Olho seus olhos verdes
Embranquiçados por cataratas
Sem a cor que tinha antes
Sem conseguir fixar em mim
Ela já não sabe o que dizer
Sua voz joga no ar palavras
De quem procura em seu desespero
A culpa por não ser mais quem foi
À mim resta ouvir...
E ao deitar refletir
Sobre tudo o que ela diz
Não procuro entender
e quase sempre rebato
Mas a conciência pesa na noite vazia
E eu não consigo dormir
Escuto o seu ressonar desritmado
Aguardando a hora dela me chamar
E parece ser por querer
Que só o faz quando me deixo vencer
E começo a cochilar
Seus verdes olhos me acusam
E eu desvio meu olhar
Minhas pálbebras insistem em piscar
E tentam lágrimas não deixar rolar
Os olhos verdes que me olham
É o olhar de minha mãe
Envelhecida e enfraquecida
Inquirindo o que eu vou fazer
Se vou dela cuidar
Ou simplesmente a abandonar
(Elian-16/03/2012)
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