Recolho meus cacos
Refaço meus moldes
Argilo minhas formas
Ressurjo de minhas cinzas
A cada novo amanhecer
A vida me presenteia
Com mais (ou menos) um dia
Que vivo à minha maneira
Me afogo em lágrimas
Me desfaço em gargalhadas
Me vejo sem nada
Sou dona de tudo
Das entranhas do meu mundo
Menstrua meus sonhos
Que se esvaem no sangue
Levados embora
Mas na arte desse sonhar
Engravido finalmente
E gesto novos sonhos
Que um dia irei parir
Coisas mínimas
Mas tão minhas
Que embalam a jornada
Por mim determinada
No crepúsculo me recolho
No ataúde que me cabe
A morte se anuncia
Os cacos se amontoam
O amanhã tornará (ou não)...
(Nane - 24/09/20)
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