sexta-feira, 15 de julho de 2011

Orfeu


O poeta encantado
Tocava sua lira
Encantando sereias
Que à sua música
Silenciavam
E deixavam em paz
Pescadores perdidos
No mar de amores
O poeta seguia
Seu canto lírico
Que fazia as árvores
Se curvarem para ouvirem
Na voz que vinha ao vento
Com tanta melodia
Os pássaros
Extasiados se calavam
Escutando a canção
Tocada com o coração
Se apaixonou o poeta cantador
Por Eurídice, que também o amou
E a desgraça foi sua beleza
Que ao apicultor encantou
Eurídice feliz
Dele se afastou
Seguindo o poeta e a canção
A inveja do rejeitado
Fez dele carrasco
Na perseguição incansável
Ao objeto de desejo
Eurídice tropeçou
Caiu
A serpente, sempre ela
Cravou-lhe os dentes
Injetou veneno
E ela se foi
Pro reino de Hades
O poeta a seguiu
Seduziu Caronte e Cérbero
Guardiões desse reino
Com a sua canção
Que falava ao coração
Hades se zangou
Um vivo em seu reino
Pérsefone interviu
Seduzida pela canção
Hades permitiu
E ao poeta
Eurídice devolveu
Mas também exigiu
Que ele não a olhasse
Enquanto no reino
Dos vivos chegasse
O poeta feliz
Sua lira tocou
E o caminho de volta
Seguiu sem olhar
E já na saída
Parou para se certificar
Se a sua amada
Estava a andar
A dor foi tamanha
Ao vê-la se esvair
E em fumaça virar
Não soubera a segurar
Hades a tomou
Mênades o queriam
Mas o poeta não as viam
Se sentiram desprezadas
E o mataram sem dó
E onde o enterraram
Os rouxinóis
Não param de cantar
Há quem afirme
Que no vento que sopra
No alto do Olimpo
Se escuta o nome
Eurídice...Eurídice
É o poeta cantador...

(Nane-15/07/2001)

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