segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A avidez do mundo

                                           
       
                                           À poeta Elian Vieira da Silva


Ela costumava me chamar de passarinho
mas nunca parara para pensar,
sobre o porquê de tal nome

Até que me descobri uma Andorinha,
sempre livre em meus voos
buscando meus iguais, para fazer verão

Em bando era mais feliz
rodopiava em balés a céu aberto
nas pistas escorregadias da vida
dobrava minhas asas e pausava
antes de novamente acreditar em novos voos

Pairava sempre em lugares diferentes,
pouco almejava além de voar

Construí ninhos, fiz ovos chocarem
e eclodirem duas belas aves
de puro amor maternal
dei colo, dei asas e permiti que cada um
fosse dono de seus próprios voos

Como passarinho tive tudo
e dei tudo, em delicadezas e fragilidades
abrigo e imensidão era o que eu mais
guardava sob minhas asas

Poucos homens entendem de pássaros
nasceram egoístas e com sede de chão
aprenderam que pássaros merecem gaiolas
pois a liberdade os ofende

Não nasceram com o coração desarmado
nem instintivamente pássaros
não sabem e não querem mudar a direção
necessitam bússolas como proteção

Ela me entendeu Andorinha,
de fome ampliada, com euforia de ar

Perfumada em penas, da mais híbrida,
flor de poemas, onde juntas seguimos a mergulhar
num imenso silêncio de afetos
me mostrando que sou pássaro, e eu, a confirmar


             Adriane Lima



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