quinta-feira, 23 de maio de 2013

COM A BÊNÇÃO DOS POETAS


Peço permissão
Para escrever em meus versos
Um pouco de todos
Que por mim passaram (e ficaram)

Sem pretensão
De ser quem são
Quero só rabiscar
As marcas que deixaram

O enigma nas entrelinhas
Das tantas faces
De Fernando e Pessoas
Álvaro,Alberto,  Ricardo, Bernardo

O modernismo de Drummond
Que rompeu com as métricas
Simplesmente por querer
Liberdade de expressão
No falar (tão bem) do coração

A doçura da Cecília
Que já no colo da avó
Entre santos e crianças
Virava poesia

A decisão da Lispector
Que foi à luta sem fugir
E amou sem medir
Seu feitiço de bruxa

O lirismo do Manoel
Que levantou Bandeira
E foi para Pasárgada
Tratar seus pulmões com o rei

A genialidade de Leminski
Que teve bossa nova
Nos haikais objetivos
E divinos

Na boêmia de Vinícios
Pelas madrugadas do Rio
Em meio à mulherada
Com Tom, Toquinho e Chico

Mas não tenho como negar
Uma certa preferência
Pelo Augusto que de tão Anjo
Virou alma penada

Se de todos eu falasse
Meu poema não findaria
E isso aqui então
Não viraria poesia

A todos, meus respeitos
E de quebra, peço perdão
Por ter tido a intenção
De um pouquinho só 
Dessa vasta erudição

(Nane-23/05/2013)








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