quinta-feira, 3 de maio de 2012

Povo sofrido


Olha moço...esse chão
Tá rachado e sem nenhum botão
As flores murcharam
Não vingaram não...
Lá na estrada asfaltada
Tem uma leva de matutos
Deixando o meu sertão
Na carroceria de um caminhão...
Pra onde eles vão
Não sei dizer não
Mas com certeza é pro sudeste
Terra de muita ilusão...
O meu povo tá acabando, seu moço
Vira tudo "eiro"
É porteiro e pedreiro
Jardineiro e vendeiro
Que se esquece do sertão
E pra cá volta mais não...
A muher espera com o candieiro
Por toda uma vida
É viúva de marido vivo
Que pro sertão...volta mais não...
O chão está rachado
A seca maltrata
O filho da viúva
Vai crescer e montar num caminhão
Vai buscar o El Dourado
E perder a identidade...
Sina e saga do sertão
Ver seus fihos espalhados
Nas metrópolis do sudeste
Que faz de muitos...indigente
Olha moço...esse chão
Não tem revolta não
Só a saudade de quem parte
E apaga o sertão
Do seu pobre coração
Pra tentar sobreviver
Longe do seu chão
É isso seu moço
Nordestino sem regalia
Acaba virando poesia (ou repente)...

(Elian-03/05/2012)




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