Pra você, não mais
A poesia se despediu
E calou de vez
Meus devaneios vazios
Feito o canto da cotovia
Viveu um só amor
Desfeito no despertar
Talvez o corvo
Me deixando fria e roxa
Traduza mais o sentimento
Do final da poesia
Os sonhos desfeitos
Bicaram as palavras
Que eu julgava poemas
Misturas broncas
Cruzadas e desencontradas
Sem rimas e sem métricas
Pobres e deterioradas
Reflexos de dentro
Sem nenhuma beleza
Do meu momento
De maluquice
Canalha mentira
Desequilíbrio total
Doença fatal
Ainda que doa muito
Apague-se a poesia
Não mais se publique
Migalhas pedidas
Ainda que não seja
Mais nada do que fui
O gosto amargo
É o que me conduz
Pra você, não mais
A poesia se despediu
E calou de vez.
(Nane-03/03/2015)
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