Perder o que nunca tive
E pensei ter
Dói tanto quanto não ter
O que sempre quis
Acreditar que era meu
O que nunca me pertenceu
E escutar de viva voz
Que tudo era "mentirinha"
Brinquei de ter
Sonhei em ser
Verdade, estive
Mas...passei
E foi tão meu
Que por tanto tempo acreditei
Abriram-se as cortinas
E o espetáculo se acabou
Não sei se perdi
Ou simplesmente nunca tive
O fato é que agora
Finalmente entendi
Chamar de meu
Quem nunca se deu
Não vale a pena
Melhor deixar seguir
Secaram-se as lágrimas
Já não choro mais
Nos olhos apenas o "desbrilho"
Vagueando sem pousar
Certeza só uma
Te dei o meu melhor
E se alguém perdeu
Esse alguém não fui eu
A dor doeu
E ainda dói
Mas os grilhões partiram-se
E livre...estou
Não tenho vergonha
E no futuro acredito
E se amanhã, ele também desdenhar
Então seguirei só
(Nane-22/12/2015)
Um espaço para falar de tudo e com todos. quem quiser entrar, seja bem vindo.
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
MENTIRA OU ILUSÃO
Refletindo em plena reflexão
Na maior de todas as solidões
Ouço vozes e sorrisos
No quintal vazio
E tão cheio de espectros
Misturas de sonhos
Desejos e vontades
Do que são mentiras e verdades
Quimeras ou realidades
De uma retrospectiva introspectiva
E me vejo criança
Sem maiores perspectivas
Me importando com o agora
Deixando de lado
O sombrio amanhã
As vozes que ouço
De vivos e mortos
Me trazem lembranças
Do que vivi e do que sonhei
Em confusos momentos
Respiro no eco
Das paredes dos cômodos
Vazios e sem vidas
Onde antes habitavam
Tantos seres familiares
No ladrar de um cão
Seguido por outros
A sensação de que a vida
Continua lá fora
Sem comigo se preocupar
A morte da vida
Que vive aquém
Do meu eterno querer
Me fazendo sofrer
Por nunca me querer
A vida sofrida
Por medo da morte
De quem tanto me quer
E de que eu tanto (também) quero
E é inevitável
Se minhas verdades
Não passam de mentiras
Para quem é prático
Sou prática de ilusão
Em forma de coração
Jamais menti
Em minhas verdades
Que se confusas
Foram todas realidades
Em mim vividas
Agora (nesse instante) o silêncio incomoda
E os espectros me fazem companhia
Nessa casa vazia
Onde antes não cabia
Tanta gente que existia
Agora meu peito dolorido
Sente a falta da mão
Que acostumei a segurar
Quando nesses momentos
Me deixava conduzir
Se mentira ou ilusão
É seu meu coração
Se espectros ou imaginação
Em minha casa vazia
Ecoa a bagunça
De uma grande família...
(Nane - 17/12/2015)
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
METÁFORA DA MATURAÇÃO
É chegada a hora
Do tempo
Fechar o círculo
No degredo da casta
Apodrecem os frutos
E fermentam além da conta
Avinagrando seu sumo
Já não mais tão apreciado
Caro, só aos vermes
Que rondam e desejam
Na podridão azeda
Da casta perdida
O tempo se faz tempo
Da retirada do aroma
Deixando em seu lugar
O odor nauseabundo
O fruto apodreceu
Antes mesmo de secar
Despojado da videira
Sem nenhum cuidado
Suas sementes azedadas
Germinam e proliferam
Mas a casta está perdida
E servirão apenas de vinagre
O que seria vinho
Azedou, vinagrou
Castra a casta apodrecida
Sem um brinde sequer
Do cacho antes vistoso
Nada se salvou
Nem mesmo suas sementes prestou
E o vinho...avinagrou
(Nane-18/11/2015)
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
A avidez do mundo
À poeta Elian Vieira da Silva
Ela costumava me chamar de passarinho
mas nunca parara para pensar,
sobre o porquê de tal nome
Até que me descobri uma Andorinha,
sempre livre em meus voos
buscando meus iguais, para fazer verão
Em bando era mais feliz
rodopiava em balés a céu aberto
nas pistas escorregadias da vida
dobrava minhas asas e pausava
antes de novamente acreditar em novos voos
Pairava sempre em lugares diferentes,
pouco almejava além de voar
Construí ninhos, fiz ovos chocarem
e eclodirem duas belas aves
de puro amor maternal
dei colo, dei asas e permiti que cada um
fosse dono de seus próprios voos
Como passarinho tive tudo
e dei tudo, em delicadezas e fragilidades
abrigo e imensidão era o que eu mais
guardava sob minhas asas
Poucos homens entendem de pássaros
nasceram egoístas e com sede de chão
aprenderam que pássaros merecem gaiolas
pois a liberdade os ofende
Não nasceram com o coração desarmado
nem instintivamente pássaros
não sabem e não querem mudar a direção
necessitam bússolas como proteção
Ela me entendeu Andorinha,
de fome ampliada, com euforia de ar
Perfumada em penas, da mais híbrida,
flor de poemas, onde juntas seguimos a mergulhar
num imenso silêncio de afetos
me mostrando que sou pássaro, e eu, a confirmar
Adriane Lima
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
PARABÉNS PRA VOCÊ
Parabéns Baixinha
Faz hoje um ano
E apesar da incontestável saudade
As dores não mais te atingem
Agora o seu sorriso é constante
E Deus é contigo o tempo inteiro
Mas não se iluda, minha irmã
Nos precedeu, mas de nós, não se livrou
A tua voz ainda ecoa em meus ouvidos
Cada vez que "invento" um prato novo
Eu te gritava a plenos pulmões
E você refutava num: "O que foi maluca?"
Mesmo sabendo do que se tratava
Adentrava em minha cozinha
E surpresa com meus dotes culinários
Comia (o que quer que fosse) e se fartava
Ah, parabéns Baixinha
Não quero e nem vou me lamentar
Você seguiu o seu destino
E eu sigo o meu
A gente viveu o nosso tempo
Determinado e cronometrado
E fomos (sim) felizes
Enquanto juntas numa mesma estrada
Agora, por vezes te imagino
Me olhando e me sabendo
Até mais do que eu queria
Mas com a certeza de não me julgando
Você foi minha amiga
Além de minha irmã
Mas não é justo lamentar
A falta que me faz
Siga o teu destino
Livre, leve e solta
Ao lado do seu Chico
E até um dia...Baixinha
( Nane - 13/05/2015)
Faz hoje um ano
E apesar da incontestável saudade
As dores não mais te atingem
Agora o seu sorriso é constante
E Deus é contigo o tempo inteiro
Mas não se iluda, minha irmã
Nos precedeu, mas de nós, não se livrou
A tua voz ainda ecoa em meus ouvidos
Cada vez que "invento" um prato novo
Eu te gritava a plenos pulmões
E você refutava num: "O que foi maluca?"
Mesmo sabendo do que se tratava
Adentrava em minha cozinha
E surpresa com meus dotes culinários
Comia (o que quer que fosse) e se fartava
Ah, parabéns Baixinha
Não quero e nem vou me lamentar
Você seguiu o seu destino
E eu sigo o meu
A gente viveu o nosso tempo
Determinado e cronometrado
E fomos (sim) felizes
Enquanto juntas numa mesma estrada
Agora, por vezes te imagino
Me olhando e me sabendo
Até mais do que eu queria
Mas com a certeza de não me julgando
Você foi minha amiga
Além de minha irmã
Mas não é justo lamentar
A falta que me faz
Siga o teu destino
Livre, leve e solta
Ao lado do seu Chico
E até um dia...Baixinha
( Nane - 13/05/2015)
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
DOCE ILUSÃO
Busco palavras
Nas teclas
Saltitando meus dedos
No teclado já carcomido
Dedos que tremem
E nem sempre me obedecem
Me obrigando a revisar
Palavra por palavra
E na minha poesia
Me transformo e me renovo
Passando um vigor
Que a muito me deixou
Ledo engano
Dos que leem meus escritos
E me veem em suas mentes
Forte, jovem, decidida
Faço de mim mesma
Ave migradora
Vivendo da ilusão
Que faz bater e alegrar meu coração
E me tomam por louca
Por não ter os pés no chão
Mas mi'alma vive de ilusão
E voa sem asas
Nela (ilusão), o tempo para
E eu vivo o quê e como quero
É nos meus dedos trêmulos
Que vivo no falsete da minha poesia
Tão louca...e tão minha
(Nane-11/11/2015)
terça-feira, 10 de novembro de 2015
SENTIDOS AFLORADOS
Extirpa de mim
Essa angústia entorpecente
Que me faz sinônimo
De uma ânsia desembestada
Refresca meus miolos
E acalma meus sentidos
Que se multiplicam em sinapses
De cinco vezes cinquenta
Surgindo plenitudes
Onde mora o vazio
De um pensamento fixo
Que faz subir a temperatura
Asfixiando sem estrangular
A entrada do meu ar
E fazendo pulsar desritmado
O órgão já demente
Reduzindo os neurônios pensantes
A receptores de quimeras
Numa utopia sem limites
De um futuro sem presente
Descarta de vez esse magnetismo
Que me puxa e me atrai
Sem deixar que eu siga
Em busca da minha paz
Desvincula do meu copo
O equilíbrio no meu caminhar
Que trôpego cambaleia
Diante do eminente perigo
Limita meus sentidos
Aos cinco vezes nada
Defecando a poeta
Na latrina descartável
Abro mão da verve
E abandono a cave
Salvando o que restou de mim
Enquanto ainda é tempo
Só não sei a quem dirigir
Essa oração desesperada
Já estando embriagada
Da minha poesia desequilibrada
(Nane - 10/11/2015)
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
POR UM INSTANTE
E um minuto
Tão tênue
E intenso
Se eternizou
No abraço
De uma Andorinha
Em uma Gaivota
Em plena estrada
Sob as asas ocultas
De uma borboleta
E foi assim
Que tirei da tela
E saí dela
Num encontro de almas
Afins e amigas
Depois de tanto tempo
Tridimensional
Que embora real
Era apenas virtual
E de mãos (asas) dadas
Voamos juntas
De encontro a alegria
Eu, a Gaivota
E você, Andorinha
Sob as bênçãos ocultas
No voo da borboleta
(Nane- 04/11/2015)
Tão tênue
E intenso
Se eternizou
No abraço
De uma Andorinha
Em uma Gaivota
Em plena estrada
Sob as asas ocultas
De uma borboleta
E foi assim
Que tirei da tela
E saí dela
Num encontro de almas
Afins e amigas
Depois de tanto tempo
Tridimensional
Que embora real
Era apenas virtual
E de mãos (asas) dadas
Voamos juntas
De encontro a alegria
Eu, a Gaivota
E você, Andorinha
Sob as bênçãos ocultas
No voo da borboleta
(Nane- 04/11/2015)
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
COMO VIVER
Quando viver é castigo
Melhor seria morrer
Para não ser no final
Apenas um indesejável
Quando viver incomoda
E dói mais do que as chagas
Que a inércia provoca
Melhor seria morrer
Quando a vida se faz de morta
Emperrando e atrapalhando
O insólito destino
Melhor seria morrer (de fato)
Quando a vida aponta para um só caminho
Trilhado em lembranças do passado
E largado no presente indesejado
Melhor seria morrer
Quando viver rompe todos os laços
E o pacote se desmancha sem surpresa
O relógio marca a despedida
Com o atraso do que seria melhor
Quando a vida seca a lágrima
E ofusca o brilho do olhar
Que triste, vaga sem nenhum ponto
Melhor seria morrer...
(Nane-28/10/2015)
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
APENAS SOLIDÃO
Solidão
Dentre as dores a maior
De todos os seus males
Tão expostos
Adormecer é fuga
Na lentidão do dia
Que ocupa os poucos
À sua volta
As palavras engasgadas
Adormecem também
E se esquecem
De ser proferidas
O sentido
Já não faz nenhum
Nas palavras ou nos gestos
É apenas solidão
O olhar vagueia
Pelas paredes nuas
Como numa prece solitária
Em busca de companhia
Num quadrado tão pequeno
Como pode haver tanto espaço
Para uma tão profunda
Solidão
Vem a noite
E o seu tempo para as dores
Sem ver o brilho das estrelas
Te resta os lamentos
Os sonhos se foram
Perderam-se na rotina
Da sensação de quedas
Em cada despertar
E o desgaste das relações
Dos poucos que te ouvem
Enquanto um abraço germânico
Deteriora seus sentidos
Solidão
Dentre todas as dores a maior
De todos os seus males
Tão expostos...
(Nane - 26/10/2015)
Dentre as dores a maior
De todos os seus males
Tão expostos
Adormecer é fuga
Na lentidão do dia
Que ocupa os poucos
À sua volta
As palavras engasgadas
Adormecem também
E se esquecem
De ser proferidas
O sentido
Já não faz nenhum
Nas palavras ou nos gestos
É apenas solidão
O olhar vagueia
Pelas paredes nuas
Como numa prece solitária
Em busca de companhia
Num quadrado tão pequeno
Como pode haver tanto espaço
Para uma tão profunda
Solidão
Vem a noite
E o seu tempo para as dores
Sem ver o brilho das estrelas
Te resta os lamentos
Os sonhos se foram
Perderam-se na rotina
Da sensação de quedas
Em cada despertar
E o desgaste das relações
Dos poucos que te ouvem
Enquanto um abraço germânico
Deteriora seus sentidos
Solidão
Dentre todas as dores a maior
De todos os seus males
Tão expostos...
(Nane - 26/10/2015)
sábado, 24 de outubro de 2015
A IRA DE PATRÍCIA
Nossa Senhora de Guadalupe
Olhai por nós
Súditos de Montezuma
Na ira de Patrícia
O furacão arrasador
Devastando todo o interior
Com seu vento devastador
Sua fúria incontida
Vento que venta brando
Ganhando força sem que se perceba
Assolando num assopro
Toda uma estrutura
Nossa Senhora de Guadalupe
Seja escora contra a força
Do furacão desembestado
Que em nós, faz estrago
Patrícia se mobiliza
Vingando dos Astecas
Provocando dores
Sem com nada se importar
Nossa Senhora de Guadalupe
Proteja esse povo
Da ira de Patrícia
O furacão arrasador
(Nane - 24/10/2015)
Olhai por nós
Súditos de Montezuma
Na ira de Patrícia
O furacão arrasador
Devastando todo o interior
Com seu vento devastador
Sua fúria incontida
Vento que venta brando
Ganhando força sem que se perceba
Assolando num assopro
Toda uma estrutura
Nossa Senhora de Guadalupe
Seja escora contra a força
Do furacão desembestado
Que em nós, faz estrago
Patrícia se mobiliza
Vingando dos Astecas
Provocando dores
Sem com nada se importar
Nossa Senhora de Guadalupe
Proteja esse povo
Da ira de Patrícia
O furacão arrasador
(Nane - 24/10/2015)
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
SAUDADE: CODINOME DA POESIA
Queres um poema
Que acabe com a saudade
E no entanto não percebes
Que é poema a saudade
Se mato a saudade num poema
Não posso escrevê-lo
Posto que é ela a maior das musas
Inspiradora dos poetas
E com certeza morreria afogado
O poeta em suas próprias lágrimas
Vedadas em seu olhar
Por onde escorre a saudade
Perdão te peço
Por fracassar em meu contento
Não posso te vender
Um poema sem saudade
Ainda que juntinhos
De mãos dadas e abraçados
Sentiremos sempre a saudade
Do momento que se foi (pra não voltar)
É lápis, caneta ou mesmo tecla
Ferramenta fundamental da poesia
Diamante lapidado de saudade
A essência do poeta
Te afirmo então
Sem saudade não há poesia
Desfaço o negócio
E te oferto minha saudade
(Nane - 23/10/2015)
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
MERCADOR DE POESIAS
Vende-se poesias
No varejo e no atacado
De um livro inacabado
De um autor não publicado
Vende-se poesias
Criadas à la carte
De acordo com o seu amor
Ou mesmo seu desamor
Poesias frescas ou curtidas
Nas páginas do facebook
Ou do extinto orkut
E agora do instagram
Comprem e ajudem
Um poeta sem um livro
A escrever a sua bíblia
E deixar suas lembranças
Ao interessado
É só chamar em off
Combinar o tema preferido
E o pagamento adiantado
Meu combustível é a cerveja
E o cigarro companheiro
Paguem e eu escrevo
A poesia que quiser
Namoro ou casamento
Velório ou nascimento
O ódio e o amor
O mar, a lua ou o sol
Traga seus sentimentos
Que eu os derramo em palavras
E dirás com toda a pompa
Essa é a minha poesia
(Nane-21/10/2015)
No varejo e no atacado
De um livro inacabado
De um autor não publicado
Vende-se poesias
Criadas à la carte
De acordo com o seu amor
Ou mesmo seu desamor
Poesias frescas ou curtidas
Nas páginas do facebook
Ou do extinto orkut
E agora do instagram
Comprem e ajudem
Um poeta sem um livro
A escrever a sua bíblia
E deixar suas lembranças
Ao interessado
É só chamar em off
Combinar o tema preferido
E o pagamento adiantado
Meu combustível é a cerveja
E o cigarro companheiro
Paguem e eu escrevo
A poesia que quiser
Namoro ou casamento
Velório ou nascimento
O ódio e o amor
O mar, a lua ou o sol
Traga seus sentimentos
Que eu os derramo em palavras
E dirás com toda a pompa
Essa é a minha poesia
(Nane-21/10/2015)
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
CIDADE DOS NAMORADOS
Ah...bela Verona
Que abriga em tuas entranhas
A bela Cris
Que nos mata de saudades
Pinta suas cores
Nos traços encantados
Do grande Veronese
A cidade dos enamorados
Deixou-se encantar
Também por ela
O augusto autor
De Romeu e Julieta
Onde, de uma sacada
Todo o drama se anuncia
De um amor tão impossível
Que se torna eterno
E um outro possível
Pelas ruas de Verona
Se faz comédia
Ao domar uma megera
Verona encantadora
Passeei por tuas ruas
Em meus devaneios
Incontidos e libertos
Ah...bela Verona
Guia-me até os braços
Para apertar no meu abraço
A bela e tão querida...Cris
(Nane- 19/10/2015)
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
DESNORTEADA
Perco a noção
De ser quem sou
De viver o que vivo
Por viver apenas
Na minha arritmia
Perco a noção
De qualquer batimento
Em qualquer porta
Na noite vazia
Sinto frio e calor
Quando cruzo com indigentes
Que como eu, se dizem gentes
Perco a noção
Do que é a família
Quando sozinha me sinto
Em meio ao contingente
Talvez eu seja só
Quem veio sem ter ido
Ou quem é sem nunca ter sido
Convidado para a festa
E por isso perco a noção
Que nunca tive
E me jogam na cara
Por ser como sou
Um dia, hei de de encontrá-la
E ser tão comum como tantos
Mas por enquanto sou sem noção
Do certo e do errado
Então me resta a dualidade
Por não saber ser uno
E estar em constante mutação
No ser que dizem ser eu
(Nane- 15/10/2015)
sábado, 10 de outubro de 2015
QUERER E PODER
Calo
Diante do entorpecimento
Num silêncio torpe
De um sentimento
Em despropósito
Deixo seguir
Em linhas também torpes
Meus devaneios aglomerados
Silenciosos e confusos
Só meus
Me desnudo
De todos os meus anseios
E me prostro
Aterrada em perspectivas
Utópicas
Respiro fundo
Permanecendo senhora de mim
Nos instantes de lucidez
Aos quais me aprisiono
E sobrevivo
Reflito
Sobre em qual dos dois mundos
Sou de fato eu
E me calo
Entorpecida...vencida
(Nane-10/10/2015)
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
UM URSINHO DE PELÚCIA
E lá vai ela
Todo ano
No dia das crianças
Levar o seu presente
Para o filho ausente
Ele não cresceu
Virou criança eternamente
E gosta dos ursinhos
Que a mãe, chorando lhe presenteia
Em todo dia das crianças
Bobagem
Ele não está ali
E quando ela sair
Vão levar o seu ursinho
Tão bonito, tão fofinho
Ela sabe disso tudo
Mas não liga e cumpre o ritual
Sente-se mais perto dele
O filho tão amado
E dela separado
E lá vai ela
Comprar o ursinho dele
Na certeza de que ele lá estará
Aguardando o seu presente
Do dia das crianças
*É só uma homenagem às mães
que choram nesse dia.
(Nane-08/10/2015)
Todo ano
No dia das crianças
Levar o seu presente
Para o filho ausente
Ele não cresceu
Virou criança eternamente
E gosta dos ursinhos
Que a mãe, chorando lhe presenteia
Em todo dia das crianças
Bobagem
Ele não está ali
E quando ela sair
Vão levar o seu ursinho
Tão bonito, tão fofinho
Ela sabe disso tudo
Mas não liga e cumpre o ritual
Sente-se mais perto dele
O filho tão amado
E dela separado
E lá vai ela
Comprar o ursinho dele
Na certeza de que ele lá estará
Aguardando o seu presente
Do dia das crianças
*É só uma homenagem às mães
que choram nesse dia.
(Nane-08/10/2015)
O DIA DO MENINO
No "dia do menino"
Meu pai falou que vai me dar
Uma piscina de bolinhas
É isso que eu quero, vó Nane
O "dia do menino"
É também o "dia da menina"
Eu tento explicar
Que é o dia das crianças
Mas ele nem quer saber
Só que é o dia "do menino"
E no caso, o dia dele
Ganhar presente
Agora diz pra mim
Onde vou encontrar
Uma piscina de bolinhas
Para ele se esbaldar
Ah moleque
Esteja certo, eu vou tentar
Mas quem sabe outra coisa
Não venha a te agradar
No "dia do menino"
Importa é brincar
Pular até cansar
E ser feliz...meu menino
(Nane-08/10/2015)
UM VIVA AOS NORDESTINOS
Da Bahia ao Maranhão
Do Axé ao boi bumbá
Do muito sol e pouca chuva
É o Nordeste do meu Brasil
Da buchada ao acarajé
Da tapioca ao baião
Um viva à macaxeira
Olha a pamonha quentinha
Ariano Suassuna
Catulo da Paixão
O Mestre Vitalino
E Patativa do Assaré
Do cordel à poesia
Dos contos aos romances
A cultura nordestina
É rimada e afrodisíaca
Jorge Amado na Bahia
Ferreira Gullar no Maranhão
Raquel de Fortaleza
E o Recife nos deu o Bandeira
São tantos nordestinos
Que é impossível citar todos
Então me atenho em meus amigos
Que homenageio neste dia
Fatinha do Ceará
A Luma do Maranhão
A Sheyla e a Jane
São da Bahia como a Rosany
Tem também lá de Alagoas
O poeta lascivo
Meu grande amigo Américo
Com suas rimas sensuais
Sintam-se todos os nordestinos
Amigos e conhecidos
Por mim homenageados
Neste dia de vocês
Povo guerreiro e sofrido
Mas em constante alegria
Só por viver e ser feliz
Viva o povo nordestino
(Nane-08/10/2015)
sábado, 3 de outubro de 2015
O FRED VAI TE PEGAR...
E o cara chegou
Na cara do gol
A torcida vibrou
O Fred pegou
Chegou com festas
Enfrentou tempestades
A garra na cara
O sangue guerreiro
Noventa minutos
De pura emoção
Já faz tanto tempo
E outros tantos virão
Encarna o espírito
Do sobrenatural
o mineiro se entregou
E Fluminense virou
Se vivo fosse
O Nelson Rodrigues
Com certeza diria
Que estava escrito
Nasceu o Fred
Para no Flu jogar
Estampa na face
O verde, o branco e o grená
E nesse dia
O que quero desejar
É gritar seus gols com emoção
E te guardar no meu coração (Tricolor)
Parabéns Guerreiro
Que teus anos se multipliquem
E que você não saia jamais
Do time que escolheu...ficar
(Nane-03/10/2015)
Na cara do gol
A torcida vibrou
O Fred pegou
Chegou com festas
Enfrentou tempestades
A garra na cara
O sangue guerreiro
Noventa minutos
De pura emoção
Já faz tanto tempo
E outros tantos virão
Encarna o espírito
Do sobrenatural
o mineiro se entregou
E Fluminense virou
Se vivo fosse
O Nelson Rodrigues
Com certeza diria
Que estava escrito
Nasceu o Fred
Para no Flu jogar
Estampa na face
O verde, o branco e o grená
E nesse dia
O que quero desejar
É gritar seus gols com emoção
E te guardar no meu coração (Tricolor)
Parabéns Guerreiro
Que teus anos se multipliquem
E que você não saia jamais
Do time que escolheu...ficar
(Nane-03/10/2015)
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
UM ANJO NA TERRA
E a poeta se cala
Sem saber o que escrever
Sabendo não ser preciso
Por estar a poesia no olhar
E as flores sorriem
Embevecidas e primaveris
Orgulhosas por ornarem
A presença desse Angel
E os pássaros cantam
Em sinfonia festiva
Homenageando esse dia
Em que Deus fez nascer uma poesia
E os anjos dizem amém
Por se sentirem representados
No sorriso e na beleza
Da Ângela iluminada
E na pobreza da poeta
A singeleza do carinho
Que me inunda o peito
De gratidão, amor e admiração
Que sejam teus todos os dias
Que tuas rimas sejam sempre de flor (sem dor)
Que na tua estrada não falte poesia
E que sejas sempre sinônimo de amor
Parabéns D. Ângela!
(Nane-02/10/2015)
Sem saber o que escrever
Sabendo não ser preciso
Por estar a poesia no olhar
E as flores sorriem
Embevecidas e primaveris
Orgulhosas por ornarem
A presença desse Angel
E os pássaros cantam
Em sinfonia festiva
Homenageando esse dia
Em que Deus fez nascer uma poesia
E os anjos dizem amém
Por se sentirem representados
No sorriso e na beleza
Da Ângela iluminada
E na pobreza da poeta
A singeleza do carinho
Que me inunda o peito
De gratidão, amor e admiração
Que sejam teus todos os dias
Que tuas rimas sejam sempre de flor (sem dor)
Que na tua estrada não falte poesia
E que sejas sempre sinônimo de amor
Parabéns D. Ângela!
(Nane-02/10/2015)
NAS ONDAS DO MAR
De mim você nada sabe
Além do meu querer
Não tem noção do que fez
Nem do estrago que causou
A culpa foi minha
Que me deixei levar
De nada vai adiantar
Chorar, me lamentar
Me acusou de uma mentira
E mentiu o tempo inteiro
Deixou marcas profundas
E se foi sem olhar para trás
O vento sopra sem direção
Enquanto no horizonte
A linha do mar se perde
No encontro do meu olhar
Que traz preso na retina
Seu sorriso escancarado
Ou quem sabe, debochado
Por eu estar assim
O mar e eu, eu e o mar
Ondas que vem e que vão
Tempo perdido sem volta
Marolas, tsunamis
Hoje você sequer se lembra
Ignora nossos momentos
Sorri feliz com novas conquistas
Enquanto eu...olho o mar
Te vejo dentro dele
Indo e vindo
Sem paradeiro nenhum
Vivendo de momentos
Sorri seu sorriso escondido
De quem não sabe sorrir
E só o que eu peço a Deus
É que não tenha (nunca) que chorar
(Nane-02/10/2015)
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
ROMPENDO O SILÊNCIO
Odeio o teu silêncio
Que me grita na alma
A tua indiferença
Me joga na cara
A pouca importância
Que um dia pensei ter
Odeio o teu silêncio
Que já a muito me dizia
O que eu não quis ouvir
Quando feito mendigo
Implorei por teu amor
Que em silêncio se mantinha
Odeio o teu silêncio
Transbordante de palavras
Que me feriram mortalmente
Quando finalmente tu falastes
E tirou a máscara encantada
Que tanto me fascinou
Odeio o teu silêncio
Que finalmente se rompeu
E me inundou de lágrimas
Quando disse em bom tom
O quanto fui iludida
Por não saber ouvir...o teu silêncio
Odeio o teu silêncio
Que preferia, ser mudo
A ter que ouvir o que eu ouvi
(Nane-30/09/2015)
terça-feira, 29 de setembro de 2015
INCONSTÂNCIA
A poesia te encanta
E te faz prisioneira
Em suas verves múltiplas
De estilos figurados
A languidez na leitura
Te faz musa de poetas
Na batalha instaurada
Pelo troféu pulsante
Desfila teus trejeitos
Nas caves literárias
Iludindo a poesia
E seus poetas
Vai do Príncipe Pequeno
Ao corvo do Augusto
Insinuante e afável
Cultivando inspirações
Tens no encanto natural
O lirismo do de Barros
A Bandeira do Manoel
E a beleza do Moraes
Mas não se iludam os poetas
Que pensam desnudar-te
Com as mesmices de suas rimas
E métricas estudadas
A leitora se esquiva
Ávida por pegadas
De um Rimbaud ou um Bukowski
Que possa, nesse instante domá-la
E o Príncipe vira sapo
O lobo se inspira
A musa nua, vira lua
E se entrega à suas garras
Até que venha uma outra poesia...
(Nane-29/09/2015)
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
EFEMERIDADES
Divagando em meus rabiscos
Fui nômade, dalit, poeta
Proibido-me o real
Fez-se em mim a fantasia
Por reinos e espaços
Mares e montanhas
Continentes e planetas
Viajo a todo instante
Sou o efêmero de mim mesma
Nos humores dos momentos
Quando no meu céu se faz inferno
E o amargo se torna doce
Nas entrelinhas me refaço
Misturando a lucidez
Com a insanidade fugaz
De um poema entranhado
E quem poderá dizer
Que não vivo a quimera
Se de mim nada se sabe
Além do que eu mesma sei
Ah...as palavras inventadas
Sabem mais que a realidade
Suposta e experimentada
Pela vida consumada
Viajo sem passaporte
Para bem além do universo
Onde o nada se faz tudo
E o tudo não é nada
E quem poderá dizer
Que não é real minha visão
E me chamar de louca
Por viver minha ilusão
Divagando em meus rabiscos
Sorrio dos meus delírios
Ao perceber que em palavras
Engano a vida (real)
(Nane-28/09/2015)
A LUA E O LOBO
Sentada
Olhando a tela em branco
Ordenando letrinhas
Formando frases
Buscando inspiração
Querendo escrever...
Ontem
Olhando a lua
Tão soberana
Pedi a ela
Que te dissesse
Que foram minhas
As lágrimas de sangue
Que a tingiram
Bobagem a minha
A lua não fala
E só os lobos
Uivam pra ela
Na noite escura
Vi lua azul
Lua de sangue
Tão perto de mim
E tão distante
Escrever não é tão fácil
Nem tão difícil
Na verdade nem é nada
É só juntar
Na tela em branco
Letrinha por letrinha
Em frases com sentidos
Ainda que desconexos
Ontem
Pedi a lua
Que me ouvisse
Mas esqueci
Que ela não tem ouvidos
E feito um lobo
Uivei em vão...
(Nane-28/09/2015)
QUANDO SETEMBRO VOLTAR
Quando setembro acabar
Levará consigo
O sangue da lua
Exposta e nua
Quando setembro acabar
Deixará no ar
A primavera florida
De podas doridas
Quando setembro acabar
Levará consigo
Alguns sonhos perdidos
Ao longo da espera por ele (setembro)
Quando setembro acabar
Terá somado nas costas
O peso do tempo vivido
Sem jamais conseguir despertar
Quando enfim, setembro acabar
Restará a expectativa
Do intervalo se concretizar
E setembro, de novo, começar
(Nane-28/09/2015)
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
DEVER E NÃO PODER
Eu deveria ter no meu cio
A vontade de ter crias
Feitos os animais
E gerar meus filhos
Sem sequer saber do pai
Cuidando para que crescessem
Eu deveria amar acima de tudo
As criam que me foram dadas
E ampará-los
Cuidar para que criassem asas
E voassem na hora certa
De simplesmente se desapegarem
Eu deveria aprender com os animais
Que de momentos vive a vida
E não criar expectativas
Sorver a água posta nas árvores
Feito o beija-flor agradecido
Num dia de calor
Eu deveria sim ser mais animalesco
Nos meus sentidos sem sentidos
E esquecer que sou humana
Me refestelar em meus desejos
Sem de nada me culpar
E depois, simplesmente esquecer
Eu deveria não ter que responder
Pela vontade de ser o que não sou
Quando penso em você
Seguir o curso do rio
Feito água soberana
E desaguar no meu tão sonhado mar
É,
Eu deveria...
(Nane-25/09/2015)
UM VOO JÁ NÃO MAIS OCULTO
De poeta para poeta
Vou tentar explicar
Meu orgasmo literário
Por teu filho concebido
Embarco na viagem
De mãos dadas com você
Pela estrada de espinhos
Que feriram os teus pés
Livro gerado num casulo
De tantas páginas rasgadas
Asas podadas
Lagarta quase pisada
Primaveras e verões
Outonos e invernos
Lágrimas e sorrisos
Quimeras e realidades
Voa borboleta
Sem mais nada ocultar
Espalha toda a sua beleza
Para quem sabe te interpretar
Meu jardim te aguarda
Cheio de flores apetitosas
Lendo cada um do teu sugar
Das gotículas do néctar poético
Voa borboleta
Sem qualquer limite
Por entre todas as estações
Que a tua poesia te conduz
Que deflagre tuas asas
Sob os fogos literários
E jamais oculte de nós
O voo da tua poesia
(Nane-25/09/2015)
Vou tentar explicar
Meu orgasmo literário
Por teu filho concebido
Embarco na viagem
De mãos dadas com você
Pela estrada de espinhos
Que feriram os teus pés
Livro gerado num casulo
De tantas páginas rasgadas
Asas podadas
Lagarta quase pisada
Primaveras e verões
Outonos e invernos
Lágrimas e sorrisos
Quimeras e realidades
Voa borboleta
Sem mais nada ocultar
Espalha toda a sua beleza
Para quem sabe te interpretar
Meu jardim te aguarda
Cheio de flores apetitosas
Lendo cada um do teu sugar
Das gotículas do néctar poético
Voa borboleta
Sem qualquer limite
Por entre todas as estações
Que a tua poesia te conduz
Que deflagre tuas asas
Sob os fogos literários
E jamais oculte de nós
O voo da tua poesia
(Nane-25/09/2015)
UMA LÁGRIMA QUE CAI
Ah...essa lágrima adormecida
No côncavo da tua face
E eu...fotografando
Teu sono tão raro
Observo teu semblante cansado
A pele seca e quebradiça, feito papel
O que será que sonhas (se é que sonhas)
Enquanto adormeces...
Terno momento de paz entre nós duas
Quando enfim, adormeces
E me deixa adormecer
Do meu delírio extravagante
Logo, logo vais me chamar
Gritar meu nome e exigir
Que te traga a água aplacadora
Da sede e da vontade de sentar
Eu devia adormecer
Feito a mãe de um bebê
Mas o desgraçado do sono não vem
E fico a lhe observar
Onde estará a minha mãe
Outrora tão amiga
Disposta a tudo por mim
E eu, sem nada entender
Quem é essa pessoa
Que me cobra e me exaure
Quem vai cuidar de mim
Dorme mãe...feito criança
A lágrima escorrida
Secou e ressequiu
Vedou a abertura de teus olhos
Já não vês o que deveria
Bobagem dizer
Que essa noite eu poderia adormecer
E descansar...
Você dormiu feito criança
A alvorada se aproxima
Meus olhos se cansam
Você desperta
Sigamos a nossa rotina...
(Nane-25/09/2015)
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
BORBULHAS DE CERVEJA
Na hora da Ave Maria
Sou eu dentro de uma borbulha
Efervescente num copo de cerveja
Já não vou para os bares
As companhias não me agradam
A borbulha estoura e me faz cócegas
Me bebo me embebedando
Me divirto com a minha solidão
Dando-me o direito da imaginação
Sob o efeito etílico borbulhante
De ser mero expectador viajante
Esvazia um, enche o outro
De borbulhas mágicas e condutoras
Que me transportam pelo espaço
Sem me cobrar o preço da passagem
Feito criança eu salto
Pulando de borbulha em borbulha
Juro, me vejo dentro delas
E me bebo me embebedando
Sou talvez o que de mais forte
Embriaga meu cérebro obscuro
No teor de minhas entranhas
Estereotipadas e alucinadas
A hora é santa
A água é benta
A cerveja está gelada
E o copo cheio de borbulhas
10x5 vezes
Entre uma borbulha e outra
Vou contando os copos
E dizendo Amém
(Nane-23/09/2015)
MANIAS E APEGOS
Entre manias e apegos
Sou forçada ao desapego
Imposto pelo mundo
Que não gira em meu entorno
Sou só poeira no limo
Arremessada de encontro ao imã
Magnetizada por uma força
Bem maior que a minha
Volto meu olhar
Para o caminho percorrido
Onde a infância e a juventude
Me acenam lá atras
Não me foi dado a chance
De ser quem eu queria
Antes, foi preciso ser eu
Na passarela do destino
Sem mais lamentações
Nem choros e nem velas
Os refletores ainda iluminam
Meu desfilar restrito
Já quis tanta coisa
Me apeguei a tantas outras
Tropecei o tempo inteiro
E me levantei tropegamente
Agora me deixo levar
Sendo atraída pela força
De encontro ao imã
Magnetizada, hipnotizada
Entre apupos e palmas
Desfilo no picadeiro
Aguardando robotizada
O fechar das cortinas na ribalta
(Nane-23/09/2015)
terça-feira, 22 de setembro de 2015
VIAJANDO PELO B612
Olho em volta de mim mesma
E só vejo ela...a lua vermelha
Onde estão as estrelas azuis
Onde está você...
A profecia do final
Nem precisava dessa lua
Estava tão nítido
Na frieza do meu céu...sem estrelas
Alinhando terra e sol
Na escuridão da musa
Poeta sem lua
Poesia sem rima
Fosse a lua azul
Observada de um asteroide
Onde um pequeno príncipe
Conversava com a raposa
Certamente uma flor
Desabrocharia para o amor
E talvez a serpente não picasse
E o pequeno príncipe não morresse
Mas a lua é vermelha
E profecia a solidão
Desenhar não é o meu forte
E a jiboia engole o elefante
Hoje a lua é vermelha
E no meu céu não tem estrela
Não sou um astronauta
Pare a nave que eu quero descer...
(Nane-22/09/2015)
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
OLHOS QUE CHORAM
Escorre teus olhos lacrimejantes
A saudade da independência
Confundindo lágrimas com soro
Enquanto a ardência queima as vistas
Relembra em palavras seus momentos
De doação incondicional
Da exaustão por um amor
Dividido em treze partes iguais
Maldiz a debilidade do seu corpo
Quando sua mente demonstra
A debilidade na sua idade
No confronto dos seus "eus"
Intacta só a sua fé
Embora cobre do seu Deus
A partida libertadora
Que a fará independente dos seus
Numa tristeza (por vezes) declarada
Se conforma não ser prioridade
Nas prioridades que teve por toda a vida
E que o destino desatinou
Arde nos olhos irritados
A dor que dói na alma
Na impotência dos movimentos
Contidos pelo corpo envelhecido
A mãe chora sua rotina no retiro
Os filhos lamentam não terem tempo
Os dias lentos se esvaem
O que será do amanhã...
(Nane-21/09/2015)
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
ANA E EU
Reencontrar você
Voltar num tempo
Ana eu me lembro com saudades...
(Até dessa cadeira eu me lembro)
Rever você trouxe de volta
Toda a magia e poesia
Que a infância adormecida
Guardou em mim
Rever você trouxe à vida
Rostos tão queridos e já idos
Da história de nós duas
Nas peripécias da nossa rua
Ana eu me lembro com saudades...
Do teu jeito mais meigo e comportado
E do meu espevitado
Quando íamos brincar
Nossos sonhos e nossos planos
Nossas juras de amizade
Por toda a eternidade
Da nossa ingênua e sincera amizade
Os amigos e "inimigos"
Que juntas resolvíamos
Quem era quem nos nossos instantes
De maiores amigas
E quando trocávamos de mal
Disputávamos a atenção
Fazendo da Cláudia aliada
E nos olhávamos de "bico"
Ah Ana....
Eu me lembro com saudades
Das férias que passávamos
Da avó, de Santa Rita
Da chácara com "seu" Reinaldo
Do Reinaldinho e do Francisquinho
Dos romances inventados
Em segredos por nós (quatro) inviolados
Rever você Ana Lúcia
Me fez amanhecer mais leve
E buscar nas nossas "reinações"
A paz e a felicidade que tínhamos
E não sabíamos...
(Nane-16/09/2015)
Voltar num tempo
Ana eu me lembro com saudades...
(Até dessa cadeira eu me lembro)
Rever você trouxe de volta
Toda a magia e poesia
Que a infância adormecida
Guardou em mim
Rever você trouxe à vida
Rostos tão queridos e já idos
Da história de nós duas
Nas peripécias da nossa rua
Ana eu me lembro com saudades...
Do teu jeito mais meigo e comportado
E do meu espevitado
Quando íamos brincar
Nossos sonhos e nossos planos
Nossas juras de amizade
Por toda a eternidade
Da nossa ingênua e sincera amizade
Os amigos e "inimigos"
Que juntas resolvíamos
Quem era quem nos nossos instantes
De maiores amigas
E quando trocávamos de mal
Disputávamos a atenção
Fazendo da Cláudia aliada
E nos olhávamos de "bico"
Ah Ana....
Eu me lembro com saudades
Das férias que passávamos
Da avó, de Santa Rita
Da chácara com "seu" Reinaldo
Do Reinaldinho e do Francisquinho
Dos romances inventados
Em segredos por nós (quatro) inviolados
Rever você Ana Lúcia
Me fez amanhecer mais leve
E buscar nas nossas "reinações"
A paz e a felicidade que tínhamos
E não sabíamos...
(Nane-16/09/2015)
terça-feira, 15 de setembro de 2015
NÃO FOMOS FEITOS PARA O AMOR
Sentes falta
Se não de mim
Da minha loucura
No meu jeito de te amar
Sinto falta
De ti inteiro
No teu despudoramento
Ao me amar inteira
Talvez não fôssemos feitos para o amor...
A loucura minha e tua
Transformou em ternura
Os momentos de descanso
De nossas almas nuas
Ficou essa saudade
Da nossa insanidade
Que por mais louca ter sido
Foi sim a nossa verdade
Talvez não fôssemos feitos para o amor...
Mas sei do teu jeito
E dos teus desejos
Do teu despudor
E do teu querer encantador
E tu sabes de mim
Mais do que devia
Mais do que eu queria
Mais do que podia
Talvez não fôssemos feitos para o amor
Mas para a loucura de nós dois
Que vivemos sem as culpas
Que só os loucos se permitem
Viver sem se culpar
E foi nessa loucura
Que te amei e fui amada
Desnudei e fui desnudada
Enquanto o mundo...parou
(Nane-15/09/2015)
domingo, 13 de setembro de 2015
O SEU LUGAR...
Quem disse que você não veio
Não sabe o que diz
Quem diz que falta você
Não sabe te sentir
Dias, semanas e meses
Passados e sentidos
E no entanto sua presença
Se faz tão presente
Ah covardes seres que somos
Lamentando a liberdade
Tolhida e aprisionada
Pelo invólucro delimitado
Vozes e sorrisos tatuados
Nas almas saudosas que ficaram
Te fazem presente a todo instante
Em que te chama os corações
E se insistem em não ver (ou sentir)
Azar de quem não pode
Passam os dias, os meses e os anos
Mas você não passa
Prepara nossa casa
És só uma por enquanto
Mas chegará o dia
Em que seremos seis
E uma de tantas histórias
Se completará
E um novo ciclo há de começar
Num outro lugar
(Nane-13/09/2015)
O JOIO E O TRIGO
Digo e desdigo
Tudo o que eu disse
Ou disser
Não queira em mim
Percepção nenhuma
Além da minha
Não escreva
Nem tão pouco guarde
As minhas palavras
Elas se perdem
No exato instante
Em que eu me muto
Leia-me
Desnude-me
Mas não me entenda
Ou pelo menos não tente
Posto que eu mesma
Enlouqueci tentando
Sou joio e trigo
Noite e dia
Sou poesia...
(Nane-13/09/2015)
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
NO ROMPER DO CASULO
Menina mulher
A espera da cria
Tão pequenina
Tão desejada
Gesta teus sonhos
No útero bendito
Por Deus abençoado
Com o fruto do teu amor
Teu rosto irradia
A beleza surreal
Que só a gravidez
Sabe pintar em tela
Ah menina mulher
Serás mãe suprema
De um amor maior
Do que todos os que sentes
E velará teu(ua) filho(a)
Por anos à fio
Sem nunca perceber
Que ele(a) cresceu
E no romper do casulo
Ao escutar o seu choro
Deixarás de ser menina mulher
E te transformarás num anjo materno
(Nane-11/09/2015)
A espera da cria
Tão pequenina
Tão desejada
Gesta teus sonhos
No útero bendito
Por Deus abençoado
Com o fruto do teu amor
Teu rosto irradia
A beleza surreal
Que só a gravidez
Sabe pintar em tela
Ah menina mulher
Serás mãe suprema
De um amor maior
Do que todos os que sentes
E velará teu(ua) filho(a)
Por anos à fio
Sem nunca perceber
Que ele(a) cresceu
E no romper do casulo
Ao escutar o seu choro
Deixarás de ser menina mulher
E te transformarás num anjo materno
(Nane-11/09/2015)
AS CINCO IRMÃS
Cinco faces
Cinco histórias
Numa velha história
De paralelas
Que se cruzam
E seguem em vertentes
Que se espalham
Se expandem
Num eterno ir e vir
Fincadas em uma só raiz
De um mesmo tronco
Cinco caminhos
Trilhados de uma estrada
Levadas pelo destino
De novos recomeços
Onde a saudade arquiteta
Vindouras histórias
Que serão contadas ou lembradas
Quando a foto, envelhecida
Sugerir confusões
Misturadas nos sorrisos
De um instante eterno
Cinco mulheres
Cinco irmãs
Cinco vidas dando vidas
A outras tantas vidas
Criadoras de outras tantas histórias
Outras faces
Paralelas e vertentes
De um passado e de um futuro
Mas por ora, de um presente.
(Nane-11/09/2015)
Cinco histórias
Numa velha história
De paralelas
Que se cruzam
E seguem em vertentes
Que se espalham
Se expandem
Num eterno ir e vir
Fincadas em uma só raiz
De um mesmo tronco
Cinco caminhos
Trilhados de uma estrada
Levadas pelo destino
De novos recomeços
Onde a saudade arquiteta
Vindouras histórias
Que serão contadas ou lembradas
Quando a foto, envelhecida
Sugerir confusões
Misturadas nos sorrisos
De um instante eterno
Cinco mulheres
Cinco irmãs
Cinco vidas dando vidas
A outras tantas vidas
Criadoras de outras tantas histórias
Outras faces
Paralelas e vertentes
De um passado e de um futuro
Mas por ora, de um presente.
(Nane-11/09/2015)
PULA-PULA
Pula menino, por entre as bolas coloridas feito o sorriso em teu semblante! Foi assim, depois da festa de aniversário do primo (Davi), que ele se esbaldou um dia inteiro, sem ter que "encarar" a fila de pretendentes aos minutos contados dentro do pula-pula.
Mal levantou da cama, olhou pela janela, abriu seu sorrisão e disse feliz: - Vovó, o sol já chegou! Vamos lá no pula-pula? A avó, se aproveitando do momento, chantageia e condiciona a brincadeira ao "só se você tomar seu café da manhã tudinho". Ele, meio aborrecido, mas disposto, engole um copo de achocolatado e come alguns biscoitos.
Lá fora o céu está em festa, vestido de um azul esplendoroso contrastando com as cores das bolas usadas para enfeitar painéis temáticos no dia anterior.
Se joga o menino entre ela (as bolas) e pula sem medo de ser feliz! Vira cambalhotas gargalhando a cada caída, como se aquilo fosse o ápice da felicidade! Se joga sentado por sobre as bolas, que estouram barulhentas fazendo coro com as gargalhadas da criança encantada!
Brincar, brincar e brincar! Deitar na lona e ser lançado no ar pelo outro que pula sem cessar!
E quando o cansaço vem é hora de parar para descansar e aproveitar para almoçar.
O menino quer voltar, mas a avó, temerosa, pede para esperar até o almoço se assentar. Vem a tarde e ele volta a pular e gargalhar por horas a fio. Já no entardecer, é preciso convencê-lo a sair do pula-pula e um banho tomar. A lua já desponta empurrando o sol pro oriente...
O menino sai do banho e por pouco não adormece sem comer para se refazer. Amanhã, quando acordar, o pula-pula não vai mais estar, mas pelo sorriso no semblante adormecido, com certeza esse menino, com ele (pula-pula) está a sonhar!
(Nane-11/09/2015)
Mal levantou da cama, olhou pela janela, abriu seu sorrisão e disse feliz: - Vovó, o sol já chegou! Vamos lá no pula-pula? A avó, se aproveitando do momento, chantageia e condiciona a brincadeira ao "só se você tomar seu café da manhã tudinho". Ele, meio aborrecido, mas disposto, engole um copo de achocolatado e come alguns biscoitos.
Lá fora o céu está em festa, vestido de um azul esplendoroso contrastando com as cores das bolas usadas para enfeitar painéis temáticos no dia anterior.
Se joga o menino entre ela (as bolas) e pula sem medo de ser feliz! Vira cambalhotas gargalhando a cada caída, como se aquilo fosse o ápice da felicidade! Se joga sentado por sobre as bolas, que estouram barulhentas fazendo coro com as gargalhadas da criança encantada!
Brincar, brincar e brincar! Deitar na lona e ser lançado no ar pelo outro que pula sem cessar!
E quando o cansaço vem é hora de parar para descansar e aproveitar para almoçar.
O menino quer voltar, mas a avó, temerosa, pede para esperar até o almoço se assentar. Vem a tarde e ele volta a pular e gargalhar por horas a fio. Já no entardecer, é preciso convencê-lo a sair do pula-pula e um banho tomar. A lua já desponta empurrando o sol pro oriente...
O menino sai do banho e por pouco não adormece sem comer para se refazer. Amanhã, quando acordar, o pula-pula não vai mais estar, mas pelo sorriso no semblante adormecido, com certeza esse menino, com ele (pula-pula) está a sonhar!
(Nane-11/09/2015)
À ESPERA DA ALVORADA
As sombras velam por mim
Na estrada que sigo só
Por vezes o sol as espantam
Mas elas teimam em me servir
Geralmente, pela manhã
Escuto o cantar da passarada
Numa louca revoada
Em busca do alimento
Seres tão pequenos e desprotegidos
Saudando com seus trinados
Mais um dia que amanhece
Sem saberem se ele (o dia) vai anoitecer
Hoje ganhei da minha gata
Um filhote de bem-te-vi
Que agora adormece numa caixa (de sapato)
À espera da alvorada
Ficará aprisionado
Até que aprenda a voar
E se tudo der certo
Voará rumo a liberdade (um dia)
Minhas sombras velam por mim
Enquanto aguardo a abertura
Da tampa da caixa que me aprisiona
Na metamorfose do meu viver
Um dia "voarei" também
Rumo a uma liberdade
Onde as sombras serão refresco
Ao cansaço das minhas asas
Um dia minha alvorada
Será pleno e festivo
Feito o da passarada
Numa louca revoada
(Nane-11/09/2015)
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Ê BAIANA...
Ê baiana
Molejo nas palavras
Sotaque arrastado
Encanto no olhar
Luz que faz brilhar
Ê baiana
Que importa se em preto e branco
Teu colorido é da alma
E faz da tua aura
Explosão de claridão
Ê baiana
No teu sorriso de menina
Todo a magia da Bahia
Me inspira com alegria
A te rabiscar em poesia
Ê baiana
Feliz de quem te tem
Por perto e no coração
Feliz de mim que tenho
Lugar cativo aí
Ê baiana
Abençoada a tua terra
Que dentre tantos filhos
Te fez iluminada
E a mim, encantada
*Feliz aniversário So!
(Nane - 23/08/2015)
Molejo nas palavras
Sotaque arrastado
Encanto no olhar
Luz que faz brilhar
Ê baiana
Que importa se em preto e branco
Teu colorido é da alma
E faz da tua aura
Explosão de claridão
Ê baiana
No teu sorriso de menina
Todo a magia da Bahia
Me inspira com alegria
A te rabiscar em poesia
Ê baiana
Feliz de quem te tem
Por perto e no coração
Feliz de mim que tenho
Lugar cativo aí
Ê baiana
Abençoada a tua terra
Que dentre tantos filhos
Te fez iluminada
E a mim, encantada
*Feliz aniversário So!
(Nane - 23/08/2015)
sábado, 22 de agosto de 2015
SENTIMENTOS DISTORCIDOS
Vim de tão longe
Sem saber o que me esperava
Além do amor
Ao qual me dediquei
Da janela olho
Meu olhar vazio
Onde anda a prole
Que tanta rugas me custou
São tantos contratempos
Minha mãe se despediu
Mas eu não ouvi
E agora tento gritar adeus
Deus
Minha prole não escuta
E eu preciso ir
Antes do amanhecer
Meu olhar turvo não permite
Que eu veja essas coisas
E a cabeça gira sem rotação
Apenas por girar
Um leito feito prisão
Um pássaro ferido
E o longe tão perto
E o perto tão distante
Quem é quem nessa cidade
Mãe e filho, filho e mãe
Distorcidas imagens refletidas
No espelho da dignidade
Lá fora faz frio
É o que eu sinto aqui
Nem sei se estou dentro
Mas calor, só de vergonha
Dia e noite misturados
E eu nunca acerto a hora certa
Lágrimas e soro se misturam
É sal, é sol, é sul, sem norte
A janela é inalcançável
Talvez tenha uma lua lá fora
Ou quem sabe o sol brilhe
Mas não volto de onde vim
Lá longe minha mãe se foi
E eu nem a ouvi
Vou de encontro a ela
Bem mais velha do que era (ela)
A prole se cala
Talvez me abrace na despedida
O soro e a lágrima secaram
E sorrio livre
(Nane-22/08/2015)
terça-feira, 18 de agosto de 2015
POESIA SENTIDA
Adormece em mim
A poesia
Latente e em ebulição
Falando somente à mim
Palavras não ditas
Mas sentidas
Só minhas
E de mais ninguém
Prefácio de vida
Num sono entediante
De uma vida sem graça
A espera da vida além da vida
Ah poeta
Dê asas ao teu dom
E (d)escreva o amor
Sem jamais o viver
Sois feito Moisés
Eleito por Deus
Conduzas teus leitores ao amor
Mas na terra prometida, não entres
Deixa que teus sonhos se refaçam
Em cada nova poesia
E entenda que o azul da cor do mar
Não passa de mera razão para sonhar
(Nane-18/08/2015)
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
SÓ UMA NARRATIVA
Meados de 1973.
Anos de chumbo
Militarismo predominando no país.
Pai, mãe e doze irmãos...uma casa com três quartos.
Espaço era só o que não tínhamos.
Uma aposentadoria.
Uma mudança de casa e de bairro.
Outra casa de três quartos.
Um do casal, outro dos homens, outro das mulheres.
Éramos dez irmãos então.
Uma estava casada.
Dois outros moravam à parte.
Ainda faltava espaço, mas nos arranjávamos...
Uma segunda se casou.
Em casa agora somos onze.
Um casal e nove filhos...
A mãe batalhadora
Planta, colhe e nos faz vender.
O pai irresponsável
Recebe, viaja, bebe e gasta.
A cachaça embriaga
O pai perde o sentido
O filho perde a vida
A mãe soluça sua dor
Casa a filha, casa o filho
Duas outras casas se erguem ao lado
Espaço maior na casa velha
Aumenta a população no quintal
Agora de filhos e netos.
Casam mais alguns
Aumenta o espaço
Vão morar mais longe
Nem contato com os netos e sobrinhos
Finais de semana sem espaço
Tanta gente pro almoço
É festa, é feriado!
Outra casa é erguida
Uma, duas, sei lá quantas.
Cinco num quintal.
Tanta gente moradora...
A mãe envelhecida
Já não tem mobilidade
A horta deu espaço
Às casas e quintais.
Tempo passa e a família
Dispersa ao natural.
O pai perdeu-se na distância
A mãe caiu de cama.
São tantas as vozes em burburinhos
Gente que fala, que grita e que canta.
De treze agora somos doze,
Mais a mãe adoecida.
O filho, irmão, marido e pai
Adormece e não acorda mais.
Caçula furador de fila
Parte sem dizer adeus.
O quintal esvaziando
No seu dia a dia
Ainda mantém seu espaço cheio
Nos finais de semana.
A mulher do filho se desfaz
No balcão de um bar.
Ninguém sabe seu destino
Até na pedra fria a encontrar.
Mas ainda vale a pena a churrascada
Em cada final de semana.
Verdade seja dita
Já não conta com a presença
Das vozes que antes eram ouvidas
E sobram espaços no quintal.
A doença maldita e silenciosa
Se apossa da filha costureira.
Anos a fio se passam
Numa luta desigual.
Até que ela cansada,
Parte no ano dos 7x1.
Quantas vozes silenciadas.
Quantas portas fechadas.
Pessoas de um mesmo núcleo
Tão separadas e caladas...
Ouço no silêncio
As vozes de outrora
De gente adormecidas
No vazio do quintal.
O espaço se encheu
Do vazio de uma história.
Lá fora só o latido
Dos cães ladrando na noite...
O marido da filha costureira
Foi ao seu encontro.
Mais um espaço sobrando...
Perdi a conta de quantos éramos
Mas hoje, no quintal,
Sobramos oito
Divididos em três casas.
Cada qual fechado em si...
Os lamentos das dores da mãe
É o mais constante dos sons.
Não sei se só eu escuto
Mas quando me concentro
Ainda ouço o meu nome
Chamado pelos adormecidos
Na escuridão do nosso quintal.
O tempo voa e não volta mais...
(Nane - 10/08/2015)
Anos de chumbo
Militarismo predominando no país.
Pai, mãe e doze irmãos...uma casa com três quartos.
Espaço era só o que não tínhamos.
Uma aposentadoria.
Uma mudança de casa e de bairro.
Outra casa de três quartos.
Um do casal, outro dos homens, outro das mulheres.
Éramos dez irmãos então.
Uma estava casada.
Dois outros moravam à parte.
Ainda faltava espaço, mas nos arranjávamos...
Uma segunda se casou.
Em casa agora somos onze.
Um casal e nove filhos...
A mãe batalhadora
Planta, colhe e nos faz vender.
O pai irresponsável
Recebe, viaja, bebe e gasta.
A cachaça embriaga
O pai perde o sentido
O filho perde a vida
A mãe soluça sua dor
Casa a filha, casa o filho
Duas outras casas se erguem ao lado
Espaço maior na casa velha
Aumenta a população no quintal
Agora de filhos e netos.
Casam mais alguns
Aumenta o espaço
Vão morar mais longe
Nem contato com os netos e sobrinhos
Finais de semana sem espaço
Tanta gente pro almoço
É festa, é feriado!
Outra casa é erguida
Uma, duas, sei lá quantas.
Cinco num quintal.
Tanta gente moradora...
A mãe envelhecida
Já não tem mobilidade
A horta deu espaço
Às casas e quintais.
Tempo passa e a família
Dispersa ao natural.
O pai perdeu-se na distância
A mãe caiu de cama.
São tantas as vozes em burburinhos
Gente que fala, que grita e que canta.
De treze agora somos doze,
Mais a mãe adoecida.
O filho, irmão, marido e pai
Adormece e não acorda mais.
Caçula furador de fila
Parte sem dizer adeus.
O quintal esvaziando
No seu dia a dia
Ainda mantém seu espaço cheio
Nos finais de semana.
A mulher do filho se desfaz
No balcão de um bar.
Ninguém sabe seu destino
Até na pedra fria a encontrar.
Mas ainda vale a pena a churrascada
Em cada final de semana.
Verdade seja dita
Já não conta com a presença
Das vozes que antes eram ouvidas
E sobram espaços no quintal.
A doença maldita e silenciosa
Se apossa da filha costureira.
Anos a fio se passam
Numa luta desigual.
Até que ela cansada,
Parte no ano dos 7x1.
Quantas vozes silenciadas.
Quantas portas fechadas.
Pessoas de um mesmo núcleo
Tão separadas e caladas...
Ouço no silêncio
As vozes de outrora
De gente adormecidas
No vazio do quintal.
O espaço se encheu
Do vazio de uma história.
Lá fora só o latido
Dos cães ladrando na noite...
O marido da filha costureira
Foi ao seu encontro.
Mais um espaço sobrando...
Perdi a conta de quantos éramos
Mas hoje, no quintal,
Sobramos oito
Divididos em três casas.
Cada qual fechado em si...
Os lamentos das dores da mãe
É o mais constante dos sons.
Não sei se só eu escuto
Mas quando me concentro
Ainda ouço o meu nome
Chamado pelos adormecidos
Na escuridão do nosso quintal.
O tempo voa e não volta mais...
(Nane - 10/08/2015)
domingo, 12 de julho de 2015
DÉJÁ VU
É normal
Eu te amar
Feito anormal
Que ama sem sentido
É normal te amar
Feito quem ama
Como animal irracional
E abana o rabo
E teu rosto esculpido
Nos poros da minha pele
Sorrindo e rindo
Do meu rosto enfadado
É normal teu escárnio
Ao meu amor supremo
Jogado fora
Na soberba da tua certeza
É normal tua indiferença
Ao caos da minha sobrevivência
Diante da felicidade
Dos amantes que te invade
É normal tua risada
Escancarada ecoando
Debochando de um sentimento
Incompreensível e não sentido
É normal não entender
O déjá vu vivido
E tomara, não perdido
Em mim... ou em você
(Nane-12/07/2015)
sexta-feira, 10 de julho de 2015
O CHORO DE UM ÍDOLO
E o "CONE" chorou...
Não pela vitória
Nem mesmo pela glória
Chorou de emoção
Por ser Tricolor
Chorou por meninos
Que trazem nos ombros
O peso da responsabilidade
De se criarem nas bases
De um clube tantas vezes campeão
Chorou pelo fim
Da certeza da inveja
De quem dizia
Que o patrocínio era o clube
E o Flu um amontoado
E o "CONE" chorou
Um choro abençoado
Pelo João de Deus
Evocado pouco antes
Do golaço do menino
Chorou pelo ir e vir
Em um time esfacelado
Onde Deus é titular
E não deixa nada faltar
E ninguém atrapalhar
Chorou por tantas tentativas
E deboches descabidos
De políticos e cartolas
Da mídia tendenciosa
Que só conta o que convém (a ela)
E o "CONE" chorou
Por ser aclamado
Capitão e condutor
Dos meninos de Xerém
Verdadeiras joias do Tricolor
E fez chorar o "CONE"
Toda a sua torcida à direita
Do palco da magia
Mas instalado à esquerda
De todo torcedor do Tricolor
Chora Fred
Teu choro santo
E faça ressoar pelos estádios
O grito envaidecido da torcida
"O FRED VAI TE PEGAR"
(Nane - 10/07/2015)
quarta-feira, 8 de julho de 2015
AMOR INVENTADO
Te amei
Com toda a força da letra
Da música de Cazuza
Exagerado
Te amei (e te amo)
Daqui até a eternidade
Estarei jogado aos teus pés
Mesmo sendo chutada para escanteio
Sabendo que a maior de minhas verdades
Nasceu da mentira que desfraldou
No reencontro desse amor
De tantas vidas passadas
Foi no meu exagero
Que te amei além de mim
E cobrei sem ter direito
O amor da minha vida
Mas se não posso ter esse amor
Exagerado e escancarado
Ah meu amor...abro mão
Não quero outro amor
Um amor inventado
Onde eu vivo o seu amor
Ainda é mais intenso
Do que um outro amor real
Não posso trair
O meu amor inventado
Já que na eternidade
Ele é de verdade
Amor da minha vida
Você vai ver quando for chegada a hora
Que sou mesmo exagerada
E por você eu aguardo até a eternidade
(Nane-08/07/2015)
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