sábado, 7 de fevereiro de 2015

O VOO DA LIBERDADE

Moravas em mim
E no entanto
Arrombastes todas as portas
Todas as minhas entranhas
No afã de sair

Te aprisionei o máximo que pude
Mas teu grito por liberdade
Rasgou minhas defesas
E a porta se abriu bruscamente
Deixando passar tuas vontades

Agora sou casa abandonada
Habitada por fantasmas
Que não me assustam
E até fazem companhia
Nas noites de solidão

Rasgastes todos os teus verbos
Conjugados em todos os teus tempos
Deu-me todos os teus adjetivos pro(e)feridos
Rompestes todos os meus e teus limites
E já não mais se aprisiona em mim

Estranha a sensação de liberdade
Que deveria ser tua e não minha
Um vazio sim, tomando conta
Mas uma leveza estranha me domina
Confundindo as sensações

Provavelmente chorarei a tua falta
Mas o tempo cuidará disso pra mim
Você se foi e não volta mais
Eu fiquei e é preciso seguir
Sozinha

Cada vez que eu olhar no céu
Uma ave voando em liberdade
Lembrarei das minhas entranhas rasgadas
E da porta da gaiola arrombada
Para o voo livre deste pássaro

(Nane-07/02/2015)

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