terça-feira, 26 de junho de 2018

FORMAS ETÉREAS

Traz-me a noite os fantasmas
Que consomem-me os neurônios
Já desgastados pelo tempo
Em franca decadência

Os olhos, já anuviados
Veem formas distorcidas
São seres etéreos e quiméricos
De um estar sem nunca ter sido

Conversam comigo na madrugada
Em que tento não escutá-los
Cubro a cabeça com a coberta
Mas não adianta de nada

As vozes infiltram em meu cérebro
Gritam, sorriem e debocham
A tv ligada é meu recurso
Mas não consigo escutá-la

As formas teimam em me mostrar
Cenas do que não quero ver
Meus olhos já não têm mais reflexos
A visão é o que quer me dizer

Tento me desvencilhar
Forçando o pensamento
Em algum outro lugar
Mas não consigo em nada fixar

Só o cansaço há de me livrar
Do pesadelo de enxergar
As formas que teimam em desfilar
No umbral da minha percepção

A claridade de mais um dia se aproxima
Meus olhos cansados, piscam alongados
Enfim, tudo se apaga
Adormeço...mais uma noite passou

(Nane - 26/06/2018)




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