A muito me desfiz
Do ser em desalinho
Que pulsando se atrevia
Em um querer de soberania
Meus passos, hoje compassados,
Sorriem da outrora correria
No vigor desperdiçado da juventude
Desgastada pela falta da sabedoria
O futuro, essa incógnita matemática
Já não assusta e nem me anseia
São segundos preciosos
Dos quais, vivo e os degusto
A pressa
Essa Antígona juvenil
Se rende aos valores maturados
Entendendo que num caminhar
Só importa o continuar
Então
Num olhar de soslaio
Revejo toda uma estrada
Percorrida sem direção
Rumo à evolução
O corpo declina
Como a reclamar
De sua exaustão
Na caminhada desgovernada
A mente amadurece
Feito semente frutificada
Virando árvore frondosa
Em plena Saara
Chamam de velhice
A sabedoria adquirida
Que se esvai com a própria vida
Sem deixar herança guarnecida
Ímpar caminhada solitária
Ainda que em meio à multidão
Tu vens e vais num solo orgânico
Digno de um adubo lançado ao léu...
(Nane - 11/08/20)
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