quarta-feira, 27 de julho de 2011

Escancarada

Tenho que agradecer
A minha casa e comida
A família que me beija todo dia
E a amizade de vocês

Tenho que por as mãos pro céu
Por tudo o que tenho
E pelo o que sou
E isso não é pouco não

Tenho mais que me ajoelhar
E rezar para que a vida continue
Do jeito que está
E é como deveria ser

Mas meus rabiscos destoam
De tudo o que eu devia
E quando tento entoar
Desafino em desatinos

Se não rabisco o que quero
Escrevo quase com demência
É notória a minha ausência
É maquinal, é mero

Mas se eu não me ajoelhar
Deus pode me castigar
E tirar de mim a verve
Que é o que me  resta

Então agrado (?) os dois lados
Rimo e sou rimada
Rabisco o lado negro
E acendo a luz do sol

Aos que me acham mala
Me deixem aqui no chão
E aos que gostam de me ler
O façam sem moderação

Só não se esqueçam que vocês
Também tem esses dois lados
Um de Deus e o outro do diabo
Deem a mão àquele que convém

Mas se tiverem medo
De à Deus desagradar
Sentem numa praça no meio da tarde
E deem milho aos pombos

Enquanto isso eu vou seguindo
Meus rabiscos descabidos
Ora melados e maquinais
Ora loucos e infernais

Estendo as mãos pro céu
E agradeço ao criador
Rabisco mel e fel
E se fizer questão, te ofereço uma flor...


(Nane-27/07/2011)

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