na geladeira tem suco de caixinha
Depois eu faço um

O almoço está servido
No alto da mangueira

A graviola também se oferece

Como sobremesa
Deixa que elas se refestelem
Com o sabor da fruta fresca

Dou meia volta para casa
Amanhã volto ao pomar
E se elas permitirem
Colho frutas para o suco

(Nane-29/11/2016)


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

UM BRINDE



Embebedei-me hoje
E bêbada, digo o que penso
Feito o "Nezinho do jegue"
Lá no Bem Amado

Amanhã estarei sóbria
Envergonhando-me dessa postura
Ou quem sabe, beberei mais um pouco
Para que o final da semana seja ébria

A cova está aberta
E o prefeito quer inaugurar
O álcool embaralha as palavras
Enquanto eu tonteio

Você!
Visão embaralhada

Mantida em minha retina
Esculturada e sem saída

Escarrar você de mim
Feito uma gripe em final de estação
Sem que não venham me desejar saúde
No espirro de você

Visão nova ou de tempos atras
Tanto faz
Não te tenho e tu me tens
Isso, para mim...é demais

Brindemos!

(Nane-25/11/2016)

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

PARADIGMAS



Esperam de mim
O que não tenho para dar
No entanto eu dou
O que resta em mim

Vontade não falta
De uma íntima revolução
Mas os que esperam de mim
Ainda precisam de mim

Santa não sou
Puta, não posso ser
Não disponho do tempo
Nem do corpo desejável

Paradigmas de vida
Perseguidos, mas não vividos
Me levam ao topo
Das minhas heresias

Talvez só me resta ser eu
Na mais pura de minhas origens
Poeta que rabisca o dia a dia
Tentando fazer poesias

Nada comparado aos imortais
Nem Drummond, nem De Barros, nem Meireles
São apenas versos acidentais
De Nane, apenas Nane

Paradigmas de uma vida
Dividida entre o ser e o estar
Entre o sonho e o feijão
Semeados no céu e no inferno

Espero para mim
O cumprir da missão
Do que esperam de mim
Até o fim...

(Nane-23/11/2016)



segunda-feira, 14 de novembro de 2016

TÚNEL DO TEMPO



Olhos que veem o que não existe
E tornam real o inexistente
Voz que ritmada declama o amor
Sonhado, imaginado, rendido

Mentira subjugada à verdade
De sentimentos revirados pelo avesso
Onde o certo e o errado se misturam
Apagando um antes e um depois

Ícone de vidas paralelas
Moldando um jeito de ser
Deixando para trás um alguém
Que já não existe mais

Na verdade imperante e suprema
Restou a piedade sob a pena
Da exclusão da mentira insana
De um sentimento pleno e verdadeiro

Falar, falar e não dizer
Palavras jogadas ao vento
Onde os ouvidos são túneis 
Passando de um lado paro o outro

Escutam, mas não ouvem
Como os olhos que veem sem enxergarem
Que o real se extingue na quimera
Enquanto a vida passa sem volta...

(Nane-14/11/2016)

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

MONOTONIA


Não, não sei o que fazer
Além de ver passar o tempo
Acomodada em minha sina
Prisioneira de minhas escolhas

Lastimar já não me seduz
Gritar despropérios fez enrouquecer
Ainda mais a minha voz
Agora emudecida

Restam-me os dedos
Que rabiscam (ainda) ligeiros
Sentimentos contidos e escondidos
Guardados, lacerados

Gritos, só no meu íntimo
Que conhece minha fragilidade
Socorrendo a menina perdida
Em sua armadura de fortaleza

Tempo há de vir o descanso
No encontro do ser e do estar
Quando finalmente a menina se encontrar
Com seu direito de sonhar

Por enquanto resta a batalha
Que sou obrigada a lutar
Arregaçando as mangas da armadura
Esquecendo minhas amarguras

Na poesia, meu oásis
Refresco dos meus dias
Escaldantes ou frios
Determinantes, iguais...

(Nane-11/11/2016)

terça-feira, 8 de novembro de 2016

A VIDA CONTINUA



Ah...meus olhos de verem
Não vislumbram mais
O ouro no final do arco-íris
Onde adormece a quimera
Embalada pela realidade

O tempo
Esse mero espectador
Olha sem interferência
Coisas certas e erradas
Passando impoluto
Sem nenhuma ansiedade

Na terra molhada pela chuva
Germina a semente incrustada
Pronta a eclodir para a vida
Sendo flor, fruto, e morte
No ciclo que lhe foi determinado

Sou eu formada no tempo
De um passado, um futuro (talvez)
Mas presente no meu presente
Enquanto ciclicamente vou vivendo
A parte que me toca

A chuva e o sol
Se fazem necessários
Em fotossínteses e fertilizantes
No círculo desse circo
Que é nascer, viver e morrer

Deixa chover
Que o sol logo virá
A noite sempre dará lugar ao dia
Morra eu, morra você
A vida continua

(Nane-08/11/2016)

terça-feira, 18 de outubro de 2016

UM FRASCO DE POESIA


Fujo
Em minhas palavras
Rimadas e ordenadas
Na minha prisão
Buscando na poesia
Caminhos que me levam
De encontro à liberdade

Finjo

Viver, ser e ter
O que não me foi permitido
E no entanto é tão meu
No meu mundo de poeta
Sem limites nem barreiras
Que me foi entregue em dom
Da mais livre imaginação

Vivo
Meu duplo sentido
Sem me fazer entender
Em nenhum dos lugares
Por onde ando e sonho
Confundindo e confusa
Na liberdade da minha prisão

Penso

No volátil etéreo
Prendido e pesado
Perdido e achado
Em meio a inconstância
De seres diversos
Num só frasco

Fujo
Enquanto finjo
Vivo
Enquanto penso...

(Nane-18/10/2016)




domingo, 16 de outubro de 2016

NOVA LUA CHEIA

Olho a lua e vejo nada, ou tudo!
Um brilho diferenciado dos demais dias...

Talvez seja o meu olhar.
Procuro em vão um brilho que vai se apagando
na imensidão do firmamento onde se aloja ela (a lua), com quem tantas e tantas vezes falei...

Se ela me ouviu ou não, não sei. Pouco importa isso, o fato é que falei.

Foram tantas as conversas, que por muitas vezes
a ouvi responder. Foram tantos os motivos para que eu a transformasse num ombro amigo, disposto (ou não) a me escutar, que me tornei íntima (embora ela não) de seu brilho prateado...

Hoje ela veio cheia!
Quem sabe de reflexões, ou mesmo de certezas?
Olhei-a de uma forma estranha, como se fosse

a primeira vez que a visse...
Não ouvi meus "uivos" lamentosos de outrora.
Tão pouco meus sonhos das noites enluaradas.

Quem mudou fui eu, ou foi a lua?

As nuvens a circundam formando um portal
donde ela, resplandecente, brilha incólume!

Vasta beleza na noite quente e iluminada

feito as que vivi em tempos idos.
Era uma lua de poetas e amantes!

Serena e linda como nunca,

a lua cumpre seu desígnio de brilhar
independente de tudo ou de todos,
até mesmo do tempo soberano,
segue ela imponente, em fases ímpares de pura sabedoria,
brilhando, se ocultando, vivendo sem pressa nenhuma
e ensinando quando é chegada a hora de se...apagar.

(Nane-16/10/2016)


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

ATORMENTADA


Atormentada
Na treva interior
Tremilicando
No submundo gélido
Enraizado num inverno
Que não acaba nunca

Gritar não adianta mais
A voz sumiu e a garganta estourou
A noite é longa e fria
O sol de primavera se extinguiu
Só um corvo agourento
Faz um barulho melancólico

Danem-se todos os certinhos
A vida é uma loucura
O mundo um hospício
A mágoa, sepultura
Se abrindo lentamente
Sob os pés se quem a cava

Atormentada sem perspectiva
Minha cova quase pronta
Aquecendo com o exercício
Esse inverno constante
Vindo da mais profunda entranha
Da minha mente adoecida

E de que flores vou falar...

(Nane-22/09/2016)




terça-feira, 20 de setembro de 2016

RUMO AO HORIZONTE

Olha resoluto o horizonte
Caminhe sempre ao seu encontro
Mesmo sabendo que ele é mais além
Do que possas, de fato alcançar

Persista em seu encalço
Para que não corras o risco de parar
Na caminhada a ti destinada
Na missão que tens por obrigação

Transforma em troféus as tuas dores
Faça ouvidos de mercadores
Se entregue com todas as tuas forças
Caminhe em riste com teus pés sangrentos

Teu horizonte se aproxima
Ainda que não real
Mas como um oásis no deserto
Onde por certo descansarás

Desnude-se de todos os demais desejos
Mantendo seu foco principal
As dores logo se aplacarão
Na caminhada terminada

Faça do teu avesso, tua alma
Respire teu pouco ar
Prensado e pesado em teu corpo
Já tão debilitado e cansado

Fixe-se no teu horizonte
Onde levitarás sem peso nenhum
E teus pés não mais sangrarão
Nem teu corpo, peso nenhum, terá

Agora falta pouco
A linha se aproxima
Não se preocupe com a despedida
Vá, sem olhar para trás

Desfaça-se de teus outros desejos
De todos os teus amores
Desapegue dos teus pesos
E voe livre rumo ao teu horizonte

(Nane-20/09/2016)



quinta-feira, 15 de setembro de 2016

VIDA BREVE


Vida breve
Breve vida

Hoje sou
Amanhã não mais estou
Levado pelas águas
Encantado nas profundezas
Vida breve
Breve vida

Hoje rabisco
Amanhã me calo
Restará o quê
Nas poesias emudecidas
Que talvez serão rabiscadas
Nalgum lugar obscuro
Ou quem sabe, iluminado


Poesias que não mais terão eco
E ninguém mais lerá
Além dos vermes vociferados
No banquete de minhas carnes
Dos dedos desnudados
E da garganta mutilada
Por eles, esfomeados

Vida breve
Breve vida

Que hoje observa sem saber
Seu final apoteótico
Podendo ser na madrugada
Ou no amanhã ensolarado
Nas profundezas de um rio
Ou na boca de um vulcão

Resta o vazio da incógnita
Que reserva o futuro
Bebo e brindo à vida
Que me resta no agora
Sem me preocupar se meus olhos se abrirão
No amanhã...ou nunca mais
Nesta nossa vida breve

Nesta nossa breve vida

(Nane-15/09/2016)


PÁSSARO MIGRANTE

Te fiz luz dos meus dias
Sol que me aquece
Lua que me me ilumina
Estrela que brilha e me conduz

Te vejo assim, além daqui
Em planos que tracei pra mim
Em outras vidas, outros tempos
Pagando o preço da minha solidão

Pouco importa meu desassossego
Posto que a fé remove montanhas
E sei que nada ou ninguém
Vai tirar você de mim

No voo de um pássaro migrante
Te vejo distanciando de mim
Em abraços e afagos constantes
Sabendo que sou eu seu pouso final

Corrói-me o ciúme lacerante
Acalmado na sua ausência
Num tempo de profunda reflexão
Acarinhado por sua volta triunfante

Brilha então, intensa a sua luz
Feito o sol que me aquece o coração
Esqueço toda a minha desventura
E sorrio simplesmente por te ver sorrir

Sou eu assim sem você

Perdida e sem rumo
Observando seus voos
Aguardando seu pouso final

(Nane-15/09/2016)





quarta-feira, 14 de setembro de 2016

NÁUSEAS

Vomito palavras
Reviradas em meu âmago 
Sem me importar com as rimas
Ou com algum nexo

Saem de mim
Feito vermes das feridas
Expulsos por glóbulos  brancos
Incomodados com a infecção 

Latejam em minhas têmporas 
Como pancada em tamborim
Em noite de desfile
Da bateria de uma escola (de samba)

Fervem meus sentidos
Feito lava de vulcao
Resfriada e empedrada
Pelo tempo inócuo e incólume 

Estragos só em mim
Que sinto o fervor escaldante
Da lava do vômito  lacerando minhas entranhas
Petrificando meus sonhos

Vomito todo o fel contido
E me afogo em meu próprio  vômito 
Azedo e por mim incontido
Nas entranhas do meu ser

São palavras sem nexo nenhum
É  poesia sem prosa nenhuma
É  tempo perdido com coisa alguma
São  dores sem remédio  que cura

(Nane- 14/09/2016)



POESIA DE GARRAFA

Dê-me um copo de cerveja
E um cigarro entre os lábios
Para que a poesia se derrame
E se funda com meu sangue

Dê-me uma música qualquer
Que mexa com minha emoção
E eu viaje em suas notas
Refazendo sua letra

Dê-me o tempo de sonhar
Sem importar se é noite ou se é dia
Para que eu possa transformar
Utopia em poesia

Dê-me só o seu sorriso
Nessa noite quente e enluarada
Para que eu durma embriagada
Em versos compostos na madrugada

Dê-me o perdão dado aos poetas
Que insistem em rimas pobres
No afã de se fazerem notar
Aos olhos cansados de os lerem

Dê-me um copo de cerveja
Que se nada disso adiantar
O cigarro vai me acalmar
E eu, vou dormir com certeza

Seja noite ou seja dia
Nos braços da minha...poesia

(Nane-13/09/2016)


sábado, 3 de setembro de 2016

HARRY

Hoje sonhei com o Harry, um sujeito que imaginei parecido com o Christian Grey, e no entanto, em meu sonho, seu sotaque, seus traços, estavam mais para um cabra da peste nordestino. Sua lábia de poeta lascivo me seduziu e fez da minha noite, a noite dos sonhos de toda mulher que, recatada, enrusti em si a puta depravada, capaz de enlouquecer o mais fodão dos homens.
Harry bem que tentou fazer de mim a própria Anastasia, mas me pegou num dia (ou noite) de possessão e fiz eu, dele, objeto de minhas frustrações sexuais, atiçadas pela libido acesa e pulsante.
E pensar que eu só queria, naquele bar de beira de estrada, tomar uma cerveja...
- A moça ta sozinha?
- Ta vendo mais alguém?
O cabra nordestino, pouco ligou para o meu mal humor e se "aboletou" na cadeira de frente com a minha, desatando a falar em versos e prosas...
A cerveja, que a princípio seria só uma, se multiplicou e quando dei por mim, havia cascos entulhados por toda a extensão (debaixo) da mesa. O filho da puta me enrolou com sua conversa mole e me levou para um quarto de motel.

Ri, já completamente embriagada, do seu nome de estrangeiro e do seu sotaque de nordestino (e o que é pior, sua cabeça chata também é de nordestino). Ri, como nunca houvera rido antes, com seu palavriado flutuando entre o chulo e o culto, e seu olhar esbugalhado e fulminante, me despindo e me comendo sem nem mesmo me tocar.
Tremi, com suas mãos habilidosas, me enlaçando e me apertando num abraço que me pôs de encontro à dureza de seus desejos, que também já eram os meus...
Dissipou-se a fumaça dos cigarros relaxantes, enquanto sorrisos se extinguiam em mais uns goles de cerveja (quente). Harry não era Christian Grey, nem eu Anastasia. Mas a noite...ah, a noite!
Em meu quarto ainda escuro, despertei com o suor que ensopava meu corpo e encharcava o lençol...quem é Harry???

(Nane - 03/09/2016)

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

9 DE SETEMBRO


Lá vem outra primavera
Trazendo o canto dos pássaros
Esfomeados pelas frutas da estação
Em busca do calor dos trópicos

Lá vem meus anos acumulados
Num final de estação
Que pensei ser primavera
Mas que nunca passou de um inverno

Quando entrar setembro
As boas novas não virão
Mesmo que eu plante no chão
Sonhos de notívagos embriagados

Já foram tantas as estações
Que juntas somaram anos a fios
Resumidos numa última década
Resiliente da sapiência do entender

Falo por metáforas tão minhas
Verdadeiras e nem tão misteriosas
Onde quem não pode entender
Também não é digno de me conhecer

Deixa falar por mim a estação
Que se anuncia à minha aparição
Neste mundo de pura embromação
Que pensei ser primavera o que é inverno

Lá vem os pássaros famintos
Em busca das frutas e do sol
Lá vou eu perdida em pensamentos
Do que fui, do que sou e do que poderia ser

Abrem-se as flores
Impávidas e resolutas
Pouco se importando se é do inverno
O tempo digno de mais uma primavera

(Nane - 31/08/2016)





segunda-feira, 29 de agosto de 2016

REFÚGIO


Refugia-te na tua insanidade
Esquecendo frustrações
Ingratidão, desânimo, decepção
Do tanto plantado e na terra, ressecado

Foge, da tua realidade
E viva em devaneios
Que por vezes até vislumbro
Mas nesse mundo, não entro

Ataca, teu próximo
Que tenta te prover
Mas te chama à realidade
Sendo isso o que incomoda

Deixo-te insana
Vivendo tuas quimeras
Do que jamais será
Mas ainda é, em ti

Por onde andas
O que tu faz
Incógnita sem razão
Lógica do coração

Refugia-te então
Na tua insanidade
Enquanto falta-te a liberdade
De voltar a ser o que já fostes

Canta teus cantos de louvor
Segura na mão do teu Criador
Chora tuas lágrimas que ardem verde
Sorria na tua insana fantasia

(Nane-29/08/2016)

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

ANJO GUARDIÃO

A njo, Angélica
N ome algum definiria melhor

G ente luz e protetora
E spalhando amor
L evando esperança e dignidade

Seu nome veio a calhar
Na enfermeira das crianças

Na professora orientadora
Na protetora dos animais
Mulher de fibra e destemida
Conduzindo vidas desvalidas
Dos bichos abandonados e desgarrados
Por ela, eternos apaixonados
Mãe de tantos degredados
É por eles abraçada
Quando o brilho de seus olhares

Demonstram toda a sua gratidão
Hoje sou eu a te reverenciar
Por todo o bem que fez e faz
Mesmo sabendo que não terá reconhecimento
E que isto é só parte da sua missão
Te acham louca e sem ter o que fazer
Por cuidar, correr e recolher
Dos seres rejeitados pela sociedade
Cansada de brincar de cuidadores
Parabéns anjo querido

Pois só quem ama os animais
Tem a grandeza na alma que tu tens
Sem se importar com a opinião de ninguém

*Meu respeito e meu carinho por vc!

(Nane-26/08/2016)




quinta-feira, 25 de agosto de 2016

FLECHAS CERTEIRAS



Mergulhei em ti
Num passeio solitário
Revendo coisas que vivemos
Ouvindo coisas que dissemos

Fui em busca dos momentos
Em que nos achamos e nos perdemos

Na tentativa de entender
O que é apenas para sentir

O lirismo sempre existiu
Apenas mudou a poesia
O poeta, a musa, o leitor
São contos de páginas viradas

A boca ressecada pela sede
Faz líquida a felicidade a ser sorvida
Na taça do cristal embevecido
Por te matar a sede enfim

Sem culpas ou desculpas
Caminhei e te revirei do avesso

Em busca de uma nova tentativa
De um destino premeditado

Mas ouvi flechas certeiras
Rasgando minhas entranhas
Com palavras inerentes
De arqueiro decisivo


Desistir não posso, não está em mim
Pedante e pedinte, também não mais
Voltei à tona de ti

Vou mergulhar em outro mar...

(Nane-25/08/2016)



terça-feira, 23 de agosto de 2016

PRECE DO DESESPERO


O que faço  com essa coisa no peito
Que não sei definir
Se dor, ardor, ou bolor
Mas que pesa, sufoca e desespera

Rezo pra Santa
Mas o copo na mão
Me faz errar as contas
Do meu terço bizarro

Deus, ouça a minha prece
E perdoa meu hálito
Me perdi no meio do caminho
Ja nao sei do certo e nem do errado

Eu tinha um barbante na mão
Mas perdi o fio da meada
Restou-me o copo na mão
E o minotauro pronto a me devorar

Misturo alho com bugalhos
E sei que pouco valho
Mas Deus, livrai-me desse desassossego
Que me consome e me embriaga

Nada mais ouso pedir
Na prece que tento terminar
Antes que essa coisa no peito acumulada
Exploda e me aniquile

Pesa-me a respiração
Cheirando a fumaça e álcool
Dos tocos dos cigarros fumados
E das cervejas pela goela deglutidas

Só  um pouco de paz
É  o que peço  nessa prece distorcida
Afasta de mim esse cálice
E tira tudo isso de mim

Amém.

(Nane - 23/08/2016)

O JOGO DA VIDA

Uma foto, um jogo
Uma marra, uma rede (social) antiga
Um desaforo, uma pirraça
Um encontro, uma eternidade

Fugaz empatia
Virando versos de poesias
De uma linda amizade
A quilômetros de distância

A marra virou simpatia
A foto ficou na retina
A distância (física) permanece
A amizade fez dos corações, moradia

O jogo foi vencido
O troféu foi meu e seu
As cartas estão na mesa
Sigamos juntas...vencendo

*Parabéns minha grande amiga!


(Nane-23/08/2016)

POESIA MORTA


Só  o que eu queria
Um minuto só do seu dia
Uma palavra só
Um sorriso só

A eternidade contida
Na imensidão do infinito
Num só minuto
De só um dos seus dias

No entanto se cala
E nada me diz
Tão pouco me olha
E se sorri, é por sarcasmo

Teimo em aguardar
Um gesto único
Tentando interpretar
O que não me diz respeito

Palavras vãs me ditam a escrita
Perdidas em rimas também vãs
Transformadas em poesias opacas
Perdidas em prosas só do autor

Não levantam voos
Não se perdem no ar
Morrem no fundo da garganta
Ou criam bolor no fundo da gaveta

São poesias direcionadas
Sem respostas, ignoradas
São poesias mortas
De um poeta moribundo

Só o que eu queria
Um minuto só do seu dia
Uma palavra só
Um sorriso só

(Nane- 23/08/2016)


sábado, 20 de agosto de 2016

SALVADOR, TERRA DO AMOR (JANE CARVALHO)

Salvador, Salvador
Terra  do amor
De gente bonita pra caralho
Feito essa tal Jane Carvalho

Me perdoe o palavrão (era preciso)
Não pela riminha
Já que uma palavrinha
Não expressaria essa explosão

Mulher das artes
Mulher da justiça
Mulher da casa
Mulher da Bahia

Salvador, Salvador
Terra das medalhas
Orgulho do boxe e da canoagem
Presentes para ti (Jane) com louvor

Sensualiza Salvador
Nessa mulher faceira e linda
De um sorriso encantador

E lume na aura advinda

Orgulhe-se São Salvador
De ser berço desta tua filha
Decantada em flor e poesia
Encantando o nosso dia a dia

*Parabéns Jane Carvalho!

(Nane-20/08/2016)










terça-feira, 16 de agosto de 2016

INSTANTES


Aprendi com o palhaço do Boll
A importância dos instantes
Sejam eles reais, ou su
São o que nos moldam a vida

Sorri ao amanhecer
Por ter passado a noite com você
Se sonho ou fantasia, pouco importa
Foram instantes de alegria

Teu corpo abraçando o meu
Tua voz sussurrando em meus ouvidos
Teu cheiro inebriando meu espírito
Fui feliz a noite inteira

O dia agora está vazio
O sol lá fora me perece nublado
O instante não é de felicidade
Mas é o meu instante a ser vivido

Coleciono todos eles
Guardados dentro de mim
Por vezes revivo os mais felizes
E faço adormecer os entristecidos

Meus instantes são todos meus
Com ou sem companhia
Vivo-os tão intensamente
Enquanto os tenho para viver

Aprendi com o palhaço do Boll...

(Nane - 16/08/2016)

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

DIÁRIO SECRETO

Perdoe a invasão
Nas escritas secretas
Tão suas

Li, e algumas reli
Nas madrugadas insones
Que tinhas por companhia, a caneta

Chorei com algumas
Sorri com outras
E te ouvi de novo

Revi teus trejeitos
Do jeito que falavas
Quando conosco "brigava"

As preocupações que te rondavam
E te fizeram perder o sono
Em tantas noites mal dormidas

O medo tão explícito
De uma perda qualquer
Dos seres tão amados

A dor te consumindo
No fato consumado
A fé te reerguendo

A saudade mutilando
Os tempos idos do teu lado
Agora em folhas, relembrados

Não dissemos tudo
Não há mais nada a ser dito
Só o silêncio sepulcral

Chove, uma chuva fina
Como nas muitas madrugadas em que escrevestes
As linhas de tantos anos que descobri/e li

Perdoe a invasão
Nas escritas secretas
Tão suas...

(Nane-15/08/2016)






quinta-feira, 11 de agosto de 2016

PORCELANATO

O teu silêncio me fere
Tal qual peixeira afiada
À rasgar as entranhas de um peixe
Expondo suas vísceras fétidas

Havia entre nós uma intimidade

Perdida na arrogância soberba
Calcificada sobre o chão de nossos dias
Achafurdados no piso (novo) de porcelanato

Hoje reflete nesse espelho
A frieza efêmera e delicada
Temente de trincar num passo em falso
Manchando de sangue o piso claro

E o teu silêncio cria em mim uma certeza
Que não tenho mais o direito
De pisar no chão seguro
Por onde um dia caminhei

Meus pés não se adaptaram ao piso liso
E escorregam a cada passo em falso
O desconforto nesse meu caminhar
Separa os caminhos que (um dia) trilhamos juntos

Incomoda-me a tua frieza
E o teu pouco com isso se importar
Já não sei o que dizer
Nem tão pouco em que chão pisar

O teu silêncio me fere
Tal qual peixeira afiada
À rasgar as entranhas de um peixe
Expondo suas vísceras fétidas

(Nane-11/08/2016)

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

INQUILINA DO CORAÇÃO

Da Bahia veio
A menina de Feira
Que um dia, do nada
Em nossas vidas, entrou

Honrando a tradição
Rodou sua "baiana" e ficou
Para sempre entre nós
Mesmo que seja nos corações

Minha mãe por ela se apaixonou
E não a deixa mais sair
Ela, intrusa se alojou
Sem sequer o aluguel (dos corações) pagar

Grita e fala alto o tempo todo
Dorme muito e come pouco
Não desgruda do celular
Mas ainda assim eu gosto dela

Tá fazendo aniversário
Ficando velha sem saber
Só pensa no presente do seu pai
E esquece o tempo que está passando

Doidivanas da porra essa baiana
Que se diz chamar Gabi
E tem a cor de canela
Mas tá mais para a Amarantes

Kleydianne com dois "enes"
Apareceu e é aparecida
Resta então à nós a parabenizar
E só muita felicidade te desejar

(Nane-10/08/2016)


terça-feira, 9 de agosto de 2016

APOLOGIA AO RIO DE JANEIRO

                                                       Taí o tapete vermelho estendido
                                                       Para quem quiser chegar
                                                       O Rio de Janeiro está mais lindo ainda
                                                       E ninguém pode negar
                                                         
                                                      Do VLT ao Redentor
                                                      O Rio abriga e não obriga
                                                      Quem desdenha sua beleza
                                                      E só enxerga a violência

                                                     A pira iluminada
                                                     Sob as bênçãos da Candelária
                                                     Aquece a alma do povão
                                                     Com seus telões na olimpíada 


                                                     Lá do alto do corcovado
                                                     O Cristo agasalha com seus braços
                                                     Do trombadinha ao ricaço
                                                     Que faz do Rio o seu espaço

                                                    Venha quem vier
                                                    Chegue de onde chegar
                                                    O Rio de Janeiro está mais lindo do que nunca
                                                    E aqui todos são bem-vindos

                                                   (Nane-09/08/2016)










RAFAELA É COISA DE FAVELA

Cidade de Deus é o maior barato
Tem mais uma Silva bem treinada
Enchendo de orgulho os brasileiros
Que dela fizeram pouco

Podia ter sido bronze
Ou até mesmo prata
Mas foi ouro do maior quilate
Pra menina da favela

Nem São Paulo, Minas ou Bahia
Rio de Janeiro, Ceará ou Paraíba
A medalhista é brasileira

Mesmo sendo coisa de favela

O sonho olímpico realizado
Apesar de todo os preconceitos
Passando por cima de todos os obstáculos
O ouro também é coisa de favela

Agora é só ser feliz
Na favela onde nasceu
Encher o peito de orgulho ao afirmar
Que Rafaela Silva também é coisa de favela

(Nane-09/08/2016)



UM CÉU DE QUIMERAS

Numa noite sem lua
Escondida por sob as nuvens
Basta-me o acinzentado do céu obscuro
Para entender a primazia
De se viver por entre as nuvens

Basta-me também o último copo de cerveja
E talvez mais uns cinco ou seis cigarros
Para que eu elucide o emaranhado de palavras
Que rugem no meu íntimo rarefeito
Dosadas pelo índice etílico da cevada

Por onde ande o poeta nas vielas da cidade
Onde a corja se estende no cair da noite escura
Há, ele, de rimar sua ira, seus ciúmes e suas dores
Com a pobreza de seus sentidos prolixos
Na poesia hipócrita pedinte e pedante de um amor...perdido

E numa noite sem lua
Escondida por sob as nuvens
O poeta, sem ter com quem conversar
Escreve palavras oriundas
Da dor curtida e mantida em goles profícuos

Extirpa-se as tripas do poeta
Nas frases não ditas na poesia
Por não poderem serem ditas
Ou tão pouco entendidas
Na noite sem lua e acinzentada

O quinto cigarro aceso
Um último gole de cerveja
As palavras já embaralhadas
Uma lágrima embaçando as letras
Um rosto fincado na retina

Adormece a poesia feito um gato
Solitário, em busca do luar
Que escondido por sob as nuvens,
Mira no seu céu de quimera
Que acredita, ainda estar lá...

(Nane-09/08/2016) 


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

SENHORA DE TRÁS-OS-MONTES


Bela senhora de Trás-os-Montes
Olhando serena as águas do Douro
Embevecida com o odor do Porto
Entre as vinhas celebradas

Tinge de rubro seus delicados dedos
No tinto da fruta de Baco
Enquanto absorta, passeia
Por teu berço esplêndido

Ah...minha cara senhora
De um semblante tão gentil
E o olhar quase infantil
Escondido sob as abas de seu chapéu

Embriaguei-me com teu sorriso
Apenas insinuado
Ofuscando as rosas amarelas
Que te deixam ainda mais bela

Generosa terra do Douro
Guarda contigo esse tesouro
Que aqui, no além-mar
Guardo no coração tua amizade

(Nane-04/08/2016)



LÍRICOS MELANCÓLICOS


Não exijas de mim além do que posso te dar
É sim, infinito o meu amor
Mas meu corpo, já cansado e fragilizado
Não suporta mais os teus desmandos

Eu, no silêncio do meu grito
Tento, com todas as minhas forças
Atender aos teus desvarios
Quando o "se" entra em questão

"Se eu tivesse"
"Se eu pudesse"

"Se eu fizesse"...

O tempo soberano
Levou embora teus poderes
Nada mais podes fazer
Te contentas com o que restou do teu ter

E creias
É bem mais leve do que os meus
Posto que nada tenho
Nada posso e nada faço

Viajas em tuas quimeras bolorentas
Enquanto vivo minhas certezas culpadas
Na intolerância de meus gestos
Metódicos, rotineiros e sem emoção

Meu lírico é shakespeariano
Sem a genialidade do britânico
A ti resta a melancolia
Que nos une numa mesma e triste poesia

Não exijas de mim além do que posso te dar...

(Nane-04/08/2016)



DESAMOR

Triste história a do desamor
Que se despe do amor
Na lápide fria da memória
Esquecida...

Não, não falo do físico
Da saudade que porventura, ficou
Da pessoa que se foi e não voltou
Mas do sentimento que se transformou

O vazio locado onde dantes
Morava o amor
Fazendo do aconchego de outrora
Lugar sem luz nenhuma

A sensação do ridículo
Tomando o espaço que antes
Eram dos sonhos e fantasias
Transformados em poesias

O desenho se apagando
Na retina da tela vazia
Que dantes ocupava por inteiro
Nas formas do amor sentido

Veio o desamor
Calejado e moldado pelo tempo
Despojando tristemente todo o sentimento
Que um dia julguei ser imortal

Triste não é deixar de te ter
Triste é deixar de te amar...

(Nane-04/08/2016)





terça-feira, 2 de agosto de 2016

SÍNTESE DE MIM


Resta-me a essência
De tudo o que fui
Nos meandros da vida
Que vivi

O silêncio mortal
Nos recôncavos vazios
Sem eco nenhum
Assusta e incomoda

Palavras dançantes
Sem som algum
Sem rima nenhuma
Poesias mudas

Coração acelerado...

Resta-me a essência
Que não sei se quero mais
Reconstruir o que fui
Ou só recomeçar

No silêncio de meus recôncavos
Faço paz de meus tormentos
Na solidão que me aprouve
Perdida em mim mesma

Ainda assim...resta-me a essência

(Nane-02/08/2016)


NA LOUCURA FELIZ


Brincando com as palavras
Rimei mamão com coração
Sem nenhuma pretensão
De uma poesia rabiscar

Fiz do seu, o sonho meu
Abrindo mão da realidade
Viver contigo em fantasia
É a minha mais linda poesia

Chamam-me por isso, "louca"
Mas sou "louca" feliz
Melhor te ter assim
Do que perder você de mim

(Nane-02/08/2016)






segunda-feira, 1 de agosto de 2016

TRÊS SAUDADES

Um ano
Dois anos
Oito anos
Bate o coração
Em compasso de saudades

Ficamos nós
Se foram eles
Libertos e plenos
Rumo ao horizonte
Por ora, a nós vedado

Ressoam ainda as vozes
E os sorrisos que deixaram
No convívio de outros tempos
Marcados em cada um de nós
Na lágrima rolada na face

Três saudades pertinentes
Delineando na tela da retina
A presença para sempre fixada
De quem partiu sem dizer adeus
Trancafiados em nossos corações

Um ano
Dois anos
Oito anos
Amores são eternos
E não morrem jamais

(Nane-01/08/2016)

quinta-feira, 28 de julho de 2016

MENINO HOMEM


Olha aí
A beleza da vida
Em constante mutação
Se renovando a cada geração

O menino que vi nascer
Bem ou mal, ajudei a crescer
Agora faz de outro menino
Sua razão de viver

Brincam e brigam feito irmãos
O pai e o filho do meu filho
Que hoje, aniversariando
Continua sendo o meu menino

O pequeno se fez grande
E o menino se fez homem
O homem se faz menino
E brinca de ser criança

É só o tempo passando
E o ciclo se formando
Até o dia que virá 
O filho do seu filho

Se te servi de exemplo (em alguma coisa)
Sirva agora para o seu (filho)
Faça dele seu reflexo
Seja dele, motivo de orgulho

Mais que pai, seja o amigo
Que caminha de mãos dadas
Pela estrada desbravada (por vocês)
Com amor, carinho e amizade

*Feliz aniversário meu filho!

(Nane-28/07/2016)



terça-feira, 26 de julho de 2016

BRIGA DE FOICE


Noção perdida que vai de encontro
Ao peso do mundo sobre as costas
Arriando na demência rotineira
A minha, já imensa insanidade

Secam as lágrimas nos olhos
Avermelhados pelo fogo do inferno
Que cospem faíscas fulminantes
Simplesmente por olharem

O mal e o bem não são antônimos
Apenas companheiros de jornada
Embriagados pelo peso de seus dias
De mãos dadas num só destino

Lúcifer se diz anjo destituído
Enquanto Deus brinca de gato e rato
Misturam-se anjos e demônios
E esperam que eu os classifique

Talvez o teor alcoólico de meu sangue
Afaste todos os vampiros
Quando a luz da lua cheia ilumina
A noite vazia de meus dias

Uma frieza incontestável me abraça
Sem permitir culpas ou desejos
Resta a indiferença com eloquência
Nos dias que passam sem importância

A vida não me sorriu
Tão pouco eu, para ela sorri
Deus e o diabo moram em mim
Deixo que eles se digladiem

E que vença o mais forte

(Nane-26/07/2016)

PARADIGMA

Lavas em ebulição
Nas estranhas do meu ser
Que parco, estremece
Num epiléptico ataque

Vociferam em meus tímpanos
Palavras de baixo calão
Vindas do âmago de minhas vísceras
Por enquanto silenciadas

Queimam as retinas
Imagens projetadas
Pela ira do degredo
Em minhas placas tectônicas

O vômito se aproxima
No já arroxeado esôfago
Sabendo que a erupção
Petrificará o restante

Nada mais importará
Nada mais restará
Nada mais ficará
Nada mais...será

(Nane-26/07/2016)



TRAJETÓRIAS


Histórias que se repetem
Ao longo da vida inteira
Tendo por testemunha
O espelho em que reflete

A neta inocente que sorri
Das rugas de sua avó
E se orgulha de sua mãe
Tão linda e madura

O tempo impoluto
Esculpindo semelhanças
Nos corpos, nos trejeitos
Em todos os cotidianos

Lá fora, brinca a menina
De ser mãe da sua boneca
Lá dentro, observa a avó
Revendo a infância da mãe

E o espelho aguarda
Para mostrar os reflexos
Sem se importar se quem olha
É a neta, a mãe ou a avó

É só vida que passa
Renovada em cada dia
Contando uma mesma trajetória
Só percebida em seu final (que não termina)

(Nane-26/07/2016)

segunda-feira, 25 de julho de 2016

OLHAR ESCONDIDO

Moça menina de Juazeiro
Deixa teus olhos me olhar
Com a meiguice que te caracteriza
Com a voz doce com que acalentas

Não os esconda sob os óculos
Deixe que reflitam tua alma
No brilho franco e tão intenso
Das janelas de tua alma

Moça que a Bahia se envaidece
De te servir por nascedouro
No sotaque gostoso e revelador
Do berço brasileiro

Tome meus versos por reverência
Aos encantos com que me encantastes
Quando de um casual encontro
Nasceu nossa eterna amizade

No dia do escritor
Nada mais justo que rabiscar
A moça de Juazeiro
Que sonho abraçar

Te aguardo ansiosa
Para o abraço reconfortante
Que por certo há de vir
Logo, logo que chegares

(Nane-25/07/2016)

domingo, 24 de julho de 2016

SIMPLESMENTE TE AMO

Ah meu amor...
Deixa eu te amar sem mais além
Pouco importa não te tocar
Basta-me saber que é você

Não, não é loucura
Ou tão pouco doença
É só amor verdadeiro
De quem ama sem se importar de ser amado

Deixa eu sonhar com teus carinhos
Nas fantasias criadas por meu coração
Que se extasia só por saber que o seu bate
Em prol da vida que me faz viver

Tão grande é o meu amor
Que nada ou ninguém pode matá-lo
Nem mesmo eu, que já tentei
Fui capaz de conseguir

Hoje me rendo e me contento
Em te amar no meu silêncio
Que se te fez, pra mim, impossível
Te tornou eternidade

Então deixa que eu te ame
Sem nada de ti esperar
Pois te juro que nesta minha insanidade
Sou feliz por simplesmente te amar...

(Nane-24/0/2016)

sábado, 23 de julho de 2016

UM BEIJO AO VENTO



Fale-me de teus sonhos
Para que finalmente eu entenda
Que deles não faço parte
E te deixe enfim, em paz

Conte-me de teus desejos
Tão difusos dos meus
Que poemisa teus contornos
Em métricas tão perfeitas

Escuta a canção que te compus
Em notas que criei além das sete
Numa harmonia que só os que amam
São capazes de cantar

Morra, em meu peito de uma vez
Para que eu possa sobreviver
Sem ter mais porque chorar
E aprenda a (re)amar

Permita, que a poesia adormeça
Sob as cinzas desse amor
E me falte para sempre a inspiração
Ao decantar minha desilusão

Acene-me, num adeus derradeiro
Sopre um beijo em minha direção
Eu o guardarei na memória congruente
Que de tua imagem não se desfaz

Então vá e não olhe para trás
Nem se enterneça com as lágrimas derramadas
A poesia mudou seu curso
Já não há mais rimas com você...

(Nane-22/07/2016)


terça-feira, 19 de julho de 2016

APENAS ESCREVO


Há tempos escuto
No barulho confuso da cidade
O vento sibilando por frestas
Das janelas na casa velha
Histórias e palavras c(o)antadas
Por gente que eu nunca vi

Debruçada no parapeito, espero
A brisa falante soprar
Em meus ouvidos já treinados
Enquanto a vida, incólume, passa
Deixando a velhice por companheira
E as vozes que ouço no vento

Contos narrados só pra mim
Falam de tantas coisas idas
De gente perdidas em mares
De sonhos desfeitos ou realizados
De quem veio obrigado
De quem ficou extasiado

Há tempos tento entender
As vozes que sopram em mim
Frases soltas pelo ar
Ordenadas em forma de poesia
Onde a tristeza e a alegria
Tomam formas em meus dedos comandados

Da janela da minha casa velha
Em meio ao barulho confuso da cidade
Escuto histórias sopradas em meus ouvidos
De putas e loucos degredados
Virando poesias no dia a dia
Da inspiração que se apossa de mim

Há tempos misturo enfim
O amor, o ódio, a lua e o que há de vir
Nas frases que me sopram as vozes
Que falam de velhos e crianças
Sem se importarem com o que vai surgir
Dos meus dedos comandados

(Nane-19/17/2016)

BURACO NEGRO

Hoje sou nada
Nem ninguém
Protótipo do que pensei
Sou mero pensamento
Pairando no ar
De encontro ao infinito
Perdido nas entranhas
De um buraco negro

Inda ontem pensei ser
Ancoradouro preciso
Sob as luzes de um farol
Norteando o marinheiro
Trazendo-o de volta
Ao porto seguro
Sem perceber que minhas amarras
Romperam-se perdendo a embarcação

O amanhã perdeu seu sentido
Por não viver de um passado sem presente
Sou pensamento à deriva
No mar revolto às escuras
Num cântico melancólico de um chamamento
Arrastado e sufocado pela força de um contravento
Soprado em outra direção
Levando embora meu barco e minha...ilusão

(Nane-19/17/2016)