sábado, 11 de fevereiro de 2012

O choro de Deus


Andando na rua eu vi
Crianças dormindo em marquises
Comendo restos de quem tá saciado
E com cães sem donos, disputados
Crianças se prostituindo
Por uma pedrinha de crack
Que as levam à "viajar"
Quem sabe, por um mundo normal
Ao qual teriam direito 
No momento do seu nascimento...

Vi mães meninas e meninas mães
Oferecendo seus rebentos
Por trinta moedas
Ou qualquer outro alento
Num cheiro de magia
Que desse a elas a alegria
De sonhar por um momento
E quem sabe em devaneios
Sentirem-se rainhas...

Vi homens e mulheres
Bebendo a última gota
Oferecendo filhos e filhas
Aos prazeres de "doutores"
Que em carrões dão voltas na avenida
Em busca de ninfetas
Que os levem ao delírio
Dos deuses no Olimpo
E os façam esquecer seus problemas
Que de dentro de um escritório bem montado
Os enchem do vil metal
E os stressam de forma tal...

Vi também uma chuva diferente
Com sabor amargo e salgado
Disseram-me que era ácida
Não sei se foi golpe de vista
Mas olhei pro céu e por um instante
Jurei a mim mesma ter visto alguém chorando
Em meio às nuvens que se abriram...

(Elian-11/02/2012)

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