quarta-feira, 31 de julho de 2013

Silvia Helena

Meiguice é tua face
Sublime é teu nome
Beleza é tua alma
Serena é teu jeito
E luz a tua aura...

Teus mistérios encanta
A tantos que te rodeiam
E te amam sem nunca terem te visto
Sem nunca terem te olhado...

Teu rosto e teu olhar
Vão além do teu semblante
E nos invade de ternura
Só o saber que conosco estás...

Hoje o dia é seu
Silvia Helena
E Deus nos presenteia
Com sua amizade...

Teu nome perfeito
De quem ajuda
Com teu brilho
Quem te procura...

Guarda contigo
O meu carinho
E o desejo
De que para sempre
Estejas comigo...

Felicidades!!!

(Nane - 31/07/2013)

Brisa do sul

Soprou a brisa do sul
Invadindo o planeta azul
Abençoou todas as faces que beijou
Com seu hálito de frescor
Veio vindo assim...
Tão manso e meigo
Tão puro e despretensioso
Confesso, desconfiei...
Mas seu sorriso franco
Seu cansaço santo
Sua voz pausada
Seu regaço reconfortante
Seu carisma inebriante
Tomou conta de mim
E sem que eu percebesse
Me entreguei aos seu encantos...
Os recados dados
Aos jovens e idosos
Homens e mulheres
Católicos e protestantes
Principalmente aos manipuladores
Da raça humana...
Falou de utopia
E no entanto eu vi nele
Uma (utopia) realizada
E me curvo ao seu teor
De sábio condutor...
Religião não tenho
A igreja somos nós
E o Papa  nosso pastor...
Obrigada e a sua bênção
Francisco!!!

(Nane - 31/07/2013)

domingo, 28 de julho de 2013

Meu filho

Ei menino
Você cresceu...
A barba está por fazer.
Seu semblante de menino
Já tem traços definidos
De homem adulto.
Seus braços fortes
Labutam com força
Determinam o pão
Ganhado com o suor
Que escorre em sua face
Para que a história se repita
Na criação do seu filho
E perpetue a geração
Que nos foi presenteada
E chamada de família...
Ei menino
Você cresceu...
Antes do meu abraço
Por favor, se lembre:
A barba está por fazer...

(Nane - 28/07/2013)

O sistema

Conceitos formados
(Pré) conceitos criados
Encaixes perfeitos
De linhas tortas
Modelos desenhados
Em séries enumeradas
De polichinelos...
Um, dois, três
Um, dois, três
Um, dois, três
Toca o bumbo
Segue a fila
Vamos todos
Num mesmo rumo
Escolhido e conceituado...
Eu sou eu
Você é você
Ele é ele
Somos todos juntos
Peças formadoras
Do sistema que transforma
Mentes e dementes
Em fantoches da gente

(Nane - 28/07/2013)

sábado, 27 de julho de 2013

...

Correntes...
Elos...
Grilhões...
Algemas...

Pirâmides...
Hierarquias...
Filas...
Autarquias...

Comandos...
Cadeias...
Autoridades...
Poderes...

Corta-se as asas...
Limita-se os vôos...
Prende-se a ave...
Pesa-se a alma...

Limites...
Gaiolas...
Paredes...
Prisão...

Vontades...
Sonhos...
Horizontes...
Viagens...

Dualidades...
Escolhas...
essências...
Reticências...

(Nane - 27/07/2013)

Mistério no ar

Ah...o mistério da morte
Saber o que há
Do lado de lá...

Não creio no fim
E nem num começo
Prefiro o ciclo
De um eterno continuar...

Ah...o fascínio da morte
Não posso evitar
Embora prefira
Viva ficar...

Mas quando partir
Não vou lastimar
Só sinto não poder voltar
Para o mistério contar...

Se o fizesse
Mistério não haveria
Deixa ficar
A morte como está...

(Nane - 27/07/2013)

Instante de agora

Manhã de sábado
De sol ameno
De Papa (ainda) presente
De olhos que olham
As plantas se erguendo
No solo em que ontem
Foram plantadas...
O solo é fértil
Adubado com o esterco
Das vacas leiteiras
Que pastam serenas
Sem se preocuparem
Com o dia que virá...
Sem nenhuma expectativa
As plantas crescem
Se tornam alimento
Enquanto o leite
Se oferece e fortalece
À vida menina
Que gestada em expectativas
Cresce deformada
Por leis e dogmas
Perdendo sua essência
De alma feliz...
Olhasse ela (a vida menina)
As plantas e as vacas
Cumprindo destinos
Cresceria sabendo
Que a tal felicidade
É apenas viver
O instante de agora.

(Nane - 27/07/2013)


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Sublime amor

Viva em mim
Sublime amor
Como vivo eu em ti

Morra em mim
Todos os sentimentos
Indignos e impuros

Faça-se em mim
Jardim de flores
Em campo santo

Que meu corpo seja digno
Da energia constante
De uma aura  brilhante

Que minha alma se revele
Como um sopro de brisa
Que acaricia

Que nossas energias
Se relacionem eternamente
E se fundam numa explosão de cores

Viva em mim
Sublime amor
Como vivo eu em ti...

(Nane - 26/07/2013)

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Sou eu em você

Amor no desamor
Sou eu em você
Que de tanto te amar
Chego a te odiar

Sombra e luz
É o que vejo em você
Quando as cálidas manhãs
Viram noites de escuridão
Causadas pela minha desilusão

Sol e lua
Que se apagam para amar
E depois se distanciam
Sem poderem se tocar
Para que possam continuar
A brilhar

Brisa e tempestade
Sou eu indo pro sul
É você indo pro norte
É essa a minha sorte

Amor no desamor
Sou eu em você
Que de tanto te amar
Chego a te odiar

(Nane - 18/07/2013)


Florescer da fé

Diz a minha dignidade
que é preciso acreditar
na vida e em mim.
Uma sementinha de fé
foi plantada. Agora é aguardar
que germine e fique forte.
O semblante...ah esse não tem jeito,
continua triste e sem brilho no olhar.
Culpa do tempo, esse que se diz amigo
enquanto sulca-nos a tez fazendo-a 
parecer com a seara nordestina
nas mais rígidas secas.

Diz a minha dignidade
que é preciso a auto estima
para que nunca mais implore
ou mendiga, uma porção de amor.
Diz ainda a dignidade
que se eu não me amar, jamais
serei digna de ser amada.

Me calo e ouço.
Aguardo o florescer da fé.
É o que me resta...

(Nane - 18/07/2013)

Só devaneios

Sem nada mais a ansiar
Divago em pensamentos
Em busca de algum desejo
Escondido em mim...

Interesses perdidos
Passam num filme
Objetivos que tive
São agora fantasias
Que restaram...

Simples devaneios
Que quando paro para pensar
É preciso ter algo
Mesmo que vá se dissipar...

Anseios e desejos
Interesses e objetivos
Nada mais restou
Tudo há muito se acabou
Em mim...

(Nane - 18/07/2013)

Trocando as estações

Meu tempo de amar passou
Tranquei o coração
Para toda e qualquer paixão
Amor agora, só fraterno
Amigos, camaradas, irmãos

Amor que faz doer e sofrer
Não pode florescer
Arranca-se ainda na raiz
E faz da primavera, verão
Dando paz ao coração

É assim que deve ser...

(Nane - 18/07/21/013)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Pedindo a paz

Força vos rogo
Santa Mãe de Deus
Para que a minha cruz
Eu continue a carregar

Perdão vos peço
Por ter fraquejado
E por vezes até
Blasfemado

Equilíbrio vos imploro
Para conduzir resoluta
A missão que a mim foi destinada
Sem cair em desgraça

A paz vos suplico
Para que eu possa amparar
Todos aqueles
Que de mim necessitam

Cuide de mim
Santa mãe de Deus
Para que eu também possa cuidar
Daqueles que me foram confiados

Agora e sempre...amém

(Nane - 17/07/2013)








Duas faces

Olho o semblante de meu irmão
Tão desgastado...
Por onde andará o menino
Com quem brinquei...
Seus cabelos esbranquiçados
Sua face enrugada
Seus traços alcoolizados...
Onde estará o menino
Que um dia foi meu amigo...
Quantas estripolias fizemos
Quando andávamos descalços
Pelas ruas da nossa infância...
As árvores em que subíamos
As bicicletas que andávamos
Os carrinhos de rolimãns...
Hoje a face do meu irmão
Em nada lembra o menino
Que um dia foi meu companheiro...
O espelho me diz
Que eu e ele envelhecemos
Imagino que ele também
Procure em meu semblante
A menina da sua infância
Na face enrugada e tristonha
Dessa que o olha sem o reconhecer...

(Nane - 17/07/2013)

Poetas de esquina

É madrugada...
Noite fria e escura
As luzes nas janelas
Dos apartamentos enfileirados...
Gemidos 
Prazeres noturnos...
Bares vazios
Alguns poucos poetas
Cálices amargos
Cervejas esquentando
Copos esvaziando...
Garçons impacientes
Gorjetas pingadas
No meio da semana...
Boemia curtida
Alcoólatras em bandos
Fugindo da vida
Em bares da esquina...
Os murmúrios abafados
Dos amantes em casa
O dia rompendo
Colocando um ponto final
No sexo matinal
E um ansiolítico na cerveja
Dos poetas de esquina...

(Nane - 17/07/2013)

terça-feira, 16 de julho de 2013

Só por hoje

Hoje não rezei...
Não porque quisesse
Mas por não poder...
Hoje não rezei
E mesmo que eu não saiba
Gosto de acompanhar
O terço todo dia...
Já ando acreditando
Que a Virgem Maria
Consegue me escutar...
Encho-lhe tanto a paciência
Que um dia ela há de se cansar
E me atenderá...
Eu conto meus contos de feijão
Por não ter um terço
Que ficaram de me dar...
Ela (a Santa) não se importa
Tem batido papo comigo
E diz que vai me ajudar...
Já consigo respirar
E pelo menos por instantes
Durante o meu dia
Em ti não mais pensar...
Hoje não rezei
Mas amanhã...

(Nane - 16/07/2013)



segunda-feira, 15 de julho de 2013

Proteção divina

Deus proteja as Marias
Que lutam todos os dias
Por suas crias
Filhos de seus ventres
Contra a tirania
Dos escolhidos para servir
De porta voz da população
E fazem da situação
Penúria

Deus proteja as Marias
Nas filas da assistência
Em busca da caridade
Dos eleitos almofadinhas
Ao martírio prolixo
De discursos empolados

Deus proteja os josés
Que vendem suas almas
E trocam a dignidade
Por míseros feijões
Na mesa da pobre prole

Deus proteja os Josés
Que se perdem na ganância
Dos homens endinheirados
Que oferecem a bola de neve
Afogando no frio inverno
A receita falsificada
Pela ilusão da vinda fácil

Deus proteja esse povo
Que até pensa em acordar
Mas que por sua boa fé
Se deixa sempre manipular

(Nane - 15/07/2013)

Palavras bonitinhas

Não vale a pena esperar
Nada de graça virá
Erga suas mãos
E faça a sua parte
Não lamente o que passou
Deixa fluir o que virá
Utopias são quimeras
Amores infinitos
Findam-se nas dores
Ou mesmo nas tumbas
O cheiro da terra molhada
Não exala em ilusão nenhuma
Não sonhe simplesmente
Faça do seu objetivo
Labuta
Viver de fantasias
Não te dará forças
Nem encherá barriga
Levanta sua bunda da cadeira
E faça acontecer
O resto é mera ironia
De palavras bonitinhas
Transformadas em poesias

(Nane - 15/07/2013)

Que se viva

Enganadora vida
Que se faz de morta
Enquanto aguarda
A morte da vida
Na esperança de transformar
Em vida a morte

Se arrasta discreta
Fingindo ter vida
A vida sem vida
Querendo ser morte
Liberta da vida
Tão mal vivida

Quando for chegada a hora
Da vida partir
E a morte advir
Que se toque as trombetas
Que se estanquem as lágrimas
Que se brindem aos louros
Da desejada mudança

Enfim será a morte
A vida desejada
E a vida sem vida
Não mais será morte (em vida)

(Nane - 15/07/2013)


Tempo de acordar

De novo meu sonho
Esbarra na realidade
O vil metal
Destroça tudo
Não posso nada
Sonhar é lírico
Despertar é duro...
No concreto da vida
A argamassa temperada
Calcifica tudo
Endurecendo a alma
Que em vão tenta sorrir
Mas está condenada
À sobreviver
Concretamente...
Desistir jamais
Bato em retirada
Não é hora de sonhar
O relógio me avisa
É hora de acordar...
Recolho meus sonhos
Refaço meus planos
Espero pelo tempo
De tornar a sonhar

(Nane - 15/07/2013)




Paradigmas

Escrevo meu eu
Em linhas tortas
Que bem diferentes
Das do Criador
Não chegam retas
Ao seu final

Meu eu é enigma
Não sabe de si
E não entende quem lê
O que escrevi
Paradigmas de mim
Perdido nas entrelinhas
Das minhas poesias

Espero que o outro
Poeta maior
Faça das linhas tortas
Do meu enredo
Entrelinhas melhores
Que as minhas
E escreva certo
O meu eu poesia

(Nane - 15/07/2013)





Palavras no olhar

Falo
No meu silêncio
No meu olhar
Falo...

E digo
Tudo o que há
Por dizer
Sem ter que falar...

E se não ouves
É simplesmente
Por não olhar
No meu olhar...

E o seu silêncio
Mais do que o meu
Diz tudo
O que eu não queria
Escutar...

(Nane - 15/07/2013)

Além do nosso horizonte

E quando
Nas noites de verão
A gente andava
Descalços na praia
Molhando nossos corpos
No quebra-mar
Sonhando com um horizonte
Onde iríamos nos amar...

Eram tantas as fantasias
Que a gente se permitia
Sonhar...

Onde foram parar
Os desejos loucos
Os planos traçados
De ficarmos bem
Os sorrisos soltos
Transformados em gargalhadas
Pelas bobagens que falávamos

Ah meu amor...
O vento se encarregou de soprar
Para além do horizonte
Que ousamos tentar alcançar
Todos os nossos planos
Todos os nossos sonhos
Que friamente se acabaram
Numa noite fria de inverno
Quando já não mais andávamos
Descalços na beira do mar

(Nane - 15/07/2013)


Um grande amor vivido

Você se foi
Mas ficou em mim
A vida se encarregou
De separar você de mim
Deixando o seu melhor

Motivos não há para lamentar
Tristeza...essa vai passar
E o dia virá
Em que te farei poesia
Sem melancolia
Agradecendo a felicidade
Por ter te encontrado

Posto que é privilégio
De bem poucos
Ter vivido um amor
Que valesse uma vida

Virá o dia
Em que a minha poesia
Relembrará com ternura
Nos versos que farei
Dos momentos eternizados
De um grande amor
Que se passado
Jamais acabado

(Nane - 05/07/2013)

De novo

O que faço agora
Sem você comigo
É tanto vazio
Estou perdida
Sem saber de mim

Amanhã talvez
Eu consiga me achar
Me levantar
Traçar novos planos
Quem sabe
Sonhar

Vou levar você comigo
Por onde quer que eu vá
A vida tem que continuar
Não se pode parar
É preciso caminhar

Mas a hora é de lamentar
A solidão que ficou
A dor no coração
Chorar de saudades
E fazer samba canção

Amanhã talvez
Eu consiga recomeçar
Dar a volta por cima
E quem sabe
De novo...
Amar

(Nane - 15/07/2013)


Aprendendo a me amar

Não quero mais dizer
"Eu te amo"
Para tentar me convencer
Que deixei de te amar
Ou pelo menos
Para que eu possa prosseguir
Sem ter que tanto chorar

Não quero mais dizer
"Eu te amo"
Preciso abrir o coração
Para que outro alguém
Tome o espaço 
Agora vazio
Que ficou

Não quero mais dizer
"Eu te amo"
No afã de sobreviver
Com a ausência tão invasiva
Preenchendo todo o espaço
Me deixando em pedaços

Não quero mais dizer 
"Eu te amo"
Não por ter deixado de te amar
Mas para que eu possa
Quem sabe
Aprender a me amar

(Nane - 15/07/2013)




Alhures

Nada que lembre você
É preciso cessar o combustível
Que alimenta o fogo...
Deixar de te amar
É impossível
Ainda que eu viva mil anos...
Mas preciso é te fazer adormecer
Dentro de mim
Deleto, não o sentimento
Mas tua presença
É preciso ser assim
Ou vou decretar o meu fim...
Passe o tempo que passar
Haja o que houver
Eternamente hei de te amar
Por questão de sobrevivência
Eu preciso te tirar
Não de dentro de mim
Mas da minha vida...
Amanhã
Quando dessa vida eu despertar
Estarei a tua espera
E tomara
Que você esteja à minha
Chega de tantos desencontros
Eu te amo
Se me amas
A gente se reencontra
Alhures...

(Nane - 13/07/2013)

Hipocrisia

Porque sábado à noite
Não sou eu
Mas mera mundana
Disposta à tudo
Em troca de amor...
Deixo princípios
Jogo fora pudores
Se apossa de mim
A dama da noite
Oferecendo amor
A quem quiser amar...
Sou o joio do trigo
Sem tirar nem por
É minha carência
Por um pouco de amor...
Domingo, pela manhã
Me prostro no altar
Peço perdão
À virgem Maria
A semana se inicia
E eu, pudica
Faço o nome do Pai
De fronte da igreja
Hipócrita proscrita
Disfarçada na vida

(Nane - 13/07/2013)


Meus botões

Ontem falei com meus botões
Dessa tristeza infinita
Talvez estivesse falando
Com Deus
Mas eu não sei rezar
Falo então com meus botões

Não vi passar o tempo
Conversei por horas
Não pedi conselhos
Só desabafei
E falei de ti

Do tanto que te amo
E do tanto que te sonho
Da tristeza por te perder
E do vazio que ficou

Ontem falei com meus botões
Querendo estar falando
Ou ser ouvida
Por Deus
Mas eu não sei rezar
Se soubesse pediria
Para te esquecer
Nos braços de um outro amor

(Nane - 03/07/2013)


Controvérsias

Fogo e água
Chama e cinza
Terra e céu
Sol e lua
Noite e dia
Sou eu assim
Sem saber de mim
Se vou ou fico
Se saio ou entro
Se quero ou largo
Se amo ou desprezo
Se faço ou desfaço...
Sou eu e meu inverso
De boa e má
De sombra e luz
De versos e rimas
Sem ação e inspiração
Fazendo poesias
Criando antologias
De disparates e controvérsias
Meus sentimentos aflorados
E em folhas desabafados...
Morte e vida
Vida e morte
Sou eu assim
Chegando ao fim...

(Nane - 13/07/2013)

Rudeza

Rude sou
E vida me fez assim
Embora seja meiga
No lidar com outrem
Rude sou
Comigo mesma
No frigir dos ovos
Da minha solidão
Não por fingir
É questão de educação
Ninguém tem pagar
O preço da minha solidão
E há quem diga
Que sou boazinha
Mal sabem eles
Quanto custa ser sozinha
Rude sou
No meu próprio julgamento
Nas horas de reflexão
Do porque da solidão
Triste nem tanto
Momentos felizes
Passam por mim
Sorriem para mim
Mas rude sou
Comigo mesma
Por ser tão só
E não ter amor

(Nane - 13/07/2013)

Lobo uivador

Solitário sonhador
Revela à lua teus segredos
Nas noites de inverno
Quando ela cheia
Se dispõe a escutá-lo

Fala do teu desterro
Nesse mundo ilusório
Onde vives só
Sem mais ninguém além dela (a lua)

Chora tuas mágoas
De ser efêmero
Sem concretismo em teus braços
Sem ninguém no teu abraço

Conta sem vergonha
Teu desejo de existir
E ter a forma que te forma
A existência mentirosa

Solitário sonhador
Deixa a lua  ouvir
Teus grunhidos melancólicos
De lobo uivador

Aproveita a lua cheia
Que logo ela partirá
E tu, solitário sonhador
Não terá com quem falar...do teu amor

(Nane - 09/07/2013)




Amém

Glória vos dou
E peço- vos:
Fortaleça em mim a fé
O equilíbrio
Para que a minha paz
Seja porta
Dos que em mim
Procuram condução

Fazei sempre
Conforme o vosso
Mas não o meu
Querer

E que eu tenha
A humildade
No aceitar
Por não saber
Dos vossos caminhos
Os designados a mim
Predestinados

Sede a  advogada
Dos pecados que carrego
Junto ao filho do vosso ventre
Imaculado

Perdoai também
A filha perdida
Em seus conflitos
Dai-me vossas mãos
E conduzi-me
Pelos tortuosos caminhos
Que eu mesma tracei

Agora e sempre
Amém

(Nane - 08/07/2013)


À deriva

Navego em teus olhos
Mergulho em tua alma
Me afogo em teus braços
Morro na tua indiferença

Amor tão amado
Sentimento desfigurado
Perdeu-se no vácuo
Da própria imensidão

Já não clamas por mim
Não anseias meus desejos
Tiraste meu sossego
Mataste-me as esperanças

Vivo o vazio
Guardo lembranças
Do amor perdido
No meu choro contido

Escrevo poesias
Nem sempre bonitas
Só para aplacar
Meu pranto escondido

Navego em teus olhos
Porque os meus há muito
Estão à deriva...

(Nane - 08/07/2013)

Só seu

Sente o meu amor
Nada e ninguém
Vai poder ser comparado

Imensidão nenhuma
Do mar
Do céu
Da terra
Pode ser igual

Só eu te sei
Amar assim
E mesmo longe de mim
Só eu te sei

Não tenho o teu
Mas não importa
O meu é teu
E sei que sentes

(Nane - 08/07/2013)

Cansaço

Bateu o cansaço
Não o físico
Mas o da alma
E abro mão
Do que achei ser bom
Forças me faltam
É duro admitir
Você é o meu mal
Que julguei ser o bem
Estou em farrapos
Nem dói mais nada
O coração, coitado
Bombeia forçado
Porque tanto amor
Se não vai dar em nada
Me pergunto...
É preciso reagir
Tentar viver
Vegetar apenas
Me faz aleijão
Vontade me falta
Pra tudo...
Sou nada agora
Vontade me falta
Até de viver
Bateu o cansaço...

(Nane - 12/07/2013)

Força estranha

Que força estranha é essa
Devastadora de meus sonhos
Estraçalhando ideais
Me deixando sem foco
Enfraquecendo minha fé
Me jogando no buraco...
Por meros momentos
Troco minha paz
Outrora serena
Agora sem mais...
Que força estranha
Fazendo de mim
Joguete nas mãos
Fantoche sem vida
Manipulado e perdido...
Que força estranha
Juntando palavras
Que fezem ferir
E ferem também
Pessoas queridas
Desprezadas por mim...
Que força estranha
Que tem o poder
De me fazer viver
Querendo morrer...
Ou meço com ela
A troca de forças
Ou me deixo vencer
E acabo de vez...
Que força estranha
Que tira minha força
E faz das minhas entranhas
Podridão enfraquecida...

(Nane - 12/07/2013)


O ser das trevas

Um anjo se propôs
Na caminhada tortuosa
À conduzir um ser inferior
E retirá-lo das trevas...
Por um bom tempo
O anjo lutou
E parecia cumprir
Com vitória a missão
Que tomou para si...
Se fez de mãe
Aninhou em seu regaço
O ser das trevas
Iluminando o seu caminho...
Mas fez-se a noite
E as trevas vieram
Fazendo-o sentir  (o ser das trevas)
Saudades de casa...
Luta ainda
O anjo guerreiro
Que em forma de mãe
Não solta sua mão...
As trevas o querem
O anjo também
O ser vacila
Não sabe o que fazer...
Nem tudo está perdido
Mas faltam-lhe  forças
Para segurar na mão do anjo
Que está à escorregar...
À Santa Maria
Que é anjo também
Roga o filho das trevas
Que o deixe na luz...
Que se unam as mãos
Das mães (Anjo e Santa)
E o levem (o ser) aos braços
Do fruto do ventre...Jesus

(Nane-12/07/2013)








A tristeza do poeta

Por onde anda a poesia
Que fala de flores
E rima com a alegria
Vidas e amores...
O que foi feito com o poeta
Mergulhado na penumbra
De toscas inspirações
Sem nenhum valor...
Secou sua fonte
Perdeu seu lirismo
Deixou-se afundar
No mar de lama
De palavras profanas...
Espantou a poesia
Com seu semblante tristonho
Restou-lhe uma tumba
De versos mal feitos
Lamentos inteiros
De pura ladainha
Dignos de serem
Enterrados com ele
Na sepultura de seu quarto
Onde jaz seu fracasso
De poeta covarde
Que se deixa morrer
E mata a poesia
Com a sua agonia...

(Nane - 12/07/2013)

Apenas um palhaço

Sou eu o teu palhaço
Desde que te faça sorrir
Por um momento apenas
Sou eu o teu palhaço

Sou quem chora 
Em meu sorriso
Só para te distrair
Por isso as vezes piro
Quando não consigo

Sou eu que por ciúmes
Me afasto de ti
E depois arrependido
Venho te pedir perdão

Sou eu
Quem dilacero meu coração
Quando mergulhas
Na tua solidão
E indiferente ao meu carinho
Me deixa aqui
Sozinho

Sou eu
Quem me arrasto aos teus pés
E te sirvo de sparring
Se isso alivia as aflições
Que entristece tuas feições

Sou eu que
Escondido sob a maquiagem
Choro por ti
Sabendo que o meu show
Só no circo vai continuar

Sou eu que quero te amar
Sabendo que nada tenho
A esperar...

(Nane - 02/2012)


Entrelinhas

Te falo nas entrelinhas
O tempo todo
Do meu amor

E por falar assim
Talvez tente te ouvir
Também nas entrelinhas

Mas não sou poliglota
E você fala outro idioma
Que por mais que eu tente
Não consigo entender

Penso às vezes
Ser para mim
Mas quebro a cara
Nunca é

E quando é
Não gosto da tradução

Te falo nas entrelinhas
É verdade
Mas tão claro
Quanto um dia de sol

Tento ter o tal "altruísmo"
Difícil demais

Não falo de morte
Mas de minha subjetividade
Morrendo em ti
Quando não mais me quiseres

Te falo da minha surrealidade
Que de tão intensa
E insana
Te faz achar
Que não é verdade

Não tenho ponto
Vírgula
Interrogação
Exclamação

A minha relação
Em relação a ti
Vive eternamente
De reticências...

E embora
Um tanto abstrato
O que de mais concreto
Pode existir
É o louco amor
Que trago no peito
Absorto e absurdo

Não sei ler suas entrelinhas
Mas nas minhas
Só seu nome 
Está escrito

Até quando
Ou enquanto
Existir o amor
E eu...

(Nane* 02/2012)

Dor do parto

A mão que escreve poesia
É a mesma que abraça
Faz carinho, embala
O menino que se fez homem
E deixou vazia a mão que escreve

Escreve a mão
Coordena o cérebro
E sente o coração

E vêm os radicais
Falando de estruturas
Mal sabem que a minha
Vem de dentro

A mão, o cérebro e o coração
São o meu exterior
Que se unem e rabiscam
O que a alma
Base da minha poesia
Vive e sente (não na carne)

Por vezes se desespera
Sem poder chorar
E faz do corpo útero se rompendo
Ao nascimento do até então feto
Agora poesia
Sem analgesia...






A boba


Ah...
Eu deveria ser normal
Mas trago em mim
A insanidade dos loucos
Que agem primeiro
E pensam depois
É...
Eu deveria ser normal
Mas tenho a alma desgarrada
Que quando cisma
Sai do corpo e viaja
De encontro aos sonhos
Que dizem ser utopias
Por isso...
Sou capaz de surtar
À menor contrariedade
E capaz de aguentar
O pior dos vendavais
Estereotipando sorrisos
Afogando em lágrimas
Sou...
Anormal graças a Deus
Faço e desfaço
Sem me preocupar
Se vão ou não gostar
Tomam-me por boba
Mas bobo pode tudo
(Clarice Lispector o disse)
Até sonhar...

(Nane - 04/07/2013)


Rabiscadora

Assumo meus defeitos
Encaro as consequências
Escarro palavrões
E trato as minhas dores
Não devo nada a ninguém
Não quero nada de ninguém
Meu anti-socialismo é educado
Desde que não me invadam
Rabisco meus rabiscos
Leia-os quem quiser
Só não venham me impor
Regras no rabiscar
Posto que sou 
O meu próprio rabiscar

(Nane - 04/07/2013)

Sabendo sentir

A minha alma ama a tua
E a tua, ainda que não saibas
Sente a minha
E o sentir é o que importa
Não erra e nem se engana

Aguardo paciente
A hora do reencontro
Da minha com a tua (almas)

Se não for aqui
Será do lado de lá

Certeza só uma
A gente vai se reencontrar
Em qualquer lugar

Sinto o teu sentir
Sei que sentes o meu também
Não sei nada do que sei
Sei somente o que sinto por ti

E entre o saber e o sentir
Escolhi te sentir em mim
Sem saber se pensas assim
Mas sabendo que me sentes sim

(Nane - 11/10/2013)



Nenhum toque

Ninguém pode entender
(nem eu e nem você)
O porque desse amor
Que de tanto amar
Chega a doer
Ninguém compreenderá
Que mesmo sem nos tocar
Vamos sempre nos amar
E chegarmos ao êxtase
Por telepatia
Ninguém nunca vai saber
Que o amor que a gente faz
É de todos o mais gostoso
E há de a tudo sobreviver
Podem até não aceitar
Esse amor sem um olhar
Mas é coisa de outras vidas
Coisa de nós dois
Se com um outro alguém
Você se deitar
Não me diga, não me conte
Pois mesmo que eu me deite
Nenhuma importância terá
De verdade, de verdade
É só você que eu sei amar
Mesmo sem nunca te tocar

(Nane - 11/07/2013)


Amor adormecido

Ah meu amor
Te amei e não foi pouco
O tempo de passar chegou
E preciso é que a fila ande
Então nos despedimos
E sigamos em frente
Deixando em nós
Vivos na lembrança
Os momentos em que amamos
E amamos...

Outros amores virão
Natural que nos esqueçamos
Das juras que trocamos
Dos beijos e carinhos
Do amor que fizemos
Mas  que estão em nós
Agora dormecidos...

Uma nova paixão
Novos braços e abraços
Juras renovadas
Beijos com outros gostos
Amores de novas sensações
Vidas vibrando na vida
Tesões percorridos
Em corpos desconhecidos...

Ah meu amor
Te amei e não foi pouco...

(Nane - 11/07/2013)

Seguindo o rumo

Lá fora o vento sopra
As folhas balançam e caem
Amareladas pelo tempo
Novas folhas verdes
Revestem a copa da árvore
Frutos verdes esperam o tempo
De se tornarem apetitosos
É a vida seguindo seu rumo
Sem se importar se a morte vem...

Os gatos no cio
Fazem sexo no telhado
E anunciam  seus prazeres
A gata prenha
Sozinha 
Pari a sua cria
E lambe seus filhotes
Sem precisão de pai
É a vida seguindo seu rumo
Sem se importar se a morte vem...

O menino brinca no quintal
De bola, taco, e de carrinhos
Puxa o pobre do rabinho
Do seu cão amigo
Corre se sentindo livre
Sem saber que caminha
Com ansiedade
Em direção a prisão
Da sua maioridade
Formará uma família
Deixando para trás a sua (de agora)
É a vida seguindo seu rumo
Sem se importar se a morte vem...

E o velho conta suas histórias
Sem nem sempre ter quem as escute
E relembra seus tempos de rapaz
Ousado, viril, conquistador e provedor
Se irrita com o barulho
Da música alta que escutam
Briga pelo canal da TV
Que não o deixam assistir
Olha ao seu redor desanimado
Procurando em seu passado
O homem que ele era
É a vida seguindo seu rumo
Sem se importar se a morte vem...

(Nane - 11/07/2013)


Mistérios

Insondáveis mistérios
Que vivem em mim
Sem permitir
Que eu mesma os saiba

Conheço desconhecendo
Meus ritos e manias
Sou momentos e instantes
Sem entender os meus porquês

Deus e o diabo
Me puxam pelas mãos
Santos e demônios
(Des)Organizam meus impulsos

Sou flor de cactus
Espinho de roseira
Pássaro cantor
E gavião predador

Faço poesia
Blasfemo todo dia
Sinto intensamente
Alegria e melancolia

O que não fui
Queria ser
Mas sou
O que não quis

Mistérios que atormentam
E me fazem ser estranha
Desconheço quem sou eu
Só sei que esse destino...é meu

(Nane - 11/07/2013)

Sonho lindo

Na alcova da relva macia
Sob a luz do luar
Nos amamos...
A brisa que sopra
Refresca nossos corpos suados
Cansados e saciados...
Me aninho no seu peito
Escuto o coração acelerado
Se acalmando lentamente...
Seus braços me abraçando
De encontro ao seu calor
À paz depois do amor...
Só então observamos
A beleza das estrelas
Que consternadas iluminam
A noite do nosso amor...
Mais adiante um riacho
Nos embala na canção
De suas águas deslizando
Sobre as pedras...
Adormecemos na poesia
Dessa noite de magia
E tanta harmonia...
Um barulho ensurdecedor
Me faz despertar
É meu despertador
Me avisando 
Que é hora de acordar...

(Nane - 11/07/2013)

Ave de rapina

O que queres ver de mim?
Os restos que sobraram?
Venha...mergulhe no meu ser.
Não, não se preocupe,
não irás se molhar no sangue
que jorra das feridas abertas,
fétidas e já indolores.
São metáforas de mim
de como em frangalhos
me sinto.
Mas venhas me olhar...
a porta está aberta.
Vês essa massa ensanguentada
que teima em pulsar?
Foi o que restou do outrora coração
que infantilmente ousou bater por ti.
Tal qual Prometeu,
meu órgão foi exposto
à voracidade da ave de rapina
que o devora a todo instante
sem nenhum descanso.
Venha...
veja o estrago que causastes
no peito desvalido
e de amores por ti, perdido.
Culpa?
Não. Não tens nenhuma.

Se sou massa ensanguentada
Na metáfora criada,
a culpa é minha e de mais ninguém...

(Nane - 10/07/2013)



Sobrevivência

Procuro em vão
O momento certo
Que me entreguei
E a minha paz
Se foi...
Valeu a pena
Cada segundo
Da ilusão
De felicidade
Que vivi
Verdade que agora
Perdeu-se tudo
Escureceu
Falta-me o ar
Mas foi tão bom
Que com certeza
Faria tudo
Do mesmo jeito
Esse martírio
Em que mergulhei
Foi o preço cobrado
Pelos instantes
Eternizados
Que irão comigo
Por onde eu for
E me darão
A força necessária
Da minha própria
Sobrevivência...

(Nane- 10/07/2013)



Sombras da noite

Nas sombras da noite
Que não acaba
Eu ando e olho
Formas criadas
Pela imaginação
Assustada...

Faço da dança
Das reles cortinas
Monstros aterrorizantes
Prontos a me atacarem
E me levarem
Pros umbrais profundos
Da minha memória...

Sinto seu cheiro
De enxofre
Inebriando meus sentidos...

Sinto suas patas viscosas
Agarrando meus braços esquálidos
Puxando-os com força
Parecendo querer arrancá-los...

Noite eterna 
Já não posso mais aguentar
A tortura do meu próprio imaginar
Que teima em me arrastar
Pros umbrais do inferno
Desde que deixei partir
O sossego que perdi

(Nane - 09/07/2013)

Sintonia perdida

Tolo coração
Se esvaindo em sangue
Fazendo jorrar
Dos olhos lágrimas
Perdidas sem sentido
Por quem não sabe
Que ele (coração)
Chora sem parar

Insensato coração
Que na sua insanidade
Castiga o peito arfante
Que o abriga
E por pouco não implode
Explodindo o insensato

Iludido coração
Que vive da esperança
Do reencontro com o amor
De um outro coração
Que já não pulsa mais 
Na mesma sintonia
Que tiveram um dia

Pobre coração
Que se fecha à um novo amor
E por isso vai vivendo (morrendo)
Da dor...

(Nane - 10/07/2013)

Lágrimas derramadas

Tanta coisa queria te dizer
Quantas lágrimas derramei
Por ti
Mas de que vale tudo isso
Tu não escutas o que digo
Meus sonhos interrompidos
Pelos pesadelos da tua ausência
E quando a lembrança se faz forte
A dor me toma por inteira
Tal qual corvo carniceiro
Me devora a alma 
Derruba meus sonhos
No agouro de suas asas
Negras...sem lume
Quantas noites sem dormir
Incólume no físico
Destruída na alma
E tu...nem aí
Não quero nada além
Do que te dei de mim
Não me deixa assim perdida
Não faz de mim troça
Se soubesses o sem limite
Do amor que te dedico...
Sucumbi aos teus encantos
Me perdi de mim
Completamente
Morro a cada instante
Não sei viver sem ti...

(Nane - 10/07/2013)

Diga alguma coisa

Diga pra mim
Que nada mais restou
Que o amor acabou
E que não somos mais
O que fomos um dia

Diga bem alto
Que não me quer mais
Fui só uma fantasia
Nada mais ficou

Diga
Que o seu silêncio
É o basta final
Nada mais há
O que dizer

E diga também
Que existe outro alguém
E para você
Eu não existo mais

Diga
O que disser
Mas diga por favor
Já que o seu silêncio
É o que me faz morrer...de amor

(Nane - 10/07/2013)

O som do silêncio

Esses silêncio perturbador
Aturdindo meus tímpanos
Nenhuma notícia
Nenhum rumor

O som do silêncio
Em linhas retas
Sem nenhum ruído
Sem nenhum vestígio

Quem sabe foi perdido
Todos os sons de amor
Ou foi só o meu
Que se perdeu

Angustia esse silêncio
Castigador
Essa falta do que fazer
Essa dor de nada saber

É um silêncio ensurdecedor
Que machuca além da dor
É um silêncio sepulcral
É um silêncio prenunciando...o final

(Nane - 10/07/2013)

Apenas um olhar

Passeia o teu olhar
Em direção ao nada
Ou quem sabe
Ao tudo...
Olhar sem direção
Fixado num ponto
Perdido no tempo
De que tempo...
O pensamento
Viaja também
Guiado pelo olhar
Que nada vê...
Tanto tempo passado
Tanta vida vivida
Tantas certezas guardadas
Tantas incertezas restando...
Olho o teu olhar
Que parece desdenhar
O tempo presente
É olhar ausente...
Nada mais te resta
Além desse olhar
Que vaga pelo ar
Sem nada para olhar...

(Nane - 03/07/2013)

Fases

Felicidade
Efêmera nostalgia
Que vem por um dia
E some na vida
Volta amiúde
Beija meu rosto
Me arranca sorrisos
E parte de novo

Tristeza
Dura realidade
Que mora em mim
E quase não sai
Adormece às vezes
Me alivia o peito
Me faz respirar
E volta pra casa

(Nane - 02/07/2013)

Gostos


Gosto
De imaginar que você 
Gosta em mim
Gosto
De achar que você
Sente falta de mim
Gosto
De sonhar com você
Sonhando comigo
Detesto
Pensar que você
Já não pensa em mim
Detesto
Imaginar que você
Se cansou de mim
Detesto
O pesadelo de te ver
Partindo de mim
Detesto
Achar que você
Não sente mais amor...por mim

(Nane - 03/07/2013)

Noite na cidade

Sem eira nem beira
Vago sozinha
Na noite escura
Sem estrelas nem lua

Vou de encontro
Ao meu intelecto
Que de tão gasto
Pensa bobagens

Sombras e formas
Nas paredes dos edifícios
Agora vazios
Não me metem medo

Dorme a cidade
Enquanto eu vago
E um cão afago
Me sentindo só

Homens e mulheres
Se amando em calçadas
Em meio às crianças
Que fingem dormir

Uma fogueira aquece
Uma talagada também
Não mexem comigo
Não mexo com ninguém

Vago sozinha
Na noite escura
À espera do dia
Para levar essa agonia

(Nane - 02/07/2013)

Mistérios do mar

Sinto prazer 
Em poder estar com você
Sob o vento frio que sopra

A areia varrida
Respingada de brisa
Também fria
Afasta os banhistas
E nos deixa à sós

A sua imensidão
Me faz pequena

Lambe meus pés gelados
Num carinho gostoso
E murmura chiados de espumas
No meu caminhar

A chuva fina o faz belo
Esconde-o nas brumas
Cercado de mistérios
Um apito ao longe
Uma luz fosca
Embarcação solitária

Ondas que quebram
Pedras moldadas
Águas que vem
Águas que vão
O mar e eu
Eu e o mar

(Nane - 02/07/2013)

Palavras vazias

Fúria
Fervilha meu sangue
Ebulindo a erupção
Pronta a derramar
A transbordar

Te chamo 
Não me escutas
Tapas os ouvidos
Ignoras
O meu chamado

Rabisco
Sem rimas
Sem métricas
Até sem poesia
A minha ira
Transborda

Refaço tudo
Imploro
Choro
Mas ainda assim
Você não vem
Não me responde
Finda a poesia
Palavras vazias

(Nane - 02/07/2013)

O veredito

Olha nos meus olhos
Dispa minha alma
Cuspa as verdades
Rasgue meu peito
E pronuncie o veredito

Pode ser que eu tonteie
Que caia sem chão
Que perca o ar
Que desfaleça 
Que me arrebente

Mas sempre virá
Um outro amanhã
Sofrer e chorar
É tão natural
Assim como o tempo
De tudo se acabar

Só não dá mais
Para ficar sem saber
Pronuncie o veredito
E risque meu nome
Apague tudo
E me deixa ir

(Nane - 03/07/2013)

Deusa dos Orixás

Raios e ventanias
Riscam o céu de inverno
Sopram a fúria louca
Trovoadas 
Feito chicote estalado

É ela de novo
A deusa impetuosa
Revirando tudo
Castigando sem pena
Quem ousou olhá-la

Mulher tempestade
Cavalga ventanias
Rasga corações
Com seu feitiço
Carrega seu eguns
Prêmio de Omulu
Deusa dos orixás
Sensual e caçadora

Domina seus amores
Se entrega a todos eles
Mas não pertence a nenhum
Dança ao entardecer
Banhando-se nas cachoeiras 
Enquanto canta e encanta
Sua próxima caça

Eparrei Oyá

(Nane - 03/07/2013)

Sina humana

Ignorar sentimentos
Seguir em frente
A caminhada não pode parar
É lei divina
Seguir em frente

Caia a tempestade que cair
Suba o muro que subir
Transpassar obstáculos
É sina do ser humano

Rasga tuas carnes
Nas cercas de arame
Mancha com teu sangue viscoso
O caminho percorrido
Mas não desistir é tua sina
Hás de continuar
A caminhada não pode parar

Se teus pés forem amputados
Rasteja teu caminho
Mas não pare nunca
É tua sina continuar

A felicidade mora ao lado
Vai em busca dela
Utopia que te leva
Nessa eterna caminhada

Sangra tua última gota
Na busca infindável
É sina do ser humano
A esperança da liberdade

(Nane-03/07/2013)

Jura

Amanhece mais um dia
Sem que eu perceba
Se há sol ou chuva
Lá fora...
No aconchego dos seus braços
Meu mundo se completa
Carinhos trocados
Palavras sussurradas
Beijos saciando
A sede de nós dois
Suores molhando
Os lençóis macios
Gemidos de prazeres
Divididos...

Fantasia que eu criei
Um amor que inventei
E chamam-me de doida
Por amar a personagem
Que povoa a minha mente...

Faço desse amor
Razão do meu viver
Amo
E em pensamento sou amada
Vivo
Da quimera inventada
E por mais estranho que seja
Sou feliz assim
Com o meu amor sem fim...

Jurei um dia
Ser só seu o meu amor
E a minha jura
Comigo irá para a sepultura

(Nane - 10/07/2013)

















Ilusão

A ilusão mora em mim
Vivo dela o tempo inteiro
É talvez amante de mi'alma...
São dela as inspirações
Que afloram em mim
Quando teimo em rabiscar
E fazer poesias
Dos meus desassossegos...
É ela também
O combustível que me mantém
De pé ainda
Quando a derrota me visita
E tenta me matar...
É nela
Amante de mi'alma
Que encontro incentivo
Para persistir na caminhada
E não virar alma penada...
Por vezes sei
Ser ela só fantasia
Mas se não acreditar
Que ela (de fato) se fará
Melhor deixar de sonhar
E de uma vez me entregar


(Nane - 10/07/2013)

Cuidados

Arrependimento cruel
Diz a razão, melhor assim
Mas o estraçalhado coração
Pulsa descontrolado
Aguardando em vão
Sinal qualquer
Que traga notícias 
Do amor expulso 
Pela impávida razão

Bate forte, por vezes fraco
Sem um ritmo certo
Maltratando o peito sufocado
Se instalando na garganta
Impedindo o choro agarrado
Causando uma hemoptise
Na glote tampada

E vem a razão
Dizer que o coração
Não sabe se cuidar

E diz o coração
Que ela (a razão)
É insensível
E dele (o coração)
Não sabe cuidar

E fico eu no meio
Em fases de agonia
Momentos de histeria
Tormentos da alma
Que se contorce sem entender
Que razão e coração
Não sabem conviver

(Nane - 09/07/2013)

Nirvana

Não te faço sexo
Mas amor
É ele (o amor)
Que nos faz
E sem ele
Fazemos sexo
Pelo sexo
Fisiologia pura
Prazeres de momentos
Vazios depois
Não te quero sexo
Por muito te amar
E contigo
Só me deixando amar
É possível contemplar
O Nirvana supremo
Do teu sexo explícito
Invadindo o meu

(Nane-02/07/2013)


Reflexiva

Promessas vãs
Fiz à mim mesma
A da tal felicidade
Foi a pior delas
Não sabia que dependeria
De outrem

Castigos vãos
Martirizei em mim mesma
Por não cumprir
Minhas promessas (vãs)
Por não saber
Curar a mim mesma

Decepções
Causei a mim mesma
Por não perceber
Que a liberdade não mora
Na urbe que habito

Reflexões
Custaram-me o tempo
De viver sem culpas
Por não saber ser livre
Das culpas que não tive

(Nane - 08/07/2013)


Sinapses

Invisto em mim
Adentro inteira
Tentando entender
O que sou eu

E vejo névoa
Embaçando tudo
Enegrecendo o vermelho
Que eu deveria ter

Por dentro sou oca
Vazio sem fim
Sinapses elétricas
De dores interligadas

Brumas que escondem
O pulsar do coração
Abafando seu grito
Digerindo estrofes

E saio de mim
Sem me conhecer
Sou maciça por fora
Estou inteira

(Nane - 08/07/2013)

Castelo de areia

Um castelo ergui
Na areia umidificada
Tão lindo e grande
Cheio de salas e salões
Tantas janelas
Por onde olhar...
Mas veio a onda
Na subida da maré
E de uma só investida
Levou meu castelo...
Sem base nenhuma
Ruiu inteiro
Deixou em ruínas
O que eu construí...
Desolação total
Nada restou
Nem mesmo uma história
Para contar...

(Nane - 08/07/2013)

Felinos

Todos os gatos são pardos
Gemidos no telhado
Gritos de amor
Não...paixão
Gatos não amam
Vibram de prazer
Nos telhados alheios
Confusão de sentimentos
Em mim
Escuto o s gatos
Se amando
Penso em ti
O corpo suado
Gemendo
A voz sussurrando
Macia
Palavras desconexas
A cortina voa ao sabor do vento
Sombras nas paredes
Preciso de um cigarro
Uma cerveja gelada
Não é só sexo
Eu te amo
Os gatos miam
A noite passa
O tesão aplaca
Mas o amor...fica

(Nane - 03/07/2013)

Sem graça

Graça não vejo
Sorrio até
Se preciso for
Mas graça não vejo
Em nada

Vontade não tenho
Faço até
O que tiver que fazer
Mas vontade me falta
Para fazer

Rezo o terço
E tento ter fé
Mas a fraqueza em mim
Diz não ser assim

Refaço conceitos
Torno a tentar
Mas graça não vejo
Em nada

(Nane - 08/07/2013)

Droga de poeta

Que poeta sou eu
Ao me deixar encantar
Por palavras sem rimas
E escrever poesias
Sem alegria

Desprovidas de cores
Repleta de dores
Palavras tão frias
Causadoras de disritmias

Que belo poeta
Sensível ao extremo
Fazendo chorar
Quem lê seus poemas

Poeta patético
Que faz das palavras
Amontoado de lágrimas
Por um amor finado

Que droga de poeta
Que não sabe escrever
Nada além do sofrer
Nada além de querer...morrer

(Nane - 08/07/2013)

Sem notícias

Solta a minha mão
Me deixa ir
É sobrevida
Preciso partir
Não posso mais
Ficar a mercê
Dos seus caprichos
Não da para viver
A eterna ilusão
De um dia poder
Ter você
Solta minha mão
Não a segure mais
Se eu cair
Saberei me levantar
E se não o fizer
Será por ser essa
A hora de partir
Não me mande notícias
Nem as procure de mim
Me apague de você
Me deixa aqui

(Nane - 08/07/2013)

Fora do tempo

Fomos o que nunca podíamos ser
Acertamos na medida
Que o amor pediu
Mas erramos no tempo
Que não podia acontecer

Éramos desejos
Cumplicidade
Emoção à flor da pele
Paixão
Ternura

Viramos vício
Mágoas acumuladas
Ciúmes 
Tramamos coisas
Perdemos tempo

Tempo errado
Encontro perdido
Dimensão de sentimentos
Verdades jogadas
Nas faces arrotadas
Ruindo aos poucos
A medida do amor
Que não aguentou

Seu corpo não é meu
Nem o meu é seu
Nossas almas se acharam
E se perderam
Uma da outra
Simplesmente pelo tempo
Que não era o nosso

(Nane - 08/07/2013)

O dia que virá

Estou só
Comigo mesma
Em meio à multidão
Sigo sozinha
Meu caminho de solidão

Nasci sozinha
E assim hei de morrer

Passo
Por pessoas
Me envolvo
Com elas
Com algumas
Até convivo
Mas sigo só
Sem laço algum
Sem nó nenhum

Tem dias que sinto
Ser sozinha
Mas passa logo
Talvez por covardia
É bem melhor viver sozinha

Virá o dia
Em que a solidão
Me fará ser só
Longe da multidão

Estarei então
Deposta a sete palmos
Completamente só
Dentro do meu caixão

(Nane - 08/07/2013)

Eus

Meus "eus" em conflito
Brigam entre si
Um sou eu
O outro também

Um se cala
O outro grita
Um chora
O outro sorri

Um é real
Enquanto o outro
Surreal

Um vive a vida
O outro a fantasia

Um sofre as consequências
O outro escreve poesias

Meus "eus" se completam
Na vida minha
De ser sem estar
E viver sem pensar

(Nane - 08/07/2013)

Pedras no caminho

As pedras no caminho
Retiro uma a uma
Por vezes sangra-me os pés
Nalgumas em que piso

Conforta-me saber
Que todo caminho
Tem um final
Então caminho
Olhando a paisagem
Escutando os pássaros
Ou a música dos riachos

Lá adiante
Quando encontrar
A grama macia para pisar
Sentarei e descansarei
Das pedras no caminho

(Nane - 08/07/2013)

Dom

Deste-me o dom
De palavras bonitas escrever
Mas esquecestes
De aplacar 
A dor do sentir
Quando é hora de parir
A poesia

Deus...
Faz de mim poeta
Sem nenhum amor sentir
Ou tira de mim o dom
De morrer no escrever
Um pouco a cada dia

(Nane - 08/07/2013)

Perspectivas

Nada sou
Além de mim
Nada busco
Além da vida
Ousei sonhar
Não sonho mais
Faço
O que é preciso
Deixo acontecer
O que virá
Perspectivas
Nenhuma
Vivo
O que me é dado
Tiro o que posso
Do ofertado
Pela vida
Não ouso mais
Querer o que não posso
Sorrio
Chorando
Aprendendo que a vida
Precisa ser vivida
Enquanto vida for

(Nane - 08/07/2013)

Copo de vidro

Bebo verdades
Amargas
Em copos de ferro

Sorvo
Cada gole
Com gosto de fel

Me embriago
Das doses
De verdades
Cruas

Bebi mentiras
Sorvidas com rimas
Que me fizeram
Poeta

Me embriaguei
De lindas mentiras
No copo de vidro

Bêbada
Me fiz nua
Escorregou das mãos
Quebrou

(Nane - 08/07/2013)



Amor demais

Foi amor demais
Que fez o desamor
Não importa
Ainda será eterno

Tolice achar 
Que amar por dois
Valerá

Amor é troca
É sintonia
O de um só
Não basta

O seu acabou
O meu ficou
E para sempre
Ficará

Foi por amar
Que eu perdi
É por amar
Que eu vivo (ainda)

(Nane - 08/07/2013)


O que restou

Houve um tempo
De tanto querer
Mas veio a época
Do desquerer

Ficaram lembranças
Gostosas de ter
Coisas guardadas
No peito da alma

Agora o passado
Passou
E desse amor
Restou
Fazer poesia
Do que se acabou

(Nane - 08/07/2013)


Delírios

Deliro
Na minha insanidade
Quando me rasgo inteira
Sem saber de nada
Sabendo de tudo

E vejo teus olhos
Sorrindo pra mim
Ou sorrindo de mim
Me fazendo mais doida
Sem que eu saiba o porquê

E penso
Ser por mim teus desejos
Quando te sinto no cio
E entro no meu
Jogado fora
Afogado no vaso

E vem a solução
Destrambelhada
De recorrer solitária
Ao pecado da carne
Tão desejada

Foi só mais um momento
Da loucura sã
Do corpo insano
Gritando o desejo
Da eterna utopia
De te querer

(Nane-01/07/2013)



Minha prece

Volvo meu olhar
Para o céu
Todos os dias
Quando os sinos badalam
A Ave Maria

E sei que nesse instante
De alguma forma
Entro em comunhão
Com outro alguém
Que também reza
A Ave Maria

Em meio a prece insistente
Que eu julgava repetitiva
Suplico a minha paz
Meu equilíbrio

Conto 
Em minhas contas de feijão
Meus pedidos de absolvição
Meus pecados, meus louvores
E peço perdão

Solitária 
Rezo e espero
Fortalecendo a cada dia
A fé que nunca tive
Na Santa Maria

(Nane - 06/07/2013)


Desejos ocultos

Desfiz meus preconceitos
Refiz meus preceitos
Encarnei trejeitos
Do oculto em mim, sujeito
Se valeu a pena
Se deixei de ser serena
Se minha alma  não é pequena
Entrei de quarentena
Na louca ilusão
De ocultos desejos
Sabendo não vingar
A semente 
Que plantei
E no entanto 
Persisti no intento
De ver nascer a flor
Sobre as pedras do andor
Carregado em meus ombros
Com o santo que idealizei
Mas não aguentei
Não suportei
E no caminho...deixei
No mais...eu nada sei

(Nane- 01/07/22013)


Choro fugaz

Essa dor que dói
Em mim
Essa saudade que fere
Essa vontade de te ouvir

Por onde anda você
Que outrora estava aqui
Comigo
E agora...não sei

E a dúvida
Que maltrata
Faz doer
Pensar
Em que braços
Em que abraços

A noite fria
A dúvida atroz
Os ciúmes

A lágrima incontida
A bebida bebida
Entorpecendo os miolos
A vontade de gritar
O amor escondido

O choro fugaz
Por não poder chorar
A hora se faz
Vem a ressaca
Vou vomitar

(Nane - 05/07/2013)

Jogo da vida

Jogo
O jogo da solidão
Nas noites claras
De verão
Em mesas de carteados

Vou sim
Buscar companhias
Que me façam esquecer
O que martiriza o meu viver

Jogo
Minhas cartas derradeiras
Sem coringas nas mangas
Gastei-os todos
Na hora errada

Restaram as cartas
Postas em minhas mãos
Pelo croupier
Para ganhar ou perder

Me sinto vencedor
Mas o jogo virou
E o destino gozador
Me fez perdedor

Ri e zomba da minha sina
Me diz que nunca
Se deve usar coringa
No jogo da vida

(Nane* - 03/2012)


Ausência

É tão presente a sua ausência
Que até posso tocá-la

Sinto na sua ausência
A intensa presença

Ouço a respiração
Incomodada com minha presença

E de tão ausente
Meu mundo
Você preenche

Não há mais nada

Nem céu
Nem mar
Nem noite
Nem luar

Em tudo você está
Em nada
Em lugar nenhum

Por onde eu estiver
Você também estará
Posto que é da sua ausência
Que eu tenho muito de você

Virou poesia essa ausência
E inspira o meu dia a dia
Quando em prece te invoco
E você vem...
Ausente em mim
Sereno feito brisa
Beijar a minha face
Acalmar meu coração
Que chora sua presença
Sem perceber que sua ausência
É o que restou de você...
Em mim

(Nane*- 03/2012)

Transmutação

Tolos os que acreditam
Que termina a vida na morte
Não tem final a eternidade
É só um túnel que passa
Entre a vida e a morte

Todo instante é infinito
Enquanto guardado na mente
Toda vida não morre
Enquanto se faz memória
Na vida de outra história

A morte é a entrada da vida
Na vida chamada morte
Que transforma tudo num mesmo
Contínuo e singular caminhar...

(Nane* - 03/2012)


Meu lamento

Ouça o meu lamento
De pássaro preso
Em gaiola de ouro
Sem poder voar

Meu canto é bonito
Mas triste...
É canto prisioneiro
Sem liberdade no cantar

Sou pássaro escondido
Exposto na prisão
Sou alma sem reflexo
No espelho da minha vida

Ouça o meu cantar
Melancólico e triste
Que só quando desse corpo sair
Cantará feliz além daqui

Sou pássaro abatido
Que canta por cantar
E enquanto me admiram
Morro por não me libertar

(Nane* - 02/2012)

Sem reflexo

Nada sou além da poesia
Rabiscadas em folhas brancas
Numa tentativa desesperada
De alcançar um pleno viver

É na face escondida do meu eu
Que procuro a minha paz
Sem entender meu nada
E meu tudo
Querendo apenas
Nisso tudo viver

Pensamentos e devaneios
Emanam do meu ser
Me dizem que sou gente...
Corro ao espelho
Em busca de um reflexo

Sou vento
Tempestade

Brisa
Ou nada

Talvez vampiro de mim mesmo
Sem direito ao meu reflexo

Contenho em mim
Esse grito
Que no meu silêncio
Explode

Volto às folhas em branco
Tentando buscar na poesia
Um pouco de companhia

Sou eu assim...
Vampiro de mim

(Nane* - 02/2012)




Louca

Louca desvairada
Louca assumida
Louca desesperada
Louca entristecida
Louca na loucura 
De sonhar sem adormecer
De ser sem existir
De viver e não morrer
De seguir sem caminhar
De me perder sem me achar
Louca sem me imaginar
Viver sem te amar
Louca mais ainda por querer
O seu amor...ganhar

(Nane* - 05/2011)

O canto do mar

Escuta essa canção
Sinta a melodia
Que eu compus...

Lá fora chove
O mar está nervoso
A melodia o acalma

Somos parceiros
Ele me escuta
Eu o acalmo
E ele a mim

A melodia
É uma sinfonia
Que criei nesse instante

Não fala de amor
Nem mesmo de dor
É só melancolia
De quem só se acostumou

Cai a chuva mansamente
Dando o tom preciso
O vento traz a brisa
Fria...
Molha minha face

Uma nota aguda
Ecoa na noite escura

O mar responde
No quebra-mar
Parece cantar
Enquanto eu
Toco o saxe

Eu e ele
Numa sinfonia
Sem companhia

Pensando apenas
Sentindo a noite
Olhando a chuva

Ouvindo a música
E o mar...a cantar

(Nane* - 05/2011)



Vou pro mar

Vou olhar o mar
Vou cair no mar
Me lavar
Me deixar levar
Nas águas de Yemanja

Vou mergulhar no mar
Sem pressa de voltar
Nadar, nadar, nadar
Até o dia clarear

Vou me refrescar no mar
Até nada mais restar
Até minha ira passar
E eu, em nada mais pensar
Vou ficar no mar

(Nane* 05/2011)

Pesadelo alado


Falcões me seguem
No solo primeiro
Que tento planar

São garras afiadas
Querendo me pegar
E num só ato
Rasgar

Dilacerar
Num golpe fatal
O coração assustado
Que bate
Descompassado

São falcões famintos
Que me perseguem
Armados
De garras mortais

Não posso pousar
Sem porto seguro
Voando sem rumo
Pressentindo o perigo
Viajando comigo

Não sou destemido
Me sinto ferido
Molhado de sangue
E suor que arde

Sou pombo abatido
Num voo sem pouso
Sem retorno

(Nane* - 05/2011)










Quem sou eu

O início sem meio
E o fim da história

Os ciúmes de Otelo
E o drama de Hamlet

A fantasia viva de Dalí
Com ânsia do real

Um tudo sem nada
E um nada sem fato

Um sonho acordado
Destinado ao despertar

Uma lembrança que fica
De um tempo passado

Sou o que não fui
Mas que marcou presença

Deixo lembranças
Que se hoje são doces
Amanhã, ridículas

Mas isso não importa
Pois viverei eternamente
Na lembrança da conquista
Do que deixei para trás

É o fim da história

Sem meio

Sem vida

Sou eu

(Nane*- 05/2011)

Laços

Seres que se (re)encontram
Que se enlaçam
Que se amam
E se completam

 Seres a quem denominam
Família

Seres que se cuidam
Caminham
E nunca se perdem

Saudades 

Momentâneas

Os seres voltarão

Se reunirão

Se abraçarão

E continuarão juntos
Na caminhada eterna

Fraterna

Dos laços poderosos
Que à família uniu

Indestrutível

Eterno

Base da alma
Errante que aguarda

O reencontro

A felicidade

Definitiva

Sem mais
Saudades...

(Nane* - 05/2011)



Poeta louco

Louco poeta insano
Fez da sua vida quimera
E sangra seu sonho efêmero
Esvaído no vento

Sofre seus danos mentais
Sem voltar jamais
A realidade já foi perdida
Restou-lhe os devaneios
Do seu mundo de ficção

É feliz do seu jeito
Ama e se acha amado
Beija sua musa
Manequim de vitrine
Estática e linda
Que o ama também

Sonha com o fruto
Desse amor proibido
Que o proíbem sem saber
Que é o que o faz viver

Poeta escandaloso
Conta seu conto de amor
Em rima desproposital
Para quem o quiser ler

Mal sabe que invejosos
Tramam a sua internação
Sem que levem a sua amada
Para morar (com ele) num hospital

Loucos são eles
Que não sabem de nada
E vivem infelizes
Nas suas casas...

(Nane - 04/07/2013)

Irmanadas

Vida e morte
Tão próximas
Tão distantes
Tão irmanadas
Tão princípios
Tão fins

Morte e vida
Quem é quem
Onde começa
E onde acaba

Sejam bem vindas
Vida e morte
Sem maldição
Nem desolação
Sem festa
Nem euforia
Já que não se sabe
Quem é uma
Ou quem é outra

Vida ao corpo
Prisão da alma
Morte ao corpo
Viva a alma

(Nane - 04/07/2013)

Torpor

Estou perdida no tempo
Olhando lá...bem longe
Sentada na pedra
Me deixando molhar
Deixa o mar molhar...
O sal das suas águas
Tocam minha pele
Arde a ferida
Chagas de amor
Já não causam dor
Só esse torpor...
Ouço a canção
Que entoa o mar
Lamento das águas
Maré cheia
Querendo levar
Meu desassossego...
Perdida no tempo
Olhando o mar
Que teima em molhar
As feridas abertas
Chagas de amor...
E esse torpor
Que não vai mergulhar
Nas águas do mar
Ele não vai levar...

(Nane - 03/07/2013)


Black

Um toque
Um toque só
Um canto negro
Não toca mais
Silêncio total

Calou-se a música
Calei eu
Calou você
No silêncio negro
Do meu celular

Olho e espero
Sem cor nenhuma
Nem black 
Nem white
Só o silêncio
Da música negra

Talvez toque
O black toque
Num outro lugar
Num outro celular
Em outros ouvidos

Um toque
Um toque só
Um canto negro
Não toca mais
Silêncio total

(Nane - 03/07/2013)

Alma que vaga

Tomba à tumba o corpo inerte
Jaz no seu sono cadavérico
Desperta a alma aflita
Sem saber que rumo tomar

Olha os rostos consternados
Dos que acompanham seu corpo
Na sepultura pronta a engolir
Seus restos mortais

Vaga no campo santo
Sem uma porta para abrir
Ninguém veio para conduzir
A alma perdida e desnorteada

Valha-lhe Deus agora
Vade retro satanás
Uma só luz necessita
Mas não acha a tomada

Plantam seu cadáver no chão
Vão-se todos embora
E ela...pra onde vai
Vagar...vagar...vagar...

(Nane-03/07/2013)









Vou indo

Vou vivendo
Me arrastando nos dias
Esperando que a vida
Passe por mim
Vou ao mar
Olhar
E mergulhar 
Nos pensamentos
Que buscam no horizonte
O que aqui não está
Vou vivendo
Enquanto a morte
Me deixa viver
Não vem me buscar
Vou olhando
Enquanto os vermes
Não me roam as retinas
Que trazem coladas
A sua imagem
Vou andando
Enquanto a terra
Não desaba em mim
E estática
Eu adormeça

(Nane-03/07/2013)


Rimadas

Essa tal liberdade
Tão decantada
E esperada
Jamais virá
Liberdade
Rima com felicidade
E andam de mãos dadas
Numa mesma estrada
São instantes apenas
Que nós
Pobres mortais
Por querermos 
sempre mais
Temos e não vemos
E perseguimos
O tempo inteiro
Até mesmo
Para podermos
Viver

(Nane - 03/07/2013)

Loucuras

As loucuras que fiz
Por teu amor
Faria de novo
Sem tirar nem por

Insanidades de amor
No intuito da conquista
Ou mera tentativa
De te manter em mim

Delírios na febre
Do amor ardente
Fogo e paixão
Desejos, alucinação

Carinho e cumplicidade
Sereno e suave
Fraterno amor
De amigos amantes

Agora tão só
Recordo as loucuras
Para não te perder
Que deram em nada

Faria de novo
Tudo o que fiz
E por certo
Te perderia outra vez

(Nane - 03/07/2013)



Pasquim

Esse seu silêncio
Grita em mim
Feito badalos de sinos
que tonteiam
Desnorteiam...
Saber de você
Ainda que pouco
Traz meu norte
Piso no chão...
E o pensamento
Que viaja sem rumo
Quando te perde
Vaga no escuro...
Imagina coisas
Fantasmas telúricos
Tocando seu corpo
Chicoteando o meu...
Some de mim
Me deixa assim
Visando meu fim
Manchete de pasquim...

(Nane - 02/07/2013)

Desejos

Venha me amar
De um  jeito todo seu

Venha me amar
Pois meu corpo não quer outro

Venha me amar
Sem pressa de acabar

Venha me amar
Com seu amor intenso

Venha me amar
Com seu fogo abrasador

Venha me amar
Com a sua vontade de fazer amor

Venha me amar
E meus desejos saciar

Venha me amar
Para mais tarde...me deixar

Venha me amar...

(Nane-02/07/2013)


Obsessão

Amargo querer
Esse que me funde a mente
Sem dar descanso
Ao propulsor do sangue
Estuprando fixamente o pensamento
Usando todo o meu corpo
Parindo ideias insanas
Gestando versos desconexos
Dia e noite, noite e dia
No vai e vem incessante
Do sangue que corre
Nas veias saltadas
Imoladas
Onde está a poesia
Nessa loucura possessiva
Incontrolável
De pensamentos obsessivos
Dia e noite, noite e dia

(Nane-02/07/2013)

Sentidos

Sentem meus sentidos
A hora da saída
Sem nenhuma despedida
Apenas saudades sentida

Fogem meus sentidos
Covardemente escondidos
Por não fazer sentido
A dor que sinto

Perco meus sentidos
Por não achar sentido
Nas lágrimas sentidas
Que derramo sem sentido

E vivo desassistida
De nenhum sentido
Dessa minha vida
Que não faz sentido

(Nane - 02/07/2013)

Convite

Te convido
Ao amor explícito
Sem me importar
Com o que virá
Te deixo voar
No espaço do tempo
Que tanto faz
Saber se vai voltar
Só o que quero
É teu corpo em mim
Perdido assim
Na noite sem fim
E quando acordarmos
Para a realidade
Que se faça a vontade
Do querer ou não...



O que nunca existiu

Difícil abrir mão do passado
Quando ele ainda é tão presente
Mas o futuro me aguarda
E é preciso seguir em frente
Sem medo das perdas
Que achamos perdidas
Mas no fundo
Nunca foram conquistadas
As lágrimas são necessárias
Expurgam a alma
Desafoga o peito
Que aperta e prende
A respiração
Soluços contidos
Escondidos
No corpo que treme
É preciso sofrer
Tudo o que se tem
E quando um dia
Nada mais houver
Nada por que chorar
Então o passado
Será doce lembrança
Do que ficou
Sem nunca ter sido

(Nane - 13/06/2013)