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quinta-feira, 19 de março de 2015
HISTÓRIAS DE MINHA MÃE II
Eu era bem pequena quando pela primeira vez
vi e experimentei um pudim de leite "moça".
Foi na casa de uma amiguinha (minha vizinha),
lá rua em que eu morava. Fiquei tão maravilhada
e fascinada que até hoje, quase cinco décadas
depois, ainda sou completamente apaixonada
pelo "dito cujo".
Enquanto eu me deliciava com a iguaria,
desatei a falar sobre o "pudim de macarrão"
que minha mãe sempre fazia para nós. A
dona da casa, uma senhora austera e de nariz
em pé, logo quis saber como era esse pudim
de que nunca ouvira falar. Eu disse que era
gostoso (não como o dela, de leite "moça"),
e que minha mãe fazia com a água em que
cozinhava o macarrão. A senhora sorriu
(um sorriso debochado) e disse: _Deve mesmo
ser muito gostoso. rsrsrs
Quando cheguei em casa, corri e contei para
minha mãe que havia comido o tal pudim de
leite "moça", e que havia contado para a mãe
de minha amiga sobre o pudim de macarrão
que ela fazia tão bem.
Minha mãe quase teve um "treco"! Suas faces
se avermelharam numa rapidez que me surpre-
endeu, e ela vociferou para mim: _Quem mandou
você falar demais? Agora a outra vai contar para
a rua inteira que faço pudim de macarrão.
Eu, na minha inocência, não entendia a razão
de tanta "brabeza".
Hoje, relembrando isso, fico imaginando a
cabeça dela (minha mãe) ao ter que usar de
tanta imaginação para que seus filhos, sustentados
por seus braços fortes, pudessem ter um doce
de sobremesa!
O pudim de macarrão nada mais era do que o
reaproveitamento da água com amido, adoçado
com açúcar e colorido com corantes comestíveis
e caramelizado.
Ah, e foi dito e feito, a tal Senhora, além de espalhar
para a vizinhança inteira, teve a cara de pau de ir
até a minha casa pedir a receita do pudim de macarrão
para a minha mãe, que respondeu de uma forma que
só ela responderia: _É só pegar a água do cozimento,
acrescentar açúcar, corante e caramelizar com muito,
muito amor pelo seus filhos.
(Nane-19/13/2015)
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