Um espaço para falar de tudo e com todos. quem quiser entrar, seja bem vindo.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
CÍCLICO
segunda-feira, 7 de dezembro de 2020
POESIA OPRIMIDA
Calada
sentida
Vive e sangra em mim
sábado, 21 de novembro de 2020
MATURAÇÃO
(Nane- 21/11/20)
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
MÃOS SUJAS DE TERRA
domingo, 15 de novembro de 2020
ISABEL (RUIVINHA INVOCADA)
(Nane/sua avó emprestada - 16/11/2020)
sexta-feira, 9 de outubro de 2020
SE...
Do turbilhão de emoções
Que fervilham em meu peito
Cada vez que tu vens...
Se pudesses entender
A catarse intrínseca
Aflorada, esparramada
Sem limites designados...
Se entendesses meus instintos
Deliberados ao teu encontro
Por saberem ser em ti
O objetivo alcançado...
Se me olhasses e me visses
Compreenderias o turbilhão
Que tira-me o fôlego
No simples ouvir da tua voz...
Se não tivesses um outro alguém
No lugar que eu tanto queria
Seria eu o que só tu terias
No meu e no seu dia a dia
Ah...se não fosses apenas o se
Seríamos complemento um do outro
E não teria eu esse tormento
Implodindo todo meu eu...
Ah se...
( Nane - 09/10/20)
sábado, 3 de outubro de 2020
LUA MULHER
Nas sombras escuras
Nem mesmo o sol
Em fases distintas
Te domina
Lua mulher
Se deixando refletir
Pelo lume solar
Nos encontros marcados
Em que o astro rei se derrete
E te cobre de dourado
Um breve olhar
Distante e apaixonado
O sol se curva à lua
Sabendo que nunca será sua
Lua de fases
Tão extremas e complexas
Tão cheia e nua
Tão acabrunhada e minguante
O sol se põe
Rumo ao oriente
Enquanto ela
Sorri para o ocidente
Lua mulher
Tão linda e misteriosa
Encantando os encantados
Eternamente apaixonados
(Nane - 03/10/20)
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
SÓ POR HOJE
Recolho meus cacos
Refaço meus moldes
Argilo minhas formas
Ressurjo de minhas cinzas
A cada novo amanhecer
A vida me presenteia
Com mais (ou menos) um dia
Que vivo à minha maneira
Me afogo em lágrimas
Me desfaço em gargalhadas
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
A VOZ QUE EU OUÇO
Me diz palavras
Que nem sempre quero ouvir
terça-feira, 1 de setembro de 2020
O SILÊNCIO DA NOITE
Sem enxergar ninguém
Talvez até estejam
Etéreos, cuidando de mim
Em cada cômodo vazio
A presença concreta de outros tempos
Preenche cada espaço definido
Por vivos e mortos que se foram
A casa, outrora tão pequena
Agora se agiganta
No eco de seus cantos
Das palavras que levitam
Vozes ímpares
Por vezes em algazarras
Brigas ou brincadeiras
Canções ou orações
Alguém me chama
Me deseja boa noite
Minhas vozes se calam
Não há mais eco pelos cantos
Escuto vozes agora
Vindas da televisão
Nem mesmo sei o que dizem
Mas escuto-as por opção
Nunca a desligo
Gosto de ouvir vozes
Ainda que de desconhecidos
Ainda que de uma televisão
O silêncio da noite me incomoda...
(Nane - 01/09/20)
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
(SÉRIE): LEMBRANÇAS DE MIM
Hoje, à tardinha, fui até o açougue comprar um pacotinho de 1 kg de fígado de galinha para fazer um patê e misturar na ração de meus cães. Entrei, pedi o fígado e me pus a observar o açougueiro limpando os cortes da carne fresca que acabara de chegar. Vi que ao lado da bancada ele acumulava as nervuras (pelancas) que retirava das carnes nobres, e sem saber porquê, perguntei ao dono do açougue se ele me vendia um pouco daquela pelanca para eu cozinhar para os meus cachorros, ao que ele disse: _ Pode levar, é de graça, eu não vendo pelanca. Leve sempre que quiser.
O primeiro pensamento que me veio à mente foi: "melhor que pagar R$5,00 no fígado de galinha". Pedi ao açougueiro que me desse um pouco da pelanca, paguei minha conta e saí. Já em casa, com uma faca afiada na mão e uma tábua de carne sobre a mesa, a magia aconteceu.
Minha mãe, do nada apareceu, linda! Tão mais moça, com seus olhos verdes e brilhantes, seu sorriso de quem enfrenta a vida de peito e braços abertos!
Ela picava as pelancas bem pequenininhas e ía separando as rebarbas das carnes que restavam nelas.
Me vi em nossa cozinha, lá no bairro do "Conforto", onde morávamos. Pelo menos umas duas vezes na semana, minha mãe ía na rua 208 (comércio), ao armazém comprar um quilinho de arroz, outro de feijão, e se possível um quilinho de batatas (tudo pesado no saquinho de papel), ou uma dúzia de ovos embrulhados no jornal de dias anteriores. Então, depois das compras ela entrava no açougue e pedia pelancas ao açougueiro, era de graça, e os cães, naquela época, não comiam ração, só os restos das comidas de seus donos, e lá em casa não era de sobrar muita coisa para eles (eram dois: Chita e Perigoso).
Depois de tudo picadinho, as rebarbas das carnes restantes nas pelancas, já estavam bem separadinhas, e de um saco de mais ou menos 3/4 kg da iguaria canina, ela retirava uns 350/400 gramas de carne pura e limpa. Então temperava com alho e sal, refogava e era a proteína que servia sorrindo e feliz aos seus 13 rebentos, dividindo igualmente em porções, que se não tão generosas, eram extremamente amorosas.
Voltei à minha casa, às minhas pelancas, minha mãe já havia se retirado... os cães me aguardam servi-los.
(Nane - 26/08/20)
domingo, 23 de agosto de 2020
LAPIDANDO AS PEDRAS
Pisei em tantas pedras
Sangrei meus pés
Praguejei e as amaldiçoei
Pelos eternos obstáculos
Em meu caminho espalhados
Procurei uma relva macia
Para me servir de passarela
Num desfilar suave
Na caminhada perene desejada
Em busca da eternidade
Sem perceber a validade
Nos ensinamentos da qualidade
Dos valores existentes
Em toda pedra no caminho
Embasando alicerces
A escolha do caminho
Que só a nós é permitida
Será percorrido intermitente
Embora contínuo
Com hora de chegada
Nosso corpo edificado
É moradia de um espírito
Errante e aprendiz nômade
Buscando evolução
Por vezes na relva macia
Sem saber que são as pedras
A base do firmamento
Que enfrentarão os ventos
As chuvas e o frio
Sem se deixar esmorecer
As pedras são dúbias
Deixando claro a intenção
De quem as usam
Se para o bem ou para o mal
É seu o caminhar
A relva macia
Que conforta nossos pés
Por vezes nos afundam
Em poças escondidas
Sujando de lama nosso corpo
Haverá sempre uma pedra no caminho
Que se lapidada, se fará preciosa
Haverá sempre a relva macia
Que se não bem cuidada
Se tornará caminho pantanoso
(Nane - 23/08/20)
sábado, 15 de agosto de 2020
PASSAREDO
Maritacas barulhentas
Sobrevoam minha horta
Fazendo algazarras
Gritando, cantando, sei lá
Pousam na mangueira
Atacam a amoreira
Miram o mamoeiro
Mas temem minha presença
A sabiá laranjeira
É bem mais atrevida
Traz a família inteira
Pra ciscar nos meus canteiros
(Pobres das minhocas)
O sanhaço é mais eletivo
Diria até metido
Gosta das goiabas
E das minhas acerolas
Mas é o bem-te-vi
O maestro da passarada
Logo no finzinho da madrugada
Convoca a orquestra
E desperta o alvorecer
Lá vem a pardalzada
Quase sem atrativos
São livres e sem preocupações
Comem de tudo
Só temem o gavião
E na hora do crepúsculo
Parecem sempre em oração
Haja ouvido para tanta barulhada
Quando a noite chega
O silêncio denuncia
Que todos adormeceram
Mas eis que surge um pio
Lá pras bandas do pomar
É a visita solitária
Da caçadora de morcegos
Velha amiga corujinha
(Nane - 15/08/2013)
sexta-feira, 14 de agosto de 2020
OLHA AS VERDURAS
Onde estão todos
Os que habitavam aqui
Nos tempos em que andávamos juntos
Sem filhos, netos, ou mais ninguém
Escutem a voz e minha mãe
Chamando para o almoço
Vejam a horta adubada
Amanhã, logo na primeira hora
Ela há de nos acordar
Nas cestas de bambu
As verduras serão ajeitadas
Três ou quatro de nós sairá
Pelas vielas do bairro à gritar
Anunciando o frescor dessas folhagens
Quando a tarde se anunciar
Voltaremos com as cestas vazias
Dividiremos com ela (mãe) os lucros
Depois do almoço que comeremos com a voracidade
De quem acorda cedo pra labuta
Uns guardarão os seus proventos
Outros torrarão em doces e brinquedos (eu)
Minha mãe guardará o seu quinhão
Para que não nos falte a alimentação
Herdei dela o gosto pelo plantio
Embora seja pequena a minha horta
Também não tenho quem as venda
Nem as cestas de bambus
E nem mesmo à quem alimentar
No silêncio da labuta agrária
Vejo o sorriso de minha mãe
Zombando do meu jeito tão sem jeito
No cuidado das hortaliças plantadas
Por ela, tantas vezes ensinadas
Já não as vendo mais
Planto-as pelo simples prazer
De vê-las crescer e as colher
Escutando em meus devaneios
Os rumores da infância já tão distante
Onde estão todos
Os que habitavam aqui
Nos tempos em que andávamos juntos
Sem filhos, netos, ou mais ninguém...
(Nane - 14/08/20)
terça-feira, 11 de agosto de 2020
MUDANÇAS
A muito me desfiz
Do ser em desalinho
Que pulsando se atrevia
Em um querer de soberania
Meus passos, hoje compassados,
Sorriem da outrora correria
No vigor desperdiçado da juventude
Desgastada pela falta da sabedoria
O futuro, essa incógnita matemática
Já não assusta e nem me anseia
São segundos preciosos
Dos quais, vivo e os degusto
A pressa
Essa Antígona juvenil
Se rende aos valores maturados
Entendendo que num caminhar
Só importa o continuar
Então
Num olhar de soslaio
Revejo toda uma estrada
Percorrida sem direção
Rumo à evolução
O corpo declina
Como a reclamar
De sua exaustão
Na caminhada desgovernada
A mente amadurece
Feito semente frutificada
Virando árvore frondosa
Em plena Saara
Chamam de velhice
A sabedoria adquirida
Que se esvai com a própria vida
Sem deixar herança guarnecida
Ímpar caminhada solitária
Ainda que em meio à multidão
Tu vens e vais num solo orgânico
Digno de um adubo lançado ao léu...
(Nane - 11/08/20)
segunda-feira, 10 de agosto de 2020
A SEMENTE
Fica contigo menino
Da infância, as lembranças
Que se não intactas
Verídicas
Ouça
Os latidos dos cães
Que lamberam a tua face
Numa explosão de alegria
Quando da tua chegada
Relembre
Das dores nos joelhos
Ralados e sangrentos
Quando as árvores debochadas
Não permitiam tua escalada
Escuta
Os conselhos de tua bisa
Que predestinava tua missão
De doutor por seu amor
Tão tenro, ao próximo revelador
Olha menino
O tempo que te faz ser homem
Entre flores e espinhos
Num conluio com a natureza
Que expõe sua grandeza
Talvez menino
Eu não veja essa colheita
Mas de legado, tenho a certeza
Das sementes que plantei
E que por certo, um dia florescerá
Então
Serás de mim, continuidade
Germinado em terra fértil
Logado num legado eminente
De grãos seletos de um mesmo gens
(Nane - 10/08/20)
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
DOIS EM UM
SOB DOIS PRISMAS
De um ano pandêmico
De um ano pandêmico
(Nane - 02/08/20)
(Fatinha, só Fatinha & Nane- 03/08/20)
domingo, 2 de agosto de 2020
SOB DOIS PRISMAS
De um ano pandêmico
De um ano pandêmico
(Nane - 02/08/20)
terça-feira, 21 de julho de 2020
VERMES E VÍRUS
Tempos modernos
De vermes e vírus
Corroendo vidas
Desfazendo sonhos
Vermes que se alimentam
Da podridão energúmena
Deteriorando o pouco que resta
No substantivo "humanidade"
Substância vergonhosa
No desterro da terra mãe
Por um vírus codificado
Nos lucros amaldiçoados
Lágrimas derramadas
Pelos que se foram sem a dignidade
Servir de banquete aos vermes
Puros e necessários
Lágrimas de "crocodilos" (coitados dos répteis)
Em prol de uma sagacidade
Imoral e lucrativa
Ante a desgraça alheia
Chora a mãe
O pai, a filha, o filho
O tio, a neta e o avô
Chora o irmão, a esposa, choram todos
A desgraça consumada
Sobrevive o desempregado
Podendo virar bandido
Na manutenção da prole
Uma nova "portaria" inventada
Dará cabo à bandidagem
Protegendo a sociedade
Gente de bem no asfalto da cidade
Os vírus (biológicos) indignados
Aguardam sem pressa sua vingança
Os vermes (biológicos) se assanham
Para o banquete da podridão que um dia virá
(Nane - 21/07/20)
sábado, 18 de julho de 2020
COM MEUS BOTÕES
Pensando com meus botões
No isolamento social
Tirando conclusões
Revendo situações...
A família reclamando
Da minha falta de atenção
Os meus amigos virtuais
Sendo a minha aglomeração
Eu e meu filho numa mesma casa
Nos falando por celular
O quintal vazio e sem crianças
Que mesmo vizinhas, jogavam no celular
As bicicletas encostadas e enferrujadas
As bolas murchas num canto qualquer
Os abraços deixados para depois
Quando a internet, enfim, saía do ar
O isolamento social é só a nomenclatura
Do que a muito já existia
Cerceando o direito à liberdade
Da escolha que (certo ou errado) já fizemos
O "novo normal" não é tão novo assim
Apenas virou imposição
E a gente, que gosta de reclamar
Agora, a falta do abraço nos faz chorar...
(Nane - 18/07/20)
sexta-feira, 17 de julho de 2020
NUMA TIGELA DE AÇAÍ
Onde um dia eu te encontrei
Na praça de um bairro
Em que a gente se confraternizava
Geralmente era o tempo de um "boa noite"
Mas a gente esticava
Batia um papo até altas horas
Até que o ônibus certo a levava
Sinto falta do seu carinho
Da nossa conversa fiada
Que se não nos levava à nada
Tirava-nos grandes gargalhadas
O açaí era só uma desculpa
Eu nem gostava de tomar
Mas como gostava de conversar
Cada vez que você estava para chegar
Tome esse poema de meia tigela
Como um carinho da minha parte
Fica entre nós essa saudade
De um tempo que sabemos, não volta mais...
*Parabéns!!!
(Nane - 16/07/20)
terça-feira, 14 de julho de 2020
BROWN
Brown
Você se foi
Numa noite de inverno
Recluso na pandemia
Foi de encontro à sua musa
Highlander lutadora
Big, big te espera
Assim estava escrito
Vai em paz, meu amigo
Agora és só lembrança
Do meu primeiro "bom dia"
No abrir da minha porta
Sua patinha carinhosa
Estendida num sorriso
De quem tinha gratidão
Pela "dona" escolhida
Vai na paz, meu amigo
Fica em mim essa certeza
Da sua felicidade
Por "Big,big" ser sua eternidade...
(Nane - 13/07/20)
PRAGMATISMO
Talvez minha vida não seja aqui
Talvez, nem mesmo eu saiba de mim
Talvez não seja eu, eu mesma
E por isso me perco de mim
Sem saber onde e como chegar
Ou a quem procurar
Ou mesmo onde repousar
Talvez seja esse o meu destino
De andarilho sem estrada
Caminhante de uma mente
Deturpada e aflita
A vida, na verdade pouco importa
Posto que é infinita
Uma vez concedida
Eternamente será mantida
A forma é o que conta
No peso da sua cruz
É o que te fará renunciar
Ou ser forte e continuar
Deus, esse cara pragmático
Cumpre com louvor suas promessas
De ser o pai eterno
Pronto à ensinar
Talvez, só o que valha à pena
São as escrituras
Que se ditadas por ele
Estão tão deturpadas
Talvez meus valores sejam natos
E Deus, um ser em mim caricato
Digno de todas as minhas dúvidas
Diluído em meu...talvez
(Nane - 14/07/20)
segunda-feira, 13 de julho de 2020
OLHANDO PELA JANELA
Pela janela do tempo
Observo meu filho
Brincando no quintal
Misturado ao futuro
Em que seu filho brinca também
Minha mãe, orgulhosa,
Planta uma árvore
Diz que é para crescer
Junto com o neto
No seu futuro, com o bisneto
Eu
Pela janela do tempo
Só vejo a árvore
Frondosa e forte
Alta e majestosa...
(Nane - 13/07/20)
domingo, 5 de julho de 2020
DIÁRIO
Num desabafo só seu, sem testemunhas
Onde mora o segredo, que uma vez contado
Deixa de ser segredo.
Diário quer dizer dia a dia, todo dia
Expondo palavras engolidas, silenciadas
Simplesmente por não poderem serem ditas
Na contingências da vida...
Diário é a cova perfeita
Para o óbito dos desejos
Fluentes e massacrados
Da sanidade exigida
Mas se o diário é virtual
Escancara teus segredos
Nas entrelinhas de um poema
Malfadado e sem rimas
Quem ler não vai entender
Então continuas a ocultar
Faz tua voz silenciar
No grito que te alucina
Teus "sapos" engolidos
Digeridos nus e crus
Te permitem continuar
E deixar como deve ficar
Diário escrito e perdido
No tempo do teu próprio tempo
Pode transbordar a amargura
Contida nas entrelinhas
Diário que se preze
Deve ser aniquilado
Junto com o dono da sua autoria
Para ser eternamente...diário
Senão...azar de quem achar
(Nane - 05/07/20)
VIVER POR VIVER
Quantos nãos foram ditos
Quantos nãos foram escutados
Quanta raiva foi macerada
Volvendo em nós um liquidificador
Mas na manhã seguinte
Heis que surge o astro rei
Trazendo consigo todas as luzes
Que o mundo nos oferece
Salada de sentimentos
Num turbilhão de ressentimentos
Por amores infinitos
Sonhados em quimeras
Nem é tão difícil viver
Se não houvesse a natureza
Que se da terra é generosa
Dos homens é humana
Complicam a equação
Dois e dois não somam quatro
A vida segue em frente
Os ventos levam tudo
O infinito é logo ali
Num horizonte plausível
Em que a história termina
Num pote de amaralina
Prepotência de uma continuação
Estapafúrdia e sem noção
No flanar de uma gaivota
Sem porto seguro
Mãe é mãe
O resto...é tudo vaca
Mãe, nem sempre é mãe
As vezes...é vaca também
Você verá que é sempre assim
A história não tem fim
A arte de sonhar
Está na força do acordar...
(Nane - 05/07/2020)
terça-feira, 30 de junho de 2020
NUMA SALA DE JANTAR
Saudades dessa mesa...
Quando a gente estudava
Quebrávamos nossas cabeças
Com a matemática e o português
A química e a biologia
Que se casaram extra classe
Também fundiram nossas cabeças
Na prova do casal (de professores)
A física...ah a física
Que virava brincadeira
Quando um anjo ensinava
Nos arrancando gargalhadas
O inglês tinha o olhar debochado
E um batom avermelhado
Na altivez escancarada
Da literatura ensinada
Saudades dos papos que rolavam
Até quase o romper da madrugada
Quando o Neo entrava pela porta
Vindo de um turno terminado
Quanto tempo é passado
Parece que foi um dia desses
Ficou em nós uma amizade
Que eu sei, é para a eternidade
Parabéns minha amiga
Nessa data tão querida
Saúde, paz e muita alegria
É o que peço (para você) em poesia (já que não sei rezar)
(Nane - 30/06/20)
NOITE DE CALAFRIOS
Ninguém à minha volta
Uivos lamentosos
Cães, libertos e vadios
Parecem zombar de mim
Sorriem da minha clausura
Coleira em forma de vírus
Observo-os por detrás das grades
Talvez eu seja louca
Ou então estou ficando
A rua vazia me amedronta
O silêncio me atordoa
Até o mar silencia
Acomodado na sua calmaria
Numa noite estranha e fria
Que se tem feito rotina
Um pássaro notívago e escandaloso
Solta um grito estridente
Em plena madrugada silenciosa
Fazendo trilha de terror
Um corvo talvez
Mas não são comuns aqui
Não me arrisco à janela
Escondo com a coberta, a cabeça
Minha mãe, onde estás
Que não vem me acudir
Um só cafuné me faria adormecer
E desse estresse me esquecer
Agora tenho certeza
É o piado de uma coruja
O sono que não chega nunca
Deliro acordada
Entre sombras e ruídos
Não é noite de boemia
O psicológico me remete
Ao terror de uma noite escura
Escrevo na tentativa
De uma concentração fugidia
Quem sabe uma poesia
Ajude no nascer de um novo dia...
(Nane - 30/06/20)
segunda-feira, 29 de junho de 2020
SÓ MAIS UM DIA
Nas vielas assassinas
(Nane - 29/06/20)
quarta-feira, 24 de junho de 2020
NÃO SOU AMIGA DO REI
Por décadas na internet
Não me apetece
Da minha autoria
Vi tanta gente
Sem talento nenhum
Membro de academias
Do Grão Mestre metal
Livros sem teor nenhum
Da máquina cultural
Basta-me a internet
Rendo-me aos meus leitores
(Nane - 24/06/2020)
sábado, 20 de junho de 2020
DESAFIO
Sou eu
Tentando me derrubar
Se achando o tal
A minha poesia
Noite vazia
De onde dá para escutar
quinta-feira, 18 de junho de 2020
BLINDADA E SEGURA
Sou eu, com meu jeito brusco
Destilando irreverência
Irônica e sarcástica
Blindada e segura
Corre nas veias o sangue
Que fervido é gatilho
Aos esguichos de impropérios
Soltos no ar
Não busque em mim
O que está adormecido e contido
Não espere de mim
A frieza fingida
Deixa que eu me atenha no meu canto
Quieta e sem perspectivas
Do que não mais sonho ter
Nem tão pouco reviver
Sou eu agora, com meu jeito manso
Espalhando poesias
Reflexiva e centrada
Blindada e segura...de tudo (?)
(Nane - 18/06/20)
quarta-feira, 17 de junho de 2020
INQUILINO
Por vezes parece querer sair
Vagar por lugares que nunca fui
Ver pessoas que nunca vi
Na luta intrínseca me fere
Colocando em dúvida meu eu
Se meu, ou seu, não sei
Sonda-me e assombra-me com palavras
E dizeres que não digo
Enquanto persiste a sanidade
Do eu que acho ser meu, mas não sei...
Seu olhar penetra minha alma
Em fúria de prisão
Causando o reboliço vertiginoso
De um furacão sacolejante
Mareando meus sentidos já nauseabundos
Mas tenho meus dias de vinganças
Quando o domo e me sinto dona
Do ser que sei que sou
Fortalecida e imbuída do desejo
De não mais me deixar sofrer
Então afogo em minhas entranhas esse ser
Ferindo sem piedade seus instintos ferozes
Até o próximo embate...
(Nane - 17/06/2020)
SENSAÇÃO NENHUMA
Não dói
Por isso é sinistro
Apenas existe
Sem sensação nenhuma
Sem nenhuma marca
Sem porra nenhuma
Existe apenas
Não há mais o furor
Ou tão pouco a miserabilidade
Há sim um espaço
De nada ao nada
Sem expressão nenhuma
Sem contração nenhuma
Sem piedade alguma
Só um espaço vazio
Interstício oco
Sem eco nem ego
Ligado a lado nenhum
Perdido e desconectado
Dos outros espaços
Sem tristeza nenhuma
Sem dor nenhuma
Apenas o nada
Não há mais vontade
Talvez nem haja vida
Não há mais volta
Nem siga em frente
É só um estático
Parado no tempo
Se é que tem tempo
Nesse espaço vazio...
(Nane - 17/06/2020)
segunda-feira, 15 de junho de 2020
CÂNTICO UNÍSSONO
Valha-me a bênção do Criador
Da forma que ele mandar
Seja através dos Orixás
Ou apenas no ato de orar
Que se dobrem os joelhos
Num cântico uníssono e viril
Sem preconceito dos credos
Que performam o Brasil
Que a sua misericórdia
Cubra-nos como um manto
Nos livrando de todo o mal
Nos fazendo um só igual
Que se apeguem a todos os santos
Com Maria indo à frente
Num único ritual
Da fé no amor do nosso Senhor
Ao Divino Espírito Santo
Cantem bem alto o seu louvor
Agradecidos às graças concedidas
No Credo de toda uma nação
Que o vale das sombras da morte
Não nos faça temer
Posto que o teu cajado
Abre-nos todos os caminhos
Deus
Ser supremo de todos os ritos
Abençoa a humanidade
E faça em todos nós, a tua vontade
Que para todo o sempre
Assim seja
(Nane - 15/06/2020)
PRESENÇA VIP
Quisera hoje ser uma fada
Com poderes e varinha de condão
Só para alegrar seu coração
E o seu desejo realizar
O tempo nos faz omissos
No regar dos sentimentos
Que feito brasas sob as cinzas
Reavivam com um sopro
Você se fez senhora
Nas mesas dos sarais
Que a VM separava
Nos camarotes virtuais
Presença tão constante
Incentivando os rabiscos
Dos que se atreviam à rabiscar
Naquele inesquecível lugar
Só posso agradecer
Tentando te expressar
Na forma doce do teu olhar
Para quem, um dia tentou poetizar
(Nane - 15/06/2020)
sábado, 13 de junho de 2020
UM CLIK NA ESCADA
Desabrochou
Em plena primavera
Toda uma realidade
Antes virtual
Quantas vezes
No bar do Ditão
A gente imaginava
Se olhar olho no olho
Lá não foi possível
Então sentamos no Amarelinho
No coração da Cinelândia
Pra brindar à boemia
Nas escadas de Santa Tereza
Nos juntamos para a posteridade
Sob as bênçãos de Selarón
Que ainda vivia nessas paragens
Mel, trouxe seus zangões
Fa, trouxe Cristian que faria
Juninho, sempre andarilho
Sabrina, minha bruxinha
Foi uma semana só
Mas de uma festa esplendorosa
Com direito à Sáenz Peña
Na casa da Vera Rocha
As noitadas pelas quadras
Com muito samba e geladas
Os porres desgovernados
Chama o táxi, é hora de ir embora
Foi bom enquanto durou
Ficaram as lembranças
O Dito se foi
Selarón também
Quem sabe a gente volta
Um dia a se encontrar
Se não no Rio
Que seja em outro lugar...
(Nane - 13/06/2020)
MATURAÇÃO
Fome
De um doce
Que aplaque o amargor
Que invade meu paladar
Sede
Da água que liberta
A secura da minha boca
Tão sem nenhum refrescar
Vontade
De um nada sem querer
Me fazendo perceber
Que um tudo se perdeu
Desleixo
Com todas as vontades
Dos dizeres da verdade
Contidos...guardados
Certeza
De que toda a mentira
Se esvai numa única verdade
Que o destino sentenciou
Desatino
Nas palavras proferidas
Em madrugadas mal dormidas
Na revirada de feridas
Tempo
Maturando as escolhas
Silenciando os lamentos
Expondo pensamentos
Paz
Vindo de encontro afinal
A tantos desencantos
Trazendo enfim...o ponto final
(Nane - 13/06/2020)
sexta-feira, 12 de junho de 2020
UM DECRETO
Tão franco, tão intenso
Ris comigo sem perceber
A lágrima que escorre
Vida louca, louca vida
Desmilinguindo a fortaleza
Outrora tão imponente
Agora, tão impotente
Meu sorriso amarelo
Guarda suas cores
Num baú perdido num sótão
Impermeado de teias de aranhas
Mas tu vês meu sorriso
Camuflado e fingido
Dando vazão à tua precisão
De que tudo está bem
Vida louca, louca vida
No eterno palco escondida
Aguardando a direção
Do autor à sua revelia
Propagar sua dureza
Não vale, com certeza
A tristeza, antônimo da alegria
Não rima com a poesia
Vida louca, louca vida
Boto em ti com ousadia
Desafiando sua agonia
Meu escafandro de ironia
Se tu choras, eu sorrio
E vou levando assim
O desafio de vence-te
Até o decretar...do meu fim
(Nane - 12/06/2020)
quarta-feira, 10 de junho de 2020
DAS DORES DO MUNDO
Guardou para ti
Te fez ser mais
Bem além daqui
Quem te vê te imagina
Senhora dos teus encantos
Refletidos em teus olhos
De uma claridade brilhante
O carmim na boca sorridente
Enfeita a tez colorida
No prazer da maquiagem
Que cultivas orgulhosa
Carregas contigo
Contidas só para ti
Todas as dores do mundo (físicas)
Que o mundo te reservou
Por te saberes forte
Ele (o mundo) te provoca
Não te dando trégua
Por vezes, um refresco
Mas zombas dele
Sorri da tua dor
Não reclamas nem vitimiza
O deixas desconcertado
Inveja da tua força
Menina dos meus encantos
Que mesmo na "estampa" de mulher
És criança...esperança
(Nane - 10/06/2020)
terça-feira, 2 de junho de 2020
ALQUIMIA LITÚRGICA
À declamar meus versos e de outros
Transformando em poesias poemas
Lapidando versos banais
Alquimia litúrgica se faz
Quando ao som da tua voz
Desfilam palavras entoadas
Resultantes da tua magia
Tal qual a cotovia
Teu declamar é pura sinfonia
Ressaltando a interpretação
Que vai de encontro ao coração
Escrever para você virou objetivo
Na espera de que a sorte (de novo) me sorria
Feito o autor que sonha com o ator
Para o papel da sua vida
Ah...minha bela Dama dos Palcos
Não me canso de te escutar
Dando vida aos meus versos
Que até eu mesma passei a admirar
Meu poema, coitadinho
Uma "gata borralheira"
Interpretado por você
Num piscar tornou-se Cinderela
De volta à normalidade
Escrevo com más intenções
Quem sabe você ao ler
(feito a cotovia)
Anuncie mais um (meu) alvorecer
(Nane - 02/06/2020)
SÓ UMA NOITE DE LUAR
Que sopra à beira mar independente
Se de dia ou à noite, sempre fria
Como num instante de um adeus
A noite fria com luar
Faz eu me afastar do mar
E num passado sem sentido pensar
Enquanto ela passa devagar
Nada mais silencia tua voz
Dizendo frases que eu tanto ouvi
Quando éramos dois em um
Ou...achei que fôssemos
Imagino onde estás
Não gosto da minha imaginação
Me pergunto se foi apenas ilusão
Mas teu calor me invade e me arrepia
O tempo, senhor de todas as verdades
Sorri, mangando dos meus pensamentos
Fingindo sentir minha aflição
Tentando me mostrar que tudo vai passar
A lua, clara e espetacular
Brilha com tanta intensidade
Sem entender que sua beleza
Afronta minha inspiração
Remetendo meu sonhos e devaneios
A outros tempos em que ela, a lua, brilhava
Enternecida por tamanha felicidade
Perdida por uma efemeridade
Ser e estar tão paralelos
Confundem a razão e o coração
Dizem coisas que não são
Fazem coisas que se vivem, apenas
Se voltarás, não sei
A eternidade é tão vasta
Talvez isso mantenha meu equilíbrio
Na espera de que eu não tenha errado
Enquanto isso a lua
Brilhante e fria me faz companhia
Sem entender que sua beleza
Afronta minha inspiração.
(Nane - 01/06/2020)