quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Passaredo

Maritacas barulhentas
Sobrevoam minha horta
Fazendo algazarras
Gritando, cantando, sei lá
Pousam na mangueira
Atacam a amoreira
Miram o mamoeiro
Mas temem minha presença

A sabiá laranjeira
É bem mais atrevida
Traz a família inteira
Pra ciscar nos meus canteiros
(Pobres das minhocas)

O sanhaço é mais eletivo
Diria até metido
Gosta das goiabas
E das minhas acerolas

Mas é o bem-te-vi
O maestro da passarada
Logo no finzinho da madrugada
Convoca a orquestra
E desperta o alvorecer

Lá vem a paldalzada
Quase sem atrativos
São livres e sem preocupações
Comem de tudo 
Só temem o gavião
E na hora do crepúsculo
Parecem sempre em oração
Haja ouvido para tanta barulhada

Quando a noite chega
O silêncio denuncia
Que todos adormeceram
Mas eis que surge um pio
Lá pras bandas do pomar
É a visita solitária
Da caçadora de morcegos
Velha amiga corujinha

(Nane - 15/08/2013)


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