segunda-feira, 9 de março de 2015

AS FLORES DE PLÁSTICO NÃO MORREM JAMAIS



As flores de plástico não morrem
Mas não perfumam
E nem crescem
E também não cheiram a morte

As flores de plástico não morrem
Mas também não vivem
Nem encantam
Os que cantam

As flores de plástico não morrem
Nem mesmo de ervas daninhas
Que insistem em sufocar
As flores naturais

As flores de plástico não morrem
E não se deixam molhar
Pelas lágrimas com gosto de soro
Que caem para as hidratar

As flores de plástico não morrem
E não sentem dores
Quando são arrancadas
Dos seus jardins

As flores de plástico não morrem
Por só serem beijadas
Pelo colibri enganado
Por sua beleza artificial

As flores de plástico não morrem
E nem velam o jardineiro
Quando ele vai embora
Levado pela morte

As flores de plástico não morrem
E nem se eternizam nas folhas de um diário
Por não se desidratarem
Com o final de um romance

As flores de plásticos são flores
Manipuladas pelas mãos
Do mais hipócrita dos artesãos
Que criam flores que não morrem jamais

(Nane-09/03/2015)




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