sexta-feira, 8 de julho de 2011

Papéis trocados

Eu e minha mãe
Minha mãe e eu
Ainda me vem aos ouvidos
Os gritos que me buscavam
Quando na rua eu brincava
E esquecia do banho, da comida
E ela vinha brava, com varinha na mão
Eu embravecida, ainda contestava
Mas a casa era o destino, ela me arrastava
Ainda a vejo na cozinha
Distribuindo as porções
Pra filharada esfomeada
Que ela alimentava
Vejo-a orgulhosa
Cada vez que eu trazia
O boletim de aprovada
E realmente pensava
Que eu seria uma doutora
Ainda lembro as rugas de preocupação
Que na juventude eu lhe causei
Rebelde sem causa alguma
Só cumpria o meu papel
Recordo cada preocupação comigo
Seu jeito enérgico e doce
Me tratando como criança
Em plena maturidade
O café na madrugada
Que fazia para que eu tomasse
Antes de sair pra trabalhar
O pão quentinho que buscava
E brigava pela pressa com que eu comia
Hoje minha mãe não anda mais
Não faz mais meu café
Sou eu a conduzí-la
Sou eu a alimentá-la
Sou eu a "ralhar" com ela
É ela a se queixar
É ela a se rebelar
Eu sou a minha mãe
A minha mãe...é eu

(Nane-08/07/2011)

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