Solidão
Dentre as dores a maior
De todos os seus males
Tão expostos
Adormecer é fuga
Na lentidão do dia
Que ocupa os poucos
À sua volta
As palavras engasgadas
Adormecem também
E se esquecem
De ser proferidas
O sentido
Já não faz nenhum
Nas palavras ou nos gestos
É apenas solidão
O olhar vagueia
Pelas paredes nuas
Como numa prece solitária
Em busca de companhia
Num quadrado tão pequeno
Como pode haver tanto espaço
Para uma tão profunda
Solidão
Vem a noite
E o seu tempo para as dores
Sem ver o brilho das estrelas
Te resta os lamentos
Os sonhos se foram
Perderam-se na rotina
Da sensação de quedas
Em cada despertar
E o desgaste das relações
Dos poucos que te ouvem
Enquanto um abraço germânico
Deteriora seus sentidos
Solidão
Dentre todas as dores a maior
De todos os seus males
Tão expostos...
(Nane - 26/10/2015)
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