O inferno se fez em mim
Reneguei o Deus onipotente
Banquei todos os seus castigos
Literalmente, mandei-o se fuder
A cabeça é quengo quente
As têmporas latejam e pulsam
A luz, tridente nos olhos
O coração, músculo sem importância
Os sonhos destilados no bourbon
Já não embriagam mais
Arroxeando a cirrose abdominal
Que sequer chega a doer
E onde foi parar a menina
Que um dia viveu em mim
E creu nos contos de fadas
Que lhe encantou na infância
Perdeu-se na velhacaria
De todos os princípios
Que um dia aprendeu
E renegou
A igualdade desigual
Fez dela a bruxa má
Sua crença descreu
E seu Deus se perdeu
O lado negro a matou
E eis-me aqui envelhecendo
Com as têmporas estourando
E os pulmões fudidos
Um cigarro aceso no outro
Pela falta do isqueiro perdido
Pela culpa da cabeça quente
E do quengo estourando
(Nane-14/02/2015)
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