sexta-feira, 20 de novembro de 2020

MÃOS SUJAS DE TERRA

 
Por debaixo das unhas
A terra preta aparentando sujeira
Tinge também minhas mãos
Nos sulcos das palmas delineadas

Rejevo as mãos de minha mãe
Nessa mesma terra plantando
E ensinando as técnicas aprendidas
Com o amor à natureza

Os pássaros fazendo algazarras
Entre as frutas da estação
Manga, amora, mamão
Comem, se fartam e vão embora

Se recolhem no crepúsculo
Me despertam no alvorecer
Me acompanham na plantação
E cantam de satisfação

Maritacas, sanhaços e bem-te-vis
Coleirinhos, canarinhos e andorinhas
Tem também as saírinhas, os pardais e bicos de lacres
Que cantam e encantam

Uma saudade gostosa transborda
Enquanto meus ouvidos escutam
O jeito certo da carpina
Para as mudinhas vingarem

Tento passar o que aprendi
Ao menino companheiro
Que também gosta da terra
E protege os animais

Talvez ele um dia, também conseguirá
Ouvir a voz que vem de dentro
Quando a ausência imperar
E a saudade transbordar

Meu dia passou depressa
Os pássaros me avisam do entardecer
Vou lavar as minhas mãos
E retirar a terra das minhas unhas...

(Nane - 20/11/20)


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