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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
ELUCIDAÇÃO
Anuncia-se o temporal
A luminosidade me cega
Muitas luzes claras
Rebimboam e se atracam
O céu é cérebro
Os raios, relâmpagos
Trovões sacolejam a cabeça
Não deixam que eu adormeça
Confusão sistêmica
Em portais efêmeros
De medos concretos
Em abstratos sentimentos
As luzes me assustam
Doem nos meus olhos
Riscam meu céu
Se apagam na escuridão
Um silêncio gritante
Onde estão os trovões
Pesa e comprime meu peito
O ar fugiu de mim
O estalo barulhento
Os tímpanos perfurados
A loucura arrancando os cabelos
Dizimando o juízo
A muriçoca zumbindo
O ar carregado do inseticida
A tosse escarrada e persistente
A culpa da muriçoca
O cigarro faz companhia
Pra mais de décadas
Mas a tosse é culpa da muriçoca
Mosquito desgraçado
As nuvens negras sobre a cabeça
Formaram-se sem aviso
O temporal anunciado
Desaba e faz estrago
Todos os gatos são pardos
E insistem num miar desafinado
Os raios de Iansã continuam a soprar
O pesadelo não acabou
Dispo-me de toda a roupa
No afã de adormecer
Mas o calor tá infernal
Meus pelos eriçados se confundem
De novo o raio risca o céu
No cérebro ensandecido
As luzes me incomodam
É frio e calor ao mesmo tempo
O temporal castiga as têmporas
A cerveja destila o fel
O fígado se aloja na cabeça
O vômito é o portal do meu inferno
(Nane-10/02/2015)
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