Um espaço para falar de tudo e com todos. quem quiser entrar, seja bem vindo.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
DEUS, MEU DEUS
Deus, meu Deus
Se me dás o cobertor conforme o frio
Porque pareço morrer de hipotermia...
Olha minhas mãos
Calejadas e envelhecidas
Da labuta tão constante
Meus dentes há muito perderam a força
Já não mastigam a carne engolida
Que apodrece no estômago
Minhas pernas não mais me obedecem
Se curvam e me derrubam
Cada vez que insisto em andar
Meus olhos não enxergam
Os rostos dos que me rodeiam
Quando me rodeiam
E eu blasfemo todo dia
Te implorando por me levar
Para onde eu possa ser eu
Alzheimer é o cacete
O que tenho é pressa
De não ser tão dependente
Meus filhos não são meus
O mundo os abraçou
Em prioridades dos seus cursos
Vem ouvir as minhas preces
Deus, meu Deus
Que eu falo para as paredes
A irritabilidade dos meus
Me magoa e me fere
Eu...só respondo
Que sina a minha, meu Deus
Acabar prisioneira de mim mesma
Depois de tanta luta
Soberba, nunca fui
Serva fiel, sempre te fui
E no entanto, a coberta não me basta
Eu tive os olhos verdes
Agora são opacos
Deus, meu Deus
Dei para falar bobagens
E confundir pessoas
Mas lembro de mim menina
Alzheimer é o cacete
O que eu tenho é pressa
De não ser tão dependente
(Nane-18/12/2014)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário