sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

CÍCLICO

Ouço o som do silêncio
Enquanto procuro o som da sua voz
E nesse silêncio escuto
O que eu sempre quis escutar

O tempo
Esse dono de todas as verdades
Por vezes maltrata
Impondo saudades

Por outras
Se torna amigo
Amenizando as dores
Festejando reencontros

O tempo
Passado, presente e futuro
Num ciclo que nunca termina
Se renovando em gerações

Me vejo menina
Tão pequena e carente
Em busca de um carinho
Da mãe com tantos outros filhos

Me vejo mulher
Com um só filho
Posto por sob as asas
Fazendo o meu carinho

O tempo
Que sem que eu percebesse
Passou
Mas o ciclo não se quebrou

Meu filho
Incluso no ciclo
Teve o seu filho
Agora futuro

Minha mãe
Passado gostoso
Lembranças de raízes
Do que aprendi

Eu
Presente ainda
Tentando um legado
Ao filho amado

Meu filho
O tempo dirá
No seu ouvido
O que será

O tempo
Esse dono do mundo
Ao seu tempo fará
De todos nós...um só

(Nane- 11/12/20)


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

POESIA OPRIMIDA

Vive em mim
Uma poesia
Calada
sentida
Natimorta
Que sobrevive
No meu íntrínseco

Fala de ti
E de mim
Do que vivemos
Do que sentimos
Do que quisemos
Do que fizemos
Do que nada mais restou

Mas ela insiste
No meu silêncio
Em gritar seu nome
Como se não mais houvesse
Um outro qualquer
Com o que rimar
Em meu eterno poetar

Vive em mim
Uma poesia dissimulada
Que jamais será escrita
Mas com certeza entendida
Por quem causou toda essa tristeza
Contida em meus versos
Suprimidos e sem sentidos

Vive e viverá
A poesia que oprime
Enquanto eu viver
Sem poder escrever
O que de fato quero dizer
E comigo há de morrer
Sem mais ninguém saber

Vive e sangra em mim
Essa poesia...oprimida

(Nane - 07/12/20)



sábado, 21 de novembro de 2020

MATURAÇÃO

 
Na busca da paz
Dei tantas voltas
Bati tanta cabeça...doeu
Custei a entender
Que minha paz estava em mim
Não em mais ninguém

Troquei de mal com Deus
Cada vez que ele não me atendia
Me senti desamparada
Mal amada, esquecida
Deus não me ouvia
Me deixou na contra mão

Tudo se esvaía 
Os sonhos que sonhei
As lutas que travei
A recompensa que não veio
O amor que imaginei
O sucesso que não alcancei 

Bateu cansaço
Pensei estar tudo perdido
Nada mais valia à pena
Deixei a vida me levar
Pela estrada (por ela) escolhida
Parei de reclamar

O tempo veio ao vento
Soprado devagar 
As marcas desse tempo
Esculpiram minha face
Refletindo no espelho
Uma suposta maturidade
Da vida à me ensinar

Sem que mesma percebesse
Minha pressa se acabou
Meus dias, ainda que nublados
Se mostraram ensolarados
Em pequenas coisas percebidas
Na rotina sem expectativas

Minha paz desvirginou-se
Na falta da impaciência
Nos rompantes esquecidos
Por não mais me violar
Na busca de uma perfeição
Que achei de Deus ser obrigação

Ainda estou sendo curtida
Mas a tal maturação
Deixou meus dias leves
Sem cobranças de mim mesma
Sem violência em meus desejos
Sem a culpa ser de Deus

A paz se apresentou
Sem que eu tivesse percebido
Tem compartilhado comigo o dia a dia
Sem compromisso de bater ponto
Sem rima, sem nexo, sem obrigação
Por isso faço dela, poesia...

(Nane- 21/11/20)




sexta-feira, 20 de novembro de 2020

MÃOS SUJAS DE TERRA

 
Por debaixo das unhas
A terra preta aparentando sujeira
Tinge também minhas mãos
Nos sulcos das palmas delineadas

Rejevo as mãos de minha mãe
Nessa mesma terra plantando
E ensinando as técnicas aprendidas
Com o amor à natureza

Os pássaros fazendo algazarras
Entre as frutas da estação
Manga, amora, mamão
Comem, se fartam e vão embora

Se recolhem no crepúsculo
Me despertam no alvorecer
Me acompanham na plantação
E cantam de satisfação

Maritacas, sanhaços e bem-te-vis
Coleirinhos, canarinhos e andorinhas
Tem também as saírinhas, os pardais e bicos de lacres
Que cantam e encantam

Uma saudade gostosa transborda
Enquanto meus ouvidos escutam
O jeito certo da carpina
Para as mudinhas vingarem

Tento passar o que aprendi
Ao menino companheiro
Que também gosta da terra
E protege os animais

Talvez ele um dia, também conseguirá
Ouvir a voz que vem de dentro
Quando a ausência imperar
E a saudade transbordar

Meu dia passou depressa
Os pássaros me avisam do entardecer
Vou lavar as minhas mãos
E retirar a terra das minhas unhas...

(Nane - 20/11/20)


domingo, 15 de novembro de 2020

ISABEL (RUIVINHA INVOCADA)

Lá se foram seis/cinco anos
De duas ausências tão sentidas
Isabel, minha pequena
A tecnologia te presenteia

Tua avó e teu avô
Não puderam te abraçar
Mas velam por ti bem juntinhos
Lá no céu, onde foram morar

Da Manu, a prima mais velha
Pedi o corpo emprestado
Só para ter a alegria 
Na montagem desse abraço

Isabel, minha pequena
Você irá crescer
E verá que essa poesia
Foi feita para você

Tua avó e teu avô
Babariam o tempo todo
Se pudessem te ver crescer
Assim, tão dona de si

Ruivinha geniosa
Dos olhos tão azuis
Fique com as bênçãos de teus avós
Cresça nas graças de Jesus


(Nane/sua avó emprestada - 16/11/2020)


sexta-feira, 9 de outubro de 2020

SE...




Se tivesses noção
Do turbilhão de emoções
Que fervilham em meu peito
Cada vez que tu vens...

Se pudesses entender
A catarse intrínseca
Aflorada, esparramada
Sem limites designados...

Se entendesses meus instintos
Deliberados ao teu encontro
Por saberem ser em ti
O objetivo alcançado...

Se me olhasses e me visses
Compreenderias o turbilhão
Que tira-me o fôlego
No simples ouvir da tua voz...

Se não tivesses um outro alguém
No lugar que eu tanto queria
Seria eu o que só tu terias
No meu e no seu dia a dia

Ah...se não fosses apenas o se
Seríamos complemento um do outro
E não teria eu esse tormento
Implodindo todo meu eu...

Ah se...

( Nane - 09/10/20)

sábado, 3 de outubro de 2020

LUA MULHER

 Teu lado oculto
Guarda os mistérios
Nas sombras escuras
Intransponíveis...

Nem mesmo o sol
Que te ilumina
Em fases distintas
Te domina

Lua mulher
De beleza exuberante
Se deixando refletir
Pelo lume solar

Nos encontros marcados
Ao crepúsculo e o alvorecer
Em que o astro rei se derrete
E te cobre de dourado

Um breve olhar 
Distante e apaixonado
O sol se curva à lua
Sabendo que nunca será sua

Lua de fases
Tão extremas e complexas
Tão cheia e nua
Tão acabrunhada e minguante

O sol se põe
Rumo ao oriente
Enquanto ela
Sorri para o ocidente

Lua mulher
Tão linda e misteriosa
Encantando os encantados
Eternamente apaixonados

(Nane - 03/10/20)

 

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

SÓ POR HOJE

 

Recolho meus cacos

Refaço meus moldes

Argilo minhas formas

Ressurjo de minhas cinzas


A cada novo amanhecer

A vida me presenteia

Com mais (ou menos) um dia

Que vivo à minha maneira


Me afogo em lágrimas
Me desfaço em gargalhadas

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

A VOZ QUE EU OUÇO

 
A voz que não escuto
Mas ouço dentro de mim
Me diz palavras
Que nem sempre quero ouvir

Mas me é imprescindível 
Então a ouço
Em meu íntimo
Ainda que emudecida

E posto que a ouço
Por vezes diz
Tudo aquilo que eu quero
Mas que nunca escutei

A voz que não escuto
Tem o poder de me enternecer
Quando o que eu quero é enfurecer
E dizer o que não falo

Vomitar meus despautérios
Por não ser o que eu queria
Dentro do seu ser que me domina
E não me deixa ser quem sou

Mas basta que eu ouça
A voz que me domina
Para que a minha fúria se aplaque
E eu me entregue aos seus encantos

Deixa que eu escute
A voz que sempre ouço
Mas que nunca me diz
O que eu quero (de fato) ouvir

(Nane - 17/09/20)

terça-feira, 1 de setembro de 2020

O SILÊNCIO DA NOITE

Olho em volta de mim

Sem enxergar ninguém

Talvez até estejam

Etéreos, cuidando de mim


Em cada cômodo vazio

A presença concreta de outros tempos

Preenche cada espaço definido

Por vivos e mortos que se foram


A casa, outrora tão pequena

Agora se agiganta

No eco de seus cantos

Das palavras que levitam


Vozes ímpares

Por vezes em algazarras

Brigas ou brincadeiras

Canções ou orações


Alguém me chama

Me deseja boa noite

Minhas vozes se calam

Não há mais eco pelos cantos


Escuto vozes agora

Vindas da televisão

Nem mesmo sei o que dizem

Mas escuto-as por opção


Nunca a desligo

Gosto de ouvir vozes

Ainda que de desconhecidos

Ainda que de uma televisão


O silêncio da noite me incomoda...

(Nane - 01/09/20)




quarta-feira, 26 de agosto de 2020

(SÉRIE): LEMBRANÇAS DE MIM

 


Hoje, à tardinha, fui até o açougue comprar um pacotinho de 1 kg de fígado de galinha para fazer um patê e misturar na ração de meus cães. Entrei, pedi o fígado e me pus a observar o açougueiro limpando os cortes da carne fresca que acabara de chegar. Vi que ao lado da bancada ele acumulava as nervuras (pelancas) que retirava das carnes nobres, e sem saber porquê, perguntei ao dono do açougue se ele me vendia um pouco daquela pelanca para eu cozinhar para os meus cachorros, ao que ele disse: _ Pode levar, é de graça, eu não vendo pelanca. Leve sempre que quiser.
O primeiro pensamento que me veio à mente foi: "melhor que pagar R$5,00 no fígado de galinha". Pedi ao açougueiro que me desse um pouco da pelanca, paguei minha conta e saí. Já em casa, com uma faca afiada na mão e uma tábua de carne sobre a mesa, a magia aconteceu.
           Minha mãe, do nada apareceu, linda! Tão mais moça, com seus olhos verdes e brilhantes, seu sorriso de quem enfrenta a vida de peito e braços abertos! 
Ela picava as pelancas bem pequenininhas e ía separando as rebarbas das carnes que restavam nelas. 
Me vi em nossa cozinha, lá no bairro do "Conforto", onde morávamos. Pelo menos umas duas vezes na semana, minha mãe ía na rua 208 (comércio), ao armazém comprar um quilinho de arroz, outro de feijão, e se possível um quilinho de batatas (tudo pesado no saquinho de papel), ou uma dúzia de ovos embrulhados no jornal de dias anteriores. Então, depois das compras ela entrava no açougue e pedia pelancas ao açougueiro, era de graça, e os cães, naquela época, não comiam ração, só os restos das comidas de seus donos, e lá em casa não era de sobrar muita coisa para eles (eram dois: Chita e Perigoso).
                Depois de tudo picadinho, as rebarbas das carnes restantes nas pelancas, já estavam bem separadinhas, e de um saco de mais ou menos 3/4 kg da iguaria canina, ela retirava uns 350/400 gramas de carne pura e limpa. Então temperava com alho e sal, refogava e era a proteína que servia sorrindo e feliz aos seus 13 rebentos, dividindo igualmente em porções, que se não tão generosas, eram extremamente amorosas.
               Voltei à minha casa, às minhas pelancas, minha mãe já havia se retirado... os cães me aguardam servi-los.

                                               (Nane - 26/08/20)

domingo, 23 de agosto de 2020

LAPIDANDO AS PEDRAS



 Pisei em tantas pedras

Sangrei meus pés

Praguejei e as amaldiçoei

Pelos eternos obstáculos

Em meu caminho espalhados


Procurei uma relva macia

Para me servir de passarela

Num desfilar suave

Na caminhada perene desejada

Em busca da eternidade


Sem perceber a validade

Nos ensinamentos da qualidade

Dos valores existentes

Em toda pedra no caminho

Embasando alicerces


A escolha do caminho

Que só a nós é permitida

Será percorrido intermitente

Embora contínuo

Com hora de chegada


Nosso corpo edificado

É moradia de um espírito

Errante e aprendiz nômade

Buscando evolução

Por vezes na relva macia


Sem saber que são as pedras

A base do firmamento

Que enfrentarão os ventos

As chuvas e o frio

Sem se deixar esmorecer


As pedras são dúbias

Deixando claro a intenção

De quem as usam

Se para o bem ou para o mal

É seu o caminhar


A relva macia

Que conforta nossos pés

Por vezes nos afundam

Em poças escondidas

Sujando de lama nosso corpo


Haverá sempre uma pedra no caminho

Que se lapidada, se fará preciosa

Haverá sempre a relva macia

Que se não bem cuidada

Se tornará caminho pantanoso


(Nane - 23/08/20)








sábado, 15 de agosto de 2020

PASSAREDO

Maritacas barulhentas

Sobrevoam minha horta

Fazendo algazarras
Gritando, cantando, sei lá
Pousam na mangueira
Atacam a amoreira
Miram o mamoeiro
Mas temem minha presença

A sabiá laranjeira
É bem mais atrevida
Traz a família inteira
Pra ciscar nos meus canteiros
(Pobres das minhocas)

O sanhaço é mais eletivo
Diria até metido
Gosta das goiabas
E das minhas acerolas

Mas é o bem-te-vi
O maestro da passarada
Logo no finzinho da madrugada
Convoca a orquestra
E desperta o alvorecer

Lá vem a pardalzada
Quase sem atrativos
São livres e sem preocupações
Comem de tudo
Só temem o gavião
E na hora do crepúsculo
Parecem sempre em oração
Haja ouvido para tanta barulhada

Quando a noite chega
O silêncio denuncia
Que todos adormeceram
Mas eis que surge um pio
Lá pras bandas do pomar
É a visita solitária
Da caçadora de morcegos
Velha amiga corujinha


(Nane - 15/08/2013)

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

OLHA AS VERDURAS

Onde estão todos

Os que habitavam aqui

Nos tempos em que andávamos juntos

Sem filhos, netos, ou mais ninguém


Escutem a voz e minha mãe

Chamando para o almoço

Vejam  a horta adubada

Amanhã, logo na primeira hora

Ela há de nos acordar


Nas cestas de bambu

As verduras serão ajeitadas

Três ou quatro de nós sairá

Pelas vielas do bairro à gritar

Anunciando o frescor dessas folhagens


Quando a tarde se anunciar

Voltaremos com as cestas vazias

Dividiremos com ela (mãe) os lucros

Depois do almoço que comeremos com a voracidade

De quem acorda cedo pra labuta


Uns guardarão os seus proventos

Outros torrarão em doces e brinquedos (eu)

Minha mãe guardará o seu quinhão

Para que não nos falte a alimentação


Herdei dela o gosto pelo plantio

Embora seja pequena a minha horta

Também não tenho quem as venda

Nem as cestas de bambus

E nem mesmo à quem alimentar


No silêncio da labuta agrária

Vejo o sorriso de minha mãe

Zombando do meu jeito tão sem jeito

No cuidado das hortaliças plantadas

Por ela, tantas vezes ensinadas


Já não as vendo mais

Planto-as pelo simples prazer

De vê-las crescer e as colher

Escutando em meus devaneios

Os rumores da infância já tão distante


 Onde estão todos

Os que habitavam aqui

Nos tempos em que andávamos juntos

Sem filhos, netos, ou mais ninguém...


(Nane - 14/08/20)




   

terça-feira, 11 de agosto de 2020

MUDANÇAS

 


A muito me desfiz

Do ser em desalinho

Que pulsando se atrevia

Em um querer de soberania


Meus passos, hoje compassados,

Sorriem da outrora correria

No vigor desperdiçado da juventude

Desgastada pela falta da sabedoria


O futuro, essa incógnita matemática

Já não assusta e nem me anseia

São segundos preciosos

Dos quais, vivo e os degusto



A pressa

Essa Antígona juvenil

Se rende aos valores maturados

Entendendo que num caminhar

Só importa o continuar


Então

Num olhar de soslaio

Revejo toda uma estrada

Percorrida sem direção

Rumo à evolução


O corpo declina

Como a reclamar

De sua exaustão

Na caminhada desgovernada


A mente amadurece

Feito semente frutificada

Virando árvore frondosa

Em plena Saara


Chamam de velhice

A sabedoria adquirida

Que se esvai com a própria vida

Sem deixar herança guarnecida


Ímpar caminhada solitária

Ainda que em meio à multidão

Tu vens e vais num solo orgânico

Digno de um adubo lançado ao léu...


(Nane - 11/08/20)









segunda-feira, 10 de agosto de 2020

A SEMENTE

 


Fica contigo menino

Da infância, as lembranças

Que se não intactas

Verídicas


Ouça

Os latidos dos cães

Que lamberam a tua face

Numa explosão de alegria

Quando da tua chegada


Relembre

Das dores nos joelhos

Ralados e sangrentos

Quando as árvores debochadas

Não permitiam tua escalada


Escuta

Os conselhos de tua bisa

Que predestinava tua missão

De doutor por seu amor

Tão tenro, ao próximo revelador


Olha menino

O tempo que te faz ser homem

Entre flores e espinhos

Num conluio com a natureza

Que expõe sua grandeza


Talvez menino

Eu não veja essa colheita

Mas de legado, tenho a certeza

Das sementes que plantei

E que por certo, um dia florescerá


Então

Serás de mim, continuidade

Germinado em terra fértil

Logado num legado eminente

De grãos seletos de um mesmo gens 


(Nane - 10/08/20)


 






segunda-feira, 3 de agosto de 2020

DOIS EM UM



Entre Luas... Na singela noite de suave brisa , nos encontramos eu cá,(Fortaleza) você lá (Rio de Janeiro) E uma suave lua , em distintos céus a nos contemplar! O papo é o de sempre ou talvez não seja, mas deixa pra lá! Pois o riso presente Nos faz inocentes a luz do luar! Falamos tanto falamos nada lembramos tudo versamos histórias Que não permitem nos encontrar. E o que surpreende e que nos aquece o que nos preenche nos enternece é a constância dessa distancia que não consegue nos separar. E lá no alto a linda lua, sorri de lado a testemunhar. essa nossa história amor de amigas sem versos perfeitos sem métrica certa mas dentro do peito tem senha secreta explode e ascende num encaixe completo tal qual lua inteira num grande universo Que nesse momento em dois se divide mas sem importar.... Pois nossa lembrança da lua de hoje, em nossos poemas vão se eternizar! Fatinha, só Fatinha... *Um céu fortalezense, um céu carioca...dois quintais.Brisa suave , noite gostosa, papo de amigas! E a linda lua a nos abençoar!

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SOB DOIS PRISMAS

Num primeiro dia (noite)
Do mês de agosto
De um ano pandêmico
De tantas melancolias

Heis que surge uma lua
Com halos e ares anormais
Diria até mesmo sobrenaturais
Em Estados desiguais

Num bate papo no celular
Eu no Rio, ela no Ceará
A mesma lua por testemunha
Com Vênus a ladear

Poesia se faz com tudo
Poemas, olhares, fotografias
Então vamos fotografar
Eu aqui e ela lá

Tantas nuvens escondendo
O brilho do luar
Que a lua aqui no Rio
Parece ser engolida por alguém

Mas lá no Ceará
Ela brilha exuberante
Soberana e companheira
Da estrela da beleza

Sob prismas diferentes
Clicamos a mesma lua
Enquanto a poesia se faz
No interstício dos lugares

Há muita poesia nos olhares
Das pressupostas poetisas
Que em desafio, escrevem poemas
Eternizando esse momento

Num primeiro dia (noite)
Do mês de agosto
De um ano pandêmico
De tantas melancolias

Heis que prevalece sempre...a poesia

(Nane - 02/08/20)
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(Fatinha, só Fatinha & Nane- 03/08/20)



domingo, 2 de agosto de 2020

SOB DOIS PRISMAS

Num primeiro dia (noite)
Do mês de agosto
De um ano pandêmico
De tantas melancolias

Heis que surge uma lua
Com halos e ares anormais
Diria até mesmo sobrenaturais
Em Estados desiguais

Num bate papo no celular
Eu no Rio, ela no Ceará
A mesma lua por testemunha
Com Vênus a ladear

Poesia se faz com tudo
Poemas, olhares, fotografias
Então vamos fotografar
Eu aqui e ela lá

Tantas nuvens escondendo
O brilho do luar
Que a lua aqui no Rio
Parece ser engolida por alguém

Mas lá no Ceará
Ela brilha exuberante
Soberana e companheira
Da estrela da beleza

Sob prismas diferentes
Clicamos a mesma lua
Enquanto a poesia se faz
No interstício dos lugares

Há muita poesia nos olhares
Das pressupostas poetisas
Que em desafio, escrevem poemas
Eternizando esse momento

Num primeiro dia (noite)
Do mês de agosto
De um ano pandêmico
De tantas melancolias

Heis que prevalece sempre...a poesia

(Nane - 02/08/20)








terça-feira, 21 de julho de 2020

VERMES E VÍRUS


Tempos modernos
De vermes e vírus
Corroendo vidas
Desfazendo sonhos

Vermes que se alimentam
Da podridão energúmena
Deteriorando o pouco que resta
No substantivo "humanidade"

Substância vergonhosa
No desterro da terra mãe
Por um vírus codificado
Nos lucros amaldiçoados

Lágrimas derramadas
Pelos que se foram sem a dignidade
Servir de banquete aos vermes
Puros e necessários

Lágrimas de "crocodilos" (coitados dos répteis)
Em prol de uma sagacidade
Imoral e lucrativa
Ante a desgraça alheia

Chora a mãe
O pai, a filha, o filho
O tio, a neta e o avô
Chora o irmão, a esposa, choram todos

A desgraça consumada
Sobrevive o desempregado
Podendo virar bandido
Na manutenção da prole

Uma nova "portaria" inventada
Dará cabo à bandidagem
Protegendo a sociedade
Gente de bem no asfalto da cidade

Os vírus (biológicos) indignados
Aguardam sem pressa sua vingança
Os vermes (biológicos) se assanham
Para o banquete da podridão que um dia virá

(Nane - 21/07/20)

sábado, 18 de julho de 2020

COM MEUS BOTÕES


Pensando com meus botões
No isolamento social
Tirando conclusões
Revendo situações...

A família reclamando
Da minha falta de atenção

Os meus amigos virtuais
Sendo a minha aglomeração

Eu e meu filho numa mesma casa
Nos falando por celular

O quintal vazio e sem crianças
Que mesmo vizinhas, jogavam no celular

As bicicletas encostadas e enferrujadas
As bolas murchas num canto qualquer
Os abraços deixados para depois
Quando a internet, enfim, saía do ar

O isolamento social é só a nomenclatura
Do que a muito já existia
Cerceando o direito à liberdade
Da escolha que (certo ou errado) já fizemos

O "novo normal" não é tão novo assim
Apenas virou imposição

E a gente, que gosta de reclamar
Agora, a falta do abraço nos faz chorar...

(Nane - 18/07/20)

sexta-feira, 17 de julho de 2020

NUMA TIGELA DE AÇAÍ

Cadê o açaí que estava aqui
Onde um dia eu te encontrei
Na praça de um bairro
Em que a gente se confraternizava

Geralmente era o tempo de um "boa noite"
Mas a gente esticava
Batia um papo até altas horas

Até que o ônibus certo a levava

Sinto falta do seu carinho
Da nossa conversa fiada
Que se não nos levava à nada

Tirava-nos grandes gargalhadas

O açaí era só uma desculpa
Eu nem gostava de tomar
Mas como gostava de conversar
Cada vez que você estava para chegar

Tome esse poema de meia tigela

Como um carinho da minha parte
Fica entre nós essa saudade
De um tempo que sabemos, não volta mais...

*Parabéns!!!


(Nane - 16/07/20)




terça-feira, 14 de julho de 2020

BROWN



Brown
Você se foi
Numa noite de inverno
Recluso na pandemia

Foi de encontro à sua musa
Highlander lutadora
Big, big te espera
Assim estava escrito

Vai em paz, meu amigo
Agora és só lembrança
Do meu primeiro "bom dia"
No abrir da minha porta

Sua patinha carinhosa
Estendida num sorriso

De quem tinha gratidão
Pela "dona" escolhida

Vai na paz, meu amigo
Fica em mim essa certeza
Da sua felicidade
Por "Big,big" ser sua eternidade...

(Nane - 13/07/20)





PRAGMATISMO

Talvez meu tempo não seja esse
Talvez minha vida não seja aqui
Talvez, nem mesmo eu saiba de mim
Talvez não seja eu, eu mesma

E por isso me perco de mim
Sem saber onde e como chegar
Ou a quem procurar
Ou mesmo onde repousar

Talvez seja esse o meu destino
De andarilho sem estrada
Caminhante de uma mente
Deturpada e aflita


A vida, na verdade pouco importa
Posto que é infinita
Uma vez concedida
Eternamente será mantida

A forma é o que conta
No peso da sua cruz
É o que te fará renunciar
Ou ser forte e continuar


Deus, esse cara pragmático
Cumpre com louvor suas promessas

De ser o pai eterno
Pronto à ensinar

Talvez, só o que valha à pena
São as escrituras

Que se ditadas por ele
Estão tão deturpadas

Talvez meus valores sejam natos
E Deus, um ser em mim caricato
Digno de todas as minhas dúvidas
Diluído em meu...talvez

(Nane - 14/07/20)


segunda-feira, 13 de julho de 2020

OLHANDO PELA JANELA



Pela janela do tempo
Observo meu filho

Brincando no quintal
Misturado ao futuro

Em que seu filho brinca também

Minha mãe, orgulhosa,
Planta uma árvore
Diz que é para crescer
Junto com o neto
No seu futuro, com o bisneto


Eu
Pela janela do tempo
Só vejo a árvore
Frondosa e forte
Alta e majestosa...

(Nane - 13/07/20)



domingo, 5 de julho de 2020

DIÁRIO

Diário é onde se escreve as mazelas da vida
Num desabafo só seu, sem testemunhas
Onde mora o segredo, que uma vez contado
Deixa de ser segredo.


Diário quer dizer dia a dia, todo dia
Expondo palavras engolidas, silenciadas
Simplesmente por não poderem serem ditas
Na contingências da vida...

Diário é a cova perfeita
Para o óbito dos desejos
Fluentes e massacrados
Da sanidade exigida

Mas se o diário é virtual
Escancara teus segredos
Nas entrelinhas de um poema
Malfadado e sem rimas

Quem ler não vai entender
Então continuas a ocultar
Faz tua voz silenciar
No grito que te alucina


Teus "sapos" engolidos
Digeridos nus e crus
Te permitem continuar
E deixar como deve ficar

Diário escrito e perdido
No tempo do teu próprio tempo
Pode transbordar a amargura
Contida nas entrelinhas

Diário que se preze
Deve ser aniquilado

Junto com o dono da sua autoria
Para ser eternamente...diário

Senão...azar de quem achar

(Nane - 05/07/20)

VIVER POR VIVER


Quantos nãos foram ditos
Quantos nãos foram escutados
Quanta raiva foi macerada
Volvendo em nós um liquidificador

Mas na manhã seguinte
Heis que surge o astro rei

Trazendo consigo todas as luzes
Que o mundo nos oferece

Salada de sentimentos
Num turbilhão de ressentimentos

Por amores infinitos
Sonhados em quimeras


Nem é tão difícil viver
Se não houvesse a natureza
Que se da terra é generosa

Dos homens é humana

Complicam a equação
Dois e dois não somam quatro
A vida segue em frente
Os ventos levam tudo

O infinito é logo ali
Num horizonte plausível
Em que a história termina
Num pote de amaralina

Prepotência de uma continuação
Estapafúrdia e sem noção
No flanar de uma gaivota
Sem porto seguro

Mãe é mãe
O resto...é tudo vaca
Mãe, nem sempre é mãe

As vezes...é vaca também

Você verá que é sempre assim
A história não tem fim

A arte de sonhar
Está na força do acordar...

(Nane - 05/07/2020)

terça-feira, 30 de junho de 2020

NUMA SALA DE JANTAR



Saudades dessa mesa...
Quando a gente estudava
Quebrávamos nossas cabeças

Com a matemática e o português

A química e a biologia
Que se casaram extra classe

Também fundiram nossas cabeças
Na prova do casal (de professores)


A física...ah a física
Que virava brincadeira

Quando um anjo ensinava
Nos arrancando gargalhadas


O inglês tinha o olhar debochado
E um batom avermelhado
Na altivez escancarada
Da literatura ensinada

Saudades dos papos que rolavam
Até quase o romper da madrugada
Quando o Neo entrava pela porta

Vindo de um turno terminado

Quanto tempo é passado
Parece que foi um dia desses

Ficou em nós uma amizade
Que eu sei, é para a eternidade


Parabéns minha amiga
Nessa data tão querida
Saúde, paz e muita alegria
É o que peço (para você) em poesia (já que não sei rezar)

(Nane - 30/06/20)

NOITE DE CALAFRIOS

Noite de pandemia
Ninguém à minha volta
Uivos lamentosos
Cães, libertos e vadios

Parecem zombar de mim
Sorriem da minha clausura
Coleira em forma de vírus
Observo-os por detrás das grades

Talvez eu seja louca
Ou então estou ficando
A rua vazia me amedronta
O silêncio me atordoa

Até o mar silencia
Acomodado na sua calmaria
Numa noite estranha e fria
Que se tem feito rotina

Um pássaro notívago e escandaloso
Solta um grito estridente
Em plena madrugada silenciosa
Fazendo trilha de terror

Um corvo talvez
Mas não são comuns aqui
Não me arrisco à janela
Escondo com a coberta, a cabeça

Minha mãe, onde estás
Que não vem me acudir
Um só cafuné me faria adormecer
E desse estresse me esquecer

Agora tenho certeza
É o piado de uma coruja

O sono que não chega nunca
Deliro acordada

Entre sombras e ruídos
Não é noite de boemia
O psicológico me remete
Ao terror de uma noite escura

Escrevo na tentativa
De uma concentração fugidia
Quem sabe uma poesia
Ajude no nascer de um novo dia...

(Nane - 30/06/20)




segunda-feira, 29 de junho de 2020

SÓ MAIS UM DIA

Chora a mãe
Prostrada num canto
Já sem argumentos
Sem forças...
Implora à Deus
Que se a escuta
Não responde...
Chora a sociedade
Clamando justiça
Com hipocrisia
Dos valores perdidos
Chora seu filho
Que para não ser
Filho do mundo
Se torna filho do outro
Chora a vida
Dos que se tornam vítimas
Da erva maldita
Que ceifa as vidas
Choram as mães
Das crianças abatidas
Nas vielas assassinas
Das chacinas do pó
É só mais um dia...na cidade

(Nane - 29/06/20)


quarta-feira, 24 de junho de 2020

NÃO SOU AMIGA DO REI

Escrevo para mim
E para meu leitores
Fiéis, que me seguem
Por décadas na internet

Já tive o sonho
Do livro publicado
Bobagem que hoje
Não me apetece

Um livro na estante
Só pelo prazer
Da minha autoria
Já não seduz

Vi tanta gente
Sem talento nenhum
Membro de academias
Do Grão Mestre metal

Livros sem teor nenhum
Mas a faixa transpassada no peito
Empluma o orgulho do autor
Que "comprou" seu editor

Pobre coitado desesperado
Por verbas na manutenção
Da máquina cultural
Exilada pelo Distrito Federal

Não, não quero um livro
Basta-me a internet
Rendo-me aos meus leitores
Sou eu, poeta rebelde (se boa ou ruím...julguem vocês)

(Nane - 24/06/2020)



sábado, 20 de junho de 2020

DESAFIO

Hoje
Mais do que nunca
Sou eu

Bêbada e perdida
Nas horas infames da noite
Que teimam em me desafiar

Passam numa lentidão
Feito provocação
Tentando me derrubar

Noite fria e sem juízo
Inverno infernal
Se achando o tal

As blusas me aquecem
As cobertas me esperam
Não preciso de mais nada

Vem nimim noite fria
Que estou aquecida
Embora perdida

Por onde andará
A minha poesia
Noite vazia

Talvez na beira do mar
De onde dá para escutar
O quebrar das ondas

Talvez na porta de um bar
Onde eu queira estar
No prólogo do meu poemar

(Nane - 20/06/20)


quinta-feira, 18 de junho de 2020

BLINDADA E SEGURA


Sou eu, com meu jeito brusco
Destilando irreverência
Irônica e sarcástica
Blindada e segura


Corre nas veias o sangue
Que fervido é gatilho
Aos esguichos de impropérios
Soltos no ar


Não busque em mim
O que está adormecido e contido
Não espere de mim
A frieza fingida

Deixa que eu me atenha no meu canto
Quieta e sem perspectivas

Do que não mais sonho ter
Nem tão pouco reviver

Sou eu agora, com meu jeito manso

Espalhando poesias
Reflexiva e centrada

Blindada e segura...de tudo (?)

(Nane - 18/06/20)


quarta-feira, 17 de junho de 2020

INQUILINO

O ser que habita em mim
Por vezes parece querer sair
Vagar por lugares que nunca fui
Ver pessoas que nunca vi
Na luta intrínseca me fere

Colocando em dúvida meu eu
Se meu, ou seu, não sei
Sonda-me e assombra-me com palavras
E dizeres que não digo
Enquanto persiste a sanidade
Do eu que acho ser meu, mas não sei...
Seu olhar penetra minha alma
Em fúria de prisão
Causando o reboliço vertiginoso
De um furacão sacolejante
Mareando meus sentidos já nauseabundos
Mas tenho meus dias de vinganças
Quando o domo e me sinto dona
Do ser que sei que sou
Fortalecida e imbuída do desejo

De não mais me deixar sofrer
Então afogo em minhas entranhas esse ser
Ferindo sem piedade seus instintos ferozes
Até o próximo embate...

(Nane - 17/06/2020) 

SENSAÇÃO NENHUMA

O vazio é lúgubre
Não dói
Por isso é sinistro
Apenas existe
Sem sensação nenhuma
Sem nenhuma marca

Sem porra nenhuma
Existe apenas

Não há mais o furor
Ou tão pouco a miserabilidade
Há sim um espaço
De nada ao nada

Sem expressão nenhuma
Sem contração nenhuma
Sem piedade alguma
Só um espaço vazio

Interstício oco
Sem eco nem ego
Ligado a lado nenhum
Perdido e desconectado
Dos outros espaços
Sem tristeza nenhuma
Sem dor nenhuma
Apenas o nada

Não há mais vontade
Talvez nem haja vida
Não há mais volta
Nem siga em frente
É só um estático

Parado no tempo
Se é que tem tempo

Nesse espaço vazio...

(Nane - 17/06/2020)

segunda-feira, 15 de junho de 2020

CÂNTICO UNÍSSONO


Valha-me a bênção do Criador
Da forma que ele mandar
Seja através dos Orixás
Ou apenas no ato de orar

Que se dobrem os joelhos
Num cântico uníssono e viril

Sem preconceito dos credos
Que performam o Brasil


Que a sua misericórdia
Cubra-nos como um manto
Nos livrando de todo o mal
Nos fazendo um só igual


Que se apeguem a todos os santos
Com Maria indo à frente

Num único ritual
Da fé no amor do nosso Senhor


Ao Divino Espírito Santo
Cantem bem alto o seu louvor
Agradecidos às graças concedidas
No Credo de toda uma nação


Que o vale das sombras da morte
Não nos faça temer
Posto que o teu cajado
Abre-nos todos os caminhos

Deus
Ser supremo de todos os ritos
Abençoa a humanidade
E faça em todos nós, a tua vontade

Que para todo o sempre
Assim seja

(Nane - 15/06/2020)





PRESENÇA VIP



Quisera hoje ser uma fada
Com poderes e varinha de condão
Só para alegrar seu coração
E o seu desejo  realizar

O tempo nos faz omissos
No regar dos sentimentos
Que feito brasas sob as cinzas
Reavivam com um sopro

Você se fez senhora
Nas mesas dos sarais
Que a VM separava
Nos camarotes virtuais

Presença tão constante
Incentivando os rabiscos
Dos que se atreviam à rabiscar
Naquele inesquecível lugar

Só posso agradecer
Tentando te expressar
Na forma doce do teu olhar
Para quem, um dia tentou poetizar

(Nane - 15/06/2020)

sábado, 13 de junho de 2020

UM CLIK NA ESCADA


Desabrochou
Em plena primavera
Toda uma realidade
Antes virtual

Quantas vezes
No bar do Ditão
A gente imaginava
Se olhar olho no olho

Lá não foi possível
Então sentamos no Amarelinho
No coração da Cinelândia
Pra brindar à boemia

Nas escadas de Santa Tereza

Nos juntamos para a posteridade
Sob as bênçãos de Selarón
Que ainda vivia nessas paragens


Mel, trouxe seus zangões
Fa, trouxe Cristian que faria
Juninho, sempre andarilho
Sabrina, minha bruxinha

Foi uma semana só
Mas de uma festa esplendorosa
Com direito à Sáenz Peña
Na casa da Vera Rocha


As noitadas pelas quadras
Com muito samba e geladas
Os porres desgovernados
Chama o táxi, é hora de ir embora

Foi bom enquanto durou
Ficaram as lembranças
O Dito se foi
Selarón também

Quem sabe a gente volta
Um dia a se encontrar
Se não no Rio
Que seja em outro lugar...

(Nane - 13/06/2020)

MATURAÇÃO



Fome
De um doce
Que aplaque o amargor
Que invade meu paladar

Sede
Da água que liberta

A secura da minha boca
Tão sem nenhum refrescar


Vontade
De um nada sem querer

Me fazendo perceber
Que um tudo se perdeu

Desleixo
Com todas as vontades
Dos dizeres da verdade
Contidos...guardados


Certeza
De que toda a mentira
Se esvai numa única verdade

Que o destino sentenciou

Desatino
Nas palavras proferidas
Em madrugadas mal dormidas
Na revirada de feridas

Tempo
Maturando as escolhas
Silenciando os lamentos
Expondo pensamentos

Paz
Vindo de encontro afinal
A tantos desencantos
Trazendo enfim...o ponto final

(Nane - 13/06/2020)

sexta-feira, 12 de junho de 2020

UM DECRETO

Reparas em meu sorriso
Tão franco, tão intenso

Ris comigo sem perceber
A lágrima que escorre

Vida louca, louca vida
Desmilinguindo a fortaleza

Outrora tão imponente
Agora, tão impotente


Meu sorriso amarelo
Guarda suas cores
Num baú perdido num sótão

Impermeado de teias de aranhas

Mas tu vês meu sorriso
Camuflado e fingido
Dando vazão à tua precisão
De que tudo está bem

Vida louca, louca vida
No eterno palco escondida
Aguardando a direção
Do autor à sua revelia

Propagar sua dureza
Não vale, com certeza
A tristeza, antônimo da alegria
Não rima com a poesia


Vida louca, louca vida
Boto em ti com ousadia
Desafiando sua agonia
Meu escafandro de ironia

Se tu choras, eu sorrio
E vou levando assim
O desafio de vence-te

Até o decretar...do meu fim

(Nane - 12/06/2020)



quarta-feira, 10 de junho de 2020

DAS DORES DO MUNDO

As dores que o mundo
Guardou para ti
Te fez ser mais
Bem além daqui

Quem te vê te imagina
Senhora dos teus encantos
Refletidos em teus olhos
De uma claridade brilhante

O carmim na boca sorridente
Enfeita a tez colorida
No prazer da maquiagem
Que cultivas orgulhosa

Carregas contigo
Contidas só para ti
Todas as dores do mundo (físicas)
Que o mundo te reservou

Por te saberes forte
Ele (o mundo) te provoca
Não te dando trégua
Por vezes, um refresco

Mas zombas dele
Sorri da tua dor
Não reclamas nem vitimiza
O deixas desconcertado

Inveja da tua força
Menina dos meus encantos
Que mesmo na "estampa" de mulher
És criança...esperança

(Nane - 10/06/2020)









terça-feira, 2 de junho de 2020

ALQUIMIA LITÚRGICA

Ouço por instantes sua voz
À declamar meus versos e de outros
Transformando em poesias poemas
Lapidando versos banais

Alquimia litúrgica se faz
Quando ao som da tua voz
Desfilam palavras entoadas
Resultantes da tua magia

Tal qual a cotovia
Teu declamar é pura sinfonia
Ressaltando a interpretação
Que vai de encontro ao coração

Escrever para você virou objetivo
Na espera de que a sorte (de novo) me sorria
Feito o autor que sonha com o ator
Para o papel da sua vida

Ah...minha bela Dama dos Palcos
Não me canso de te escutar
Dando vida aos meus versos
Que até eu mesma passei a admirar

Meu poema, coitadinho
Uma "gata borralheira"
Interpretado por você
Num piscar tornou-se Cinderela

De volta à normalidade
Escrevo com más intenções
Quem sabe você ao ler
(feito a cotovia)
Anuncie mais um (meu) alvorecer

(Nane - 02/06/2020)

SÓ UMA NOITE DE LUAR

Fostes embora tal qual a brisa mansa
Que sopra à beira mar independente
Se de dia ou à noite, sempre fria
Como num instante de um adeus

A noite fria com luar
Faz eu me afastar do mar
E num passado sem sentido pensar
Enquanto ela passa devagar

Nada mais silencia tua voz
Dizendo frases que eu tanto ouvi
Quando éramos dois em um
Ou...achei que fôssemos


Imagino onde estás
Não gosto da minha imaginação
Me pergunto se foi apenas ilusão
Mas teu calor me invade e me arrepia

O tempo, senhor de todas as verdades
Sorri, mangando dos meus pensamentos
Fingindo sentir minha aflição
Tentando me mostrar que tudo vai passar


A lua, clara e espetacular
Brilha com tanta intensidade
Sem entender que sua beleza
Afronta minha inspiração

Remetendo meu sonhos e devaneios
A outros tempos em que ela, a lua, brilhava
Enternecida por tamanha felicidade
Perdida por uma efemeridade


Ser e estar tão paralelos
Confundem a razão e o coração
Dizem coisas que não são
Fazem coisas que se vivem, apenas

Se voltarás, não sei
A eternidade é tão vasta
Talvez isso mantenha meu equilíbrio
Na espera de que eu não tenha errado


Enquanto isso a lua
Brilhante e fria me faz companhia
Sem entender que sua beleza
Afronta minha inspiração.

(Nane - 01/06/2020)