terça-feira, 1 de setembro de 2020

O SILÊNCIO DA NOITE

Olho em volta de mim

Sem enxergar ninguém

Talvez até estejam

Etéreos, cuidando de mim


Em cada cômodo vazio

A presença concreta de outros tempos

Preenche cada espaço definido

Por vivos e mortos que se foram


A casa, outrora tão pequena

Agora se agiganta

No eco de seus cantos

Das palavras que levitam


Vozes ímpares

Por vezes em algazarras

Brigas ou brincadeiras

Canções ou orações


Alguém me chama

Me deseja boa noite

Minhas vozes se calam

Não há mais eco pelos cantos


Escuto vozes agora

Vindas da televisão

Nem mesmo sei o que dizem

Mas escuto-as por opção


Nunca a desligo

Gosto de ouvir vozes

Ainda que de desconhecidos

Ainda que de uma televisão


O silêncio da noite me incomoda...

(Nane - 01/09/20)




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