terça-feira, 9 de agosto de 2016

UM CÉU DE QUIMERAS

Numa noite sem lua
Escondida por sob as nuvens
Basta-me o acinzentado do céu obscuro
Para entender a primazia
De se viver por entre as nuvens

Basta-me também o último copo de cerveja
E talvez mais uns cinco ou seis cigarros
Para que eu elucide o emaranhado de palavras
Que rugem no meu íntimo rarefeito
Dosadas pelo índice etílico da cevada

Por onde ande o poeta nas vielas da cidade
Onde a corja se estende no cair da noite escura
Há, ele, de rimar sua ira, seus ciúmes e suas dores
Com a pobreza de seus sentidos prolixos
Na poesia hipócrita pedinte e pedante de um amor...perdido

E numa noite sem lua
Escondida por sob as nuvens
O poeta, sem ter com quem conversar
Escreve palavras oriundas
Da dor curtida e mantida em goles profícuos

Extirpa-se as tripas do poeta
Nas frases não ditas na poesia
Por não poderem serem ditas
Ou tão pouco entendidas
Na noite sem lua e acinzentada

O quinto cigarro aceso
Um último gole de cerveja
As palavras já embaralhadas
Uma lágrima embaçando as letras
Um rosto fincado na retina

Adormece a poesia feito um gato
Solitário, em busca do luar
Que escondido por sob as nuvens,
Mira no seu céu de quimera
Que acredita, ainda estar lá...

(Nane-09/08/2016) 


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