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segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Travessa
Olho para trás e a vejo correndo do vizinho bravo, que com
espingarda de sal, tenta acertar(?) só para espantar.
A menina travessa corre e pula a cerca de arame que a arranha
e fere. Mas vale a pena, as mangas são doces...
Ela sonha com a bicicleta que nunca teve, mas que espera com fé quando a grana sobrar, a mãe vai comprar. Por enquanto ela anda nas dos amigos mais abastados, que emprestam para uma volta em torno do bairro.
Ela sobe nas árvores e brinca de casinha. Lá em cima tem um tablado onde guarda tesouros conquistados na rua, em apostas e jogos e as vezes
até mesmo na marra. São bonecos de doces, anéis de balas, bolas "roubadas",
Gibis do Pato Donald, Bolota e Tininha, Riquinho e Brotoeja. Tem livros de
Histórias que a fazem sonhar...Monteiro Lobato a faz sentir ser bem mais Emília
do que Narizinho.
Seu dia é tão cheio! Parece pequeno diante das aventuras das quais protagoniza.
Ela sabe que vai crescer e deixar seu reino prá trás. Então brinca o quanto pode,
mesmo não tendo brinquedos valiosos, curte seu mundo de sonhos e fantasias.
Fugia de casa e escondida nadava no rio, a mãe em desespero, nunca sabia onde
ela estava. Procurava e a encontrava de roupa molhada, cabelos ao vento, desalinhados
e pingando...era surra na certa, as pernas marcadas de finas varadas que a mãe deixava.
Menina danada...sabia que tudo era uma fase que logo iria passar. Tá lá sua história,
num passado distante, guardado na memória dessa mulher com saudades...da
menina que foi.
(Nane-24/10/2011)
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