quinta-feira, 15 de abril de 2010

A Guerreira-XIII (A história de Lívia) 1977! Um ano inesquecível...


Lélis se despede da vida

1977 chegou...a vida seguia normalmente na casa de Lívia.
A essa altura ela já era avó de dois filhos da Léia:
Átila e Vitor. E da pequena Talita, filha da Linda, que
já aguardava a chegada de uma segunda filha, que teria o
nome de Tábata. Mas só chegaria no final do ano...
Nessa época, a Laura estava morando na casa da Léia, para
ajudá-la a olhar os filhos. Laura estudava a noite e cuidava
das crianças durante o dia. Geralmente aos finais de semana
ela ía para o Retiro, na casa da mãe, e retornava no domingo
a noite. Ela estudava num bairro nobre, perto do conforto,
onde Léia morava, e sempre ía da escola para o Retiro direto,
na sexta-feira. Mas naquele dia específico (uma sexta-feira),
Laura estava inquieta, mesmo durante o dia. Queria ir para a
casa da mãe, Léia disse que ela iria a noite, que sossegasse
então. Laura se encontrou com uma ex-professora na feira, e
ela disse que daria uma aula no João XXIII, um colégio ao la-
do da casa da sua mãe. Laura perguntou se podia assistir a
sua aula, já que estava com saudades dela. A professora sorriu
e consentiu. Disse que deixaria ordem na portaria para que ela
pudesse entrar no colégio, já que não era aluna.
Claro que Laura não comentou com Léia que faltaria a aula dela
para assistir uma outra...
E assim ela fez. Mas não conseguiu concentração na aula também...
estava bem agitada e estranha. Achou por bem descer e respirar
um pouco de ar na frente do colégio...e tão logo o fez, deu de
cara com o irmão Lélis, que passava em frente ao colégio e se
surpreendeu com Laura: -Laurinha?! O que faz aí? Você não estuda
aí... Laura, meio sem jeito respondeu: -Eu vim ver uma aula de
uma professora que gosto muito...rssr... _ Ué, e o que faz aqui em
baixo? A aula não é lá em cima?...Tá Lélis, eu não quero mais
assistir a aula, ok? E você, o que faz passando por aqui a essa
hora? ... -Ah, só vou alí falar com um amigo meu, no ponto fi-
nal..._ Lélis, você sabe que a mamãe não gosta que ande com
esse pessoal, e tão pouco que fique por aquelas bandas...
- Eu sei Laurinha, mas não se preocupe, vou rapidinho e volto
logo para casa, ok?... - Tá, mas cumpra a sua promessa heim, não
se demore por lá.
O diálogo dos irmãos terminou e Laura voltou para a sala de aula.
Passado cerca de uma hora (devia ser por volta das 20:30), ela
desceu para o recreio, e deveria ir para a casa de sua mãe, já
que não assistiria as demais aulas, mas resolveu se sentar um
pouco com alguns colegas, na frente do colégio. E mesmo sem sa-
ber de nada, sentiu uma pontada forte no coração quando viu o
Liu e a Lizbela se aproximando do portão de entrada do colégio,
e surpreendentemente não se assustarem com a presença dela ali.
Viu que os meninos choravam e isso fez com que trocasse seu sor-
riso amarelo por uma feição de preocupação e de uma certeza que
não sabia de onde vinha desde o começo daquele dia 18 de março.
- O que fazem aqui meninos???...-Viemos buscar o Lucas, que es-
tá em aulas. Disse a Lizbela... - Buscar??? Porque???? O que houve
lá em casa? Falem logo!... -O pai matou o Lélis, Laura!
Laura sentiu um choque, mas seu espírito prático não permitiu que
chorasse ou perguntasse mais nada, mandou que os irmãos menores a
esperasse e subiu até a diretoria. Falou com o diretor e juntos
foram na sala de aula buscar o Lucas...
Os quatro irmãos chegaram na rua da casa de Lívia e puderam ver,
ainda na esquina, o movimento em frente a entrada da chácara em
que moravam...o coração apertava mais ainda a cada passo que da-
vam...Laura pensava nas palavras que havia dito ao irmão agora
morto...pensava que se não o tivesse pedido para voltar para sua
casa...que se tivesse o incentivado a ficar na rua por mais tempo...
Droga, porque ele tinha que a abedecer? Não! Ele devia estar apenas
desmaiado! Lélis era forte! Bem mais forte que o pai...não! Não po-
dia ser verdade! Eles não sabiam a diferença de um morto para um
desmaiado!?
Da entrada da chácara Laura avistou muitas pernas...e no meio delas
a luz tênue de duas velas...Saiu correndo feito louca, abriu passa-
gem com empurrões pelos curiosos e "amigos" e se deparou com o cor-
po do irmão caído e perfurado no pescoço...estava lívido! Sem cor...
sem vida! Estava morto! Lélis estava morto e não tinha como se enga-
nar disso! Laura se jogou sobre o corpo do irmão, retirou-lhe os
anéis (era moda na época) dos dedos e colocou-os nos seus próprios.
Lívia a leventou com carinho e dise-lhe que preferia ver o filho
dela alí, estirado ao chão, morto, do que jogado numa cela fria e
suja...
Uma nova era na família dos Silveiras se iniciava....

(Nane-14/04/2010)

Um comentário:

  1. 33 anos se passaram e me lembro como se fosse hoje!!!
    Você esqueceu de colocar A Guerreira -XIII (A História de Lívia) ...rssss

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