terça-feira, 11 de agosto de 2020

MUDANÇAS

 


A muito me desfiz

Do ser em desalinho

Que pulsando se atrevia

Em um querer de soberania


Meus passos, hoje compassados,

Sorriem da outrora correria

No vigor desperdiçado da juventude

Desgastada pela falta da sabedoria


O futuro, essa incógnita matemática

Já não assusta e nem me anseia

São segundos preciosos

Dos quais, vivo e os degusto



A pressa

Essa Antígona juvenil

Se rende aos valores maturados

Entendendo que num caminhar

Só importa o continuar


Então

Num olhar de soslaio

Revejo toda uma estrada

Percorrida sem direção

Rumo à evolução


O corpo declina

Como a reclamar

De sua exaustão

Na caminhada desgovernada


A mente amadurece

Feito semente frutificada

Virando árvore frondosa

Em plena Saara


Chamam de velhice

A sabedoria adquirida

Que se esvai com a própria vida

Sem deixar herança guarnecida


Ímpar caminhada solitária

Ainda que em meio à multidão

Tu vens e vais num solo orgânico

Digno de um adubo lançado ao léu...


(Nane - 11/08/20)









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