quinta-feira, 24 de setembro de 2020

SÓ POR HOJE

 

Recolho meus cacos

Refaço meus moldes

Argilo minhas formas

Ressurjo de minhas cinzas


A cada novo amanhecer

A vida me presenteia

Com mais (ou menos) um dia

Que vivo à minha maneira


Me afogo em lágrimas
Me desfaço em gargalhadas

Me vejo sem nada

Sou dona de tudo


Das entranhas do meu mundo

Menstrua meus sonhos

Que se esvaem no sangue

Levados embora


Mas na arte desse sonhar

Engravido finalmente

E gesto novos sonhos

Que um dia irei parir


Coisas mínimas
Mas tão minhas

Que embalam a jornada

Por mim determinada


No crepúsculo me recolho

No ataúde que me cabe

A morte se anuncia

Os cacos se amontoam

O amanhã tornará (ou não)...

(Nane - 24/09/20)






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